quarta-feira, 12 de maio de 2010
Da aventura de ser tio
Ausente desde ontem por motivo nobre, amigo leitor. Sou tio pela segunda vez; tio ainda de primeira viagem. Sim, porque parece mesmo uma experiência nova, uma emoção diferente, sempre intensa. E lembrei de uma cronicazinha boba que escrevi em homenagem à minha afilhada, Bia. Que serve também ao novo sobrinho, Fabinho, o Bio!
Da aventura de ser tio
Comentei em outros textos da aventura de ser tio. E reafirmo, amigo leitor: é uma jornada instigante, sempre. E por isso a renovação das impressões em novo escrito. É como desbravar caminhos para conhecer cada vez mais uma estrada ainda misteriosa; um carrossel como ciranda do mundo. Ora, e o que são estas mentes tão cheias de deslumbramentos senão uma caixola cheia de vida e descobertas a cada vista?
Guardo a certeza de que, se cronistas fossem, as crianças seriam as melhores do ofício. Os olhares são os mais atentos a qualquer banalidade. E surpreendem-se com qualquer bobagem de vida. E é disso que vive a filosofia: de deslumbramentos. Partem das superficialidades da vida as novas teorias e ciências acerca dos mistérios da alma, como uma maçã desprendida da macieira.
As crianças cantam desentoadas porque o instante existe e a vida está completa. E nem são poetas como a Cecília Meireles! São apenas ouvidos que engatinham. São olhos arregalados que vêem tudo ao revés. E poesia são coisas vistas ao contrário. São verdades diferentes das dos homens. Não é pra ser pensado com a cabeça. É pra ser visto com os olhos e sentida com alma de criança. Claro, as crianças não são poetas de ofício. E nem ligam para isso. Mas são, sim, de vocação, poetas e filósofas.
E talvez as crianças sejam também mestres inocentes do jogo da vida. Caminham sob os chãos da simplicidade. É o que vejo na minha sobrinha Ana Beatriz, com um ano e dois meses. Mesmo pequenina, há três ou quatro palmos do chão, sabe fazer amigos sem sequer conhecê-los. Se está em um shopping logo procura os da mesma idade e procura conversar, mesmo sem repertório de palavras.
“Bia”, como toda criança, é lição para os mais sábios. Faz-se feliz com qualquer coisa. Esnoba presente caro e se diverte com tampas de xampu. E se tentar tomar o objeto da mão fechadíssima, ela briga. E perdoa logo depois. Coisa de criança. Mania de perdoar por impulso e fazer a gente, adulto-bicho, acreditar na essência humana.
Ser criança é acreditar no impossível e viver sem medos. É andar sorrindo pelo simples fato de estar andando – mania recente e empolgante. Anda como se corresse, sem olhar para trás ou para os obstáculos à frente. E corre de braços abertos, para abraçar a vida e todas aquelas surpresas do dia.
Se em cada esquina cai um pouco minha vida, como lembrou Cartola à sua filha que desejou sair de casa, quando estou com Bia renovo minha esperança na existência. Reabasteço as energias perdidas no contato com os bípedes-adultos e com o perfume hipócrita do mundo. E viro criança novamente, longe das vontades perturbadoras da vida, perto da magia inocente e sã dos impulsos irracionais e do jeito descontrolado de ser e se sentir poeta.
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Caso ele se pareça com você, num é tão grave. basta ter muita saúde, que ele resiste.
ResponderExcluirFaltou o final do comentário: Parabéns pros pais e tio!
ResponderExcluirTomara q ele escape desse mal e herdo do tio s[o o gosto pela leitura - a salvação desse mundo ou da "pré-humanidade", como vc citou uma vez..rs
ResponderExcluirvaleu, François
Faço votos que ele tenha saúde e curta ROCK!
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