terça-feira, 18 de setembro de 2007

Um diário do tempo

Um comentário de um leitor no blog que mantenho no portal do jornal Diário de Natal (www.dnonline.com.br) me fez pensar em modificar a linha de textos que vinha escrevendo nos últimos posts, com dicas culturais ou comentários acerca de alguns cenários relacionados à cena cultural do estado.Segundo o leitor, antes dessa mudança havia "mais sentimento" em meus textos. E devo concordar. Comentários acerca de algumas vertentes culturais aqui e acolá e nada de... sentimentos.

Pois bem. Proponho agora, a mim mesmo, uma volta às origens. O leitor de certo desconhece, mas sou escrevinhador de blogs há quatro anos. E no começo, meu blog era realmente um diário; um Diário do Tempo. Desde o início teve essa alcunha. Chegou a figurar a lista de blogs nacionais do provedor. Bons tempos de descoberta literária e amigos virtuais.

E sendo assim, o amigo leitor perdoe-me a nova mudança ou os assuntos por demais pessoais. Na verdade, procurei e vou manter a linha dos assuntos universais; temáticas em que o leitor, como o Marco, se identifiquem. Ora, a angústia, o medo, a solidão estão impregnados em todos. Será meu diário: o retrato de uma vida comum, como a do vizinho ao lado. Nada demais, e talvez por isso, a identificação imediata.

É que a vida hoje se tornou demasiado banal, amigo leitor. Assisti sexta-feira na TV o especial sobre Renato Russo, produzido pela Rede Globo. A vida naquela década de 80, de fim da ditadura e abertura política era mais intensa. Vivi um pouco aquilo tudo; vivi, principalmente, a música da Legião Urbana. E confesso ter sentido novamente aquele desejo adolescente de rebeldia; de querer chamar o vizinho, amigos e montar uma banda punk.

Mas os tempos são outros. Nossa geração está cansada. Somos o escárnio da repressão. Não do militarismo, mas da desesperança. Estamos cansados de lutar e não assistir a vitória. Somos o produto de seguidas derrotas. Uma geração mórbida. Quando tudo parece caminhar bem, mesmo gradativamente, e aquela chama escondida acende como uma primeira brasa, assistimos impotentes uma votação secreta (onde está a transparência da democracia?) inocentar um tal senador. Mas, estou cansado. Já não tenho forças para esbravejar. Apenas aceito, conformado e silencioso.

Bem vindo ao meu novo Diário do Tempo!

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