segunda-feira, 30 de junho de 2008

De cachoeiras e novidades provincianas

Ausência de poucos dias. Estava em Pau dos Ferros, em visita à sogra. Dias tranqüilos. Dias bonitos. A Cachoeira do Réla, no município de Luís Gomes é uma beleza pouco explorada. Foram 40 minutos de descidas íngremes e subidas em pedras e rochedos até encontrar quedas d’água e um lago natural de fundura abissal. Tudo após provar de mungunzá e arroz de leite feito com gordura de galinha.

Pau dos Ferros não é a cidade aprazível do qual me informaram. Está mal cuidada ao extremo. Além de mal projetada, ela sofre de buracos na estrada espalhados por toda a cidade. Falta arborização, praças acolhedoras. O Centro Cultural Joaquim Correia está aos pedaços e de portas fechadas. A feira já perdeu muito de suas antigas tradições. Pontos turísticos como o Barravento, embora estruturados, parecem sem apoio. E o atual prefeito, Leonardo Rego (DEMo) ainda pretende reeleição.

Por aqui, algumas discussões têm-se travado: a inauguração do novo Museu de Cultura Popular; a revitalização do Largo Dom Bosco, na Ribeira; e o comentado filme – já fora de cartaz – Irina Palm. Fora dos territórios tupiniquins, a terra-hollywood, depois de amargar a paralisação dos roteiristas, vive agora a ameaça da greve dos atores. Parece um filme de suspense. Tudo decorre de uma assinatura de novo contrato entre atores e produtoras. O prazo expira hoje. A briga envolve gente de peso como os atores Jack Nicholson e George Clooney.

Vou ali comer feijão com sabor de saudade de Pau dos Ferros. Volto daqui a pouco.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Dos talentos potiguares

Li o conto de Alexis, do qual comentei no post passado. Está publicado no blog de Tácito Costa (Substantivo Plural, link ao lado). Uma maravilha. Antes, até pensei em mais um bom texto escrito por potiguares e merecedor de prêmio. Mas o estilo de escrita é peculiar e chama a atenção; se distingue dos demais.

Alexis entra pra um time já formado de bons contistas. Levino tem até livro lançado. Muitíssimo bom, também. As crônicas e contos de Fialho também não devem a ninguém. Alex de Souza gosta de esconder o jogo, mas talvez seja o melhor contista entre eles. Um garoto de 14 anos, Pedro Lucas é uma promessa em tanto. Tem o Patrício Jr, também.

Assisti entrevista essa semana com Nei Leandro, pela TV Assembléia. Questionado dos valores literários deste Rio Grande de Poti, o escritor preferiu ressaltar a poesia. Aliás, as poetas! E citou Ada Lima, Iracema Macedo, Marize de Castro... Woden lembro Diva Cunha. Temos ainda Adriano de Souza, Plínio Sanderson e uma penca de outros poetas. Para citar os mais novos. Isso afora os poetas populares e cordelistas, sobretudo os de Mossoró e Assu.

Mas reparem, amigo leitor: falta um grande romancista. E nessa incluo a velha guarda. Pablo Capistrano – o qual julgo dos maiores intelectuais do estado, mesmo com pouca idade – tem dois livros publicados. Mas não são romances. Passeiam pelo realismo fantástico, a filosofia e talz. Não é romance. Dunas Vermelhas e Pelejas de Ojuara, também não. François Silvestre escreveu dois excelentes livros. A Pátria Não é Ninguém foi dos melhores que já li. Mas há pitadas não-ficcionais. Isso é notório.

O que mais se publica neste RN – que teima em se achar uma figura de elefante e não uma formiga de roça – são livros de memórias, biografias ou fruto de pesquisas. Eu mesmo tenho continuado meu livro sobre a história da Redinha. E ao longo da história sempre foi assim. Alguém me salve do engano. Mas só pra lembrar alguns: o próprio Cascudo; Oswaldo Lamartine; Jorge Fernandes; Berilo Wanderley; Vicente Serejo; Sanderson Negreiros; Auta de Souza, João da Rua, seu colunista Carlão e por aí vai.

O que lastimo é que essa galera nova tem potencial pra escrever um romance. As editoras estão aí: Sebo Vermelho, Flor do Sal, Jovens Escribas e outras. Não que o romance seja um gênero maior. Seria desprezar a crônica de que tanto aprecio. Mas é uma lacuna na literatura potiguar a ser preenchida.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Potiguar entre os dez contistas do país

Conhecia só os textos jornalísticos de Aléxis Peixoto e o rapaz é premiado com o segundo posto no concurso literário promovido pela Feira Literária de Paraty (Flip) – uma das mais prestigiadas do país. Desbancou mais de 500 concorrentes. Até a gringaiada concorreu. O primeiro posto ficou com um catarinense, salvo engano, e o resto era tudo paulista, meu! (rs)

O nome do conto é Os Homens da Torre. Em breve estará disponível no blog de Alexis – Canalhismo Fantástico – que pendurei aí ao lado. Esse é mais um exemplo de que vivo citando: muitos talentos nossos morrem sem glória, quando mereciam o céu de Ícaro. Aléxis desenbolsou 50 mangos de inscrição e apostou no seu escrito. Mais um jovem escriba dos bons!

Cinema 2008: uma lástima!

Tenho me informado sobre lançamentos de filmes neste ano e até agora não vi um sequer de valia. O menos ruim foi O Caçador de Pipas, de um tal Marc Loster. E se o parâmetro de qualidade é esse, a coisa realmente está complicada.

Entre outros descartáveis estão O Melhor Amigo da Noiva, Fim dos Tempos e Rambo 4 (ao contrário de Rocky 6, ficou horrível). Assisti e não vi nada de relevante sequer para comentário. O Gângster (Ridley Scott) é de razoável pra ruim. O divulgado Ponto de Vista (Pete Travis) é de ruim pra ruim.

A danação de filmes da Marvel também foi um fiasco. Homem de Ferro (Jon Favreau), O Quarteto Fantástico (Tim Story) foram filmados para fãs. Fraco mesmo para um filme de heróis. Indiana Jones já escrevi dos erros ridículos. Uma leitora comentou que por ser um blackbouster fica imune à rigidez das informações, mas trocar idioma e lugares de países, como de Peru pra México, é demais.

A surpresa ficou para a segunda filmagem de O Incrível Hulk, agora com Louis Leterrier. O cineasta superou, visivelmente, o experiente Ang Lee (vencedor do Oscar com O Segredo de Brokeback Moutain). Ainda assim, sem muito brilho.

Para completar o time dos descartáveis, As Crônicas de Nárnia (prefiro muito mais as de Serejo), Sex and the City (não vi e nem quero), Sweeney Todd (tecnicamente razoável, mas chatinho), Wall-E (um filme de robô), Arquivo X: Eu Quero Acreditar (eu também quero!) e Bond 22 (sim, ele voltou: Bond, James Bond).

O panorama nacional também não vai dos melhores. Assisti O Engenho de Zé Lins e também achei muito “marromeno”. Nada perto de Jogo de Cena (Eduardo.Coutinho), Baixio das Bestas (Cláudio Assis), A Casa de Alice (Chico Teixeira), Meu Nome Não é Johnny (Mauro Lima) e muitos outros que vi ano passado ou que foram lançados em 2007.

E também para citar outros excelentes filmes estrangeiros lançados em 2007 e até agora, pelo que sei, bem acima dos atuais: Juno (Jason Reitman), Sangue Negro (Paul Thomas Anderson), Piaf – Um Hino ao Amor (Olivier Dahan), Onde os Fracos Não Têm Vez (Os irmãos Coen) e o alemão A Vida dos Outros (Florian Henckel).

Caso esteja enganado, pelamordedeus me socorram e indiquem bons filmes produzidos este ano. Não quero passar batido. Sempre tem coisa boa pelos ares europeus, iranianos, argentinos, enfim. Se for bom, está valendo!

terça-feira, 24 de junho de 2008

"Cinema é arte do homem cósmico"

Trecho de entrevista do cronista Berilo Wanderley à Tribuna do Norte, em 10 de abril de 1965, publicado no livro Revista da Cidade – uma coleção de alguns de seus textos, organizado por Maria Emília Wanderley. Infelizmente não cita o jornalista responsável pela matéria. Berilo Wanderley foi o grande responsável pelo toque de modernidade da crônica potiguar.

Que valor atribui ao cinema?

BW: O cinema é a arte por excelência do homem cósmico. Para este, o cinema cada vez mais tende a tomar o lugar do romance, principalmente quando consideramos a opinião de uma corrente de críticos literários que dão o romance como gênero extinto desde o fim da Segunda Guerra Mundial, ou pelo menos uma anomalia dentro do nosso tempo. quer assim dizer que cabe, dia a dia, mais ao cinema, com seus Antonioni, Resnais, Trufaut, Kazan, a responsabilidade de descobrir, perscrutar as possibilidades do homem, observá-lo em suas misérias e grandezas, levar-lhe mensagens que o animam a lutar contra os senhores do mundo e as iras do tempo.

Os livros fundamentais, na sua opinião?

BW: Para mim são aqueles que, depois de lidos uma vez, ficam exigindo releituras, vez em quando, ou que marcam minha personalidade e minhas atitudes frente à vida e aos homens: “Os Ensaios, de Montaigne, “Em Busca do Tempo Perdido”, de Proust, “Moby Dick”, de Melville, quatro ou cinco de Dostoievski, tudo o que já li de Sartre”.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

São João erudito

A quadrilha e a canjica ficam fora desta dica. Amanhã à noite – noite de São João! – a Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte sobe ao palco do Teatro Alberto Maranhão para apresentar o seu terceiro concerto oficial da temporada.

No repertório está o Estudo Sinfônico “Indução”, de autoria de Marcus André Varella e em seguida duas peças do compositor russo Tchaikovsky. O repertório apresentado tem três momentos bem distintos.

Indução é uma peça em sintonia com o nosso tempo, com suas dualidades e tensões; Para finalizar a noite, toda a graciosidade da Suíte Quebra Nozes, uma das músicas mais executadas e gravadas por todas as grandes orquestras do mundo.

A OSRN sobe ao palco do TAM às 20h. O ingresso está com precinho camarada, a cinco reais. Estudante e idosos ainda pagam meia.

Teatro Mágico lança novo CD

A trupe do Teatro Mágico lança seu segundo disco, agora com novo figurino e um disco ainda mais contestador que o anterior. O melhor é que, como de praxe, Fernando Anitelli e os seus são a favor da pirataria e mais uma vez deixam baixar a música de graça. Estão todas disponíveis no site do grupo.

O show com as novas canções – O Segundo Ato – já está pronto. Espero que passem por aqui, depois do frustrado cancelamento da segunda apresentação em Natal, diga-se de passagem, a preços exorbitantes para a realidade local. No primeiro show o ingresso custou R$ 70 (inteiro). Muito caro, mesmo sendo dos melhores shows musicais da atualidade.

Mas posso atestar: as composições de Anitelli foram a melhor coisa que ouvi nos últimos cinco anos, pelo menos. Tudo pode ser ouvido pelo site deles. Por sinal, muito bem feito. Vale uma olhada. O link está ao lado. Você pode ver a proposta da banda, de inovação, revolução e liberdade.

domingo, 22 de junho de 2008

Vida de solteiro

Extraí o texto a seguir do blog de Ailton Medeiros (link ao lado). É de autoria do jornalista Ted Sazan e foi publicado no jornal The Times. Muito bom. Problemas e benesses vividos por muitos balzaquianos:

"Em algum momento, há 50 milhões de anos, um estegossauro deve ter acordado de uma longa noite de sono e descoberto que o mundo estava em silêncio. Onde estava o brontossauro, seu companheiro de copo? Onde estava o tiranossauro, com quem ele saía para caçar? Onde estava o pterodáctilo, que o havia convidado para jogar bola? Todos haviam desaparecido.

Sinto-me da mesma maneira. Como solteiro, heterossexual e com 30 e poucos anos, estou em extinção. Vi meus companheiros sendo caçados, um por um, como baleias-azuis nas águas do Japão. E essa tragédia não esta sendo noticiada. Alguém deveria organizar um show beneficente, ou pelo menos gravar uma música beneficente, para nós, os Spurmos – Straight Proud Unmarried Men Over-30 (Orgulhosos heterossexuais solteiros acima dos 30 anos, em inglês).

Lembro-me do tempo em que eu e meus amigos vagávamos em manada como búfalos dominando as planícies do oeste americano. Mas nosso bando diminuiu e eu tive de baixar minhas expectativas. Não com as mulheres, mas com os homens. Por necessidade, passei a andar com caras de quem jamais teria sido amigo na universidade. Mas preciso de alguém para sair para beber.

Ao contrário do que se possam imaginar, as esposas dos amigos não são os inimigos dos Spurmos. Nós temos um inimigo diferente: os bebês. Os bebês em si não são um problema. É o que os bebês fazem com seus pais. Um amigo meu era uma lenda das festas. Agora, pai de duas crianças bebe um copo de chope com soda limonada e anuncia a saída do bar ás 9 da noite.

Solteiros heterossexuais acima dos 30 anos fazem do mundo um lugar mais interessante. Temos mais experiência que os de 20. Temos sabedoria, perspectiva e clareza. Por sermos solteiros não falamos de crianças. Só por isso já mereceríamos ser aplaudidos. Sem nós, jantares com os amigos morreriam.

Nossa contribuição para a economia não pode ser esquecida. Como trabalhamos há mais tempo, ganhamos mais e economizamos mais. Como não precisamos gastar nada com crianças damos suporte a muitas indústrias importantes: carros de luxo, champanhe, eletrônicos de ultima geração, restaurantes românticos e caros.

É um estágio da vida para ser encorajado. Podemos fazer o que quisermos, quando quisermos. Mais importante: lembra-se de todas as lindas mulheres que não lhe davam bola quando você tinha 20 anos? Se elas estiverem solteiras, com seus 30 e poucos anos, o desespero provavelmente terá baixado bastante seu nível de exigência para que você tenha uma boa chance".

sábado, 21 de junho de 2008

Morte em Veneza

Poucas vezes assisti um diálogo tão bonito e filosófico num filme como o travado entre dois personagens do clássico Morte em Veneza, do italiano Lucchino Visconti. O filme é inspirado no original de Thomas Mann. Não é uma adaptação. Há diferenças relevantes de criação, como a transformação do escritor de Mann, em músico (Gustav Aschenbach), para intencionar a aproximação com o compositor Mahler.

Gustav viaja para Veneza buscando descanso em meio a uma crise existencial. Não encontra a paz procurada. Ele se apaixona por um belo garoto adolescente, Tadzio. A beleza do rapaz ao mesmo tempo atrai e oprime o compositor. Esse fascínio pelo belo, a busca do sublime e do perfeito se contrapõe à epidemia que ataca a cidade, à pobreza que o cerca, a tudo que se afasta dos ideais estéticos. E Gustav sente-se mais incompatível com o mundo, acentuando sua crise.

É dos melhores filmes que já vi. A temática do diálogo magistral a que me referi é a arte, a beleza e a música, em suas subjetividades e segredos. É coisa pra pensar e admirar. E comento apenas desta conversa; de alguns minutos do filme, que é de uma beleza quase indescritível: a história de um amor intenso sem troca afetiva, se esfacelando ante o mais banal. Acaba por um conto meio trágico, de um tema tão sublime para um resultado tão horrendo. Comento mais sobre o filme depois. Valem a pena algumas palavras. Por hora, o trecho referido:

Num quarto de hotel...

Gustav - Às vezes penso que os artistas são caçadores que miram no escuro. Nem sabem qual é seu alvo, tampouco se o atingiram. Mas não se pode esperar que a vida ilumine o alvo e estabilize sua mira. A criação da beleza e da pureza é um ato espiritual.

Alfred - Não, Gustav. Não! A beleza pertence aos sentidos. Não é possível alcançar o espírito.

Gustav - Não é possível alcançar o espírito através dos sonhos. Não é possível. É somente através do absoluto controle dos sentidos que se pode, algum dia, alcançar sabedoria, verdade e dignidade humana.

Alfred - Sabedoria? Dignidade? Para que servem? O gênio é uma dádiva divina. Não! Uma aflição divina. Uma chama breve e pecaminosa de dons naturais.

Gustav - Rejeito as virtudes demoníacas da arte.

Alfred – E isso é um erro! É o alimento da genialidade.

Gustav – Sabe, Alfred, a arte é a fonte mais elevada de educação. E o artista tem que ser exemplar. Deve ser um modelo de equilíbrio e força. Ele não pode ser ambíguo.

Alfred – Mas a arte é ambígua. E a música é a mais ambígua de todas as artes. É a ambigüidade transformada em ciência. Espere! (e se dirige ao piano). Ouça este acorde (um tom vibrante) ou então este (tom diminuído, mais fúnebre). Pode interpretá-los como desejar. Temos diante de nós uma série completa de combinações matemáticas, insuspeitadas e inesgotáveis. Um paraíso de duplos sentidos com os quais você, mais do que ninguém diverte-se ruidosa e confortavelmente (toca a introdução de uma música). Consegue ouvir? Reconhece?

Gustav – Pare!

Alfred – É sua! É uma música de sua autoria!

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Ainda sobre Franklin Jorge

Recebo imeiu do leitor Fernando Montenegro a respeito do texto que escrevi sobre o escritor, jornalista e artista plástico Franklin Jorge. Eis as palavras:

“Franklin Jorge é escritor das excelências. Mas eu sinto que todos temem a sua língua ferina. Por trás de seu talento extraordinário de escritor há também o seu profundo mal-caráter!! Figura bisonha, misógina, afeminado, de estatura mediana, conserva nos olhos ódio e rancor e metralha quem ele encontra pela frente só pelo prazer de se deliciar em seu mundo de vagabundagens. Conheço-o de longas datas. Aliás, de que vive Franklin Jorge hoje? De vender bolinhos e salgadinhos? Franklin Jorge, meu bom Sérgio Vilar, vive num profundo ostracismo, no obscurantismo miserável daqueles que só souberam construir inimizades, difamar e machucar as pessoas. Que se publique o meu comentário”.

Nota do editor: Caro Fernando, primeiramente agradeço seu comentário, sua participação. Mas permita-me algumas observações. Concordo – e não há como discordar – do talento extraordinário de Franklin Jorge como escritor, e também jornalista. Não me importa sua aparência ou opção sexual. Reconheço, sim, sua “metralha” e lhe digo: a maioria dos “metralhados” merece as balas disparadas. Não todas, em minha modestíssima opinião. A questão é que Franklin Jorge é sincero demais e tem uma bagagem cultural tamanha que lhe projeta acima de outros, quase sempre em melhor posição profissional. Daí as críticas. Talvez, daí também a revolta pelo não reconhecimento ou pela notoriedade de quem merece menos do que ele. Não sei. Não o conheço com profundidade. O entrevistei em 2005 para uma matéria de um caderno especial do Diário de Natal sobre Cascudo. O achei, a primeira vista, uma boa pessoa. Estranha ao seu modo. Desde então mantenho contato muito esporádico via imeiu com ele. E sempre que posso tento projetá-lo à mídia, não pela pessoa, do qual pouco conheço, repito, mas pelo talento desperdiçado. O Rio Grande do Norte ainda não sabe olhar para os seus bons talentos.

Guevara no cinema

Estréia hoje no eixo Sampa-Rio o documentário Personal Che, do diretor brasileiro Douglas Duarte e a colombiana Adriana Mariño. Pelas resenhas que li, o filme tem várias intenções, menos a de desmistificar a figura mais emblemática do século 20, com a famosa foto tirada pelo amigo Alberto Korda, na década de 60.

Che Guevara é estampa de camisa de qualquer adolescente revoltado até os mais ortodoxos comunistas velhinhos. Diria até que a imagem transcende sua ideologia. Na verdade, a idéia que as pessoas fazem do guerrilheiro vem se mostrando tão maleável que seu culto se adapta a qualquer grupo, desde políticos chineses a neonazistas alemães.

Na Bolívia, na região onde foi executado por militares em 1967, ele é considerado por muitos como um santo, São Che. Pessoas oram por ele pedindo graças e acendem velas para agradecer supostos milagres. Em Cuba, um taxista veste seus filhos com a farda igual à do Che e se emociona ao ver, pela primeira vez a imagem do guerrilheiro morto numa revista.

O documentário Personal Che, investiga pelo mundo a fora as diversas representações e leituras que são feitas sobre o guerrilheiro. Che mostra-se capaz de gerar amor e ódio nas mesmas proporções, resultando em debates calorosos em plena rua, por parte de exilados cubanos contra um salvadorenho que coleciona souvenirs relacionados a Guevara.

A grande qualidade do documentário é levantar um debate e não se preocupar em desvendar Che Guevara - que já foi objeto de várias obras, como Diários de Motocicleta, do brasileiro Walter Salles, e de uma longa cinebiografia, Che, dirigida por Steven Soderbergh, que rendeu a Benicio Del Toro o prêmio de melhor ator no mais recente Festival de Cannes.

(com informações da Agência Reuters)

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Capoeira: patrimônio cultural brasileiro

Notícia boa. Vem do Iphan nacional. A capoeira é a próxima manifestação brasileira candidata a patrimônio cultural. O registro será votado na próxima reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, em 15 de julho, em Salvador, Bahia. O registro de patrimônio imaterial também deverá valorizar o ofício dos mestres, responsáveis pela divulgação da capoeira em mais de 150 países.

Como capoeirista fico feliz. Pratiquei durante oito anos. Sem tempo agora, devido às pressas e compromissos cotidianos, tiro um mês de férias para matar as saudades. Até convido os admiradores da arte-luta a visitarem a Reitoria do Campus da UFRN na próxima quinta-feira (26), para uma roda de capoeira protagonizada pelos alunos e graduados da Academia Corpo Livre, comandadas pelo mestre Robson Fora do Ar. O evento é em homenagem aos 50 anos da Universidade. Axé, camará!

Os 10 melhores filmes da história

Para quem gosta de listas dos melhores de todos os tempos (alô Moacy Cirne!), o American Film Institute escolheu ontem dez filmes, divididos em categorias, que fizeram a história do cinema. Todos são velharias clássicas. O mais recente tem 28 anos de uso. Uma prova do privilégio ao passado concedido pela lista (e com razão!), foi o clássico O Mágico de Oz (1939) ter batido a premiada trilogia de O Senhor dos Anéis (2001). Outra boa briga vencida por Coppola, foi na categoria de gangster, em que o segundo lugar ficou para Os Bons Companheiros, de Scorcese. E engraçado é que Hitchcock aparece em tudo o que é lista, mas o tal do Oscar, do qual já foi indicado umas cinco vezes, nunca ele recebe.

Abaixo, a lista:

Animação: Branca de Neve e os Sete Anões (1937), de David Hand
Fantasia: O Mágico de Oz (1939), de Victor Felming
Ficção Científica: 2001 – Uma Odisséia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick
Sobre esporte: Touro Indomável (1980), de Martin Scorcese
Faroeste: Rastros de Ódio (1956), de John Ford
Policial: Um Corpo que Cai (1958), de Alfred Hitchcock
Comédia: Luzes da Cidade (1951), de Charles Chaplin
Drama: O Sol é Para Todos (1962), de Robert Mulligan
Épico: Lawrence da Arábia (1962), de David Lean
Gangster: O Poderoso Chefão (1972), de Francis Ford Coppola

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Da ressaca e de Bergman

Com atraso comento de meu fim de semana enfadonho, de ressaca, filmes e tédio. Talvez tenha sido sorte a minha de exagerar na bebida na sexta, na casa do meu irmão, chegar pela manhã em casa e hibernar na cama durante o sábado, com disposição apenas para alugar uns filmes.

Aluguei Capote, do diretor Bennett Miller, e Morangos Silvestres, do genial Ingmar Bergman. Assisti todos em companhia da ressaca, da chuva e da namorada. Isso após o tal foundue na casa do meu irmão.

O primeiro vale mais pela história do jornalista Truman Capote, o processo de elaboração do clássico do new jornalism, A Sangue Frio e pela atuação brilhante do ator Philip Seymour Hoffman, vencedor do Oscar de melhor ator.

Morangos Silvestres também é muito bom e melhor filmado, embora tenha preferido Sonata de Outono, do mesmo Bergman. Foram os dois do diretor que assisti para poder comparar.

Talvez eu esperasse mais de Morangos... Quando li a sinopse e o tema da solidão na velhice imaginei algo parecido com o livro Memória de Minhas Putas Tristes, de García Márquez – um livro perfeito sobre o assunto. Vale mais que o filme.

Franklin Jorge e Levino

O escritor Rodrigo Levino lança hoje, a partir das 19h na Siciliano do Midway Mall, seu segundo livro, Dias Estranhos – uma seleção de 30 crônicas publicadas em jornais e colunas da cidade.

Isso a torcida do Flamengo, América e ABC já sabem. Poucas vezes vi um lançamento literário tão difundido na imprensa local e cercado de elogios. Merecidos, opino. Apesar de jovem (25 anos), Levino mostra amadurecimento em seus textos e o melhor: dedicação ao que faz.

Na verdade, minha opinião de pouco ou nada vale. Mas há um elogio de peso. Recentemente fiz entrevista via imeiu com o escritor e jornalista Franklin Jorge, notório intelectual e também conhecido pelas palavras ferinas direcionadas a quem for.

Procurei abordar questões outras para evitar as críticas. Sem papas na língua (me perdoem o chavão). Franklin Jorge comentava um assunto e detonava alguns personagens do meio. E como Levino me disse ontem, a maioria das críticas tem lá seu fundamento.

A entrevista rendeu 14 laudas. E, claro, pouca gente foi poupada. O escritor, radicado (ou exilado?) em Mossoró alfinetou gestores, jornalistas, escritores e artistas plásticos. Mas também elogiou muitos, sobretudo alguns pintores. O único jornalista merecedor de elogio nominal foi Levino.

O conteúdo da entrevista, editado por mim, deve sair na revista Brouhaha. Nada está certo. Se tudo ficar acordado, receberá uma segunda mão do editor Moisés de Lima, para ninguém sair ferido do bombardeio proferido pelo guerrilheiro da nossa literatura, Franklin Jorge.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Arte do bem

A partir de hoje e prosseguindo até domingo, na praça de eventos do Natal Shopping, ocorre a exposição Artes Plásticas do Bem, com a exposição de obras de arte doadas por artistas locais, com a venda sendo direcionada para ações humanitárias e construção da sede da Casa do Bem – projeto social idealizado pelo jornalista boa praça Flávio Rezende, em Mãe Luíza. A exposição funciona das 10h às 22h, com obras dos artistas Lídia Quaresma, Carlos Sérgio Borges, Flávio Freitas, Cristina Jácome, Vatenor, Rogério Dias, Lavoisier, Lucina Hermila, Diniz Grilo, Pedro Pereira, Ana Antunes, Rafaela Farias, Carlos Humberto Dantas, entre outros. A iniciativa conta com o apoio da Imobiliária Caio Fernandes e do Natal Shopping.

Brasileiro ganha Oscar do teatro nos EUA

O barítono brasileiro Paulo Szot venceu na noite deste domingo o Prêmio Tony na categoria melhor ator em musical, em Nova York (EUA). Szot foi indicado ao prêmio por sua atuação no musical South Pacific, que levou sete prêmios no Oscar do teatro dos EUA.

O ator superou a resistência da Broadway a estrangeiros e levou o prêmio ante os concorrentes. Paulista de Ribeirão Pires, Szot atuou durante 12 anos como cantor lírico. Em entrevista recente, o ator disse que jamais imaginaria que a Broadway contrataria um brasileiro para interpretar um francês para uma peça.

O musical South Pacific se passa em uma ilha tropical durante a Segunda Guerra Mundial e conta a história de dois casais, formados com membros da Marinha dos EUA e moradores locais, afetados pela ameaça da guerra.

Além do prêmio de melhor ator, a peça levou o prêmio de direção, cenografia, iluminação, som e figurino. South Pacific, que estreou em 1949, também levou o prêmio de melhor "revival" pela volta aos palcos.

(com informações da Folha de São Paulo)

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Se Deus não existe, tudo é permitido

A frase do título é de Dostoiésvki e está presente em um de seus melhores livros: Os Irmãos Karamazov. E embora contida em outra obra literária, ela explica muito destes dizeres logo abaixo, do protagonista de Crime e Castigo, Raskólhnikov. São palavras pesadas, polêmicas, acima das leis e moral dos homens. Segundo o personagem, os seres extraordinários, sábios, geniais, têm o direito de praticar crimes em nome de um futuro melhor. É como se Newton tivesse autorização para matar alguém em nome de uma descoberta científica importante para a humanidade. Vale reflexão:

“Eu só tenho fé na minha idéia essencial, que é aquela que consist em dizer concretamente que os indivíduos se dividem, segundo a lei da natureza, em duas categorias: a inferior (a dos vulgares), isto é, se me permite a expressão, a material, que unicamente é proveitosa para a procriação da espécie, e a dos indivíduos que possuem o dom ou a inteligência para dizerem no seu meio uma palavra nova. É claro que as subdivisões são infinitas, mas os traços diferenciais de ambas as categorias são bem nítidos: a primeira categoria, ou seja, a matéria, falando em termos gerais, é formada por indivíduos conservadores por natureza, disciplinados, que vivem na obediência e gostam de viver nela. A meu ver têm a obrigação de ser obedientes, por ser esse o seu destino e não ter, de maneira nenhuma, para eles, na da de humilhante. A segunda categoria é composta por aqueles que infringem as leis, os destrutores e os propensos a sê-lo, a julgar pelas suas faculdades. Os crimes destes são, naturalmente, relativos e muito diferentes; na sua maior parte exigem, segundo os mais diversos métodos, a destruição do presente em nome de qualquer coisa de melhor. Mas se necessitarem, para em da sua idéia, de saltar ainda que seja por cima de um cadáver, por cima do sangue, então eles, no seu íntimo, na sua consciência, podem, em minha opinião, conceder a si próprios a autorização para saltarem por cima do sangue, atendendo unicamente à idéia e ao seu conteúdo, repare bem”.

Estréia no cinema

Estreou hoje pela sessão Cinecult do Cinemark, o mais novo documentário do cineasta Michael Moore, aquele mesmo que adora dar umas cacetadas no Bush. Sicko - $O$ Saúde critica o sistema norte-americano de convênios médicos particulares por meio de histórias e estatísticas, como de cidadãos que tiveram tratamentos médicos negados ou foram forçados a declarar falência para poder pagar por eles. O documentário também faz comparações com o sistema de saúde de outros países. O filme permanece no Cinemark até a quinta-feira, sempre às 15h10 e ao valor de R$ 4 (inteira).

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Decretado o fim do romantismo?

Dia dos Namorados e o psiquiatra Flávio Gikovate decreta o fim do amor romântico. Segundo o médico, já com 41 anos de clínica e autor de oito livros sobre o tema, a vida de solteiro é um caminho viável para a felicidade. E afirma, em entrevista a Veja.com: “Sempre digo aos meus pacientes: se você tiver que escolher entre o amor e a individualidade, opte pelo segundo”.

É duro de ler sem massacrar as migalhas de esperança em uma civilização mais afetuosa e solidária, ou pelo menos em um admirável mundo novo, aquele mesmo de Aldous Huxley. É lastimoso acreditar nessa teoria mesmo quando o individualismo dos novos tempos já avança sobre as fronteiras do bem estar coletivo e as grades são portais entre dois mundos distintos.

Segundo o psiquiatra, as pessoas casadas e felizes são uma minoria. Não passam de 5%. Vivem relacionamentos possessivos em que falta confiança recíproca e sinceridade. Algum tempo depois do casamento até se consideram bem casados porque ganham filhos e se estabelecem profissionalmente. Depois, se deparam com outra realidade e a decisão drástica de mudança. Normalmente é a separação.

Sob análise fria, talvez seja mesmo o retrato do tempo-hoje. A cada dia aumenta o número de casais que optam pelos quartos ou até casas separadas, como maneira de preservar o vínculo. E Gikovate esclarece que o individualismo não traduz egoísmo ou descaso. Para ele, é uma maneira de aumentar o conhecimento de si próprio e criar condições para um avanço moral significativo.

“Há muitos solteiros felizes. Levam uma vida serena, sem conflitos. Quando sentem uma sensação de desamparo, resolvem a questão sem ajuda. Mantêm-se ocupados, cultivam bons amigos, lêem um bom livro, vão ao cinema. Com um pouco de paciência e treino, driblam a solidão e se dedicam às tarefas que mais gostam”. E ressalta: “Os solteiros que não estão bem são geralmente os que ainda sonham com um amor romântico”.

Se o psiquiatra comentasse isso em uma missa, certamente o padre diria: “Palavras da salvação”. Parece uma teoria pronta, definida e sem flexibilidade alguma. Não acho que seja regra. Tampouco premissa. Não faz muito tempo, Vinícius de Morais dizia que “é impossível ser feliz sozinho”. As palavras do poetinha já caducaram? Mas é bem verdade que Vinícius nunca encontrou um grande amor. Ou encontrou vários.

O também renomado psiquiatra e autor do best seller A Cura de Schopenhauer, Irvin D. Yalom deixou claro no livro a necessidade dos relacionamentos sólidos, baseado no amor, na compreensão das diferenças e dos limites de cada um – uma quebra do pensamento do próprio filósofo alemão. Para Schopenhauer, os relacionamentos e os desejos só levam à dor e ao tédio.

Talvez eu tenha desbancado Lulu Santos e seja o último romântico. Ainda acredito no amor como base fundamental de uma revolução do comportamento humano. Mas o pensamento de Gikovate é demasiado realista. Talvez a raça humana precise de uma era de solidão para reaver conceitos, criar a tal condição para uma evolução ética e só então se entregar verdadeiramente ao amor, à compaixão.

Mas por hoje, pelo menos hoje, admiremos a lua, que ainda emerge do mar. Os cenários românticos são praticamente os mesmos de outrora. Talvez um poste substitua um candeeiro. Nada demais. E Renato Russo exagerou: ainda há, sim, palavras a serem ditas, sem clichês, sem repetição e com a voz da pureza dos sentimentos. E nisso sou convicto: ainda há gentilezas no mundo. E gentilezas se traduzem no amor sutil. E eu pergunto: será preciso instantes de solidão para compartilhar esse amor?

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Cinema e má educação

Assisti hoje o bom filme Banheiro do Papa, pela sessão de arte do Cinemark. E infelizmente, o comentário mais valioso para este blogue não é a obra do diretor César Charlone, mas a contestação, mais uma vez, da má educação nas salas de cinemas de Natal.

Adianto que não sou xiita quanto a barulho no cinema. Convivo com alguns sem problema: uma moça abrindo um chocolate, um papo ou outro esporádico entre um casal. Até o toque de um celular, se a pessoa pelo menos demonstrar ter sido acidental, por esquecimento.

Insuportável é um casal sentar ao seu lado e papear a sessão inteira. Comentar de forma chula qualquer cena do filme. Jogar a bolsa pesada no banco ao seu lado e movimentá-la a todo instante. Para piorar, abrir aquele velho saquinho de bagana e praticar barulhos a cada cinco segundos.

Não fosse bastante, o dileto expectador atrás de mim acomoda-se de tal maneira que mexe meu banco com certa constância. Mais à frente, o celular de um toca. E ele atende! E fala alto! É o cúmulo. Quando Rodrigo Levino comentou do tema em seu blogue até comentei do exagero. Achei que não fosse pra tanto. Agora em São Paulo, Levino disse que as salas lá são de um silêncio sepulcral. Ele tinha razão.

Enfim, ainda assim recomendo ao amigo leitor uma ida ao Cinemark. O filme fica em cartaz até sexta, salvo engano. É sempre às 15h. Escolha uma poltrona isolada, se possível. Embora tenha achado mal acabado, a história do filme é bonita, singela e emociona. O protagonista parece Belchior e vive em limites existenciais. O filme é baseado em fatos. Vale mesmo a pena, se a alma e a paciência não é pequena.

terça-feira, 10 de junho de 2008

De Morais para Paulo Coelho

Fiquei curioso para folhear a biografia de Paulo Coelho, intitulada O Mago. É o mais novo trabalho do escritor Fernando Morais. O lançamento foi ontem, na Livraria Cultura, em São Paulo e não contou com a presença do autor de O Alquimista, Diário de um Mago e Valquíria Decide Morrer.

Não me envergonho e confesso: li sete livros de Paulo Coelho quando adolescente. A qualidade das obras é discutível, sim. Acho totalmente inadequada sua presença na Academia Brasileira de Letras. Mas não qualifico seus livros como de auto-ajuda. Nenhum deles.

E mais: minha curiosidade em ler a biografia parte mais do talento de Fernando Morais. E também da própria história de Paulo Coelho. Desde criança ele sofre rejeições e dificuldades, mesmo de saúde. Foi interno como louco pela família e chegou a tomar aqueles eletrochoques. Foi hippie. Além, claro, da notória parceria com Raul Seixas em hits nacionais e sua busca espiritual, fortemente arraigada no conteúdo de sua obra literária.

Para escrever o livro, Morais passou três meses morando com Paulo Coelho. Acho que em sua residência na França. Não sei ao certo. Afora as inúmeras pesquisas e depoimentos. Mas o mais curioso foi a descoberta de um baú, já perto de concluir o livro, do qual Paulo Coelho guardava segredos, daqueles mais segredáveis e já havia comentado com sua mulher do desejo de queimar todos aqueles arquivos antes de sua morte.

O mago abriu esse baú por muita insistência de Morais. Durante a noite de autógrafos, Paulo Coelho se fez presente com flores e uma mensagem do qual menciona, ao final, o fato: “PS. Devolva o baú, mandarei queimar as provas!”. Agora, estão todas no livro.

Despedida de McCartney

Mr. Paul McCartney anunciou sua despedida. Sempre achei a figura mais talentosa e carismática dos Beatles. Desde pequeno acompanho sua carreira. Era quem me impulsionava às bancas de revista atrás de posters, revistas e livrinhos de cifras. E foi da bancas onde encontrei-me com os clássicos literários e a filosofia. Por isso devo a ele e aos Beatles meu gosto pela literatura e música. É o fim. Um triste retrato do tempo, indelével e implacável.

Da agência Ansa:

“O ex-Beatle Paul McCartney, de 65 anos, irá se despedir de seu público com uma turnê internacional de 100 shows, antes de se “semi-aposentar” dos palcos, segundo foi informado nesta terça-feira.

O cantor decidiu que irá realizar uma grande turnê mundial durante dois anos, antes de abandonar os palcos e dedicar mais tempo à família.

McCartney tocou recentemente em Liverpool, sua cidade natal, para celebrar o título dado a ela de Capital Européia da Cultura 2008.

“Paul disse que essa turnê será a última com essa magnitude. Ele quer descansar e aproveitar a infância de Beatrice”, disse uma fonte próxima.

“A turnê será a última vez que ele irá tocar em muitas partes do mundo. Beatrice e sua vida familiar serão suas prioridades, ele não quer passar meses sem vê-la”, acrescentou.
Beatrice, de quatro anos, é fruto de sua união com a modelo Heather Mills, de quem se divorciou recentemente. Paul tem mais quatro filhas em idade adulta, fruto de seu casamento com Linda McCartney.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Organizando livros

Tempos de férias. Horas de ócio, necessárias. Decidi organizar os livros empilhados nas prateleiras, sem enlace algum de organização. Livros têm de estar em sessões. Vou separá-los por divisórias de obras nacionais, internacionais e locais. Já deu pra perceber que os três se equivalem em quantidade.

Tiro um por um para limpar a poeira. Muitos nem li. Folheio e as palavras me puxam pelo colarinho da camisa. A maioria dos livros intactos eu herdei de meu avô. São quase todos a despeito do comunismo ou socialismo. Pelo menos três abordam a perestroika ou a vida de Gorbatchev.

Tenho muitos livros relacionados aos movimentos de esquerda. Acho até que vou reservar uma sessão à parte. Um deles, também de meu avô, eu já devorei: As Noites das Grandes Fogueiras, do jornalista Domingos Meirelles. São 150 páginas sobre a Coluna Prestes. Excelente livro-reportagem. Como também Olga e A Ilha, de Fernando Morais.

Mas a sensação primeira e tão angustiante ao arrumar meus livros é a contestação de que tantos carecem de leitura. Sequer lembrava de Xógum, a Gloriosa Saga do Japão, de James Clavell, do qual larguei pelas 300 e poucas folhas. É uma história deliciosa, mas são quase 900 páginas, em letras miúdas.

Olho para Fausto, de Goethe. Este eu larguei no início. Li as primeiras páginas e senti a complexidade da leitura. Prometi reencontrá-lo somente quando houvesse tempo para dedicar-me a ele. Pelo mesmo motivo deixei empilhada uma coleção de filósofos. Até concluí o de Schopenhauer. O próximo seria Hume.

Muitos são os livros de autores locais. Os de Nei Leandro e os livros de memórias de Lauro Pinto, José Maria Guilherme e outros poucos eu li. Da coleção quase inteira da obra de Diógenes da Cunha Lima, aqui empilhada, queria ler a biografia de Dinarte Mariz, Solidão Solidões. Tema ainda Os de Macatuba, de Tarcísio Gurgel e uma seleção de crônicas de Berilo Wanderley que já peguei para ler, chamado Revista da Cidade, organizado por Maria Emília Wanderley. Até um livreto Garrafas de Areia do Tibau, de Veríssimo de Melo, eu encontrei.

Tanta riqueza, tão perto, tão palpável. Tudo separado pelo tempo. O mesmo tempo do qual contam a história. E o tempo é minha casa. E de minha casa quero saber tudo. Quem mora ou já se foi. Como foi construída. Onde estão os problemas e rebocos mal feitos. Da minha casa quero entender para morar. Quero saber para acolher. E nada melhor que as bíblias do tempo, escrita por seus comuns.

domingo, 8 de junho de 2008

MPBeco em fragmentos

Cai a tarde e a solidão. A Cidade Alta é mais centro: é movimento. O arrebol abocanha o Potengi e transpira o início da festa. A praça já é do povo. Quase hippies. Natal é refundada em música, sob o manto de Cascudo e do índio Poti. A Natal de um deus mar que vive para o sol é também canibal. Tem fome de roque. A MPB marginal, regional encontra ecos no beco. Suga o elixir das tribos de intelectuais, músicos, jornalistas e da gente livre. E espalha o perfume pronto à alma dedicada à música.

Mirabeaux é mais Mirabô do que nunca. Um potiguar de mote diferente, de tropicália jerimum. De alma branca. Das cores dos mares daqui. Amacia o palco e a populaça. O antro é libertário. Estão presos ali a diversidade e a voz coletiva. A criança brinca na escada da pinacoteca. O rapaz de juba amarrada paquera a moça tatuada. Próximo à fila para a cerveja, Carlão grava as cenas com o olhar apurado. Romildo toma uma cerveja. Abimael ingere várias. Moisés de Lima passeia nervoso entre canibais. Petistas reunidos. Alexandro Gurgel registra tudo pelas lentes do beco.

Na sopa do palco, o frevo come o hip hop. O carimbó janta o frevo. A MPB morde o carimbó. O regionalismo devora a MPB. E o rock natalense, meio grogs, lambe com ironia o regionalismo engasgado. Vencidos, vencedores. Todos saíram vitoriosos. Músicos e platéia, donos da palavra e da cicuta. São os votantes da democracia alheia. Os donos da praça, de coroa na mão. Por algumas noites foram felizes. Natal em festa, em festival. A música homenageada. A cultura aplaudida pela contra-cultura.

Orquestra Boca Seca já é entoada seca. É o fim dos sábados no Centro de histórias. A dispersão encontra ruelas e serpenteia becos a procura das heranças de Cascudo. O palco cuspiu toda a poesia, que encontrou o lodo e caiu na vala. A música sepulcral do Potengi já se escuta. Começo, meio e fim da MBP do Beco Natal. A noite sem memórias há de esquecer estes dias. E Dessa Casa quero Lembranças. Do Caos. Dos Insanos. E a praça... A praça abraça o tédio e a loucura dos indigentes. Guarda no sótão da memória dias de euforia e dorme de novo o silêncio pacato dos dias comuns.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Atrações confirmadas do Mada

O festival mais aclamado da música independente potiguar, Música Alimento da Alma (Mada) começa a montar suas atrações. Em entrevista ao site disruptores.com, a produtora do evento, Ana Lira, insinuou ou praticamente confirmou Lobão como uma das atrações principais. Ana Lira também adiantou que virá uma banda gringa velhaca, mas muito conhecida e uma outra, londrina, com menos de dois anos de formação.

Além de Lobão, o Rappa e Pato Fu também foram confirmados. Há cogitações de que o Sepultura virá, para tocar junto com o Rappa. Seria para rememorar bons momentos e comemorar os 10 anos do Mada. No site do jornalista pernambucano Bruno Nogueira (popup.mus.br), tem a notícia de que as bandas natalenses Bandine (com repertório do rock inglês), Barbie Kill e a adolescente de 15 anos, Malu Magalhães, também vão tocar no Mada.

O Mada, para fugir das chuvas que atrapalharam edições anteriores do festival, que acontecia em março (salvo engano) este ano foi transferido para os dias 14 e 16 de agosto. E acabou por jogar o Festival DoSol, também marcado para agosto, para os primeiros dias de novembro. Que não venha o NXZero. Os pedidos na comunidade do orkut dedicado ao Mada são muitos. Acho que não combina com a proposta do evento.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Da injustiça com Dudé

Dudé é aquele típico artista esquecido. Antes a injustiça com ele recaísse apenas na confusão que o deixou preso por dois anos na João Chaves. O show dele ontem no Teatro de Cultura Popular foi muito bom. Não tinha 30 pessoas. Acredito que mais da metade era da família.

O compositor contou muitas histórias, a maioria de muita luta, com aquele jeito tímido e as reminiscências de menino matuto de Caraúbas. No meio de tudo isso, as composições que escreveu para cada momento, algumas de muita poesia e que mereciam melhor reconhecimento.

As duas poesias de Deífilo Gurgel – Pilão e Enchente – musicadas por Dudé ficaram sensacionais. E geralmente não cai bem essa história de musicar poesia. Guardo comigo o Cd com as músicas de Drummond musicadas por Belchior e acho que a melodia não valorizou a obra de Drummond.

Os jornais até fizeram sua parte e divulgaram o show. A senha estava num preço razoável, a 10 reais (inteira). O local é convidativo, aconchegante, ideal para um show intimista. Não choveu. Desconfio que o público de Dudé não seja o mesmo do sertanejo Leonardo. Enfim, o que faltou?

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Buraco da Catita

Só agora li matéria escrita pelo jornalista Aléxis Peixoto sobre o lançamento da programação cultural do espaço Buraco da Catita. A quem não conhece, está situado em ponto charmoso, entre becos da Ribeira.

Grandes músicos da cidade estão escalados para montar alguns dia da semana com música de qualidade. A programação preenche as terças, quintas e sábados.

Vibro mesmo com idéias do tipo. O músico e idealizador do projeto, Camilo Lemos, apostou em um espaço escondido, meio underground, mas perfumado pelo chorinho e rodas se samba. Deu certo. E sempre com projetos e experimentos novos.

Fui por duas vezes ao local. É a pedida após o sino do pé na bunda do Bardallos, do produtor cultural Lula Balmont, tocar. O Bardallos fica no Centro.

Agora o Buraco da Catita oferece diversão quase diária. Na terça, às 20h, tem o projeto Duos e Solos. Na estréia, Neemias Lopes e Paulo Sarkis, saxofonista e baixista da Mad Dogs, respectivamente.

Às quintas-feiras, fica acordada a presença da Orquestra Cia. do Frevo para ensaios abertos ao público. Sempre às 19h. No sábado, a partir das 14h, feijoada, mesa de samba e cerveja despreocupada. Dia de semana é bronca.

Angel

Assisti ontem ao filme Angel, na sessão de arte do Cinemark. Não estranhem, estou de férias e as tardes são de praxe tediosas. Esperava um filme razoável, pouca gente no cinema e muito barulho. De fato ocorreu tudo isso.

Embora razoável, Angel é aquele filme bem cuidado ao extremo. Enxuto como um livro de García Márquez. Muito belo também em diálogos. Nem tanto pela estória, que aí, sim, é bem razoável. Mas pelas encenações, cenários e interpretações primorosas.

E o roteiro, amigo leitor, no todo se resume ao que tanto já escrevi por aqui: viver é melhor que sonhar. Não vou me estender. Os dois ou três que acompanham este espaço empoeirado sabem do que falo. O filme exibe uma versão bacana e bem montada para retratar isso.

O filme funciona como uma espécie de conto. A atmosfera gira em torno do vislumbre quase ensandecido, lunático da protagonista – uma jovem escritora. Embora essa loucura seja mais escancarada na protagonista, o espectador mais atento percebe nos personagens as mesmas frustrações e solidões, de forma camuflada.

O filme é adaptação de um romance de Elizabeth Taylor. Fiquei curioso para ver outros trabalhos do diretor francês François Ozon. Gosto quando se percebe fácil a mão do diretor em cada cena. Um deles, Swimming Pool, é muito bem recomendado.

Vale uma ida ao Cinemark. A sessão começa às 15h, por apenas R$ 4 (inteira).

terça-feira, 3 de junho de 2008

Rock in Rio em 2014. Revolução?

Isso mesmo. Uma nova edição do festival de música que revolucionou a cena roqueira no Brasil nos anos 80 tem data marcada para acontecer. Segundo o mesmo organizador das três edições anteriores, Roberto Medina, em depoimento à Agência Efe, o Rock in Rio 2014 significará uma revolução.

Duvido. E questiono. Revolução de quê? Musical? De comportamento? Acho exagero. Já não cabe revoluções do tipo no mundo-hoje. O ano de 1968 terminou, sim. E foi recheado dessas mudanças. E tudo ficou registrado ali. Ainda usufruímos de tudo. E não ganhamos mais nada.

Em sua primeira edição, naquele emblemático ano de 1985, aí sim, o Rock in Rio revolucionou. O Brasil vivia a abertura política, a tragédia nacional com a morte de Tancredo. O Ulisses Guimarães ainda pisava em terra firme e tinha uns tais de Menudos proclamando “Não se reprima”. E a galera aproveitava a liberdade para soltar o grito.

O Rock in Rio foi o palco desse grito contido. Pôde-se ver jovens ensandecidos, mesmo com a inflação estratosférica. E não era lá uma juventude de propaganda de refrigerantes, como o Medina pensava. O produtor deu de cara com um monte de suburbanos, com cabelos compridos e sebentos, camisas pretas azedas: eram os metaleiros.

Esses caras foram pra bagunçar mesmo. Retrataram a juventude sem ideologia. Já não eram os jovens politizados de 1968. Quando as bandas falavam em democracia ou o slogan Muda Brasil, os metaleiros jogavam tudo no palco. Vários ou quase todos os artistas foram verdadeiras vítimas de objetos arremessados.

Era gente que saía de uma ditadura e continuava antidemocrática. Mas acho que aprendemos. E aprendemos tanto que hoje sequer levantamos o dedo pra nada. Não vai ser um festival de rock a mudar esse comportamento. A edição de 2001 já foi uma porcaria. Das atrações principais foi o Guns n Roses, prometendo ascendência quando estava ainda mais em decadência.

Quais seriam as grandes atrações para os próximos anos? E se fosse este ano? O evento vai ocorrer em Lisboa e sabem quais atrações? Verdadeiros dinossauros do rock, como Metallica, Bob Dylan, The Police e Neil Young. Por aqui, é capaz do Medina ressuscitar a Blitz ou lançar a volta do New Kids on The Block. Calma, calma. Essa foi phoda..rs

Mais uma tentativa de Salles

Depois de filmes fantásticos, premiados até pelo gosto da vovozinha e ainda sem o Oscar, Walter Salles inicia mais uma empreitada em busca do prêmio. O cineasta retomará um velho projeto de Francis Ford Coppola: vai adaptar o romance maior de Jack Kerouac, On the Road.

Segundo a agência Ansa, o livro, que em 1957 marcou o início da literatura beatnik nos Estados Unidos e é um dos títulos importantes do século 20, foi adaptado por Salles com a colaboração de José Rivera e será produzido pela francesa Pathé.

Para ambientar-se no mundo de Kerouac, Salles está terminando um documentário sobre a viagem feita pelo protagonista do livro, Sal Paradise, pelas estradas norte-americanas.

O último filme de Salles, Linha de Passe, co-dirigido com Daniela Thomas, acaba de ser premiado no Festival de Cannes com a Palma de Ouro para a atriz brasileira Sandra Corvelon.

Saudades da Redinha

Se a insônia e a vontade de escrever por compulsão deixarem, esquartejo minhas saudades da Redinha ainda hoje. É saudade que dói. Não me imagino sem os olhares daquele mar. Talvez um minuto antes de morrer, precise vê-lo. Ou sentir o cheiro da ginga e escutar a voz sofrida de dona Francisca: “Vai com Deus, meu fi. Estamos sempre aqui”.

É do escritor e jornalista Franklin Jorge estas palavras, de uma Redinha de ontem, mas ainda viva no tempo: “No céu encurvado e polido da Redinha, o seio da lua em quarto-crescente, saltando de um sutiã de nuvens. Embaixo, o mar onanista”.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Dudé Viana no TCP

A Fundação José Augusto acertou no convite ao músico Dudé Viana para um show e contação de causos no Teatro de Cultura Popular nesta quarta-feira. Dudé há muito é discriminado em sua terra por carregar o sobrenome da família Benevides Carneiro, estigmatizado por protagonizar alguns célebres casos de polícia no RN, a lembrar Waldetário Carneiro.

Dudé é homem de biografia bonita. Aos 10 anos tocava gaita e iniciou no violão. Já gostava de poesia e começou a musicar os textos. Em pouco tempo era compositor. Começou a carreira em 1972. Veio de Caraúbas para tocar na Praia do Meio, único palco de Natal à época. Antes disso havia perdido o emprego de cobrador de ônibus. Tentou carreira no eixo Rio-São Paulo.

Também desejoso de ser ator, chegou a escrever o musical infantil “O Sol, o vento e a chuva”, no Rio de Janeiro. Em 18 de maio de 1982, o roubo de milhões que seriam destinados ao pagamento dos trabalhadores rurais mudaria a vida de Dudé Viana. O assalto ocorreu no trecho entre Caraúbas e Olho D’Água dos Borges. Foi dos crimes mais populares da história policial potiguar.

O principal suspeito, José da Silva, o Dedé, foi morto em tiroteio com a polícia. Uma investigação mal feita pela polícia confundiu Dedé com Dudé. Na época, Dudé morava no Rio, cantava e atuava. Foram dois anos de cárcere e mais 15 anos para ser decretado inocente pela Justiça Federal.

Dudé escreveu um livro para contar a história: A Saga dos Benevides Carneiro. Além de um mapa genealógico da família, há também uma história de pistoleiros e rixas entre famílias no interior.

Por causa de alguns, a família inteira é discriminada. Tanto que pouco se houve falar de Dudé na cidade. O velho Crispa resgatou o carinha. E acho que vale uma ida ao TCP quarta-feira. A entrada é R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). Começa às 20h.

Nova Papangu!

Preocupados com a onda de dengue que assola o Brasil, os Papangus alertam, na chamada da nova capa, para “O vilão das Arábias” em terras potiguares. A matéria é assinada pela jornalista Leilane Andrade.

O caso da chapuletada no lombo do senador José Agripino desferida pela ministra Dilma Roussef, assunto por demais badalado no mês de maio, é “amenizado” nas páginas da revista, a ponto do “Galego do Alecrim” receber o Troféu Papangu do mês.

Em Autores & Obras, o bibliófilo Carlos Meireles resenha o novo livro “Mortos não jogam xadrez”, do poeta cearense Francisco Carvalho. Em Conto, o professor Clauder Arcanjo presenteia o leitor com um belo escrito intitulado “Chocalho”. “Deixei de fumar”, está em Crônica, de autoria do médico José Wellington. Em “Artigo”, o jovem escriba Carlos Fialho apresenta “O candidato que diz a verdade”.

A professora apodiense Rokátia Kleania traz detalhes sobre a criação da AEL — primeira Academia Estudantil de Letras do RN. O espaço “Turismo”, que divulga as potencialidades turísticas da terra de Poti, o jornalista Jotta Paiva foca o município de Martins, transformada na capital da motocicleta, de 6 a 8 de junho.

Em Talento Potiguar, Ana Emília Fernandes destaca “Zé Saldanha, o cordelista mais velho do Brasil”. Espaço merecido já numa edição da Preá. Em “Foco Potiguar”, onde são apresentados trabalhos fotográficos, a Revista mostra belas imagens do fotógrafo natalense Everaldo Leocádio.

Com fotos de Hugo Macedo, Alexandro Gurgel entrevistou para este número o poeta e presidente da Fundação José Augusto, Joaquim Crispiniano Neto. Crispiniano nesse bate-papo discorre sobre os rumos de sua gestão à frente da FJA, entre outros temas.

Sempre procurando aprimorar e elevar o nível editorial, os papangunistas Alexandro Gurgel, Túlio Ratto, Damião Nobre, Yasmine Lemos, David Leite, Antonio Capistrano, Cefas Carvalho, Carlos Meireles e Raildon Lucena dão as boas-vindas ao escritor Affonso Romano de Sant’Anna, que inaugura a coluna “Escrevivendo”. O mais novo Papangu provará aos leitores que não há mais centro e periferia. Em sua estréia, Affonso destaca “Cansei de 1968”.

E, para finalizar, com gostinho de quero mais, as belas poesias de João de Deus, Maria Rizolete Fernandes, Miriam Carrilho, Francisco Carvalho, Ana Luiza Burlamaqui da Penha, Lilia Souza e Anchella Monte.

domingo, 1 de junho de 2008

Erros no novo Indiana Jones

Não vi o filme. Mas li esta crítica e achei um absurdo um filme com recordes de bilheteria, tão proclamado e de um diretor tão tarimbado apresentar erros tão grosseiros. Uma prova da baboseira hollwoodiana. A fonte do texto – publicado no site vermelho.gov.br – é a AFP:

Os espectadores de "Indiana Jones e o reino da caveira de cristal" se surpreendem quando se diz no filme que Pancho Villa, herói da Revolução Mexicana, e seus amigos falavam quechua, o idioma dos antigos peruanos. "É uma barbaridade", disse o diretor da Biblioteca Nacional do Peru, Hugo Neyra.

Na saída das salas, os cinéfilos peruanos também expressam sua indignação com a trilha sonora. As aventuras de Indiana se passam no Peru, mas a música é, estranhamente, típica do México. Soma-se a isso o fato de que existam guerreiros maias falando quechua, em plena selva peruana, região supostamente cercada de areia movediça, com insaciáveis formigas que devoram humanos, e enormes cataratas que, na verdade, estão no Havaí.

Para completar a seqüência de absurdos, a pirâmide de Chichen Itzá, que no mundo real fica no México, na telona aparece no meio da Amazônia peruana.

O historiador Manuel Burga, ex-reitor da Universidade de San Marcos, a mais antiga da América, comentou que, embora se trate de um filme de ficção, faltou assessoria aos criadores do personagem, Steven Spielberg e George Lucas.

"Há muitos dados incorretos, embora seja uma ficção. Isso será prejudicial para muita gente que não conhece o nosso país, pois mostra um cenário peruano que não é real. Não é possível que se confunda a Amazônia com a selva de Yucatán, no México", reclamou Burga.

Para o diretor da Biblioteca Nacional do Peru, Hugo Neyra, muitos americanos e europeus, medianamente informados, vão se dar conta de que é "uma aberração" misturar as culturas maia e inca. "Eles sabem que Machu Picchu fica em Cuzco e Chichen Itzá, no México", afirmou.

O historiador Teodoro Hampe comentou que, no imaginário do americano comum, há um esquema, segundo o qual tudo que está além das fronteiras para o sul é a mesma coisa. "Para eles, dá no mesmo: México, Guatemala, Bolívia, ou Peru", completou. Outra confusão é que a cidade de Nasca, na costa sul do Peru, aparece, no filme, em Cuzco, no meio dos Andes do sul peruano.

A lista de reclamações continua, já que a trama insiste em uma idéia bastante difundida no exterior e rejeitada pela comunidade científica internacional de que a civilização andina é produto da visita de extraterrestres. Quase no final do filme, um disco voador emerge das profundezas de um palácio de ouro.

A mensagem subliminar parece ser a de que as conquistas das civilizações surgidas na América Latina são fruto de forças sobrenaturais, e não da capacidade de seus próprios habitantes.