sexta-feira, 13 de junho de 2008

Se Deus não existe, tudo é permitido

A frase do título é de Dostoiésvki e está presente em um de seus melhores livros: Os Irmãos Karamazov. E embora contida em outra obra literária, ela explica muito destes dizeres logo abaixo, do protagonista de Crime e Castigo, Raskólhnikov. São palavras pesadas, polêmicas, acima das leis e moral dos homens. Segundo o personagem, os seres extraordinários, sábios, geniais, têm o direito de praticar crimes em nome de um futuro melhor. É como se Newton tivesse autorização para matar alguém em nome de uma descoberta científica importante para a humanidade. Vale reflexão:

“Eu só tenho fé na minha idéia essencial, que é aquela que consist em dizer concretamente que os indivíduos se dividem, segundo a lei da natureza, em duas categorias: a inferior (a dos vulgares), isto é, se me permite a expressão, a material, que unicamente é proveitosa para a procriação da espécie, e a dos indivíduos que possuem o dom ou a inteligência para dizerem no seu meio uma palavra nova. É claro que as subdivisões são infinitas, mas os traços diferenciais de ambas as categorias são bem nítidos: a primeira categoria, ou seja, a matéria, falando em termos gerais, é formada por indivíduos conservadores por natureza, disciplinados, que vivem na obediência e gostam de viver nela. A meu ver têm a obrigação de ser obedientes, por ser esse o seu destino e não ter, de maneira nenhuma, para eles, na da de humilhante. A segunda categoria é composta por aqueles que infringem as leis, os destrutores e os propensos a sê-lo, a julgar pelas suas faculdades. Os crimes destes são, naturalmente, relativos e muito diferentes; na sua maior parte exigem, segundo os mais diversos métodos, a destruição do presente em nome de qualquer coisa de melhor. Mas se necessitarem, para em da sua idéia, de saltar ainda que seja por cima de um cadáver, por cima do sangue, então eles, no seu íntimo, na sua consciência, podem, em minha opinião, conceder a si próprios a autorização para saltarem por cima do sangue, atendendo unicamente à idéia e ao seu conteúdo, repare bem”.

Um comentário:

  1. O nada não pode substancializar nenhuma realidade;Nem mesmo o tempo. O nada não tem nada para dar,pela sua realidade que é o nada.Como posso dar algo que não tenho?

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