segunda-feira, 9 de junho de 2008

Organizando livros

Tempos de férias. Horas de ócio, necessárias. Decidi organizar os livros empilhados nas prateleiras, sem enlace algum de organização. Livros têm de estar em sessões. Vou separá-los por divisórias de obras nacionais, internacionais e locais. Já deu pra perceber que os três se equivalem em quantidade.

Tiro um por um para limpar a poeira. Muitos nem li. Folheio e as palavras me puxam pelo colarinho da camisa. A maioria dos livros intactos eu herdei de meu avô. São quase todos a despeito do comunismo ou socialismo. Pelo menos três abordam a perestroika ou a vida de Gorbatchev.

Tenho muitos livros relacionados aos movimentos de esquerda. Acho até que vou reservar uma sessão à parte. Um deles, também de meu avô, eu já devorei: As Noites das Grandes Fogueiras, do jornalista Domingos Meirelles. São 150 páginas sobre a Coluna Prestes. Excelente livro-reportagem. Como também Olga e A Ilha, de Fernando Morais.

Mas a sensação primeira e tão angustiante ao arrumar meus livros é a contestação de que tantos carecem de leitura. Sequer lembrava de Xógum, a Gloriosa Saga do Japão, de James Clavell, do qual larguei pelas 300 e poucas folhas. É uma história deliciosa, mas são quase 900 páginas, em letras miúdas.

Olho para Fausto, de Goethe. Este eu larguei no início. Li as primeiras páginas e senti a complexidade da leitura. Prometi reencontrá-lo somente quando houvesse tempo para dedicar-me a ele. Pelo mesmo motivo deixei empilhada uma coleção de filósofos. Até concluí o de Schopenhauer. O próximo seria Hume.

Muitos são os livros de autores locais. Os de Nei Leandro e os livros de memórias de Lauro Pinto, José Maria Guilherme e outros poucos eu li. Da coleção quase inteira da obra de Diógenes da Cunha Lima, aqui empilhada, queria ler a biografia de Dinarte Mariz, Solidão Solidões. Tema ainda Os de Macatuba, de Tarcísio Gurgel e uma seleção de crônicas de Berilo Wanderley que já peguei para ler, chamado Revista da Cidade, organizado por Maria Emília Wanderley. Até um livreto Garrafas de Areia do Tibau, de Veríssimo de Melo, eu encontrei.

Tanta riqueza, tão perto, tão palpável. Tudo separado pelo tempo. O mesmo tempo do qual contam a história. E o tempo é minha casa. E de minha casa quero saber tudo. Quem mora ou já se foi. Como foi construída. Onde estão os problemas e rebocos mal feitos. Da minha casa quero entender para morar. Quero saber para acolher. E nada melhor que as bíblias do tempo, escrita por seus comuns.

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