terça-feira, 31 de março de 2009

Domingo na Praça em pauta

A matemática para a volta do Domingo na Praça é simples. Quando classifico como simples é porque o projeto já descartou o processo burocrático e pouco eficaz de captação de patrocínio pelas leis de incentivo e depende apenas da apresentação final do projeto e da boa vontade da Capitania das Artes. O patrocínio, no caso, seria direto, em parceria entre Funcarte e UFRN. A instituição cultural entraria com os recursos, estimados em R$ 12 mil. E a UFRN cederia o espaço, segurança e logística (internet, fone, assessoria de imprensa, energia...). Simples, não?

Amanhã (coloquei em minha coluna que seria hoje!) a produtora Cida Campello levará novo projeto com todos os valores, trâmites e "contrapartidas possíveis" oferecidas pela UFRN para análise da comissão de eventos da Capitania. Outra facilidade para aprovação e viabilização do projeto é o convênio já firmado entre prefeitura e UFRN para outros projetos. E mais: o Domingo na Praça funcionaria como âncora ou vitrine para outros projetos municipais, como o K-Ximbinho, ao oferecer uma platéia já fiel ao evento. No caso, o DNP se instalaria no Anfiteatro da UFRN e o K-Ximbinho funcionaria de forma intinerante.

"O valor do projeto já é baixo. Só com o nome do Domingo na Praça já consigo descontos consideráveis para várias coisas. Às vezes penso em desistir quando percebo o desânimo contagiante para este projeto na Funcarte". O diretor de Eventos da Capitania, Josenilton Tavares, afirmou que espera a apresentação do projeto para análise e que a instituição tem interesse em recriar o DNP, "pela própria marca e trajetória de sucesso do projeto".

Cida prometeu levar o projeto amanhã. A coluna promete novos desdobramentos para este projeto que marcou os domingos natalenses por uma década, sempre com cultura diversificada, democrática e de fácil acesso a todo tipo de platéia. A produtora explica ainda que descartou a via das leis de incentivo pelo valor baixo do projeto e também pelos "traumas" já sofridos com as leis municipal e estadual em outros projetos. Segundo ela, se fosse optar escolheria os caminhos da lei nacional (Rouanet). "Em menos de um mês o projeto seria aprovado".

domingo, 29 de março de 2009

Aviso aos becodalamenses

Meu povo boêmio, a vida é curta e a poesia também acontece fora dos muros do Beco da Lama. Aprecio deveras aqueles chãos. Frequento. Torço pelo bem de tantos projetos e do sonho não distante da revitalização do Centro Histórico. E minha torcida acaba aí. Se Dungas, Chorões e Zangados, ou Lulas, Povos e Lagostas disputam a eleição de uma entidade de poderes além da conta, que vença o de melhor intenção e vontade para reerguer aquele espaço de tantas adjacências.

Escrevo estas mal traçadas apenas para justificar o que nada tenho culpa: a foto de destaque em matéria cujo interesse é o leitor. Sou repórter. Não escolho foto nem título. Às vezes sugiro. Não foi o caso. Quanto à matéria, esta sim, de minha responsabilidade e sugestão, ouvi Dunga, que vem cobrando a tal reunião há tempos e isso, para mim, justifica a fonte, e Júlio César, gestor interino e responsável pela convocação. Um disse que a adjunta, Civone, foi destituída. O outro disse que a assembléia para tal nunca houve. As duas versões foram publicadas. Para quê tanta raiva, meu Deus?

Falava este sábado ao Leo Sodré: escrever sobre Beco da Lama é sempre chato. Sempre desagrada um ou outro. Escrevo pisando em ovos, medindo palavras para não ferir esses "poetas" tão sensíveis. Ainda assim, nenhum jornal tem conferido tanto espaço para figuras e fatos dali. Nem de perto, arrisco dizer. Ao ponto do chefe de Redação até reclamar do exagero. Meu editor avisou que Doriam vai amanhã no jornal. Que bom. Que venha com outras novidades, não para acirrar intrigas, disputas, micuinhas. Se torço por algo ali é pela unidade e fomento de projetos bacanas. E só.

sábado, 28 de março de 2009

Há dois anos morria o dotô do sertão

“Essa página bem poderia estar empoeirada ou melada de um barro molhado que moldou a personalidade de um sertanejo nato. Numa hipótese mais utópica, essa página poderia voar solta e perdida entre os chãos arenosos do Seridó potiguar; lá para as bandas de Serra Negra do Norte, onde nasceu um doutor com diploma de sertão, chamado Oswaldo Lamartine”. Com estas palavras comecei a entrevista feita com o dotô, meses antes de sua morte, há exatos dois anos, neste mesmo 29 de chuvas e de março. Foram suas últimas palavras publicadas em jornal.

Oswaldo Lamartine atirou em seu desgosto e matou 87 anos de sertão. De relance, arrancou o cacto bem plantado no meu peito e deixou um chão rachado em minh’alma. A figura magra, esbelta e ativa como o Dom Quixote de Cervantes foi maior que qualquer livro. Lamartine foi o retrato vivo de tradições perdidas; de costumes esvaídos. Era a essência da simplicidade sertaneja. Foi nele onde descobri meu sertão particular.

Quando criança pensava no sertão como invenção de poeta. Era um mundo livre, sem fim, de pássaros e céus estrelados. Os costumes fugiam da obrigação da atividade escolar e dos livros de aritmética. A crueza da seca me chegou pelo noticiário. Depois pelos livros. Redescobri meu sertão ao assistir a fragilidade daquele homem estendido na cama de um flat. Era um fóssil vivo de uma história perdida. Um homem do passado, preso na redoma do progresso do tempo-hoje.

No decorrer da entrevista fui percebendo a importância do momento. Já conhecia o personagem e a classificação de segundo maior nome da cultura potiguar, atrás apenas daquele que talvez seja o primeiro do país: Luís da Câmara Cascudo. As novas percepções decorreram da surpresa em presenciar ali a materialização da simplicidade pura, escassa hoje, mesmo entre os sertanejos, como o próprio Oswaldo respondeu, na última pergunta que fiz: “Sei que a pergunta é complexa. Mas o que é o sertão para o senhor?”. E a resposta veio espaçada: “Ô meu filho... (longa pausa). É um mundo que se foi”.

Neste parágrafo, reproduzo as linhas publicadas a respeito da visita deste repórter ao sertanista: “A visita é feita de surpresa, numa quarta-feira à tarde, no flat onde mora só há oito meses, em Petrópolis. Iniciava-se o segundo tempo do jogo de futebol da seleção brasileira contra a Noruega. A enfermeira que o acompanha diariamente, durante as manhãs e tardes aponta o quarto onde está o escritor. Nem bem aponta, Oswaldo grita um ‘pode entrar’ contido. É que há três anos foi operado e hoje sofre dificuldades de deglutição e de fala. Os pigarros são constantes. O escritor vestia roupas leves. Após um aperto de mão firme que contraria o aparente corpo magro e debilitado em função da doença, ele se desculpa por receber o repórter daquela maneira: ‘um lixo hospitalar’. Parece contrariado pela impossibilidade de proporcionar a recepção característica dos sertanejos”.

Ainda lembro bem: Lamartine pareceu mesmo contrariado com a visita em horário de jogo. Ao fim da entrevista, quando se aproximava o fim da partida, pedi um autógrafo. Ele perguntou meu nome. Olhou depois para a televisão e perguntou quem jogava contra o Brasil. E continuou a escrever o autógrafo, mesmo sem os óculos, postados ao lado da cama. Saiu assim: “Ao Sérgio, que veio me ver no decorrer do jogo Brasil x Noruega VIII/06”.

Em papo informal de despedida, confessou: “Rapaz, só estou esperando a morte, que não chega; a caetana”. Mas a lucidez do escritor impressionava. Talvez por isso enxergasse uma modernidade indesejada, destruída pelo progresso infame. Passaram-se alguns meses após aquele encontro. Sua fonoaudióloga, minha conhecida, cobrava nova visita com o argumento infalível do pedido de Lamartine para novo encontro, mesmo que sem entrevista, apenas para conversar. Mas essa pressa selvagem que nos rouba pedaços de vida impediu mais esta prosa.

Na noite daquele 29 de março, recebo a notícia da própria fonoaudióloga, Catarina. Oswaldo Lamartine havia se suicidado. Morreu de tristeza, de saudade de sua Acauã; de seu sertão. Fez lembrar outro potiguar ilustre: Djalma Maranhão. Ambos morreram exilados. O eterno prefeito morreu de saudades de Natal, exilado no Uruguai pela ditadura militar. Em um aspecto os dois se distinguiram. Djalma teve um enterro à altura de sua importância. Milhares de pessoas cercaram o Cemitério do Alecrim em uma das cerimônias fúnebres mais populares da história de Natal.

O velório ou enterro de Oswaldo Lamartine foi ao seu jeito: simples, discreto, longe da relevância que foi como intelectual, como escritor, etnólogo, sertanista, pesquisador; como homem simples. Lamartine soube enxergar alguns segredos da vida. Daqueles mais segredáveis, reservados aos de sabedoria, não aos de conhecimento. Coisa para quem soube vencer as forças inexoráveis do progresso e não se deixou tragar pela atmosfera invisível e nervosa da metrópole.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Assim que se faz

Hoje em dia é tão comum achar pessoas que só reclamam e nada fazem que vale o registro: Mr Anderson Foca, produtor musical e capitão do selo DoSol é desses caras que reclamam, sim - e devem - mas procuram soluções, articulações, enfim, meios de promover mudanças e fazer a coisa acontecer (nossa, quanto verbo no infinitivo..rs). Mesmo em evento voltado para as artes visuais, o músico estava lá. Lembro também da vergonha dos dois gatos pingados presentes no encontro do Rumos Itaú Cultural do ano passado. Ele estava lá.

E agora o moço traz para Natal - amanhã (sexta) e sábado (28) - a etapa do Festival Nordeste Independente, com 12 bandas de 3 estados em ação. Os shows acontecem no Centro Cultural Dosol, dentro do projeto Formação, Diversão e Vanguarda. Na sexta se apresentam Venice Under Water, The Automatics, Malaquias em Perigo (PB), Calistoga e Cerva Grátis e Bugs. Sábado tocam Driveout, Fewell, Distro, The Keith (PE), Domben e Gandharva (PE).

segunda-feira, 23 de março de 2009

Trânsito estrangulado? É má educação!

Moro no caos urbano da cidade, praticamente no cruzamento entre as avenidas Alexandrino de Alencar e Hermes da Fonseca. Diariamente - às vezes duas vezes ao dia - encaro o congestionamento formado neste ponto: um às 13h e outro às 19h. Muitos reclamam da lentidão da prefeitura em tomar decisões, iniciativas, reformas, adequações para solucionar um problema já crônico da cidade: a fluidez no trânsito. Mas afirmo com a propriedade já justificada: a culpa é do cidadão, do motorista ou - sob análise mais aprofundada - do sistema.

A explicação é de fácil comprovação. Quando há agente de trânsito no cruzamento, tudo flui sem interrupções, como sangue na veia de menino. Se não há guarda, o caos se instala. Pelo menos neste ponto o problema então é má educação. Motoristas na Hermes da Fonseca cruzam o sinal da avenida mesmo vendo a interrupção adiante e trancam a passagem dos automóveis da Alexandrino, parados mesmo ao sinal aberto. De repente é a pressa - velha inimiga da perfeição - imposta pela ânsia, pelo estresse, pela intolerância tão vistos nestes dias contemporâneos.

Do jornalismo cultural de Cascudo

O jornalista Ricardo Soares – crítico literário e antigo apresentador do excelente TV Sesc, a qual entrevistava escritores e pessoas relacionadas às letras – criticou em seu blog o jornalismo cultural praticado no Brasil. E citou Cascudo a partir de texto do também potiguar, jornalista e escritor Franklin Jorge. Leia:

“Não seremos mais pródigos ou mais civilizados se soubermos de cor os programas de ópera de fora ou as novidades da Broadway e não soubermos quem foi Artur Azevedo, Mário de Andrade, Campos de Carvalho, Rosário Fusco, Nise da Silveira, José Agripino de Paula, Valêncio Xavier e Luis da Câmara Cascudo. Isso para citar poucos nomes mas que de alguma forma representam transgressão e brasilidade. Produtos culturais em estado bruto que só poderiam vicejar no Brasil.Dou apenas uma rápida passada no escritor e folclorista Luis da Câmara Cascudo que tendo nascido e vivido em Natal, Rio Grande do Norte, construiu uma das mais importantes obras de identidade nacional, uma obra universal. Muitos defendem que Cascudo, quando se debruça em questões culturais, foi um pioneiro do jornalismo cultural não só pelo tema que escolheu como pela maneira como a qual escrevia sobre o assunto”.

Mais adiante, Ricardo Soares cita os argumentos de Franklin Jorge de que Cascudo foi o precursor do jornalismo cultural com o lançamento do livro Viajando os Sertões (1934), com escritos característicos do que na década de 1960, Tom Wolfe evidenciaria ao mundo com o chamado Novo Jornalismo. “Um jornalismo dominado por uma esmagadora necessidade de fazer parte do mundo real”, diria Franklin Jorge. E termina: “Em seus textos jornalísticos exercita Cascudo — avant la lettre — alguns característicos do New Journalism, o jornalismo cultural por excelência. Um jornalismo, digamos subjetivo, em oposição ao jornalismo objetivo que terá inspirado a Nelson Rodrigues a paradigmática figura do “idiota da objetividade” – um vulgar portador da informação desprovida de conhecimento”, escreveu o polêmico Franklin.

domingo, 22 de março de 2009

Projetos da Lei de Incentivo

A Comissão Estadual de Cultura aprovou dois projetos culturais pela Lei de Incentivo Câmara Cascudo. São eles o Sanfônica Potiguares, proposto por Cláudio Henrique Pereira do Araújo, no valor de R$ 206 mil; e o Santa Luzia Culturais 2009, proposto pela Paróquia de Santa Luzia, no valor de R$ 251 mil. A mesma Comissão resolveu ainda desaprovar o projeto Pipa Jazz Festival, proposto por Rafael Telles Lima, no valor de R$ 103 mil. Está tudo no Diário Oficial do Estado de ontem.

Expedição Fotográfica Seridó

A primeira expedição fotográfica ao Seridó da Aphoto vai registrar as belezas de Acari, uma das mais tradicionais cidades seridoenses, além do açude Gargalheiras, um dos mais bonitos cartões postais do interior do Rio Grande do Norte.

Essa expedição, mais a viagem do amigo Tácito Costa pelo Seridó no último sábado só renovaram minha vontade de desbravar estes sertões e rincões potiguares. Eu, o amigo Rafael Duarte, sua Ana Paula mais a minha princesa aniversariante de hoje já estamos montando roteiro para a Semana Santa. Novidades virão por aqui em seguida.

Quanto à Aphoto, a expedição sai às seis horas da manhã do dia 26 de ABRIL (domingo) para desbravar o sertão do Seridó através da BR 226. A trupe retorna à Natal por volta das cinco da tarde, num verdadeiro bate-e-volta.

Para conhecer mais sobre Acari e o açude Gargalheiras, visite o blog Chão Potyguar:
http://chaopotiguar.blogspot.com/2008/10/acari.html

SERVIÇO
Expedição Fotográfica Seridó
Acari & Gargalheiras
Dia: 26 de Abril
Saída: 06h00
Local: Practical Cursos de Fotografia (por trás da Igreja do Galo, centro)
Valor: Sócio da Aphoto R$ 50,00 / Não-sócio R$ 65,00
Informações e reservas com Alex Gurgel:
3211-5436 / 8896-5436 / alex-gurgel@oi.com.br

sábado, 21 de março de 2009

Esclarecimento

A despeito da crítica feita neste espaço a respeito das seis páginas de matéria a respeito de um ator pernambucano nas páginas da revista Preá, ou do espaço destinado a um artista plástico baiano na mesma publicação, quando vários atores potiguares e mais ainda os salões de artes visuais no Estado pipocam a torto e a direito, a assessora de imprensa da Fundação José Gugu e editora da Preá, Mary Land Brito, esclareceu que 20% do conteúdo da revista será voltado para cultura de outros estados a partir desta edição. O propósito é mostrar aos potiguares também manifestações e culturas diferentes.

Explicado.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Presépio reinaugurado

Cheguei há pouco tempo da reinauguração do Presépio de Natal. Desconhecia o espaço e fiquei admirado com o desperdício de tempo para aproveitamento. Noves fora o passado, o trabalho realizado pela Sethas em reativar o espaço para promoção de mostras de artesanato - legítimo - aliado a atrações culturais é mais que oportuno, principalmente com o fim do Domingo na Praça. É preciso reconhecer o trabalho realizado pelo Governo do Estado voltado ao artesanato. São muitos programas, como o Proart ou o Arte na Escola, além dos incentivos de ICMS exclusivos aos artesãos.

A solenidade foi prestigiada. A presença de políticos foi acima do esperado por qualquer espectativa. Em época de formação de alianças políticas, os "papagaios de pirata", como cita Ailton Medeiros, estão a solta. O PT esteve em peso com seus caciques - Fátima Bezerra e Fernando Mineiro - mais os dirigentes e correligionários. Talvez para prestigiar a parceria da Fundação José Augusto, do petista Crispiniano Neto, responsável pelo pagamento dos cachês dos artistas. E falar nisso, a apresentação da Filarmônica de Cruzeta, sob a batuta do quase lendário maestro Bem Bem é de emocionar qualquer ambiente infestado de "otoridade".

O Governo fez sua parte, mesmo que tardia. Prometeu longevidade ao espaço como novo centro cultural e artesanal. A prefeitura bem podia pegar carona nessa calda de cometa e viajar na via láctea cultural reativando o Domingo na Praça. A produtora Cida Campelo continua na tentativa. Claro, os projetos são bem parecidos e podiam se articular para evitar o que tem parecido uma disputa entre prefeitura e estado, como foi visto nas celebrações natalinas e, mais recente, no Dia da Poesia. Por enquanto, aconselho visita ao projeto para conhecer a arte em madeira, a arte santeira, bordados, trabalhos manuais variados e as atrações culturais bem escolhidas.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Iberê compra arte potiguar

O vice Iberê comprou hoje oito obras de arte produzidas por artistas plásticos potiguares. Tudo das mãos do presidente da Associação dos Artistas Plásticos Potiguares, Vitor Hugo. A assessoria bem podia informar os artistas. O que tenho visto espalhado pelas secretarias de governo são obras de um artista só: Dorian Gray Caldas. Não fosse a integridade do inigualável Dorian, acreditaria em monopólio das artes.

Prêmio Jabuti

Editores, escritores, ilustradores, tradutores e designes gráficos já podem começar a fazer uma seleção de suas melhores obras. A Câmara Brasileira do Livro lançou oficialmente hoje a 51ª edição do Jabuti e abriu as inscrições para o prêmio mais tradicional do livro no Brasil. As inscrições poderão ser feitas pelo site www.premiojabuti.org.br até 29 de maio. Só podem ser inscritas obras publicadas no país entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2008.

Zé Dirceu em Natal

E Zé Dirceu chega em Natal nesta sexta-feira como partícipe do debate Crise Mundia, Governo Lula e os Desafios para 2010. Será às 19h no Plenarinho da Assembléia.

Desabafo feminista

Tudo bem que a Casa argentina já é rosada; que Madonna é a chefe clandestina da perigosa Organização Revolucionária Feminina e que as mulheres estão cercando o poder nos Esteites para tomar o poder no mundo. Que o diga a Hillary, a Condoleezza, agora a primeira dama Michelle e a amiga de todas: a Mônica Levinsky – aquela que mamou na onça e deixou o Clinton chupando dedo. Com melhor faro e cisma, a tudo se apercebe. As reuniões ocorrem a cada semana, sob a desculpa de uma ida à manicure ou ao shopping para compras fúteis.

Tudo muito justo. Afinal, são séculos de submissão à intolerância dos brutos que também amam. Não reclamo. Só espero o pipoco da purpurina acontecer. Mas discordo de um chamado Concurso Cultural Dia Internacional da Mulher, que me chega por imeiu. Claro, destinado exclusivamente ao dito sexo frágil. Que seja às escuras a trama feminina de pintar o céu de rosa, ou o serviço de inteligência masculina, no intervalo de 15 minutos do clássico futebolístico pode farejar suspeição. Ora, não é comum a invasão pela democrática blogosfera de um então camuflado encontro internacional de mulheres. Há de ter sido um erro. O primeiro e faltal, talvez.

Aos mais desatentos, ainda estupefatos com a queda do alambrado provocada por Ronaldo, tudo não passa de feminismo. Pois que nos atenhamos à alegação mais plausível e menos utópica, do que imagino estar sendo acusado agora. Tomemos então a velha artimanha dos advogados criminalistas de inverter os fatos: e se fosse concurso de inscrições abertas apenas para os homens? Já imagino as passeatas pela Rio Branco; faixas de protesto contra o estoicismo arcaico sobrevivente e microfones a bradar os direitos da mulher sob a proteção da tia Maria da Penha. Tudo ao som de Girl Just a Have Fun – nada de Edson Gomes.

A marcha percorreria as ruas e botecos do Centro, arrastaria as mulheres até então submissas à cerveja do marido ou as residentes de vassoura na mão, até desaguar no Bar do Lourival, no segundo tempo da final entre Flamengo e Vasco. Aproximadamente 5.000 feministas em plena Deodoro da Fonseca, segundo dados da oficialesca polícia de cassetete preso, sem ordens de contenção determinadas pela governadora de vermelho. No acanhado bar, os quase moradores do recinto procuravam velhos rostos conhecidos de cozinhas e só achavam o rosto ensandecido de Sônia Godeiro e companhia.

Quem assistiu – não ao jogo, mas a passeata – reconheceria ali, 10 anos depois, a primeira grande manifestação feminista da história da humanidade, ocorrida na terra governada por duas mulheres de cores diferentes; da história que concedeu ao país a primeira mulher a votar e a primeira prefeita eleita do Brasil. E lembraria, de avental amarrado no pescoço, como era boa a cerveja do Lourival e a “janta” pronta ao chegar em casa. Mas reafirmo: tudo não passa de hipótese levantada a partir de um mero imeiu incidental. Tudo o que desejo é pura e simplesmente que reine o amor na humanidade, seja entre mulheres, homens, homos e emos. Apenas isso. E que este amor seja eterno enquanto dure, ou efêmero enquanto duro.

terça-feira, 17 de março de 2009

Concurso de contos

O Sindsaúde prorroga as inscrições do 1° Concurso de Contos até o dia 26 de março. Podem se inscrever qualquer servidor público de todas as esferas (municipal, estadual e federal). Não há limite de páginas e a temática é livre. Os interessados devem entregar os contos até o dia 26 na sede do Sindicato (avenida Rio Branco, 874, Centro). Mais informações no site: www.sindsaudern.org.br ou ligue para 4006-2950. O Concurso faz parte das comemorações pelos 18 anos do Sindsaúde. O primeiro lugar será premiado com o valor de um salário-mínimo, o segundo com meio salário-mínimo e o terceiro com um terço de um salário-mínimo.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Cinema, música e poesia

Não se pode esperar nada aquém de sensacional para o Cd Cineclube, com músicas compostas pelo poeta Lívio Oliveira e musicadas por Babal. Não bastasse o talento indiscutível de ambos, a idéia de Lívio em tematizar o álbum como homenagem aos cultores do cinema e cineclubistas elevam a qualidade da obra como algo trabalhado, coisa para poucos. Fosse pouco, as participações no Cd são do quilate de Geraldo Azevedo, Joca Costa (arranjador), Khrystal, Valéria Oliveira, Liz Rosa, Mirabô, Luciane Antunes (do qual sou fã!), Di Steffano, Isaac Sol, Airton Guimarães, Gilberto Cabral, dentre outros nomes importantes da música. O Cd chegou de São Paulo ainda quente como pão de padaria. A previsão de lançamento é para abril.

Abaixo, a canção As mulheres da cidade, interpretada por Geraldo Azevedo no Cd. Trata-se de uma homenagem a Fellini:

Quanta vezes, Giulietta?
Quantas vezes só?
Quantos trens peguei na vida?
Nessa doce vida?
No caminho da cidade,
Das mulheres da cidade,
Mulheres da vida.

Sem vergonha e sem idade,
Quantas vezes, oh!
Masina, Nessa longa sina,
Esperei para te ver?
Nua na retina?
Quantas luas e feitiços?
Quantas lágrimas?
Quanto viço?

Melhor não mentir.
Melhor te dizer:
Nunca fui um Casanova,
Louco por você.
Eu fui sempre um marinheiro
Da nave que vai
E atravessa o mar inteiro
Em busca do cais
Dos seios de minha mãe
Dos olhos do meu pai.
Ensaiei toda a orquestra
E no fim daquela festa
Encontrei você
Me guardei em você.

sábado, 14 de março de 2009

Poesia potiguar

Para definir o futuro da poesia potiguar, o poeta Plínio Sanderson se valeu das palavras do colega Adriano de Souza, em mesa acerca do assunto promovida ontem na Funcarte: "Aos 20 anos, o poeta era jovem promissor; aos 30, era poeta; aos 40, já era". Fico com eles, também.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Museu agora é do museu

Nesta Vila me aparece cada uma. Com uma ação de usucapião, a Procuradoria Federal do Rio Grande do Norte obteve a aquisição do imóvel onde funciona o Museu Câmara Cascudo/UFRN. A Universidade tem a posse pacífica do imóvel, que ocupa desde 1964. Mas apareceu um tal “possuidor” com intenção de ser dono do bem. A Procuradoria explicou na ação que a UFRN realizou a construção do Instituto de Antropologia em um terreno dado. Também relatou que em 1985 foram feitas reformas no prédio sem qualquer oposição administrativa ou judicial. A sentença, claro, determinou o cadastramento do Museu em nome da instituição de ensino, no 3º Ofício de Notas da Comarca de Natal.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Da nova Preá e da velha Brouhaha

Com a nova Preá em mãos, opino: a edição saiu caprichada. O projeto gráfico moderno visto na primeira edição publicada pela atual gestão foi mantido, com o adendo vantajoso da qualidade material - ao contrário das havaianas, agora não solta mais as tiras. A 20ªedição será lançada sábado no Beco da Lama, durante programação para o Dia da Poesia. A promessa do diretor geral da Fundação José Augusto, Crispiniano Neto, é voltar a regularidade bimestral da revista. Segundo ele, já há verba para mais três edições e se espera que, no intervalo dos lançamentos, outras sejam viabilizadas.

A variedade de temáticas sempre foi inerente à revista. Na verdade, o formato seguiu a linha da edição anterior, com a oportuna mudança de publicar o mapeamento cultural de um município em vez de dois, como era feito nas publicações editadas pelo jornalista Tácito Costa. A idéia possibilita diagramação mais leve e mais agilidade de edição, já que são, comumente, as matérias mais trabalhosas. Nesta edição, a cultura de engenhos e grupos folclóricos de Ceará-Mirim encabeçam a revista.

O pesquisador Rostand Medeiros registrou novo desbravamento na Gruta dos Tapuias, situada na zona rural de Santana do Matos - então citado como um dos últimos abrigos indígenas do sertão potiguar. Justo em seu dia a poesia esteve ausente. No espaço destinado aos gêneros literários, a crônica de Voney Liberato pareceu mais um belo ensaio a respeito da Feira. O conto de Alexis Peixoto Os homens da torre já ficou célebre ao receber importante prêmio literário na Flip.

As seis páginas dispensadas ao multifacetado artista pernambucano Helder Vasconcelos nos faz perguntar o porquê de tamanho espaço para alguém sem expressão ou relevância alguma para a cultura do Estado. Ao contrário da justa homenagem póstuma ao ‘‘mestre do traço’’ Edmar Viana. Outra crítica foi o espaço cedido ao artista plástico baiano César Romero, quando os salões de artes visuais potiguares estão no bojo das discussões. A crítica fica evidente no excelente texto do diretor e roteirista Fábio DeSilva, quando contextualiza o ‘‘estágio de latência e letargia’’ da produção de audiovisual potiguar.

As matérias ‘‘chapa-branca’’ foram propositadas. Uma coisa é utilizar o espaço de publicação destinada à cultura potiguar para autopromoção. Outra é promover ações realmente interessantes, como o projeto Poticanto e o Festival de Teatro da Uern. Ou mesmo a entrevista com o escritor Tarcísio Gurgel, para homenagear os 50 anos da Ufrn.

Embora a vertente musical esteja bem representada pela matéria de Carlos de Souza com o excelente Mirabô Dantas, senti falta dos textos de Carlos Gurgel. Rosa Moura resgatou histórias interessantes a respeito da Academia de Acordeom; da realidade do sanfoneiro, tão presente e tão desconhecida. Mas histórias dignas de registro em actas diurnas cascudianas são oferecidas no texto do pesquisador Severino Vicente, a respeito do Engenho Bom Jardim e, mais do que isso: do encontro entre o embolador de côco Chico Antônio e o escritor Mário Andrade.

Sem questionar a periodicidade da revista ou o balanço de governo de Crispiniano no editorial, a Preá está aí. Se pode pegar, ver, conferir e agora torcer para a promessa de regularidade bimestral ser cumprida. Ao contrário da revista patrocinada pela Capitania das Artes. A Brouhaha estacionou na 13ªedição e pelos próximos meses permanecerá no limbo. O noticiado novo editor, Carlos de Souza, sequer recebeu convite oficial e já recusou, informalmente, participar da editoria cuja pauta será discutida com outros profissionais escolhidos sem sua opinião. Pelo caminhar dos novelos, o inverso da moeda será a tônica deste ano no tocante à publicação de revistas. A Preá entrega os caminhos do ostracismo à nova gestão municipal. E a tarefa é reconhecidamente espinhosa. É esperar.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Dos filmes de hoje

Assisti ontem ao filme vencedor do Oscar, Quem quer ser um milionário, do diretor do pop Transpotting, Danny Boyle. Não esperava muito e minhas expectativas foram atendidas. Boa produção, atuações e jogos de cena. Mas história de amor unida pelo destino, mesmo que amparada no subterfúgio até original de um programa de perguntas e respostas é pop demais; é Oscar demais, realmente. Achei apenas um bom filme, como o outro concorrente, O curioso caso de Benjamim Button. Verei em breve O Leitor. Me parece mais interessante. Andei lendo discussões acerca da crise de autor no cinema e só posso concordar, principalmente após assistir, agora há pouco, Ladrões de bicleta (1948), de Vitorio de Sica, e aquela magia toda do neorealismo italiano. Estou com medo de assistir Watchent e, como no ano passado com o Batman, achar o melhor filme do ano.

terça-feira, 10 de março de 2009

Sai Preá e nada de Brouhaha

Não que represente mérito, muito pelo contrário, mas a Fundação José Gugu lança este sábado a 20ª edição da Revista Preá - a segunda publicação da revista da atual gestão em dois anos e três meses. Mas fato é que no Dia da Poesia a dita cuja estará no Beco da Lama para os São Tomés verem e acreditarem. Enquanto isso, na nau Capitania, o capitão César Revorêdo sequer enviou convite oficial ao noticiado novo editor da revista Brouhaha, o jornalista Carlos de Souza. O que foi dito a Carlão é que outros e outras jornalistas participariam da elaboração das pautas. E a interferência desagradou deveras o competente jornalista. Assim fica difícil. Sem matérias nem mesmo pautadas ainda, o amigo leitor pode esperar mais alguns bons meses até a nova edição da revista.

Jornalismo impresso x jornalismo on line

O artigo do jornalista Alberto Dines - capitão-mor do Observatório da Imprensa - comenta as mudanças de conteúdo do Grupo Folha. Uma das retrancas do longo texto é a que trouxe para cá. Fala da oportuna discussão a respeito do dilema entre jornalismo impresso e online.

Já manifestei mesma opinião de Dines neste espaço. Acredito no jornalismo impresso como meio de difusão do jornalismo analítico e mais profundo. A internet tem sua função de existir, como meio democrático, neutro e noticioso. A coexistência de ambas as midias seria o ideal, penso.

Por Alberto Dines

Fazer história

É ousada a decisão da direção do Grupo Folha em mexer no seu carro-chefe, depois de um ano espetacular em matéria de receitas e no meio de um imprevisível processo recessivo global. Por inúmeras razões, mas principalmente porque implica o reconhecimento de que um grande jornal como a Folha não pode esperar passivamente as soluções do "mercado" ou da conservadora corporação empresarial. Decisões inovadoras, pioneiras, são necessariamente solitárias.

Jornais precisam voltar a ser indispensáveis e imprescindíveis. São eles que organizam e acionam o processo informativo. Está comprovado que os portais da web não conseguem ser ao mesmo tempo "quentes" (isto é, altamente noticiosos) e "frios’ (isto é, altamente analíticos). Noam Chomsky numa contundente entrevista publicada na edição de segunda-feira (2/3, pág. 33) do diário espanho El País é categórico: "As fontes de informação ainda estão na imprensa tradicional" [ver "`No soy un Don Quijote, porque mis molinos de viento son reales´").

Como todos os conglomerados multimídia, o Grupo Folha vai integrar os diferentes serviços jornalísticos, reforçar os vínculos entre eles, mas deixa claro que manterá a aposta naquele que tem sido o seu carro-chefe.

Se resistir ao instinto trendy, modista, que geralmente sepulta os mais bem intencionados projetos, está assegurado o êxito da reforma da Folha. Se perceber que a repercussão produzida pela publicação de uma divergência foi mais importante do que a infeliz e impolida "Nota da Redação" defendendo a "ditabranda", estará fazendo história novamente.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Natal será sede da Copa do Mundo

Notícia em 1º mão: A revista Placar antecipou o resultado a ser divulgado pela CBF/FIFA e adiantou que Natal será uma das 12 sedes da Copa do Mundo 2014. A dúvida agora fica entre Belém e Manaus.

Homenagem poética

Mesa de bar é o melhor dos termômetros para medir a temperatura das acontecências da cidade. E basta um fim de semana para reconhecer que a homenagem da Capitania das Artes aos poetas Nei Leandro de Castro e Volonté, para o Dia Nacional da poesia (também festejado em mais de 100 países), tem causado divergências de opiniões. A opinião prevalecida é de que a verve de também excelente escritor romancista de Nei Leandro pudesse abrir espaço para escolha de poetas natos. Quanto à poesia de Volonté, especialistas do assunto divergem quanto à qualidade da obra do poeta andarilho. De cá, opino que, se este Rio Grande carece de romancistas, tem poeta bom para encher estádio. E bem poderiam ser lembrados os esquecidos cordelistas, donos da poesia popular, como Zé Saldanha, Antônio Francisco, Luiz Campos, Izaías Gomes, Abaeté, Paulo Varela e por aí vai.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Saudosismo radiofônico no TAM

A era de ouro do rádio estará amanhã (21h) no palco do Teatro Alberto Maranhão. E para muito além da Rádio Poti ou mesmo da saudosa Rádio Educadora de Natal. O grupo musical Brasileiras trará de volta composições já inseridas no cancioneiro da música tupiniquim. As imortais Chiquinha Gonzaga, Carmem Miranda, Dolores Duram, a nossa Núbia Lafayete e outras divas do rádio entre as décadas de 20 e 60 – a lembrar Glorinha Oliveira –ganham vida na voz das potiguares Katharina Gurgel, Alzinete de Oliveira, Dayanne Nunes e Kekely Lira, acompanhadas de mais sete músicos.

O espetáculo transporta para os dias atuais a imagem e as lembranças das grandes intérpretes e compositores que foram destaque na música brasileira quando a rádio foi o grande palco do cenário nacional, hoje presentes apenas na memória fonográfica dos mais saudosistas ou que viveram aqueles anos áureos. O show, já apresentado em sessão privada na Base da Petrobras e em três municípios potiguares, surpreende o público com figurino e cenário que retratam ou recriam uma época imensamente rica e inesquecível para a música do Brasil.

O grupo Brasileiras parece ter nascido para cantar o que não se ouve mais no cenário da música no Brasil. Dentro de uma proposta de resgate, pesquisa, montagem de temas que normalmente não são explorados pela cultura e mídia, de um modo geral, as quatro cantoras trazem aos dias atuais espetáculos musicais de alto nível de produção e texto, como o primeiro espetáculo apresentado pelo grupo, intitulado simplesmente “Brasileiras”.

Para o Dia Nacional da Mulher, o grupo chega com a proposta de cantar este universo feminino, destacado em época a qual não só a rádio era enaltecida, mas também a cultura brasileira, de uma forma geral, viviam seus melhores momentos. E as mulheres dividiram espaço com igualdade ao universo ainda mais machista ou mesmo protagonizaram a cena artística da época, seja na música, na literatura de Raquel de Queiroz, nas artes plásticas de Tarsila do Amaral ou na música das divas, amanhã, vivas na voz do grupo Brasileiras.

O grupo formado em Mossoró traz junto com o espetáculo um currículo considerável nos palcos potiguares. O Brasileiras já apresentaram grandes sucessos de Chico Buarque, Milton Nascimento e Luiz Melodia. Com seis apresentações em Mossoró e uma apresentação em Natal – dentro do Projeto Seis e Meia, onde se apresentou sendo “janela” para a cantora Tânia Alves – o Grupo conquistou a crítica e o público.

A apresentação de amanhã – Na Era do Rádio – é a segunda montagem do grupo. A produção caprichada enaltece agora a alma da mulher através da boa música, inclusive levando esse trabalho para outras regiões do estado. O grupo encerra os trabalhos com duas apresentações em Mossoró (13 e 14), no Teatro Dix-Huit Rosado, para fechar o ciclo de dez apresentações do espetáculo, patrocinado pela Petrobras.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Música clássica na Igreja do Galo

Programação imperdível, pelo menos na visão deste blogueiro ocupado, é a apresentação do grupo carioca Quadro Antíquo, na Igreja do Galo. Eles vão prestar homenagem ao maior compositor brasileiro de música clássica, Heitor Villa Lobos. Isso com instrumentos mais experimentados em fins do século 19 e início do século 20, como alaúde, viola da gambá, viruella e cello. O show, patrocinado pela Capitania das Artes, acontece às 20h30 do dia 14 (no outro sábado). Para assistir, basta levar 1 quilo de alimento não perecível.

Música erudita entoada na acústica de igrejas é algo fenomenal - como se fosse um canto gregoriano bem instrumentado e composto. E a Igreja Santo Antônio guarda uma imponência que parece adormecida pelo tempo, como uma escultura ferrosa consumida aos poucos pela ferrugem e ainda resistente. É um templo histórico, de arquitetura barroca, datado de 1766. Já foi nossa antiga catedral metropolitana e hoje abriga o surrado Museu de Arte Sacra. Acredito num grande espetáculo e espero estar lá para conferir.

terça-feira, 3 de março de 2009

Dia da Poesia

No Dia Nacional da Poesia a Funcarte homenageia os poetas Nei Leandro de Castro e Volonté. Nada mais justo. E acredito que ambos tenham adorado até pela amizade mútua. São trabalhos autoriais diferentes em estilo, mas próximos se considerado que ambos detém o dom do jogo fácil com as palavras. Se o redinheiro Nei Leandro emprega o erotismo na poesia, Volunté é sacanagem pura, no melhor ou pior sentido da expressão. É poeta marginal dos bons; daqueles de fina economia de palavras e abrangência de sentidos e sensações que atingem o imponderável. Achei oportuníssima a escolha dos homenageados.

A programação para três dias de comemoração vai mais além e engloba desde palestras sobre o tema até performances poéticas e shows, que Cláudia Magalhães, organizadora do projeto e chefe do Núcleo de Documentação e Literatura da nau Capitania, decidiu elaborar. Tudo voltado aos artistas locais. A programação começa quinta-feira (12) na Biblioteca Esmeraldo Siqueira, na Funcarte, com oficina pedagógica a fim de estimular o interesse de estudantes de escolas públicas para a literatura poética. A mesma oficina acontece às 14h no Teatro Jesiel Figueiredo.

A poesia invade toda a sexta-feira (13), começando às 7h30 com Café Poético na Capitania das Artes, em que Harlane Rodrigues e Rodrigo Bico fazem sarau com poemas do cordelista quase nonagenário Zé Saldanha (outro passivo de homenagens!) e Paulo Dumaresq. Haverá ainda o lançamento do edital dos concursos Othoniel Menezes e Câmara Cascudo, Plínio Sanderson homenageando os poetas Nei Leandro de Castro e Volonté, show de cordel, projeto “Feijão e Poesia” no SESC e distribuição de poesias nos ônibus da cidade.

No Auditório da Funcarte, será realizada uma mesa redonda sobre “Os Novos Caminhos da Poesia Potiguar”, com a participação de poetas potiguares renomados como Nei Leandro de Castro, Eduardo Alexandre, Jânia de Souza, Iara Carvalho, Plínio Sanderson e Lívio Oliveira como mediador.

A programação segue das 16h às 21h no largo do Museu de Cultura Popular Djalma Maranhão, onde serão realizadas performances do grupo Tropa Trupe, participação de grafiteiros, skatistas, bikes e shows com Mirabô Dantas, Poetas Elétricos, Carcará na Viagem (hip-hop), cordelista Amâncio Sobrinho, Agregados Família do Rap e uma apresentação em que o hip hop interage de improviso com o cordel. Os atores Harlane Rodrigues e Rodrigo Bico recitam textos e poesias de Eduardo Gosson, Mário César Rasec e Valério Mesquita.

Das 22h30 às 23h é a vez do Bardallos Comida e Arte, na Cidade Alta, ser o ponto de encontro poético. O show com o poeta e músico curraisnovense Wescley Gama será seguido de recitais de poesia feitos pelos grupos “Arrastão da Poesia”, “Casarão de Poesia”, Sociedade dos Poetas Vivos e Afins (SPVA), além de outros poetas presentes. A noite acaba com uma grande panela de sopa, ou melhor, com um “Sopão das Letras” oferecido aos poetas e artistas.

Na data oficial do Dia Nacional da Poesia seja num sábado (14), às 14h, o grupo “Arrastão da Poesia” da Zona Norte (contadores de estórias “Era uma Vez”) sai para percorrer os principais pontos da região. Já os poetas e artistas da Zona Sul saem de forma inusitada da Funcarte, num ônibus com a faixa: “A Poesia é a Minha Praia”, percorrendo os principais pontos da cidade até Ponta Negra. Chegando na praia, a brisa do mar soprará a poesia recitada por Plínio Sanderson e embalará as performances do Grupo Tropa Trupe. A programação encerra com shows de Zé Martins e poetas da SPVA, Isaque Galvão e Igor Dantas cantando de Cartola a Romildo Soares, e muito hip hop com as bandas Estratégia e Priguissa.

Teatro fechado

Em 27 deste março de chuvas o teatro comemora seu dia internacional de forma melancólica em Natal. O desprezo com a cultura recaiu agora sobre o surrado teatro Sandoval Wanderley, fechado para espetáculos por falta de tudo: segurança, acessibilidade, equipamento, acústica, ar-condicionado, etc. A Funcarte iniciou estudo para revitalização do único teatro municipal da cidade. A estimativa gira entre R$ 600 mil e R$ 1 milhão. É notório o orçamento irrisório destinado à cultura cuja gerência ainda é uma fundação. A alternativa para o capitão-mor César Revorêdo driblar o descaso de 17 anos do Teatro é buscar recursos do Fundo Nacional de Cultura (já que esta vila ainda carece de seu fundo municipal de cultura). Enquanto isso, e pelos próximos meses, o teatro permanece fechado ao grande público.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Fja aprova e desaprova projetos

A Comissão Estadual de Cultura, da Lei Câmara Cascudo, aprovou projetos culturais para o proponente buscar o patrocínio com as benesses da Lei. Foram eles:

- Circuito Cultural da Ribeira (proponente Ana Morena e valor R$ 228 mil)
- Caravana da Dança (proponente ATM Miranda e valor R$ 139,7 mil)
- Cd Os Grogs (propontente Moisés de Lima e valor R$ 37,8 mil)

A mesma Comissão desaprovou os projetos Arraiá da Capitá e Santa Luzia Cultural 2009.

Don't cry for me, Argentina!


Perdoem a foto tremida e o despenteado pela carrêra, mas é meu troféu de carnaval. Semana espanholada na vizinha Argentina. Do nordestinês matuto só ouvi um “arre djabo”, após um espirro bruto. De resto, muito táxi de tarifa barata e cerveja Quilmes caríssima. Sem porres em terras alheias, a sobriedade do olhar flaneur captou alguma aura do país de Evita Perón, Carlos Gardel e Dieguito. O velho Ernesto – aquele da estampa das camisetas – insurgiu em mim no primeiro trajeto do Aeroporto ao hotel, situado no chamado micro-centro de Buenos Aires – região de grande concentração populacional. Assisti uma cidade pobre, de prédios decadentes e arquitetura antiqüíssima. Vesti-me daquele mesmo sentimento de Che exibido em Diário de Motocicleta, ao descobrir uma América Latina em ruínas.

Meu bloco de pormenores culturais – espécie de diário de viagem – esqueci no país da Casa Rosada, cuja presidente é definitivamente odiada pelas classes de A a Z. Havia anotado notícias lidas nos suplementos culturais e outros detalhes de esquinas. Eram notícias factuais, quem diria, de espetáculos como o musical Fantasma da Ópera, ou a Bienal de Flamenco. Nos cinemas, o mesmo Benjamim Button do Cinemark, além de Milk, ainda por chegar. Como em Natal – e perdoem-me a pobreza de comparações de cidadão pouco viajado – as salas de cinema são todas embutidas em shoppings, salvo uma sala no bairro da Ricoleta, que meu português mal falado deixou escapar a explicação do taxista, mas pareceu algo como uma sala inutilizada ou restrita para poucos.

Minha grande aventura no país argentino foi a visita à redação do jornal Clarín. Perguntei na recepção do hotel a localização da sede: a três quadras daquela rua Suipatcha. Corri em marcha atlética para voltar a tempo ao hotel onde a van nos levaria de volta ao aeroporto para o vôo de regresso. Em vão. O Clarín é divido em três prédios e aquele era meramente o classificados. A redação distava 20 quadras: rua Tacuari, 1840. O táxi custou 44 pesos argentinos, equivalente a 30 suados mangos natalenses. Pior. No Clarín, identifiquei-me como periodista de brasile que gustaria de visitar la redacion del jornal. Nada feito. Sequer foi permitida foto da recepção. Absurdos à parte, o jeitinho matreiro do irmão brasileiro driblou as câmaras de vigilância, a atenção da recepcionista e do guarda e clicou a referida foto, além de outras da dita redação, vazia em plenas 11h45.

Além do furo no Clarín, nada muito a acrescentar. Buenos Aires é capital de praças grandes e bem cuidadas em maioria, sempre com belíssimos monumentos esculturais no centro. A arborização impressiona, como também a arquitetura de influência francesa e italiana muito preservada. Alguns prédios, como a faculdade pública de Direito parece um coliseu. O prédio mais imponente, no entanto, é o “Congreso de la Nación Argentina” – o poder legislativo do país. Nos limites do pacote turístico, a cidade pareceu bem estruturada. Após dois dias de chuva as ruas permaneceram bem asfaltadas. O trânsito também flui bem, mesmo com pouca sinalização. Uma atividade interessante praticada entre universitários é a do passeio com cachorros. Para cada um deles é pago entre 40 e 90 pesos ao mês, com permissão para passear com até nove cães. É comum nas ruas da cidade. As avenidas Florida e Córdoba são uma Rio Branco ou uma Rua João Pessoa melhoradas. O tango é bem apresentado em vários cafés.

Sem Quilmes, feijão e meu bloquinho de anotações, e com as lembranças da noite na bela Puerto Madeiro, nada mais há que acrescentar senão a curta viagem de barco rumo à colônia uruguaia de Sacramento – reduto histórico do país, rodeado pelo barrento rio La Plata e de cerveja Patrícia igualmente cara. Nas muitas casinhas de artesanato pouco há de original, senão meros artigos para turistas. De interessante, a mistura arquitetônica portuguesa e espanhola, que travaram combates pela posse territorial e a preservação de boa parte das ruas das pedras originárias daqueles tempos, como nossa Travessa Pax, ainda alicerçada com pedras de maré.

Quase uma semana longe de Natal foi demais para uma alma provinciana, de costumes de esquina. E quer saber? Viagem maior fiz com o livro lido no avião: Suave é a noite, de Scott Fitzgerald. Que a Argentina chore por Evita, ao som do tango. Prefiro côco. Não volto mais. Talvez uma Semana Santa em Pau dos Ferros, para um banho no Barravento, ou uma revisita à Cachoeira do Rela, na serra de Luís Gomes. Tudo nos limites delineados do desenho de formiga de roça deste meu Rio Grande.