terça-feira, 10 de março de 2009

Jornalismo impresso x jornalismo on line

O artigo do jornalista Alberto Dines - capitão-mor do Observatório da Imprensa - comenta as mudanças de conteúdo do Grupo Folha. Uma das retrancas do longo texto é a que trouxe para cá. Fala da oportuna discussão a respeito do dilema entre jornalismo impresso e online.

Já manifestei mesma opinião de Dines neste espaço. Acredito no jornalismo impresso como meio de difusão do jornalismo analítico e mais profundo. A internet tem sua função de existir, como meio democrático, neutro e noticioso. A coexistência de ambas as midias seria o ideal, penso.

Por Alberto Dines

Fazer história

É ousada a decisão da direção do Grupo Folha em mexer no seu carro-chefe, depois de um ano espetacular em matéria de receitas e no meio de um imprevisível processo recessivo global. Por inúmeras razões, mas principalmente porque implica o reconhecimento de que um grande jornal como a Folha não pode esperar passivamente as soluções do "mercado" ou da conservadora corporação empresarial. Decisões inovadoras, pioneiras, são necessariamente solitárias.

Jornais precisam voltar a ser indispensáveis e imprescindíveis. São eles que organizam e acionam o processo informativo. Está comprovado que os portais da web não conseguem ser ao mesmo tempo "quentes" (isto é, altamente noticiosos) e "frios’ (isto é, altamente analíticos). Noam Chomsky numa contundente entrevista publicada na edição de segunda-feira (2/3, pág. 33) do diário espanho El País é categórico: "As fontes de informação ainda estão na imprensa tradicional" [ver "`No soy un Don Quijote, porque mis molinos de viento son reales´").

Como todos os conglomerados multimídia, o Grupo Folha vai integrar os diferentes serviços jornalísticos, reforçar os vínculos entre eles, mas deixa claro que manterá a aposta naquele que tem sido o seu carro-chefe.

Se resistir ao instinto trendy, modista, que geralmente sepulta os mais bem intencionados projetos, está assegurado o êxito da reforma da Folha. Se perceber que a repercussão produzida pela publicação de uma divergência foi mais importante do que a infeliz e impolida "Nota da Redação" defendendo a "ditabranda", estará fazendo história novamente.

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