segunda-feira, 31 de maio de 2010

Inscrições para o Revelando o Brasis


Moradores de cidades com até 20 mil habitantes poderão inscrever histórias reais ou de ficção. Os 40 autores selecionados farão uma oficina audiovisual e transformarão a história em vídeo digital. Ao final, as obras serão exibidas em um circuito aberto e gratuito pelas ruas dos municípios participantes.

De 1º de junho a 30 de julho estão abertas as inscrições para o Concurso de Histórias do Revelando os Brasis Ano IV. Para participar, é preciso ter mais de 18 anos e ser morador de município com até 20 mil habitantes. As 40 histórias selecionadas serão transformadas em vídeos com duração de até 15 minutos pelos seus autores. O regulamento e a ficha de inscrição estarão disponíveis nos sites www.revelandoosbrasis.com.br, www.cultura.gov.br e nas secretarias de educação e de cultura das Prefeituras das cidades com até 20 mil habitantes. Mais informações no Instituto Marlin Azul pelo telefone (27) 3327-2751 ou através do e-mail revelando@imazul.org

Patrocinado pela Petrobras, Revelando os Brasis tem como objetivo viabilizar a produção de vídeos digitais nos pequenos municípios brasileiros. O projeto é uma realização do Instituto Marlin Azul e conta com a parceria da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura. De acordo com levantamento divulgado em 2007 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possui 5.568 municípios; desses, 4.006 têm até 20 mil habitantes.

Podem ser inscritas histórias reais (baseadas em fatos históricos, personagens, tradições populares, etc) ou de ficção. Os autores selecionados participarão de oficinas preparatórias de roteiro, direção, produção, fotografia, som, edição, direção de arte, mobilização cultural, comunicação colaborativa e direitos autorais, no Rio de Janeiro, com todas as despesas pagas pelo projeto. Na etapa seguinte, eles contarão com o apoio da estrutura de produção oferecida pelo Revelando os Brasis para realizar os vídeos.

Nas três primeiras edições do projeto, entre 2004 e 2009, foram produzidas 120 obras, entre ficções e documentários. Depois de finalizados, os vídeos são apresentados em suas comunidades através do Circuito Nacional de Exibição, que leva uma tela de cinema para ruas e praças dos municípios. As produções também são exibidas no Programa Revelando os Brasis, que vai ao ar pelo Canal Futura. Os vídeos do projeto são lançados em DVD com distribuição gratuita entre organizações sociais e culturais, bibliotecas, universidades e cineclubes de todo o Brasil.

Revelando os Brasis Ano IV (Concurso Nacional de Histórias)
Inscrições: 1º de junho a 30 de julho de 2010
Público: Pessoas acima de 18 anos moradoras de cidades com até 20 mil habitantes.

Ficha de inscrição e regulamento através do www.revelandoosbrasis.com.br / revelando@imazul.org

Mais informações:
Ana Paula Alcantara/Caroline Polese/Nathalia Valadares
(27)-3345-6632 (27)-3345-6682 (27)-9961-6245

* Do blogueiro: a foto que ilustra este post é da documentarista Mary Land Brito - a mesma do Doc Sangue de Barro. Ele produziu um vídeo pelo projeto Revelando os Brasis sobre a história da Praia de Pipa, dos primeiros pescadores que habitavam a região.

Ferreira Gullar vence Prêmio Camões


O poeta e dramaturgo Ferreira Gullar venceu a edição 2010 do Prêmio Luís de Camões, o mais importante prêmio literário da Comunidade de Países de Língua Portuguesa.

A escolha foi anunciada pela Ministra da Cultura de Portugal, Gabriela Canavilhas, e pela Comissão Julgadora do Prêmio, em cerimônia realizada no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa.

O valor do Prêmio é de € 100 mil, quantia dividida entre os Governos do Brasil e de Portugal.

Aos 79 anos, Ferreira Gullar é o 22º a ganhar o Prêmio. Pelo segundo ano consecutivo, a poesia foi destacada pelo júri: no ano passado, o poeta cabo-verdiano Armènio Vieira foi o nome agraciado com o Camões, sendo o primeiro escritor de seu país a receber a honraria.

Instituído em 1988, pelos governos de Brasil e Portugal, o Prêmio Camões é concedido anualmente pela FBN e pelo Instituto Camões, com o objetivo de estreitar os laços culturais entre países lusófonos, premiando seus escritores mais representativos.

O Presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Muniz Sodré, destaca que Ferreira Gullar é um poeta de dimensão internacional: “Ele coloca a língua num patamar de alta superioridade, faz juz plenamente ao Prêmio Camões. Acho que todos nós, professores, escritores brasileiros, só temos a nos congratular com a escolha”, disse.

Poeta, crítico, dramaturgo
Prestes a completar 80 anos, Ferreira Gullar é um dos autores mais importantes da poesia brasileira. Nasceu José Ribamar Ferreira, no dia 10 de setembro de 1930, em São Luís, Maranhão. A luta corporal (1954); Dentro da noite veloz (1975); Poema sujo (1975); Na vertigem do dia (1980); Barulhos (1987); Muitas vozes (1999), entre ensaios, crônicas, poesias e obras para o teatro são alguns de seus principais trabalhos.

Em 2007, foi vencedor do Prêmio Jabuti. É também ganhador, pelo conjunto de sua obra, do Prêmio Machado de Assis, a maior honraria da Academia Brasileira de Letras.

Decisão a portas fechadas
A escolha de cada vencedor do Prêmio acontece a portas fechadas, durante apenas um dia do ano, sem a existência de concorrentes pré-definidos. O critério utilizado pelo júri é a representatividade do trabalho de cada escritor para a língua e cultura portuguesa. Somente após o consenso em torno de um nome por parte dos seis membros da Comissão, o vencedor é anunciado.

Os jurados Edla Van Steen e Antônio Carlos Secchin, do Brasil, e Inocência Luciano dos Santos Mata, de São Tomé e Príncipe, foram os indicados pelo Ministro da Cultura do Brasil, Juca Ferreira, para integrar a Comissão Julgadora. Luiz Carlos Patraquim, de Moçambique, Helena Buescu e José Carlos Seabra Pereira, portugueses, foram indicados pela Ministra da Cultura de Portugal. Inocência Mata e Luiz Carlos Patraquim são representantes dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa – Palops.

A história do amor no Brasil


Mary del Priore é uma conhecida historiadora brasileira, ex-professora da USP e da PUC-RJ, e tem se dedicado à história do amor. De suas pesquisas resultou o trabalho História do amor no Brasil, publicado pela editora Contexto. Também escreveu uma História das crianças no Brasil e uma História das mulheres no Brasil (ambos, pela Contexto), tendo recebido, por essa última obra, o Prêmio Jabuti. Apresentando uma reflexão rica e fartamente documentada, Del Priore toma a sério a reflexão sobre o imperativo do amor, que, “como outros imperativos – comer, por exemplo –, está inscrito em nossa natureza mais profunda”. A obra percorre o Brasil Colônia, o século XIX e o século XX, mostrando como a concepção romântica de amor – idealizadora do encontro entre duas pessoas – é inteiramente recente, apesar de uma ênfase erótica explícita já em formas literárias medievais, renascentistas e modernas. Como conclusão, Mary del Priore assume posições muito instigantes, em defesa, por exemplo, de uma concepção tradicional de amor, diagnosticando a angústia da juventude diante da liberdade sexual e denunciando uma ditadura moderna do gozo. Gentilmente, ela concedeu uma entrevista à CULT, cujas respostas mais significativas para o dossiê deste mês apresentamos aqui.

CULT: Seria possível resumir em etapas mais ou menos homogêneas a cronologia do amor no Brasil? Como?
MARY DEL PRIORE: Não há etapas homogêneas em história, mas momentos de mudanças e permanências coexistentes. Por exemplo, o século XIX introduziu a ideia do amor romântico. As pessoas começam a ler romances onde heróis e heroínas buscam um casamento por amor e um final feliz para suas histórias. Isso era novo. Ao mesmo tempo, nas elites, o casamento arranjado com parentes ou amigos era uma constante. Isso era arcaico. As fórmulas coexistiam. Daí começarem os raptos de noivas que se recusavam a casar com candidatos impostos pela família, preferindo fugir com os escolhidos do coração. É como se tivéssemos passado de um período em que o amor fosse uma representação ideal e inatingível (a Idade Média), para outra em que vai se tentar, timidamente, associar espírito e matéria (o Renascimento). Depois, para outro, em que a Igreja e a Medicina tudo fazem para separar paixão e amizade, alocando uma fora, outra dentro do casamento (a Idade Moderna). Desse período, passamos ao Romantismo do século XIX, que associa amor e morte, terminando com as revoluções contemporâneas, momento no qual o sexo tornou-se uma questão de higiene, e o amor parece ter voltado à condição de ideal nunca encontrado.

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O Pianista no Bordel


Por Julio Daio Borges
em Digestivo Cultural

Embora, na era da internet, os jornais tropecem cada vez mais, volta e meia sentimos falta da grande reflexão de que só os antigos jornalistas eram capazes. Com o papel imitando progressivamente a Web, os textos diminuindo de tamanho, as “notinhas” tomando conta de tudo e a habilidade de refletir à la longue se perdendo no ar, é um alívio – até quando? – encontrar um texto como o de Juan Luis Cebrián, aqui editado em livro pela Objetiva.

Cebrián não usa o subtítulo “Jornalismo, democracia e nova tecnologias” para vender os lugares-comuns típicos de “gurus”, palestras e cursos. Em dez ensaios propõe, efetivamente, reflexões originais sobre assuntos como o “quarto poder”, as origens do jornalismo, a liberdade de imprensa, a censura, o “infotainment”, a globalização e, inescapavelmente, a internet.

Embora tenha feito a glória de El País na Espanha, Juan Luis Cebrián, ao contrário dos nossos jornalistas de papel, não leva a World Wide Web para o lado pessoal e consegue, como poucos homens de mídia em sua geração, analisar o fenômeno em todas as suas implicações. Talvez porque seja um grande realizador, e não precise mais lutar pela sobrevivência, Cebrián encontra o distanciamento necessário, jamais polarizando o debate com generalizações simplistas. Para completar, escreve muitíssimo bem. (A tradução, de Eliana Aguiar, merece o devido crédito.)

Parafraseando Michael “TechCrunch” Arrington – que, recentemente, discorreu sobre a inutilidade dos “formadores de opinião da internet” criticarem o avanço incontestável do Facebook –, o velho jornalismo não vai se salvar ficando apenas na discussão de ideias. De qualquer forma – até para sair desse frenesi de velocidade, instantaneidade e brevidade –, a sociedade continuará precisando de ensaístas como Cebrián, nem que seja para entender o que está acontecendo. Juan Luis Cebrián, finalmente, pode ser considerado uma das últimas encarnações vivas do “jornalismo como o conhecíamos”.

Clint Eastwood completa 80 anos


"Clint Eastwood, um dos cineastas - e atores - mais importantes da história do cinema não só está vivo, em plena atividade, como completa redondos 80 anos nesta segunda-feira, dia 31. De ator anti-herói e homem bronco a diretor sensível e político, Eastwood é uma das lendas vivas do cinema a ser aproveitada ao máximo. Indicado ao Oscar nove vezes - tendo levado pra casa os troféus de Melhor Filme e Diretor pelos Os Imperdoáveis e Menina de Ouro - ele é o único ator na história da sétima arte a estrelar grandes sucessos por cinco décadas consecutivas".

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domingo, 30 de maio de 2010

O mundo mágico da ilusão infantil


O público infantil tem se mostrado garantia de sucesso a produtores de peças e espetáculos teatrais

Nem só de bytes eletrônicos vive a criança de hoje. A arte e o entretenimento voltados ao público infantil têm se mostrado excelentes opções para produtores culturais. Os espetáculos são geralmente lotados de pais e filhos. As alternativas são cada vez mais sortidas e abrangem apresentações musicais, teatrais e circenses. Valores de ingressos também variam, desde as opções gratuitas aos ingressos mais caros para assistir produções de grupos teatrais inspirados em personagens da TV.

Há alguns anos a criança ficava à margem das conversas de adulto. Hoje ela decide sobre o consumo da família. Especialistas recomendam aos pais mostrarem opções de atividades lúdicas relacionadas às artes para despertar o interesse e a imaginação da criançada no contato direto com o universo artístico. A mescla entre teatro, música e espetáculo circense é a tônica de apresentações especialmente montadas para invadir o universo infantil e comunicar mensagens pedagógicas à criança.

Efeitos visuais, cores, narrativa dinâmica e incrementada por fundos sonoros atraentes são alguns dos elementos necessários aos bons espetáculos voltados à criança. “Pesquisamos o universo infantil antes da montagem das apresentações. Consideramos muito a memória de quando éramos crianças. O que gostávamos de ver? O que nos divertia? Eu, por exemplo, adorava ver animais, mas em zoológico. Não tinha paciência para vê-los em números circenses. Então, nosso circo abdica dos animais não por ideologia, mas porque não surte efeito nas crianças”, comenta Nil Moura, diretor do Circo Grock.

No Circo Grock, Nil incorpora também o personagem Espaguete, um dos palhaços do circo. E como palhaço, costuma brincar com a realidade, com as cenas cotidianas. “Outra características dos nossos espetáculos é a ousadia. É desejo da criança a quebra das regras vigentes, tão alicerçadas pelos pais quando ensinam o que é certo e errado. E os palhaços têm esse poder de reinventar o universo infantil de maneira didática, ousada e irreverente. Funciona como ferramenta inusitada para explicar uma realidade que os pais não conseguiriam repassar à criança”, explica Nil Moura.

Tropa Trupe
A companhia Tropa Trupe também desenvolve trabalho circense e específico para crianças. Reconhecidos pelas pernas de pau, os atores incrementaram seus espetáculos e oferecem uma gama de atividades lúdicas para envolver a criança em números de malabarismos, acrobacias, cama elástica, e estórias didáticas para entreter o público infantil e até mesmo o adulto. “Montamos o espetáculo Nosso Grande Circo há dois meses. Mesmo sem divulgação o público tem comparecido cada vez mais”, comemora Rodrigo Brugguemann, um dos integrantes do Tropa Trupe.

As apresentações ocorrem todos os sábados sob a lona montada próximo ao ginásio poliesportivo da UFRN. O início é às 17h e o ingresso a preços populares cobra R$ 5 do adulto e R$ 3 para crianças até 12 anos. A estória do Nosso Grande Circo conta a trajetória de palhaços que formam um grupo e são cobrados pelo dono do circo a fazerem a melhor apresentação de suas vidas para não serem despedidos. “É uma estória bem envolvente e sentimos a atenção e a participação das crianças durante o espetáculo”, se orgulha Rodrigo.

Outra opção barata é o projeto Bosque em Cena, realizado nas manhãs de cada domingo no Parque das Dunas. Pelo preço simbólico de R$ 1, os pais podem levar seus pimpolhos a assistirem espetáculos montados exclusivamente para a criança. Um deles, a peça Em Cada Canto, um Conto, encenado pelo grupo Estação de Teatro, também fez temporada na Casa da Ribeira com grande sucesso de público. Os contadores brincam com a caricatura de diferentes personagens dos contos populares, através da performance corporal e vocal, além de utilizarem bonecos e elementos cênicos para complementar a cena. O Bosque em Cena, suspenso pela burocracia, tem estimativa de volta no mês de junho.

TAM infantil
Em praticamente todos os fins de semana o Teatro Alberto Maranhão tem oferecido espetáculos infantis, a maioria com personagens infantis da TV. “O certo seria todo fim de semana, como é tradição desde a época de Jesiel Figueiredo. Deveria ser obrigatória a regularidade dos espetáculos infantis. Temos a obrigação de cuidar da formação cultural dos nossos pequenos”, sugere o produtor Amaury Júnior, que há oito anos promove shows para esse nicho de mercado.

Amaury lembra da falta da Cidade da Criança, da suspensão dos projetos culturais no Parque das Dunas e da carência de um olhar mais abrangente do empresariado, do poder público e da população também. “Até o Circo que está armado ao lado do Machadão enfrenta dificuldades. Enquanto isso, os games nos shoppings vivem lotados, por falta de opções melhores”, ressalta.

Teatro comercial
“Consigo esgotar os ingressos – e às vezes fazer segunda sessão – quando os espetáculos são oriundos de um produto de televisão, como os Barckyardigans, o Barney, Pica Pau, Ben 10 ou Scooby Doo. Os clássicos, como Branca de Neve, Alice e Chapeuzinho Vermelho, agente ainda consegue uma casa boa. Mas, quando colocamos um espetáculo de cunho estritamente educativo ou pedagógico, infantil mesmo, incentivando a cultura popular, esses deixam sempre a desejar no quesito público. As crianças não se interessam, porque os pais não se interessam”, lamenta Amaury Júnior.

Nil Moura, diretor do Circo Grock, acredita que falta a esse tipo de espetáculo de cunho comercial a “comunicação com a criança, a troca de valores humanos e de crescimento para o artista e o público, que vão além do valor da bilheteria”. E opina: “O foco não é a comunicação pedagógica, o teatro, mas transmitir a estética da moda. E do ponto de vista teatral, é uma estética feia. Funciona na TV, mas no palco de um teatro fica esquisito”, afirma o diretor.

Apesar de lamentar a falta de público em produções de cunho pedagógico que ele mesmo produz, Amaury Júnior questiona a opinião de Nil Moura. Segundo o produtor, as produções de shows infantis são vantajosas: têm custos menores e públicos maiores. “Vivo de uma indústria chamada cultura; sou operário dela e não tem essa história de fazer cultura por filosofia de vida, ideologia ou filantropia”. E finaliza: “Trabalho em prol da profissionalização cada vez maior do mercado. É meu ganha pão, apesar de muitos tacharem que ‘teatro comercial’, não é cultura. É cultura sim, senhor”.

Musical Pica-Pau
O que: Comédia musical estudada para educar as crianças direcionando-as a responsabilidade sócio-ambiental
Onde: Teatro Alberto Maranhão
Data e hora: hoje, às 17h
Quanto: R$ 30 e R$ 15 (meia)
Vendas: Livraria Nobel. Informações: (84) 3222-2565 e 8837-1553

* Matéria publicada hoje no Diário de Natal

sábado, 29 de maio de 2010

Entrevista - Lirinha


Ex-vocalista e líder da banda Cordel do Fogo Encantado estreia peça teatral no Teatro Alberto Maranhão

O quase anônimo José Paes de Lira largou a notoriedade do apelido Lirinha e os vocais da banda Cordel do Fogo Encantado para se lançar no universo teatral como roteirista e ator da peça Mercadorias e Futuro. O espetáculo une texto, som, luz e improviso. Será apresentado amanhã no Teatro Alberto Maranhão.

No palco, Lirinha interpreta Lirovsky, um vendedor de livros que inventou uma parafernália de máquinas em forma de carrinho para ajudar em seu ofício. Mas ele não é um simples vendedor. É um comerciante de registros proféticos, mercador, rastreador de pistas, pesquisador e também inventor de máquinas.

Abordando temas como arte, comércio, direito autoral, dificuldade de unir arte e negócios e como trabalhar e ganhar dinheiro, Lirovsky tem o desafio de vender um livro de profecias e de mostrar como o livro é importante na vida das pessoas. Se utilizando de um aparato tecnológico sempre ao alcance, Lirovsky faz da narrativa de Mercadorias e Futuro uma linguagem nova, levando ao público a mistura de música, poesia e improvisações.

Nas linhas a seguir, Lirinha respondeu algumas perguntas enviada por e-mail pelo Diário de Natal e de antemão descarta uma volta breve do Cordel do Fogo Encantado.

Entrevista - Lirinha

O motivo do fim do Cordel do Fogo Encantado foi sua “extrema necessidade de trilhar outros caminhos”, conforme post em seu blog. Seria o trabalho de ator e roteirista de teatro?
Não precisamente. Já trabalhava com isso quando o Cordel estava na ativa. Eu sou um dos guardiões do Fogo Encantado, criei o nome, chamei as pessoas. Eu sei o que fiz: uma banda única, forte, verdadeira. A mensagem foi dada.

A linguagem do espetáculo guarda semelhança com as letras ou a filosofia da banda?
Sim, a profecia. Só que na peça o personagem é um apocalíptico anárquico e a abordagem é reflexiva e irônica. A trilha musical da peça é bem diferente do som do Cordel.

Como tem sido trabalhar com um público diferente, mais maduro e menos “universitário”?
Ainda não consigo ver diferenças na relação com o público.

As temáticas pretendidas no espetáculo são contemporâneas, a exemplo da discussão do direito autoral. Qual sua opinião a respeito e de que forma a questão é abordada na peça?
A peça não dá respostas pra essas questões. É o pensamento de um vendedor de poesia, na rua, perdido nas funções espetaculares da venda. Historicamente o direito autoral é uma conquista dos artistas, mas faz parte de um conflito artístico atual: botar preço naquilo que não tem preço, negociar o invisível, ser propriedade de uma pessoa o que vem de todos.

A essência da peça passa por essa questão?
Sim. A peça nasceu daí. A evolução do direito autoral passa pelo comércio de bem, antes restrito às feiras, onde era comercializada a literatura de cordel e onde mora toda uma sabedoria e oralidade popular.

Você deixou o vocal de uma banda consolidada no mercado e já escreveu livro, se lançou como ator, diretor de teatro… Você tem medo do risco de trabalhar em várias vertentes e não conseguir fixar seu nome tão bem quanto foi com o Cordel, ou suas pretensões são outras?
Não. Em arte não se pode ter medo. Em cima do medo, coragem. E eu quero me distanciar cada vez mais de estratégias mercadológicas de carreira artística. Minha estratégia atual é fazer mais música e poesia, sempre e mais.

Incorporando o personagem profético da peça, Lirinha estará trabalhando com o que daqui a um ou dois anos? Há chances da volta do Cordel?
Não vou deixar a música, é o que vejo. E não vejo retorno do Cordel agora. Mas o personagem da peça pede o direito do profeta errar, porque não se deve esperar de um profeta o que não se espera de um poeta. Ou seja, profecia é poesia sobre o futuro e nada mais.

Mercadorias e Futuro
Onde: Teatro Alberto Maranhão
Data e hora: amanhã, às 20h
Quanto: R$ 60 e R$ 30 (meia)
Vendas: Livraria Nobel (3222-2565)
Contato: 3222-3669 ou 8837-1553
www.mercadoriasefuturo.com.br

* Matéria publicada hoje no Diário de Natal

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Gibson elege 50 melhores guitarristas


Por Jean Felipe
para o site UOL

A fabricante de guitarras Gibson elegeu através de seu site os 50 melhores guitarristas de todos os tempos. A votação ocorreu entre especialistas, jornalistas, músicos e internautas do site.

Na primeira posição (como sempre) ficou Jimi Hendrix. Morto em 1970, Hendrix ficou no topo devido ao seu modo revolucionário de tocar guitarra. Jimmy Page e Keith Richards, ambos em segundo e terceiro lugar, entraram na lista por causa de seu modo único e influente de tocar.

Músicos como Eric Clapton, Chuck Berry, Eddie Van Halen e Pete Townsend também entram na lista dos melhores da Gibson. Veja a lista completa:

1. Jimi Hendrix
2. Jimmy Page (Led Zeppelin) [na foto]
3. Keith Richards (The Rolling Stones)
4. Eric Clapton (Cream, Derek and the Dominos)
5. Chuck Berry
6. Jeff Beck (The Yardbirds, The Jeff Beck Group)
7. Eddie Van Halen (Van Halen)
8. Chet Atkins
9. Robert Johnson
10. Pete Townshend (The Who)
11. George Harrison (The Beatles) [na foto]
12. Stevie Ray Vaughan
13. Jack White (The White Stripes, The Raconteurs)
14. Prince
15. Steve Cropper (Booker T. & The MGs)
16. Mike Bloomfield (Paul Butterfield Blues Band, Bob Dylan)
17. B.B. King
18. Wes Montgomery
19. Mick Ronson (David Bowie, Ian Hunter)
20. Django Reinhardt
21. Johnny Marr (The Smiths) [na foto]
22. Les Paul
23. The Edge (U2)
24. Ron Asheton (The Stooges)
25. Angus Young (AC/DC)
26. Neil Young
27. Danny Gatton
28. Ed O'Brien/Jonny Greenwood (Radiohead)
29. Duane Allman (The Allman Brothers, Derek and the Dominos)
30. Roy Buchanan
31. Bo Diddley
32. Ry Cooder
33. Scotty Moore (Elvis Presley)
34. Slash (Guns N’ Roses, Velvet Revolver) [na foto]
35. Buddy Guy
36. Charlie Christian
37. Mike Campbell (Tom Petty and the Heartbreakers)
38. Lou Reed (Velvet Underground)
39. Frank Zappa
40. Steve Jones (Sex Pistols)
41. David Gilmour (Pink Floyd)
42. Richard Thompson
43. John Frusciante (Red Hot Chili Peppers) [na foto]
44. Rory Gallagher (Taste)
45. Clarence White (The Kentucky Colonels, The Byrds)
46. Hubert Sumlin (Howlin’ Wolf, Muddy Waters)
47. Andrés Segovia
48. Robert Fripp (King Crimson)
49. Kurt Cobain (Nirvana)
50. Ritchie Blackmore (Deep Purple, Rainbow)

Cinema ou propaganda ideológica?


Por Felipe Fonseca
enviado por email

Os principais líderes da América Latina ganharam um palco privilegiado com o novo filme de Oliver Stone “Ao Sul da Fronteira”. O longa registra a viagem do diretor por cinco países da América Latina e exibe conversas informais com os presidentes da região, incluindo Hugo Chávez, que tem trânsito livre para falar de sua ideologia que beira a ditadura.

O filme trata do avanço da esquerda na região e há grandes suspeitas de que seja financiado. Oliver Stone, inclusive, está engajado no lançamento global da película e estará no Brasil, nesta segunda-feira (dia 31).

A abordagem é bastante oportuna em ano de eleição já que a popularidade do presidente venezuelano está em queda. Chávez já entendeu a importância dos veículos de massa e, por isso, dispõe de uma equipe formada por 200 pessoas para alimentar com propaganda ideológica seus posts tanto no blog, quanto no Twitter. Enquanto isso, a liberdade de imprensa é cerceada e a propriedade privada e os direitos jurídicos diminuem cada vez mais no país.

Sexta há sempre música


Compositor e instrumentista Júlio Lima apresenta hoje o show Há Sempre Música, na Curva do Vento

Ele decidiu evitar rótulos delimitadores da criação, da inquietação de quem transpira música pelos poros. Júlio Lima despreza discussões acerca de regionalismos, cosmopolitismos ou provincianismos, e compõe em ritmo frenético canções capazes de levantar até os monstros da melancolia. Maracatu, samba, afoxé, rock e baladas românticas emergem de guitarras nervosas, grooves e batuques eletrizantes. A identidade musical de Julio Lima é a falta de identidade, a música versátil. É a liberdade de soltar a voz singularmente grave e potente como requer a melhor harmonia da composição.

É essa criatividade e virtuosismo musical que estarão hoje no palco da Curva do Vento (início da Rota do Sol) a partir das 22h. Uma seleção de músicas entre impressionantes mais de 400 composições. A carreira de Júlio Lima – filho do maestro Carlão – começou cedo. O virtuose do baixo e da guitarra integrou bandas lendárias do rock potiguar, como o Alcatéia Maldita e participou do projeto musical Movimento Popular do Sol (MPSol), que reuniu compositores, artistas e poetas. A versatilidade do músico fica evidente na participação das bandas The Skareggae, Velvet Blues e Delta 9, e no período como contrabaixista na Orquestra Jovem de Natal.

No repertório para o show de hoje, covers e a seleção de músicas do CD Há Sempre Músicas, cujas primeiras 500 cópias foram esgotadas pouco depois de lançado. O álbum, produzido de forma independente, traz músicas já conhecidas do público como Coagulado, Canudos (inspirado no clássico Os Sertões, de Euclides da Cunha) e a canção-título Há Sempre Música, que conquistou o 2º lugar no MPBeco 2009 – festival de música em que Júlio venceu como melhor intérprete.

Show - Há Sempre Música
Quem: Júlio Lima
Onde: Curva do Vento (início da Rota do Sol, Ponta Negra)
Data e hora: hoje, às 22h
Quanto: R$ 5
Contato: 9922-8188 / 9151-7783

Prêmio Sesc de Literatura

Revelar novos talentos e promover a literatura nacional. Estes são os propósitos do Prêmio Sesc de Literatura, que pretende identificar escritores inéditos, cujas obras possuam qualidade literária para edição e circulação nacional. Além da divulgação das obras, o Prêmio Sesc também abre uma porta do mercado editorial aos estreantes: os livros vencedores são publicados pela editora Record e distribuídos para toda a rede de bibliotecas e salas de leitura do Sesc e Senac em todo o país.

As inscrições para o Prêmio Sesc de Literatura são gratuitas e aceitas em todo o Brasil, até o dia 30 de setembro, nas categorias. Para realizar a inscrição basta procurar a unidade mais próxima do Sesc na sua cidade e cada concorrente pode participar com uma obra, nas categorias conto e romance. O vencedor terá seu livro publicado e distribuído pela editora Record. O regulamento do prêmio está disponível no site http://www.sesc.com.br/premiosesc/premio.html.

Comentário de Marcos Silva a respeito do edital:

Li o edital desse Prêmio Literário do SESC. Num país como o Brasil, com mercado editorial oligopolizado, a iniciativa merece elogios e incentivo para ser imitada por instituições congêneres – SESI etc. A premiação é restrita, todavia, a contos e romances. Tadinhos dos poetas e ensaístas! Uma instituição tão abrangente quanto o SESC poderia ampliar um pouco o espectro da premiação, não acham?
Fica a sugestão.
Abraços a todos e todas:

Marcos Silva

Entrevista - Marina Elali


Após emplacar seis canções em novelas globais e firmar parceria com Jon Secada, Marina Elali volta a Natal para show no Boulevard

O palco do Boulevard assiste a volta triunfal de uma das intérpretes potiguares de melhor alcance nacional de todos os tempos. Críticos mais afeitos ao regionalismo ou às letras rebuscadas e eruditas desqualificam a música de Marina Elali, claramente direcionada à grande massa. E daí se a cantora e compositora trilhou o caminho mais fácil da aceitação popular? Dentro desse segmento, uma potiguar tem conquistado sucesso sem ocupar o espaço de ninguém. Já são seis músicas escolhidas como trilha sonora de novelas globais, parcerias com músicos internacionais e participações na TV e no cinema. E dessa maneira, com profissionalismo, talento vocal, conhecimento instrumental e uma competente assessoria, Marina Elali constroi uma carreira sólida no cenário pop-romântico brasileiro –reinado do Roupa Nova. No show de amanhã no Boulevard, Marina Elali traz romantismo e música dançante para mostrar os sucessos de uma trajetória impulsionada pelo Programa Fama, como uma deusa...

Entrevista – Marina Elali

Você tem se notabilizado pela interpretação. Há também um trabalho de composição em curso, há projetos nesse sentido?
Sou compositora, mas talvez poucas pessoas saibam disso. Gravei musicas minhas em todos os meus projetos. No meu primeiro disco Marina Elali, no segundo De corpo e alma, outra vez e no meu primeiro DVD Marina Elali, Longe ou Perto, que foi recentemente lançado pela Som Livre. Inclusive, estou muito feliz, pois acaba de ser lançado nos cinemas de todo o Brasil o filme Segurança Nacional (Globo Filmes) que tem duas musicas minhas na trilha sonora. As musicas são Conselhos, que escrevi música e letra, e Talvez, uma parceria com um dos maiores compositores do nosso pais, meu amigo e parceiro musical Dudu Falcão. E já que falamos sobre esse filme queria aproveitar e dizer a todos os meus fãs que agora eles vão puder me ver na “telona”. Participo de uma cena do longa, interpretando o Hino Nacional.

Algumas canções suas viraram trilhas sonoras de novelas. Como surgiu essa oportunidade?
Sempre que falo sobre as minhas musicas que foram temas de novelas me emociono porque cada musica teve uma história diferente e todas foram muito especiais pra mim. A primeira foi a musica Você (Roberto Carlos/ Erasmo Carlos) que foi tema da novela América, em 2005. Enviei algumas musicas para Jayme Monjardim ouvir e por sorte ele gostou da minha gravação. Até então não nos conhecíamos. A partir daí, Jayme virou um dos meus padrinhos e me deu essa oportunidade de cantar em novelas dele mais duas vezes; em Páginas da Vida (2006), onde o meu tema foi One Last Cry, e em Viver a Vida (2010), onde cantei o dueto com Jon Secada Lost Inside Your Heart. Uma outra vez fui convidada pela própria Rede Globo, por Mariozinho Rocha e Jorginho Fernando, para gravar Eu Vou Seguir especialmente para a novela Sete Pecados. Já a novela Duas Caras, a música All She Wants - o Xote das meninas foi mostrada a Wolf Maia numa reunião de repertório e ele aprovou a música. Gloria Perez também sempre gostou do meu trabalho e me deu várias oportunidades. Participei da trilha sonora da minissérie Amazônia, cantando Sabiá do meu avô Zé Dantas em parceria com Luiz Gonzaga. Fiz uma participação em O Clone, etc. E tive seis músicas em trilhas sonoras de filmes também. Devo isso a muitas pessoas que abriram as portas pra mim. Sou grata a todos.

Como se deu essa parceria com Jon Secada?
O primeiro contato veio através da Som Livre, minha gravadora. Recebi um telefonema e fiquei sabendo que Jon Secada estava com planos de gravar o primeiro DVD dele aqui no Brasil, que ele queria gravar um dueto com alguma cantora brasileira e que eu tinha sido escolhida. Confesso que só acredito nas coisas quando elas acontecem. Alguns meses depois eu fui para Miami para ensaiar com Jon Secada e comecei a acreditar que aquilo realmente estava acontecendo comigo. Sempre fui muito fã dele, então tudo parecia um sonho. Participei do DVD cantando as musicas Lost Inside Your Heart (Jon Secada) e Só te ver Sorrindo (Jon Secada/ Jose Gaviria/ v.Marina Elali) também com participação do Monobloco. Como a musica Lost Inside Your Heart foi escolhida para trilha sonora de novela, nós gravamos também uma versão em estúdio, incluída no meu DVD. Nossa parceria e amizade foram crescendo e decidimos fazer uma turnê no Brasil que aconteceu com sucesso em abril deste ano. E pra minha felicidade e de todos os meus fãs, o DVD The Best of Jon Secada - Live From Rio será lançado em breve em todos os outros paises da América Latina e nos Estados Unidos.

Também temos Roberta Sá com carreira reconhecida no âmbito nacional. Por que vocês duas conquistaram um espaço tão disputado por tantos artistas potiguares também talentosos?
Temos algumas coisas em comum nas nossas carreiras, como a participação no Programa Fama da Rede Globo, músicas em trilhas sonoras, etc., mas isso foram apenas alguns passos que nós demos. Cada pessoa tem a sua historia. Muitos fatores são importantes para que qualquer artista seja reconhecido nacionalmente e não existe uma “fórmula”. Torço por todos os talentosos artistas potiguares e espero que muitos outros se destaquem no cenário nacional. Quanto mais isso acontecer ficarei feliz e orgulhosa.

O que o público pode esperar desse show? Repertório mesclado e acompanhado de banda ou um show mais intimista?
Um show romântico e dançante que inclui todos os meus sucessos: temas de novelas, músicas novas, um momento mais intimista onde toco músicas minhas no piano, um momento que canto músicas que estão tocando nas baladas de todo o Brasil pra todo mundo dançar, etc. Cantar em Natal é sempre muito especial para mim.

Show - Marina Elali
Onde: Boulevard Recepções (Av. Maria Lacerda, Nova Pernamirim)
Data e hora: amanhã, às 21h
Ingressos: R$ 200 (mesa) e individuais (R$ 30 - acomodados em mesas)
Vendas: Michelle Tour (4009-0677) e La Femme Lingeire (3646-3292)

* Publicado no Diário de Natal de hoje

Do blogueiro: Não retiro uma palavra do que disse na abertura do texto. De antemão afirmo que não aprecio o estilo musical de Marina Elali. Basta dizer que detesto Mariah Carey e Celina Dion. Antes Marina Elali tivesse se voltado à nossa música de raiz - caminho maravilhosamente trilhado por Khrystal. Não é, infelizmente. Desde adolescente Marina escolheu o caminho mais fácil, da maioria. E daí, também, se ela ou o pai tem dinheiro para estreitar o árduo caminho do sucesso? E talvez aí resida o preconceito da maioria. Ou alguém gosta da música de Gilliard? Voz afinada – chata ou não – a moça tem. Ou não driblaria o crivo de críticos selecionados do programa Fama e alcançaria o terceiro posto, depois de desbancar milhares de pretendentes. Beleza e carisma, também. Pelo menos para agradar o grande público e o Faustão. E imagino que ela não queira muito mais do que isso. Talvez pela carência de bons nomes na seara da música regionalista, da MPB mais elaborada ou do Rock ou pela luta incansável de compositores fantásticos da nossa terra em alcançar um décimo do espaço na mídia nacional conseguido por Marina, tamanhas críticas da imprensa. Acho essas críticas injustas. Marina Elali não toma o lugar de ninguém, como disse. Se merece mais ou menos do que outrem aí já é outra questão.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Revelação da MPB em Natal


Uma das revelações da MPB, Isabella Taviani, chega a Natal nesta sexta-feira para realizar um show privado, no Centro de Convenções, nesta segunda-feira. Isabella já teve sucessos emplacados nas novelas globais, inclusive em Viver a Vida, com a música Presente Passado.

Sua mais nova música de trabalho é a canção Arranjo, composta em parceria com a cantora Zélia Duncan, que faz parte do seu último disco. O álbum traz Isabella cantando com fundo de guitarras e ruídos eletrônicos e ao contrário de 95% das cantoras brasileiras, restritas aos agudos, Isabella, com sua formação de canto clássico, vai dos mais graves aos mais agudos, como se pode ouvir em faixas como Borboletas e Risos.

Este é o quarto álbum de carreira de Isabella desde a estreia em 2003, disco que leva o seu nome. Neste primeiro trabalho o objetivo foi alcançado e a música Foto Polaroid fez sucesso e a gravadora Universal Music a contratou e lhe propôs que a arrancada acontecesse a bordo de um CD/DVD gravado ao vivo em 2005, que injetava novo ânimo nas canções do primeiro álbum e mostrava recriações de grandes canções da MPB como Preconceito (Fernando Lobo e Antonio Maria) e Medo da Chuva (Paulo Coelho e Raul Seixas).

Etelvino na festa eleitoral

A confraternização que irá comemorar as quatro décadas de inatividade pública do senador Garibaldi Filho e do deputado federal com mais mandatos no Congresso Nacional, Henrique Eduardo Alves, será nesta sexta-feira no Centro de Convenções de Natal.

O melhor, claro, não será a presença do plastificado Michel Temer ou do deputado garanhão, Fábio Faria e demais edis, mas a voz, o teclado e a figura lendária de Etelvino, fundador da Banda Impacto 5 - grupo responsável por um dos melhores álbuns da história do rock nacional.

O evento iniciará às 12h30 e será aberto ao público. A promessa, após o evento, é a da Procuradoria Geral analisar suspeita de propaganda eleitoral antecipada, assim como a festa de comemoração da boa saúde do governador Iberê, que reuniu nada menos que 13 mil pessoas.

Os interessados em participar do almoço festivo-eleitoral poderão adquirir as entradas ao custo de R$ 30, na rua Lafayete Lamartine, 1889, Candelária. A renda arrecadada servirá para pagar os custos da festa e para disfarçar o cunho eleitoral do evento. Ou você, leitor, eleitor, pensa que Henriquinho precisa arrecadar fundos para o evento?

Complexo Cultural de Natal

O Complexo Cultural de Natal recebe até segunda-feira a confirmação de matrículas dos inscritos no Programa de Cursos e Oficinas Culturais, com a entrega das carteiras de identificação dos alunos matriculados. Os inscritos deverão comparecer ao CCN, das 8h ao 12h e das 14h as 17h, para efetuar o pagamento da taxa de manutenção do semestre no valor de R$ 10. Parte dos cursos serão iniciados no dia 7 de junho, outros só começarão as atividades no início de julho. Houve uma grande procura por parte da comunidade, principalmente em relação aos cursos de inicialização à informática, sendo aberta uma turma extra para tentar atender a demanda. Foram realizadas ao todo 569 inscrições, e ainda serão reabertas vagas para os cursos de capoeira, oficina de dramaturgia, coral, musicalização infantil e flauta doce.

Contatos: 9401-4001 / 9169-5090 / 8893-2999

Sai Hilneth, entra Ivonete


Uma coisa há que se concordar com as declarações de Crispiniano Neto (diretor geral da FJG) e Ivonete Albano (nova diretora do TAM) publicadas hoje na Tribuna do Norte: as disputadas pautas do Teatro Alberto Maranhão nem sempre são preenchidas com espetáculos de qualidade; pautas que poderiam ceder ocupadas pelos artistas locais.

As primeiras palavras de Ivonete Albano são as de praxe de quem assume cargos públicos: a abertura do diálogo com a classe, a transparência, etc. Nenhuma novidade. A competência e honestidade de Ivonete para o cargo é quase inquestionável. Resta saber se é tão simples a abertura da pauta aos artistas. Muitos fatores estão imbutidos na questão. Vamos esperar.

E o Crispa disse ter exonerado Hilneth porque ela deixou o cargo à disposição quando Iberê assumiu o governo. Nada de incompatibilidade política, como Hilneth afirmou anteriormente. Simples assim? Analisemos: Hilneth do PSB, Gestão da FJA do PT. Hilneth reclamando da administração da FJA em razão dos projtos parados, inclusive o Auxílio Montagem que Ivonete disse pretender retomar...

Agora, é competência da Fundação José Gugu exonerar e nomear. Se a direção aposta no trabalho de Ivonete Albano para revigorar o TAM, nada de errado. É opção. Questão de gosto, inclusive, de quem acompanha mais de perto a situação. Assim como ela também tem o direito de reclamar porque também sente na pele a mesma angústia da má administração.

Só acho que faltou o tal diálogo prometido por Ivonete, entre Fundação e Diretoria do TAM. Está insatisfeito com o número de pautas desqualificadas no TAM, que tal reclamar, "puxar as orelhas" de Hilneth? É um problema pontual dentre outras ações benéficas ao Teatro, sobretudo em sua estrutura física. E como observou a própria Ivonete, a pauta preenchida do TAM é fator positivo. E está assim há uns bons anos.

Show de ballet hoje

A Escola Municipal de Ballet Profº Roosevet Pimenta apresenta hoje mais uma edição do projeto Ensaio Aberto. O projeto, que acontece sempre na última quinta-feira do mês, tem como finalidade apresentar as atividades desenvolvidas pelos alunos da escola, companhia de dança e ballet da cidade. A partir das 18h, serão apresentados os trabalhos como o Solo de Quebra Nozes com o Bailarino Leandro Almeida, o duo "Para Abraçar" dos bailarinos Leandro Almeida e Jade Cunha, “olha pra mim” com Wilson Macário e Jéssica Alana, além das apresentações das alunas da Professora Márcia Suêne, do Prof Domingos Costa e uma exibição de Jazz com Ronaldo Damas. As apresentações acontecerão na sala de ballet da escola, que fica na sede da Funcarte (Av. Câmara Cascudo, 434, Centro). A entrada é 1 Kg de alimento não-perecível ou material de higiene, que serão revertidos para os alunos de Técnica Masculina. As vagas são limitadas.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Infinita Estética Particular & Avulsos

O evento já vai na terceira edição. Uma ideia interessantíssia, capitaneada pelo performático poeta Plínio Sanderson. É a 3ª Infinita Estética Particular & Avulsos - uma mostra de 27 obras Potiguares & Alhures, com acervo e curadoria de Plínio.

Mais do que a mostra, vale mesmo a interação de artistas com alunos. Acredito mesmo que é este tipo de trabalho que desperta o interesse, que acende aquela luz na mente, nas ideias, nas vontades do adolescente, do jovem em se iniciar na arte.

Vão participar os artistas Antonius Manso, Avelino Pinheiro, Cidinha Alcântara (RJ), Cláudio de Patos (MG), Eduardo Alexandre, Fábio di Ojuara, Fábio Eduardo, Flávio Freitas, Franklin Serrão, Gilson Nascimento, Jesus (RJ), João Natal, Jota Medeiros, Leonardo Sodré, Marcelo Fernandes, Marcelus Bob, Newton Navarro, Plínio Sanderson, Reinhard Schell (Áustria) e Walderedo Nunes.

Alguns desses artistas plásticos também irão responder perguntas do público presente. São eles: Pedro Pereira, Flávio Freitas, Franklin Serrão, Leonardo Sodré, Fabio di Ojuara e o austríaco Reinhard Schell (Áustria)

E quem são eles?

Pedro Pereira
Artista plástico se recupera de acidente AV, uma lição de vida, a arte e seu poder transformador exercita estilo próprio (florense).

Flávio Freitas
Artista plástico maduro, um dos mais requisitados do estado; busca novas miríades no fazer arte, com cores vibrantes.

Franklin Serrão
Faz incursões na pintura e recentemente na escultura. Explora temas populares e surreais.

Leonardo Sodré
Jornalista, contista, cronista, atua com desenvoltura na caricatura. Irá fazer caricatura ao vivo dos presentes.

Fábio di Ojuara
Artista experimental, escultor com exposições nacional e internacional; participa do movimento de art mail, fundador do excrementismo: “toda merda agora é arte”.

Reinhard Schell
Estilo contemporâneo, pinta com o corpo, permite ao público deixar voar a imaginação, a criar diversas interpretações sobre as obras, dependendo do universo e conhecimento de mundo de cada um.

3ª Infinita Estética Particular & Avulsos
Dia: nesta quinta-feira, às 9h
Onde: Auditório do Ciências Aplicadas
ENTRADA FRANCA
Endereço: Rua nossa Senhora de Lourdes, 56, Tirol (ao lado CAERN)
Informações: 9983 5667

Exoneração na Pinacoteca estadual

Como muitos artistas estão me perguntando sobre a questão, e se o ocorrido é verdade ou não, resolvi apresentar essa nota pública para esclarecimentos:

Na segunda-feira passada tomei conhecimento de que fui exonerado do cargo de direção e chefia cultural da Pinacoteca do Estado do Rio Grande do Norte. Não tenho conhecimento dos motivos oficiais e não recebi nenhum comunicado por parte da Fundação José Augusto sobre a questão. No Diário Oficial divulga, como é comum, que o governador do Estado me exonera a pedido (pedido meu não foi), mas não é claro de quem é esse pedido. Imagino que só a direção da FJA poderia fazer esse pedido, mas é difícil acreditar que a direção poderia pedir a exoneração sem ao menos comunicar ao funcionário.

Muitos não conhecem os procedimentos políticos, mas esclareço que fui indicado pela Executiva do Partido dos Trabalhadores para exercer o cargo na Pinacoteca do Estado, portanto, cabe a essa Executiva deliberar sobre a minha exoneração caso julgue que o cargo não está sendo desempenhado com qualidade, assegurando inclusive o meu direito a defesa sobre o tema - como exige o estatuto do Partido dos Trabalhadores - para daí então solicitar que seja oficializado esse pedido da exoneração.

Como não aconteceu dessa forma e por me sentir totalmente injustiçado, pois dediquei três anos de trabalho ao cargo e solicito ao menos que sejam feitos os devidos procedimentos políticos sobre a questão, encaminhei para a Executiva do Partido dos Trabalhadores o meu pedido de esclarecimento e reintegração ao Cargo.

Na segunda-feira, dia 31, haverá reunião da executiva do partido onde tudo será esclarecido. Independente dessa questão, já era planejado de minha parte deixar em meu site um relatório dos projetos que apresentei para a Pinacoteca do Estado a disposição da sociedade, o que farei independente de qualquer fato. Pois, em respeito à sociedade e, em especial, aos artistas plásticos, me sinto no dever de apresentar um relatório geral do meu trabalho.

Luciano Costa
Artista Plástico, Artista Gráfico

Um maestro do acaso


Por Gabriela Olivar
para o Diário de Natal

A história do maestro brasileiro mais aclamado no exterior vai virar filme em Hollywood, sob direção de Bruno Barreto. A produção só será anunciada em setembro, mas foi adiantada pelo próprio João Carlos Martins, 69 anos, em sua primeira passagem pelo Rio Grande do Norte. Em Mossoró, no último fim de semana, emocionou os cerca de 800 participantes da XIV Convenção do Comércio e Serviços, não por revelar segredos de finanças ou liderança de mercado, mas por contar sua vida de sofrimento e superação por meio do amor à música.

João Carlos Martins, que já teve sua história apresentada em final de novela e fez o apresentador Jô Soares chorar, é filho de um português que amava o piano, mas foi impedido de tocar quando teve um dedo decepado. O brasileiro acabou herdando o dom e sendo incentivado pela família. Aos oito anos, começou a estudar o instrumento; aos 13, já tinha uma carreira nacional e, aos 18, cantava fora do país. "Aos 20 anos, fui o primeiro brasileiro a se apresentar no principal teatro do mundo, o Carnegie Hall".

Aos 26, João Carlos Martins sentiu seu sonho chegar ao fim pela primeira vez. Morando em Nova Iorque, viu brasileiros jogando futebol e passou a treinar com eles. "Acabei caindo e batendo minha mão direita em uma pedra, rompendo um nervo. Aí decidi parar de tocar". O músico resolveu, então, investir em outro trabalho e empresariou o lutador Éder Jofre. "Quando o vi no final de uma partida onde havia recuperado o título para o Brasil com as mãos estendidas, pensei que eu poderia, sim, voltar a tocar", relembrou.

O músico voltou ao Carnegie Hall e, no dia seguinte, foi convidado para gravar a coletânea de Bach, o alemão que ficou conhecido como um dos maiores compositores da história da música. Sete anos depois, abandonou o piano novamente, depois de ser diagnosticado com Lesão por Esforço Repetitivo (LER). Mesmo ainda tocando, ele sentia fortes dores e precisou cortar um nervo. "Sonhei com um maestro que disse que ia me ensinar tudo e me matriculeiem uma escola".

Hoje, João Carlos contabiliza 600 concertos pelo Brasil e mais de três mil pelo mundo. Montou duas orquestras bachianas e é conhecido pelo seu trabalho de recuperação de adolescentes infratores por meio do ensino musical.

Entrevista - João Carlos Martins

O senhor sempre procurou dar o melhor de si para ser um bom intérprete. Em que a busca pela perfeição tanto o ajudou na vida?
Eu sempre digo que a vida é feita com a disciplina de um atleta e a alma de um poeta. Aos 18 anos de idade, no piano, eu conseguia fazer 21 notas por segundo, num trabalho disciplinado, mas sempre buscando a emoção. Depois, minha vida passou por mil e uma adversidades e eu acabei aos 64 anos iniciando uma nova carreira. Mas mesmo se eu só posso usar um dedo, procuro o perfeccionismo. Então, a minha frase é "com 20, eu fazia 21 notas por segundo. Agora, em cada 21 segundos, faço uma nota, mas com o mesmo amor".

Em todas as etapas de sua vida e principalmente nas dificuldades, o senhor usou a música como superação. Quando começou essa relação?
Eu comecei a conviver com a música aos oito anos de idade. E a música, sem dúvida alguma, hoje, já é o primeiro segmento em vários países asiáticos para inclusão social. Então, por exemplo, se você analisar, nós vamos entrar agora numa Copa doMundo. O Brasil e a Argentina não se dão bem no campo, mas o brasileiro gosta do tango e o argentino gosta de samba. Um torcedor do São Paulo acha bonito o hino do Corinthians. A música tem esse poder de união. Então nesses anos todos depois que eu iniciei minha vida como regente, eu já fiz cerca de 600 concertos. Só nos últimos três anos, em recintos fechados, me apresentei para 900 mil pessoas e, em locais abertos, três milhões de pessoas. Eu estou procurando democratizar a música.

Salvador Dalí disse, há alguns anos, que o senhor deveria dizer a todos que é o maior intérprete de Bach. Seguiu o conselho?
Foi em um concerto que eu fiz em Nova Iorque e aí ele falou "você pode dizer que é o maior intérprete de Bach, que um dia vão acreditar. Eu digo que sou o maior pintor do mundo e já tem gente acreditando (risos).

* Foto: Fernando Mucci/Divulgação

terça-feira, 25 de maio de 2010

Companhia teatral potiguar em disputa nacional

A assessoria da Fundação José Gugu manda notícia boa. A Companhia Teatral Arte Viva, de Santa Cruz, interior do Rio Grande do Norte, está entre as 31 propostas, dentre as 54 enviadas para a 2ª edição do Prêmio ASAS - Cultura Viva 2010, da Secretaria de Cidadania e Cultura do Ministério da Cultura. A informação consta de Portaria publicada no Diário Oficial da União na semana passada que informa também as 23 propostas desclassificadas. O prêmio ASAS, no valor de R$ 80 mil, reconhecerá as 30 melhores práticas de projetos de Pontos de Cultura apoiados pelos Editais nº 01/2004, 02/2005 e 03/2005, com convênios finalizados ou todas as parcelas referentes ao convênio recebidas, no intuito de promover experiências de destaque na rede de Pontos de Cultura. As 31 propostas habilitadas contemplam Pontos de Cultura das regiões Sudeste (15), Nordeste (11), Sul (3) e Centro-Oeste (2). A maior incidência ficou no estado do Rio de Janeiro (7), seguido de São Paulo (5) e Alagoas (4). O investimento do MinC na premiação é de R$ 2,4 milhões.

A morte da arte


Por Márcia Tiburi
na Revista Cult

A discussão sobre a morte da arte teve um lugar essencial nas Lições de Estética, de Hegel, no século 19. Não se pode perder de vista que a morte da arte à qual Hegel se referia era a da arte bela e não da arte de modo geral. Se Hegel tem razão, em havendo uma morte da arte que não deve ser generalizada, trata-se de entender que tipo de arte, para além da arte bela, sobreviveu. Em um século de genocídios, ditaduras e violências de toda sorte, a arte é a memória da sua própria morte.

AQUI

Atlântida


Por Paulo Jorge Dumaresq
em Nariz de Defunto

Tudo que quero é ausência de terra,
revés de um porto seguro.
Por isso, me lanço ao mar,
náufrago por natureza,
no afã de encontrar a Atlântida
perdida e intransferível
de cada um de nós.

O capitalismo tem pele dura

Por Saramago
em Cadenos de Saramago

Esta crise – iniciada em 2007 – está a fazer com que se desmoronem muitos princípios liberais ou neo-liberais: parece que afinal o mercado não se regula sozinho, que pode colapsar-se, e então, oh, há que chamar o estado… Está claro: privatizam-se os lucros, as perdas assumimo-las todos. Parece que esta crise acabará com um regresso ao estado perante um liberalismo que se vendia como a salvação, o fim da história… Embora também possa acontecer que se mude alguma coisa para que tudo continue na mesma. O capitalismo tem a pele dura.

José Saramago ao jornal Expresso, Lisboa, 11 de Outubro de 2008

Tem samba hoje com Roda de Bambas


Grupo Roda de Bambas abre hoje temporada de chorinho e samba de raiz no Taverna Pub

O Samba de Raiz tem origem afro-baiana. Coloque aí um tempero carioca e a pintura da aquarela fica toda abrasileirada, malandra, cheia de cadência e malícia. E para trazer o quadro para nosso terreiro, que tal um salzinho das águas do Canto do Mangue para dar um gosto especial ao Samba nascido em Natal, nas Rocas - berço do ritmo na terra do coco. Vem de lá uma verdadeira seleção de músicos da velha guarda sambista da cidade. Instrumentistas que fazem do Samba a trilha sonora de vida e recriam a aura e a alma do Samba quando se juntam para formar o grupo Roda de Bambas.

O escrete é formado por seis craques que abre hoje temporada no Taverna Pub sem data para terminar. Samba e chorinho são os ritmos ouvidos em mais de três horas de show na Noite de Bambas. Todas as terças-feiras, Debinha (voz), Pacheco Júnior (cavaco-base), Zezinho (percussão), Chumbinho (cavaquinho e bandolim), Silvano (violão) e Roberto Cabanhas (percussão) incorporam os deuses imortalizados em cifras, partituras e clássicos eternos de Noel Rosa, Ataulfo Alves, Adoniran Barbosa, Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Agepê, Chico da Silva, João Nogueira e outros grandes do samba e do chorinho.

A intenção da Noite de Bambas é firmar o gênero musical nas noites de terça-feira no Taverna Pub. O dono da Casa, Renato De Lucca, disse ter encontrado o grupo há muito procurado. “Desde o ano passado oferecemos o samba e o chorinho às terças-feiras. Eram duas bandas, uma para cada ritmo. Ainda assim, às vezes descambava para o pagode. Eu reclamava, mas eles diziam que tocavam porque o público pedia. Ora, a proposta da Casa é o samba de raiz; é uma música diferenciada. Assim também na quinta-feira, com a Quinta do Blues. Sabemos que é um ritmo menos comercial do que o pop-rock, por exemplo”.

Renato disse ter encontrado a solução no Roda de Bambas. “Eles tocam os dois ritmos e nunca vi nada igual. É o Samba mais puro, genuíno. É o que eu procurava há muito tempo. A temporada abre hoje e, enquanto eles tiverem disposição e eu estiver vivo, vão continuar por aqui”. Essa notícia pegou de surpresa os próprios músicos. Debinha, o vocalista, mostrou surpresa. “O acordo foi até o fim de junho. Legal, rapaz. O ambiente lá é muito bacana, aconchegante. A galera fica a distância de um metro da gente e participa bem. Pra gente é ótimo porque é mais um espaço dedicado ao Samba e ao Chorinho”.

Debinha, nascido Carlos Antônio Ramos, em 1960 é o compositor do samba-enredo campeão do carnaval de Natal deste ano. O ingresso precoce no samba foi aos 15 anos. Na Rua 3 de Outubro, onde morou nas Rocas, se reunia o então famoso grupo de samba João de Orestes - sucesso na década de 70. "Comecei a tocar tan tan enquanto eles bebiam e conversavam. Depois cantava junto e logo estava no grupo. Já ouvia desde criança Jackson do Pandeiro, Martinho da Vila, Jorginho do Império, Clara Nunes... Tinha o ouvido treinado para o samba. Nas Rocas é raro se ouvir outro ritmo", lembra.

O músico passaria pelas principais agremiações carnavalescas da cidade como um dos mais brilhantes compositores de samba, requisitado por nada menos que mestre Lucarino, e colecionaria títulos e histórias épicas de carnavais. Quando se afastou do carnaval natalense, fundou o grupo de samba e chorinho Sapato Novo, em 1995. Seria o embrião do Roda de Bambas. O Sapato Novo era composto pelo compositor-flautista Carlos Zens, além de Zezinho, Roberto Cabanhas e Pachequinho – os três hoje no Roda de Bambas. O grupo durou até 1999 percorrendo as casas de shows, hotéis e rodas de samba das Rocas. A saída de Carlos Zens para se lançar em carreira solo provocou a mudança de nome do quinteto para Roda de Bambas.

O Rodas de Bamba existe desde 2000. Tornou-se famoso na AABB, onde se apresentavam semanalmente até maio do ano passado. Há dois anos, Zizinho – o médico e apreciador da aura sambista das Rocas e do gênero musical – chamou o Roda de Bambas para tocar aos sábados no Buraco da Catita. O bar se tornava point da cidade às sextas-feiras, quando apresentava o chorinho. "Quando começamos a levantar o sábado no Buraco da Catita, houve desavenças internas e o médico Zizinho, então sócio do bar, nos levou para o Centro Histórico", disse Debinha.

Debinha acredita que o Buraco da Catita foi o grande responsável pela retomada do gosto do Samba de Raiz e do Chorinho na cidade. Debinha e os outros cinco integrantes do grupo, têm mais de 25 anos dedicados ao Samba. “Pertencemos a uma época de ouro, mas que pode ser resgatada com a mesma magia. Basta uma reunião, uma roda de bambas e tudo começa”, conclui.

Noite de Bambas
Quem: Grupo Roda de Bambas
Local: Taverna Pub
Data e hora: às terças, a partir das 22h30
Ingresso: homem (R$ 15), mulher (R$ 12) – até 0h
Informações: 3236 3696

Por que só é universal a boa música?

Por François Silvestre
em comentário neste blog

Tá perfeito. Só duas observações. Porque só é universal a boa música? A boa literatura só é universal se for produzida fora da mesopotâmia limitada pelos rios Parnaíba e São Francisco. A região de cartola era o Morro da Mangueira. Mas cartola é genial e universal. Também acho isso mesmo. Porém aqui, pra essas bandas, literatura que trate do lugar e pessoas daqui é regional. Talvez seja porque os universais daqui ainda não saíram da região da adolescência teórica.

Serjão, meu artigo do próximo Domingo é sobre esse assunto e outras mungangas do intelectualismo de inveja. Porque tem gente que não gosta e tem todo o direito de não gostar. Mas há os patrulhadores que se ofendem com os elogios dos outros. Não gostam e se ofendem com os que gostam. A ignorância é universal. Não há região ou regionalismo para os ignorantes. Abraços.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

A música universal de Cartola


Por Ricardo de Mattos
no Digestivo Cultural

"Nascido no Catete, sua grande experiência humana se desenvolveu no Morro da Mangueira, mas hoje ele é aceito como valor cultural brasileiro, representativo do que há de melhor e mais autêntico na música popular." (Carlos Drummond de Andrade)

Partimos do princípio de que a boa música é universal e que a distinção em estilos tem apenas a função prática de agrupar os semelhantes. Quanto aos compositores, a providência salienta os melhores e justifica-lhes a proeminência, pois podemos avaliar o alcançado por eles em sua época e local, dispondo eles dos recursos que dispuseram. Aqui reforça-se a corrente antropológica que relativiza o gênio e realça a importância do meio. Por este ângulo, o temperamento de Beethoven talvez não se adequasse à New Orleans do século XX e por isso não frutificasse tal como frutificou no que constituía a Alemanha do século XIX. Ou, fosse igualmente bem-sucedido, daria um novo enfoque para a discussão sobre o que é ser gênio, assunto que já foi pauta especial do Digestivo Cultural. De qualquer forma, quer a genialidade dependa do meio para manifestar-se, quer a genialidade supere o meio ― conforme entendemos ―, o certo é que este predicado não pode ser negado a Angenor de Oliveira, o Cartola.

AQUI

Secretário do Minc em Natal

O Secretário de Fomento e Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura (MinC), Henilton Menezes, virá a Natal neste sábado para conversar com os produtores e agentes culturais da cidade. O encontro acontecerá no auditório da Fundação Cultural Capitania das Artes (Funcarte), às 9h30. O objetivo é provocar um diálogo com os produtores culturais de Natal e estreitar o relacionamento entre eles e o MInC. Visa também o alinhamento do movimento cultural da cidade à política nacional. “É importante ouvir das pessoas que promovem e produzem eventos culturais quais são as principais dificuldades enfrentadas por elas. Queremos desburocratizar os processos e facilitar a vida de todos, bem como incentivar o fomento a projetos culturais através das leis federais de incentivo e debater questões da área com produtores culturais e com gestores municipais de cultura” concluiu ele.

França descobre cantora brasileira


CD Alegria da cantora Beatriz Azevedo irá representar a música brasileira no festival Femmes du Monde, em Paris.

Ao lançar o álbum Alegria no Brasil, a cantora e compositora Beatriz Azevedo viu a critica mundial cair a seus pés. O disco, que é considerado uma grata surpresa por trazer elementos da tropicália de maneira renovadora, será lançado agora em Paris, representando nosso país na 9ª edição do Festival Femmes du Monde (Mulheres do Mundo), realizado pela Le Satellit Café e World Music Association.

Desde a sua primeira edição, o Femmes du Mondo tem a missão de apoiar e acompanhar o nascimento de novos talentos da cena mundial. Cada ano é uma nova oportunidade para apreciar as riquezas da música lideradas por mulheres de diversas partes do mundo.

O álbum Alegria, gravado no Rio de Janeiro, em São Paulo e Nova York em um projeto selecionado pelo Programa Petrobrás Cultural, apresenta composições originais da cantora e um time campeão de colaboradores, entre eles Tom Zé, Vinícius Cantuária e o vencedor do Grammy Michael Leonhart, além de Cristóvão Bastos, responsável pela direção musical do projeto.

Alegria caiu nas graças da critica nacional e internacional por fundir música e literatura de forma empolgante, criando um som universal repleto de grandes letras e melodias, reforçando a personalidade e criatividade musical da cantora que se destaca em meio a tantas cantoras de repertório padronizado.

Beatriz Azevedo
Graduada em Artes Cênicas pela UNICAMP, Beatriz Azevedo estudou dramaturgia na Sala Beckett em Barcelona, e música no Mannes College of Music e no Jazz and Contemporary Music Program de Nova York. Seu primeiro album, *Bum Bum do Poeta*, contou com a participação de com participação especial de Adriana Calcanhotto e Zé Celso Martinez Correa.

Beatriz faz parte do CD Brazil-The Essential album, ao lado de Tom Jobim, Elis Regina, João Gilberto e Chico Buarque. Álbum duplo lançado na Inglaterra, que como o próprio nome sugere busca apresentar um único disco os melhores cantores de Música Popular Brasileira.

Qual história?

Por Marcos Silva
em comentário neste blog

Amigos e amigas:

A idéia de tornar necessário algum conhecimento de História da Cidade do Natal para se exercer função pública municipal até que é boa. Falta pensar com maior clareza: qual História, qual Natal?

Se for para tornar obrigatória a leitura do clássico História da cidade do Natal, de Câmara Cascudo, a questão melhora mais ainda, embora seja necessário levar em conta que o referido livro, de grandes méritos, requer diálogos com outros que surgiram depois.

Proponho que se tome essa idéia como ponto de partida para um debate sobre o que é mesmo a História de nossa urbe. E sugiro aos vereadores que organizem uns debates sobre a História que se deverá conhecer.

Abraços:

Marcos

História de Natal é obrigação

A Câmara Municipal de Natal aprovou um projeto de lei que garante que os concursos públicos em âmbito municipal incluam pelo menos 10% das questões sobre a história de Natal, de autoria do vereador Maurício Gurgel. O projeto foi aprovado por unanimidade em primeira discussão. E deverá voltar na pauta da sessão da Câmara Municipal nesta semana. Caso ele seja definitivamente aprovado, todos os editais de concursos públicos do município deverão contar com questões sobre a história da cidade.

Festival Beatles no Sgt Peppers


Em busca de um prêmio de 4 mil reais, as bandas potiguares competem no primeiro festival de Beatles do RN. O festival entra na sua quarta semana e já passaram pelo palco do Sgt Peppers dez bandas.

Para a próxima etapa já se classificaram, exatamente como eu previ: Os Grogs, Diogo Guanabara & Macaxeira Jazz, OCTO VOCI, Jack Black e Revolver. As bandas já gravaram uma canção dos Beatles para o álbum promocional que será lançado no dia 5 de junho, na final do festival.

Essa semana acontece os últimos três dias da primeira etapa. Sempre às 20h, a R$ 5 o ingresso.

Cronograma:

25/05 – Clara e a Noite x The Numbers Nine
26/05 – Kawa Nui x Rodocrisia
27/05 – Repescagem com as sete bandas que não se classificaram, sairá mais uma que entrará para a próxima fase.

Alguém duvida da vitória de Clara e a Noite, Kawa Nui e a volta do Mad Dogs nesse arrumado que estava fora do regulamento para trazer a banda dos cachorros loucos à próxima fase?

1º Encontro da Rede de Produtores Culturais da Fotografia

Criada em 2009, depois de a Carta de Paraty ser apresentada ao Ministério da Cultura – documento redigido durante o 5º Paraty em Foco como contribuição do setor fotográfico à cultura nacional –, a Rede de Produtores Culturais da Fotografia no Brasil organiza o seu primeiro grande encontro nacional.

Formada por produtores, festivais, galerias, escolas e afins, somando até o momento 95 iniciativas, a RPCFB propõe ações de cooperação na formulação de políticas públicas capazes de difundir e consolidar a produção fotográfica no país além de criar uma rede sólida de cooperação entre os diversos setores da produção cultural na fotografia.

Não se trata de uma rede de autores e, sim, de iniciativas para fortalecimento do trabalho dos autores. A pesquisa e o mapeamento da fotografia brasileira também estão entre as principais pautas da agenda da rede. Posteriormente, todo o conteúdo desenvolvido será disponibilizado em um portal na internet e editado por catálogos.

Neste primeiro Encontro – organizado pela Associação de Fotógrafos Fototech (representante da Rede no convênio firmado com o MinC), pelo Estúdio Madalena (produção e pesquisa), pela A Casa da Luz Vermelha (produção local – Brasília) e integrantes da RPCFB – a proposta focaliza diversos temas que envolvem a produção cultural da fotografia brasileira como, o ensino da fotografia sob o impacto das novas mídias, fotografia e inclusão sócio-cultural, fotografia e memória, políticas públicas, gestão cultural em fotografia, entre outros.

PROGRAMAÇÃO I º ENCOTNRO DA RPCFB

Centro de Convenções Israel Pinheiro
SHIS - conj. A - EPDB - Lago Sul Brasília - DF

Quinta, dia 27
Das 18h às 20h:
Abertura Oficial: Secretário de Políticas Culturais (José Luiz Herencia) e Representantes da Rede (Carlos Carvalho, Iatã Cannabrava, Patrícia Gouvêa e Clicio Barroso).
Palestra: A criação do INFoto/Funarte: a concretização de uma utopia, -Prof. Pedro Vasquez
20h:
Abertura da Exposição Comemorativa dos 50 anos de Brasília na Galeria A Casa da Luz Vermelha

Sexta, dia 28
Das 9h às 12h
GRUPOS DE TRABALHO
GT1: Políticas Públicas para fomento, pesquisa e difusão da fotografia.
GT2: Meios de difusão e canais de comunicação
Das 14h30 às 17h30
GRUPOS DE TRABALHO
GT3: Ensino da Fotografia - Instituições de Ensino / Cursos Livres
GT4: Relações internacionais
Das 18h às 20h
Palestra - A Inserção da Fotografia no Mundo da "arte", Prof. Helouise Costa

Sábado, dia 29
Das 9h às 12h
GRUPOS DE TRABALHO
GT5: Formato da Rede
GT6 A: Direito autoral e direito de imagem
GT6 B: A Questão Fiscal
Das 14h30 às 17h30
GRUPOS DE TRABALHO
GT7: Memória da produção contemporânea
GT8: Modelos de gestão de redes, encontros e festivais
GT9: Projetos socioculturais
Das 18h às 20h
Conversa com produtores culturais estrangeiros

Domingo, dia 30
Das 9h às 12h
Assembléia Geral
Encerramento do Encontro com o Ministro Juca Ferreira

Informações
Marcy Junqueira – Martim Pelisson
Fone: 11.3032-1599
marcy@pooldecomunicacao.com.br/ martim@pooldecomunicacao.com.br

Contra a bruxa do mercado editorial


Terceiro livro de Juliano Freire traz aventura de herói mirim no sertão do Seridó com pitadas de cordel

Perseguido por uma figura misteriosa e cheia de artimanhas, um menino sertanejo conta com a ajuda de seres mágicos para enfrentar uma maldição que o tornou a criança mais triste do lugar onde mora. Este é o mote de Felizardo Contra a Bruxa da Feira, título que remete à literatura de cordel, mas que na prática traz uma história pontilhada de magia, monstros, fada, bruxa e um cachorro esperto demais. É o terceiro livro do escritor e jornalista Juliano Freire de Souza dedicado ao público infantil e infanto-juvenil. O lançamento está marcado para esta segunda-feira, às 18h, na Siciliano do Midway. Com projeto gráfico da Infinita Imagem, a obra tem ilustrações de Tomaz Gonzaga, jovem promessa das artes gráficas do Estado. O livro tem como cenário a região do Seridó e suas paisagens. A marca da história é a aventura e a ação. Gente simples que de repente é vítima das maldades de uma mulher de quase dois metros de altura, enigmática e cheia de segredos. A apresentação do trabalho é feita pelo escritor Nei Leandro de Castro. Abaixo, o escritor comenta de inspirações, mercado leitor, tendências e importância do mercado editorial para o livro infantil e infanto-juvenil.

Entrevista – Juliano Freire

O enredo de seus livros é inspirado em obras literárias voltadas ao segmento infanto-juvenil, parte de algum mote dado sem pretensão por seus filhos, ou de temáticas que você julga necessárias repassar a este público?
É pura imaginação. O que vem primeiro mesmo é o enredo, começo-meio-fim. Dá uma agonia quando a gente tem a ideia na cabeça e falta tempo de desenvolvê-la. Parece um filme congelado na mente. Agora, durante o desenrolar da produção, os valores e princípios estão inseridos no texto. O público infantil é inteligente e várias vezes enxerga aspectos que nem o autor percebeu. Isso é o maior retorno de um escritor: ver seu trabalho ser comentado, analisado, ou saber que uma criança saiu de casa para passear com seu livro a tiracolo, um companheiro das primeiras letras.

Qual o cuidado extra, o diferencial e o atrativo na elaboração de textos para crianças e adolescentes?
Ilustrações são elementos de apoio que só enriquecem os livros. Comparo a uma carpintaria. Tive a sorte de contar com ilustradores que conseguiram captar a ideia de cada personagem. Em “Doninha e o Marimbondo”, o Jameson Magalhães deu uma feição aos personagens centrais que os aproximaram dos leitores mirins. Roberto Melo propiciou ao “Pereyra – o menino bom de bola” fisionomia realmente humana, social, realista. E agora, o Tomaz Gonzaga emprestou seu talento para ilustrar “Felizardo contra a bruxa da feira”, com ares de quadrinhos, raios, monstros, fada, efeitos luminosos, com técnica apurada. O diferencial é dar uma marca própria a cada estória. E o atrativo é captar a emoção de quem lê. Na cena em que o Felizardo chora copiosamente, formando um lago de lágrimas, isso é bem perceptível.

Qual a resposta obtida com os dois primeiros livros?
Pessoalmente, foram sonhos realizados, concretizados em palavras, cores e papel. Doninha trouxe um resultado local, duas tiragens, adoção do livro por três anos seguidos pelo Colégio Contemporâneo, palestras em escolas, proximidade com leitores. Se é importante à criança conhecer o escritor, para este é muito mais valioso ainda colher as impressões. Certa vez, fui sabatinado por dois alunos do 5º ano do mencionado colégio e foi cada pergunta... A capacidade deles é superior ao que a gente pensa. E “Pereyra” foi publicado pela Cortez Editora e tem sido apresentado em várias feiras literárias pelo país. Apareceu na ESPN Brasil, no Museu do Futebol do Pacaembu, e colégios de outros estados o adotaram.

Nesse intervalo entre a publicação do primeiro e terceiro livro, você já sente a perda de espaço do livro para o e-book, ou entre o material impresso e o eletrônico? Você já pensa em um quarto livro também lançado via mídia eletrônica?
Penso em uma maneira de conciliar os dois mundos, o do papel e o virtual. O problema é que no meu caso, tenho a dimensão criativa do projeto, mas é preciso ter a veia comercial. O papel eterniza a obra, mas não dá para descartar o espaço eletrônico. Esses trabalhos poderiam ter maior visibilidade se estivessem inseridos na cultura da internet, do e-book. Tenho textos de um 4º, de um 5º livro, prontos. Quem sabe nos próximos, possamos ter as duas vertentes ou trazer alguns dos primeiros para a via eletrônica. Mas, acho que o livro impresso ainda tem boa estrada pela frente, correndo em paralelo ao meio virtual.

A literatura infantil ainda é incipiente no Brasil? A literatura de cordel seria um caminho atrativo e pouco explorado nas escolas?
O livro parece tema de versos de poesia popular. Existe muito preconceito contra o cordel, justamente por ser simples, fácil e de raiz tão brasileira. Acredito que o universal começa quando ecoamos a voz de nossos sertões primeiros. Não diria que a literatura infantil seja incipiente, mas precisa de maior apoio dos poderes públicos. É um ramo mais caro. Exige ilustração, produção, editorações atraentes. Às vezes se chega a gastar valores consideráveis para se fazer um livro deste. E a literatura para crianças é subestimada. Há quem ache se tratar de um gênero menor, talvez porque não traga o ranço da vaidade intelectual. Ora, formar os novos leitores no nascedouro gera um compromisso muito maior. Como tudo na vida, se começa pelos degraus inferiores, não pelas cúpulas. Mas as dificuldades nos gêneros infantil e adulto são semelhantes. O começo é repleto de obstáculos e pouquíssimos conseguem superar os custos.

Há mercado para este segmento?
Livro no Brasil ainda é artigo de luxo, por mais que haja isenção de impostos em alguns insumos. Você vê um trabalhador lendo um livro na parada de ônibus? Algum pobre comprando exemplares para seus filhos na livraria? Não estou falando somente de dinheiro, mas de visão. Não se faz uma cidade, um estado e uma nação melhor sem a democratização da leitura, do acesso, da continuidade. No geral existem aqueles que não querem que o povo se eduque, leia mais, conscientize-se, seja um crítico que incomode. Se minha mãe não tivesse lido para mim, na infância, contado estórias, estimulado a gostar de ler, eu hoje não estaria atuando nesta área, teria ojeriza a livros. O prazer do livro começa em casa, depois vem a escola, as políticas públicas, os incentivos. Por isso tudo acho que quem faz livro no Brasil é teimoso, resistente e sonhador.

Lançamento literário
Livro: Felizardo contra a bruxa da feira
Onde: Livraria Siciliano, Midway Mall
Data e hora: segunda-feira, às 18h
Preço: R$ 28

* Matéria publicada ontem no Diário de Natal

domingo, 23 de maio de 2010

Tuitando com Ana Lidia Correia

A respeito da demissão da então diretora do Teatro Alberto Maranhão, Hilneth Correia, Ana Lídia - a qual desconheço - comentou sobre o que eu sugeri: que pedisse demissão a diretoria da Fundação José Gugu, e decretar a demissão de Hilneth. Será que foi porque ela é partidária do PSB? Será que foi por ela ter manifestado insatisfação na demora para análise do projeto Ribeira das Artes, encaminhado no início do ano e até agora está parado? Será que a gestão cultural do Estado vive em clima de ditadura ou regime totalitário?

analidiacorreia @s_vilar tou com vc!!! quem deveria ter pedido demissão era a diretoria da FJA, aquilo ali é um desgoverno!!!

analidiacorreia @s_vilar olhe o que fizeram com a cultura do nosso estado e acabaram com a Cidade da Criança!!! Só mato e muito metralha!!!

analidiacorreia @s_vilar Hilneth prestou um grande serviço na cultura do nosso Estado!!! olhe só o auxilio montagem e a Ribeira das artes nos domingos

analidiacorreia @s_vilar quem não dançar a musica deles lá, não tem valor nenhum!!!

analidiacorreia @s_vilar PT aqui é uma onda!!! todos brigam entre si!!! a única que ainda dou valor é a Fatima Bezerra, que é uma pessoa séria !!!

analidiacorreia @s_vilar Petista adora o discurso de clasifficar os outros como Burgueses. Burgueses sao eles que chegaram no poder agora so pensam $$$$$

Filme tailandês vence Festival de Cannes


Thiago Sstivaletti
Colaboração para o UOL, de Cannes

Foi uma escolha ousada, surpreendente e muito justa. O júri presidido por Tim Burton concedeu a Palma de Ouro ao filme tailandês “Uncle Boonmee who can recall his past lives” (Tio Boonmee que se lembra de suas vidas passadas), de Apichatpong Weerashetakul, um filme difícil mas encantador sobre um homem doente na floresta da Tailândia que lembra de suas antigas reencarnações, como peixe e outros animais.

Tim Burton foi honesto com aquilo que mais lhe atrai nos seus próprios filmes: a magia e a fantasia. “O mundo está mais ocidentalizado, e esse é um filme de outro país que usa elementos de fantasia de uma outra maneira. É um sonho estranho e bonito como não costumamos ver”, declarou após a premiação.

“Obrigado ao público por me dar uma chance de compartilhar meu mundo com vocês. Agradeço todos os espíritos e fantasmas da Tailândia que me permitiram estar aqui”, agradeceu Apichatpong.

A Palma de Ouro veio coroar outras premiações de Apichatpong em Cannes. “Blissfully Yours” (2002) venceu a mostra Um Certo Olhar e “Tropical Malady” (2004) venceu o Prêmio do Júri. Em outubro, São Paulo terá uma retrospectiva de seus filmes, e uma instalação do multiartista será vista na Bienal de São Paulo.

Juliette Binoche: Melhor Atriz em Cannes
Juliette Binoche e Javier Bardem confirmaram seu favoritismo como melhor ator e atriz do festival. Mas houve uma surpresa: Bardem dividiu o prêmio com o italiano Elio Germano de “La Nostra Vita”, que fez um belo discurso atacando o premiê Silvio Berlusconi: “Nosso presidente nos critica dizendo que fazemos filmes que falam mal da Itália; quero apenas dizer que a Itália um país maravilhoso, apesar da nossa classe dirigente”.

O Grande Prêmio do Júri, espécie de segundo colocado, foi o francês “Des Hommes et des Dieux” (de homens e deuses), filme sensível sobre o caso real de oito monges que viviam num monastério na Argélia e foram assassinados por uma milícia rebelde.

O britânico “Another Year”, de Mike Leigh, o filme mais bem avaliado pela crítica internacional presente no festival, acabou saindo sem nenhum prêmio.

Antes da cerimônia, a apresentadora Kristin Scott-Thomas fez mais um protesto contra a prisão do iraniano Jafar Panahi: “O festival termina hoje e a cadeira do jurado Panahi continua vazia. Este é o nono dia de sua greve de fome. Steven Spielberg nos ligou e lembrou que o Festival de Cannes é uma fortaleza que protege o cinema, uma porta para a liberdade. Esperamos que ele esteja aqui no próximo ano”.

A lista de apresentadores digna de Oscar contou com atores como Emmanuelle Béart, Kirsten Dunst, Guillaume Canet, Diane Kruger, Salma Hayek e Charlotte Gainsbourg.

Premiados:

Palma de Ouro
“Uncle Boonmee Who Can Recall His Past Lives” (Tio Boonmee que lembra de suas vidas passadas), de Apichatpong Weerasethakul (Tailândia)

Grande Prêmio do Júri
“Des Hommes et des Dieux” (de homens e deuses), de Xavier Beauvois (França)

Melhor Ator
Javier Bardem, por “Biutiful”, de Alejandro González Iñárritu (México/Espanha)
Elio Germano, por “La Nostra Vita”, de Daniele Luchetti (Itália)

Melhor Atriz
Juliette Binoche por “Copie Conforme”, de Abbas Kiarostami (França/Itália/Bélgica)

Melhor Diretor
Mathieu Amalric, por “Tournée” (França)

Melhor Roteiro
Lee Chang-dong, por “Poetry” (Coreia)

Prêmio do Júri
“A Screaming Man”, de Mahamat-Saleh Haroun (Chade)

Caméra d’Or – melhor primeiro longa-metragem
“Año Bisiesto”, de Michael Rowe (México) – Quinzena dos Realizadores

Palma de Ouro - melhor curta-metragem
“Chienne d’Histoire”, de Serge Avedikian (França)

Prêmio do Júri – curta-metragem
“Micky Bader”, de Frieda Kempf (Dinamarca)

Fundo Municipal de Cultura aprovado

Está decretado e publicado no Diário Oficial do Município da quinta-feira (20), o Decreto 9.076 que regulamenta o Fundo de Incentivo à Cultura (FIC) que foi instituído pela Lei Nº. 4.838, de 09 de julho de 1997, mas só agora foi regulamentado.

O Fundo de Incentivo à Cultura, de natureza contábil e financeira, tem por objetivo promover a produção cultural da Cidade, exclusivamente através de bens culturais públicos, bem como viabilizar ações de interesse coletivo dos diversos segmentos da cultura.

Os projetos beneficiados pelo FIC não poderão ser comercializados. O Fundo de Incentivo à Cultura será gerenciado pelo Conselho Municipal de Cultura, a quem cabe decidir sobre sua aplicação, acompanhando e fiscalizando a execução de projetos aprovados pelo mesmo.

Amaury Júnior, secretário executivo do Conselho, disse que em 30 dias será publicado o edital 2010 do FIC, destinando a verba de R$ 200 mil com base na dotação estabelecida na Lei Orçamentária Anual (LOA).