quarta-feira, 30 de setembro de 2009

De Zé Dias e sua "Khrystalina"

O produtor musical Zé Dias é uma figura fantástica e um verdadeiro comunicador; assessor de imprensa dos mais competentes. Quase diariamente recebo dele notícias da programação musical do Praia Shopping ou dos shows da "Khrystalina". Quando se trata de Khrystal há sempre um relato pessoal, com detalhamentos do cotidiano do casal e dos bastidores do show business e opiniões musicais de quem entende do riscado como poucos. O texto de hoje atesta bem isso:

São 6:00 horas da manhã e o nervosismo de ver KHRYSTAL cantar de novo fora de Natal, mais precisamente em Maceio, toma conta do calejado produtor, visto que, cantaremos na terra de JACINTO SILVA, um dos ídolos de KHRYSTAL, que ela nos quase 200 shows que fez no RN e no resto do Brasil, sempre fez questão de exaltar. JACINTO SILVA, como ELINO JULIÃO, fazem parte da leva genial de artistas nordestinos, NA LINHA DE Jackson do Pandeiro, que A BOSSA NOVA e A JOVEM GUARDA, escondeu com ajuda dos MEIOS DE COMUNICAÇÃO, debaixo do tapete.

Já acordada para pegar a estrada, KHRYSTALINA anda pela casa como se fosse se encontrar em Maceio com o ídolo. O primeiro encontro de KHRYSTAL com JACINTO se deu atráves do disco BATE O MANCÁ - O POVO DOS CANAVIAS - de Silverio Pessoa, cuja única canção que não é de Jacinto, é de ELINO JULIÃO. Em 2008, na Paraiba, mais precisamente na ABERTURA DO SÃO JOÃO DE JOÃO PESSOA, Silverio e Chico Cesar, ao lado de KHRYSTAL, dividiram o palco, cada um com seu show, e o PERNAMBUCANO impressionou-se com a Potiguar, que ele já tinha elogiado através de EMAIL.

Na primeira saida de KHRYSTAL para uma apresentação em televisão nacional, em 2007, no Progragam VIOLA MINHA VIOLA de Inezita Barroso, da Tv Cultura de São Paulo, indicada que foi por DIANA AIRES da TV U local, Khrystal cantou CHICO ANTONIO (USINA) e emendou com COCO DO M de Jacinto Silva, fazendo questão de exaltar seu amor pelo ALAGOANO. Após a gravação do Programa, fomos ao Bar do TONINHO em Pinheiros, se encontrar com RENATO BRAS, BRÉ, PAULINHO GRASMMAN e HOMERO FERREIRA, prestigiado produtor da MPB, que ajudou a construir vários discos importantes da Canção Popular Brasileira, como SEU FRANCISCO DE CHICO BUARQUE E WILSON, GERALDO E NOEL de João Bosco.

Uma turma de amigos paulista faziam a roda, cantavam e lá para a tantas, KHRYSTAL, FRANKLIN NOGVAES E KLEBER MOREIRA, atacam canções nordestinas e entre elas, algumas de JACINTO. Noite Memoravel, que levou HOMERO FERREIRA a arrumar um show no Bar PIU PIU no Bexiga, Reanto Bras arrumar uma participação no Bar FEITIÇO DE AQUILA e pedir para que voltassemos no Domingo a noite, para com mais gente, KHRYSTAL CANTAR novamente no Bar do Toninho, especie de BAR DO CÚ em Natal. O PIU PIU e o FEITIÇO DE AQUILA, tava na programação do dinheiro do HOTEL E DA ALIMENTAÇÃO, mas voltar ao Bar do Toninho, estando LISO, era foda. OLAVO QUEIROZ, amigo Paulista que mora em Natal tava lá, e lhe contei do convite, dizendo-lhe que tava liso, mais seria importante KHRYSTAL plantar uma semente em São Paulo e ele levantou-se da mesa em que estava, foi num banco 24 Horas e trouxe R$ 300,00 e me disse que eu pagasse quando pudesse.

O Bar lotado e Khrystal de bate pronto canta USINA do Potiguar CHICO ANTONIO e emenda, como na CULTURA com COCO DO M e QUADRA E MEIA de Jacinto levando HOMERO as lagrimas e pela empolgação do público, vi pela primeira vez KHRYSTAL chorar. Eu que achava que na adolescência ela tinha gastado todas as lágrimas. Foi emocionante e inesquecivel e agora que KHRYSTAL chega à TERRA DOS MARECHAIS, berço de JACINTO, queria contar este fato, que ajudou a construir a trajetória de KHRYSTALINA. Queria lembrar que paguei os R$ 300,00 de OLAVO e quando cheguei em Natal tinha o seguinte EMAIL de Homero Ferreira: "SEU GALADO, só você liso, para encarar mais um dia de HOTEL E ALIMENTAÇÃO para mostrar a um pequeno pedaço de SÃO PAULO, uma extraórdinaria cantora Brasileira". PARECE QUE HOMERINHO TINHA RAZÃO.

GRATO

ZÉ DIAS

E segue o OBS de Zé dias:

AMANHÃ, KHRYSTAL, XANGAI E CATIA DE FRANÇA, NO PRAIA SHOPPING AS 21HS na comemoração dos meus 50 anos. QUEM FOR, GANHA INGRESSOS, HOTEL E PASSAGENS DE AVIÃO PARA O PRÓXIMO JOGO DO MEU FLUMINENSE.

Resquícios da Flipa


O sebista, editor e amigo Abimael Silva visita a redação para promover o lançamento do romance Escutei na Feira, do estreante no ramo, o engenheiro Jorge Davim. Será nesta terça-feira, às 19h. Aonde? Na Siciliano, ora, pois.

Do livro, no singular, falo depois. Comento agora de livros. Muitos. Enquanto Danusa Leão e Lobão conversavam com a plateia, para delírio dos críticos do Festival Literário de Pipa, Abimael faturava no estande ao lado da tenda literária.

Segundo o Dom Quixote do Sebo Vermelho, a média foi de 50 livros vendidos por dia de Flipa. Não bastasse o sucesso do rapaz, meninote que foi daquela Tibau do Sul, o Sebo Vermelho será tema de documentário produzido pelo competente Laguardia - o mesmo do Doc O Vôo Silenciado do Jucurutu, sobre a cineasta Jussara Queiroz.

Já li o roteiro. Vem coisa boa por aí.

Solto na Cidade


De parabéns pela ideia essa galera do Solto na Cidade. A nova edição já pode ser adquirida, gratuitamente, nos mais de cem pontos de distribuição espalhados por Natal. O número 25 está bem colorido, combinando com este mês em que é comemorado o Dia das Crianças.

A edição, claro, traz um roteiro especial dedicado ao público infantil: o “Soltinho”, com espetáculos, palhaçadas, brincadeiras e dicas de lugares onde os pais podem levar seus filhos para um dia de lazer.

Em atenção aos inúmeros pedidos dos leitores, a equipe de edição voltou com o famigerado “Programa de Liso”, que na versão on line, junto com a agenda e as promoções, é campeão de audiência absoluta. Marcelo Tavares (ou Panela, como preferirem) selecionou os melhores eventos gratuitos programados para esta primeira quinzena de outubro.

A edição traz ainda espetáculos, agenda de música, uma entrevista com Rodrigo Bruggemann - o palhaço Piruá da Tropa Trupe -, dicas de gastronomia e muito mais.

SOBRE O GUIA

O Guia Cultural Solto na Cidade é uma publicação quinzenal, distribuída gratuitamente em mais de 100 pontos espalhados pela cidade (cinemas, casas de espetáculo, teatros, livrarias, bares, restaurantes, cafés, faculdades, hotéis e shoppings, entre outros). A tiragem é de 10 mil exemplares por edição. A direção está a cargo da jornalista Anne Caroline Medeiros e do empresário Federico Rinaldi e o conteúdo editorial é assinado pelos jornalistas Itaércio Porpino e Marcelo Tavares. A publicação conta com o apoio da Prefeitura Municipal do Natal, Assembléia Legislativa do RN, Fecomércio e Harabello Turismo, entre outros parceiros da iniciativa privada e pública.

SOLTO NA REDE

Além da versão impressa, o Guia Cultural Solto na Cidade também faz sucesso no mundo virtual. Afinal, já são mais de 14 mil acessos por mês. No endereço www.soltonacidade.com.br os internautas podem acessar informações atualizadas dos eventos que estão acontecendo na cidade e também o conteúdo produzido exclusivamente para a página. Outro diferencial é a seção promoções. O espaço, reservado para o sorteio de ingressos de shows, espetáculos e outras atividades, é um dos mais visitados do site. E para reforçar ainda mais a interatividade com o público, o Solto acaba de ingressar no mundo do Twitter. Por meio do endereço www.twitter.com/soltonacidade os internautas poderão acompanhar com muito mais dinamismo as promoções e eventos da quinzena. O guia também está no Orkut.

Da Janela da Metrópole


O vereador sangue bom que mereceu meu voto no último pleito lança livro hoje, às 18h, na Capitania das Artes. George Câmara é autor de Da Janela da Metrópole - livro lançado pelo selo do poeta Adriano de Souza, a Flor de Sal e com ilustrações de Giovanni Sérgio.

São 50 artigos organizados para conduzir o leitor a um passeio possibilista pela metrópole. Uma colcha de retalhos históricos, políticos e culturais que nos deixam frente a frente com dilemas sociais, reflexões íntimas e encruzilhadas como a contemplação passiva ou a curiosidade ativa.

Diante do release enviado, imagino que o trabalho realizado por George Câmara como presidente da Região Metropolitana de Natal represente o cerne do conteúdo do livro. Não foi informado o valor do livro. E meu voto continua do único representante "vermelho" da Câmara.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Som da Mata volta neste domingo


Notícia muito ótima: um dos melhores e mais agradáveis programas culturais de Natal voltou com a força toda e em definitivo.

O Som da Mata retorna neste domingo no Anfiteatro Pau-brasil, no Parque das Dunas. E volta com o mesmo formato que o consagrou como um programa de domingo de qualidade musical inquestionável, sempre com apresentação dos melhores instrumentistas do Estado.

E a espera foi grande: 11 meses de recesso, com apenas 2 apresentações nesse meio tempo (Diogo Guanabara & Macaxeira Jazz na Semana do Meio Ambiente e Lola & BZ4 há 2 semanas).

Para coroar esse retorno, nada melhor que o Café do Vento, quarteto criado em 2002 que inventa instrumentos musicais e apropriam-se de objetos do cotidiano aliados ao violino, bandolim, flauta, violão, marimbal e percussão para fazer uma música atípica, com personalidade, diferente de tudo que existe no mercado.

No repertório, além de composições próprias, reinventam os clássicos Vivaldi e Ravel, acrescentando-lhes características dos folguedos populares.

Em fase de preparação de um novo CD a ser lançado próximo ano, o Café do Vento, com certeza, vai repetir o sucesso de suas apresentações anteriores no palco do Som da Mata.

Para quem quer prestigiar, o projeto volta no mesmo horário, sempre às 16h30 e por simbólico R$ 1. Contato: 3201-4440.

Lobão tem razão?


Lobão é a contradição de seu próprio personagem. Durante o último dia do Festival Literário de Pipa (Flipa), o cinquentão metralhou frases de efeito desmedidas, atirou contra todos e atingiu o próprio peito. A tradição folclórica, a Bossa Nova, o PT, os tropicalistas, a Semana de Arte Moderna de 1922, Ariano Suassuna e os discos produzidos na década de 80 foram apenas alguns dos alvos do roqueiro durante duas horas de “palestra”. Resultado: gargalhadas, aplausos e uma tenda super lotada. A mais concorrida dos três dias de evento. E a pergunta chave da conversa permaneceu ao fim da mesa: Lobão tem razão?

Primeiro é preciso personificar melhor o convidado, segundo ele mesmo: “Sou um troclodita pouco articulado”. Depois, foi mais específico: “Nacional Kid, Ghost-writer, as novelas da Globo. Isso sou eu”. Lobão é também epilético. “Conheci minhas crises epiléticas com Nietzsche. O Sartre eu não gosto: ele é muito MPB”. É também uma das figuras mais produtivas da cena rocker brazuca quando o gênero alcançou seus melhores momentos, durante os anos consumistas da década de 80. E quando o assunto adentrou a seara, o fantasma da Bossa Nova foi a bola da vez. “O rock é dionisíaco; a Bossa é apolínea. A Bossa Nova é um esforço tão banal quanto o instrumental de Ray Conniff; coisa de bunda mole”. E completou: “Detesto música instrumental, exceto a erudita”.

Chico Buarque foi pouco metralhado se comparado ao ex-ministro Gilberto Gil: “Chico era o noivo ideal tanto da esquerda ou da direita; a figura do rapaz certinho, com aquele visual bocó. Quando adotou o bigode ficou mais rock, mas depois esmoreceu”. Gilberto Gil? “A maior raposa que passou pelo Ministério da Cultura. Pagou um milhão pra Ivete Sangalo e Carlinhos Brown viajarem a Paris, no ano da França no Brasil para mostrar que o país é axé…” E atirou à queima-roupa no PT e no presidente Lula, para desalento da deputada federal Fátima Bezerra, sentada na primeira fila da palestra.

A Bahia ainda receberia alguns tiros. “Pagam mil reais para essa invenção baiana de micareta e reclamam do ingresso a 250 reais para ver Bob Dylan. Esse é o Brasil. Vejo um monte de baboseira na TV. O povo engole isso e acha ótimo”. Esse foi o mote para atacar o autor de Auto da Compadecida e Pedra do Reino: “Folclore é coisa de pobre. Você vê isso em Washington? Temos aqui um Ariano (Suassuna): um hitlerianozinho; um excelente escritor e péssimo filósofo. Ora, Michael Jackson não pode entrar em Pernambuco? E Maurício de Nassou fez o quê? O Ariano é ingênuo, idiota e católico”.

Os brasileiros segundo o evangelho de Lobão

Para traçar o perfil do brasileiro, Lobão foi além, a partir da herança deixada pela Bossa Nova: “Até hoje o Brasil é contra a guitarra elétrica. Para os musicólogos, a música brasileira acabou com o fim do Tropicalismo. Caetano, Gil, são passado, mas permanecem intocáveis. Precisamos nos reiventar. Isso vem desde a Semana de Arte Moderna de 1922, que crucificou Olavo Bilac, cara”. E continuou: “Essa mentalidade regressiva tira nossa capacidade de sermos honestos com o que fazemos hoje. Fica essa retórica vazia, sem contestação, sem ruptura. Esses caras jamais representam o mosaico que o Brasil é. Eu não me represento na Carmem Miranda nem no Zé Carioca. Tudo isso faz parte da cosmogonia brasileira. Essa mentalidade tacanha rege a música brasileira e, ao final, tudo vira novela das oito”.

Cazuza e a indústria fonográfica

“Cazuza foi meu melhor amigo. Mas alguém viu o filme de Cazuza? Me viram? Claro que não. Desapareci de muita coisa que tiraram o retrato no Brasil”. E foi justo quando estava apagado da mídia que Lobão deixou para trás anos de drogas, álcool e uma prisão na década de 80 para liderar uma campanha revolucionária e moralizadora contra o mercado musical brasileiro. Foi ele o principal responsável pela aprovação da Lei de numeração de Cds e Dvds, em 2003. Anos depois, assina com uma grande gravadora para o lançamento do Cd/Dvd MTV ao Vivo. “Disseram que eu fui contraditório. Mas nunca quis matar as gravadoras. Fiz meu trabalho independente e depois lançei disco pela Sony, que estava menor por minha causa”.

Underground no Faustão

“A cena underground tem a sensação nociva de que a internet basta”. Lobão bateu contra a essência da música underground, das guitarras de garagem e sintetizadores barulhentos. Defendeu a participação dessa galera nas rádios e no programa do Faustão. “Tem que tocar no rádio. O mainstream tem dificuldade de absorver esse tipo de gente muito Lado B. Eles querem artistas mais inofensivos”. E aconselha: “Quer ser músico profissional? Assine um contrato. Não adianta. Imponha sua verdade. Os Beatles foram o que foram dessa maneira. Eles trocaram o baterista rebelde, colocaram aquele cabelinho de cuia e fizeram a sua música. A revolução de hoje consiste em estar no Faustão. O underground só critica. Você está no Brasil, cara. Se você não for o Calypso ocupa o espaço. Não é assim?”. Lobão tem razão?

Anunciadas primeiras atrações do Mada

Guitarras de garagem e sintetizadores new wave. Esta mistura é o hype do momento e ela já tem dono; é o Copacabana Club, grupo curitibano que acaba de lançar o "King of the Night", festejado EP que reúne quatro canções dançantes e melodiosas, que vem chamando atenção da mídia especializada e do público.

A banda virá a Natal na 11ª edição do Festival Mada — Música Alimento da Alma, que acontecerá dias 23 e 24 de outubro, na Arena do Imirá, Via Costeira.

Além do Copacabana Club outros nomes já estão fechados no line up do festival. Marcelo D2 e Ana Cañas, que já foram anunciados recentemente, além da roqueira Pitty, também headliner desta edição e a banda Natiruts, representando o reggae como uma das apostas de destaque do festival.

Das indies, destaque para a Ganeshas, banda carioca que ganhou o festival B de Banda do Jornal do Brasil em parceria com o MADA, e ainda Chico Antronic Embola DUB, mais Fungos Funk (MG).

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Flipipa rumo à internacionalização


Folclore é uma merda, coisa de pobre? Só se for na opinião de Lobão e sua metralhadora cheia de mágoas. Parece regra em eventos literários: a atração mais pop é sempre a mais prestigiada, mesmo sem muito a dizer. No Festival Literário da Pipa também foi assim. A mesa com Lobão lotou. Mas também as tendinhas literárias e as oficinas de formação. E outras palestras mais propositivas, como a mediada pelo jornalista Osair Vasconcelos com os, antes de tudo, nordestinos, Moacy Cirne e Ronaldo Correia de Brito. A essência discursiva desta mesa foi também a da Flipa. Afinal, qual a linha divisória entre o regional e o universal?

Mesmo com a programação ainda indefinida, o evento já recebia a pecha de provinciano. Tudo por causa da participação de grupos folclóricos e da mostra de artesanato. Talvez Lobão também achasse o mesmo. Imagine se fosse discutido a Bossa Nova, como no último Encontro Natalense de Escritores. Para Lobão, a Bossa Nova é o retrato de um Brasil atrasado, coisa de bunda mole. O que é a cara do Brasil, então? Carmem Miranda? O romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos? O escritor que desbancou Saramago e Milton Hatoum como vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura, Ronaldo Correia de Brito lembrou que o sertão está em toda parte.

Oswaldo Lamartine já disse algo parecido: o sertão está em cada um. Não é exatamente o sertão estigmatizado por Glauber Rocha e o Cinema Novo ou dos clássicos literários dos chamados regionalistas, mas o sertão/solidão; sertão de tristezas e paixões; um sertão tão grande quanto o mundo de cada um. Seja em terras áridas ou nos campos mais floridos. As mesas temáticas da Flipa poderiam acontecer em qualquer chão: na Pipa litorânea historiografada por Hélio Galvão, no sertão de Euclides da Cunha, na Galiléia de Ronaldo Correia de Brito, na periferia literária de Heloísa Buarque de Holanda ou no superficialismo de Danusa Leão.

A primeira edição da Flipa mostrou vigor para o futuro. A promessa de investimentos mais substanciosos por parte do secretário estadual de Educação, Rui Pereira, atesta o sucesso do evento e a necessidade da aposta em setores pouco explorados, como o marketing do Festival ou atrações musicais de renome nacional. “Se a governadora atender meu pedido, no próximo ano o investimento será triplicado”, disse. Prevendo, então, R$ 1,5 mil para a segunda edição, já confirmada para o mesmo período primaveril de 2010. A tenda literária para 270 pessoas ficou pequena. O curador e idealizador do evento, Dácio Galvão, já pensa em novo local, mais amplo. Talvez no estacionamento de ônibus, na entrada da praia.

Para Dácio, a Flipa foi a “ponta de lança” dos encontros literários realizados no Rio Grande do Norte. “Tivemos muito poucos, sendo um no governo de Aluízio Alves, na década de 60, depois outro promovido pela UFRN (Encontro Nordestino de Escritores) muito exitoso, as três edições do Encontro Natalense de Escritores (Ene) e agora esse nosso. E que se faça a diferença para as feiras e bienais, de cunho mercadológico”. Dácio coloca como diferencial da Flipa o sucesso das oficinas literárias e pedagógicas. Várias comunidades e cidades circunvizinhas participaram. “Acredito que acertamos também na escolha dos temas. O público foi presencial. Veja que o evento é feito no período de baixa estação de Pipa. Seria fácil lotar a tenda no mês de janeiro”, ressalta.

De fato. A participação tanto nas tendas literárias quanto nas oficinas ministradas por Raimundo Carrero foi de nativos da praia, turistas, estudantes e interessados em literatura. Os sotaques carregados em cada pergunta atestava o caráter democrático e popular proporcionado pela Flipa para um recanto até então pouco voltado à literatura e mais afeito à badalação, ao turismo ou à gastronomia, salvo o trabalho promovido pela já pipense Cíntia Junqueira - homenageada pelo evento. “Eu faço Flipa durante 24 horas por dia aqui em Pipa. Pensei que iria ficar de fora dessa”, disse a sempre hippie Cíntia, dona de um sebo na praia desde 1998, após receber um buquê de flores das mãos de Lobão.

A intenção para a próxima edição, além dos investimentos em mídia e em marketing mais substanciosos, é internacionalizar o evento, propondo a discussão a respeito da literatura lusófona. “É uma ideia sem custo operacional, de tradução simples e com potencial de resultados bem interessante. Vamos convidar escritores de língua portuguesa”, observa Dácio. João Gilberto Noll e Milton Hatoum são escritores já cogitados para a segunda edição da Flipa, que na verdade se chamará Flipipa. “Não existe a Fliporto? Porque não colocar o nome da praia no Festival, um nome forte como o de Pipa?”, sugeriu Rui Pereira, com a anuência do curador Dácio Galvão.

* A foto é de Fábio Farias, um dos membros da Revista Catorze.

A simetria enigmática de Ivo Maia


A arte é a primeira via escapatória da dor. E a dor advém da vontade irracional do homem. Portanto, a vida é sofrimento. E a arte é a alternativa capaz de levar o homem à vontade racional e de o livrar, por algum tempo, do sofrimento inato da existência. Esse é o pensamento do filósofo alemão Arthur Schopenhauer, também defendido por Nietzsche. É também a filosofia de vida adotada pelo artista plástico Ivo Maia. Quem caminha pela Cidade Alta com olhares de flaneur percebe um recanto colorido pela simetria de formas quase matemáticas ou metafísicas. É o Beco das Cores, galeria aberta ao público fincada no Shopping Popular do Centro, na movimentada e cinzenta Avenida Rio Branco.

Ivo Maia expõe ali seus pedaços de vida, seus filhos imortais. São telas representativas do que chama de uma nova escola das artes plásticas pós-modernismo. O estilo Mundo Ignorado tem origem numa expressão latinizada. Representa uma nova linguagem preocupada com o equilíbrio simétrico das cores e formas de um mundo enigmático. Segundo Ivo Maia, a origem do estilo parte de pesquisas metafísicas das cores e do simetrismo matemático. “Esse emaranhado, esse coquetel ou receita artística proporciona algo inovador, progressista. Para alguns críticos é algo ainda indefinido tamanha a profundidade. Daqui a 100 anos será pequisado para as futuras gerações”, vislumbra.

De certo, estilo Mundo Ignorado retrata um universo desconhecido a espera de descobrimento ou mesmo atenção. Foge do tradicional, da mesmice, do ultrapassado. “A arte precisa de evolução, novas técnicas e dimensões capaz de despertar novas reflexões e interagir com o novo mundo”, argumenta. E qual a necessidade desta geração confusa de uma era de falência de sistemas políticos, evolução acelerada dos meios de comunicação, novos questionamentos morais e uma nova gama de conceitos científicos? Equilíbrio. “A arte é, naturalmente, um dos equilíbrios sustentadores da raça humana. Nos traz direitos e belezas. E o Mundo Ignorado produz movimento, interação e, a partir da contemplação, novas formas, cores, ideias e leituras”.

Arte democratizada

Segundo Ivo Maia, para ser artista precisa conhecer, controlar e transportar a experiência para a mente, da mente à memória, e dela à matéria responsável por consubstanciar a arte. É o que este artista plástico natural de Catolé do Rocha, na Paraíba, tem feito. Radicado em Natal há 23 anos, Ivo largou outras atividades de professor de educação artística, operador de Raio X e técnico industrial para se debruçar em pesquisas e produção de arte. “Um dos direitos requeridos pela arte é o tempo. Dispenso muito tempo com a arte. Fecho e abro meus olhos com a peça à minha frente. Isso me desperta uma gama de sensações indescritíveis. E dessa maneira arrisco meu futuro na truculência do mistério do saber”.

O risco tem sido válido. Ivo Maia é dos raros artistas que vivem bem hoje da arte. A metodologia usada para isso vai além do mergulho “arriscado” no mundo lúdico e abstrato da arte plástica. Vai também ao encontro com o povo. Enquanto galerias como a Anjo Azul ou a do Centro de Turismo expõem vitrines inibidoras ao acesso do público, Ivo preenche de colorido e formas seu Beco das Cores - um espaço aberto, exposto ao sol, à chuva e à contemplação livre e descompromissada; à qualquer língua, etnia, raça ou status social. Outro diferencial é a livre negociação de valores das peças. “Não coloco tarjas de preços. Negocio na hora, parcelo. E assim atraio empresários, políticos, comerciários, comerciantes e artistas de vários gêneros”.

Como classifica o artista, a galeria Beco das Cores funciona como um cartão postal da Cidade Alta, um pingo colorido no balde cinzento do bairro histórico, desprovido de espaços semelhantes. “As peças são todas arrematadas. Posso afirmar que tenho um mercado consumidor, vivo da arte e sou bem sucedido. Por isso reivindico às autoridades políticas apoio ao artista. Se houvesse investimento nesta galeria outros poderiam ter a mesma oportunidade”.

Mundo reconhecido

Se o estilo adotado por Ivo Maia pretende despertar reflexão para um mundo até então ignorado e produzir novos conceitos a partir de uma nova arte conceitual, suas peças já pertencem a um mundo reconhecido e desejado por qualquer artista. O trabalho de Ivo Maia já foi exportado a países como Marrocos, Espanha, Bélgica, Itália, Japão, Estados Unidos, diversos estados brasileiros e outras adquiridas pelo ministro da Cultura, Juca Ferreira, quando esteve em Natal. “A governadora Wilma de Faria também comprou um para presentear o presidente Lula. Tenho uma foto do presidente levantando a peça e mostrando ao público”.

O reconhecimento não é à toa. Além de vencer a premiação dos três principais salões do segmento: o salão Abrahan Palatinik, Thomé Filgueira e de Arte Contemporânea, Ivo Maia trabalha em média 12 horas por dia. Uma peça é elaborada em no mínimo duas semanas. A tela exposta no salão nobre da Assembleia Legislativa dispensou 42 dias de esforço. “Toda peça é interminável. Apenas assinei a obra quando chegou seu tempo”. A inspiração para a construção de suas obras vem muito da morada próxima a uma reserva ecológica, no baixo vale do Ceará-Mirim.

E dessa rotina vivenciada a partir do alicerce da arte, também com trabalhos poéticos/literários, Ivo Maia empurra seus dias com alegria, longe da dor inata e originada a partir das vontades irracionais do homem. Para que a alegria não seja um paliativo, Ivo se cerca como pode deste mundo. Ivo já tem 20 músicas gravadas por artistas renomados do Estado. Mas é nas artes plásticas onde Ivo se encontra: “Minhas telas surgem das minhas entranhas. Meus filhos biológicos um dia morrem. Mas minhas peças são imortais”.

sábado, 26 de setembro de 2009

Despedida do Goiamum em grande estilo

O Goiamum Audiovisual chega ao seu último dia abrindo espaço para a produção nordestina. O Cine Goiamum, armado na praça Augusto Severo, exibe neste sábado cinco curtas-metragens e um documentário que oferecem um breve panorama do que vem sendo feito no Rio Grande do Norte e estados vizinhos.

O encerramento da edição deste ano do festival, que trouxe duas semanas de exibições, debates e oficinas, será no Baile Barulhinho Bom, que começa logo após as exibições, no Centro Cultural DoSol. A partir das 22h terá discotecagem de música brasileira pelo DJ Magão e entrada grátis.

Os filmes exibidos variam em temática e gênero. O documentário potiguar Fazendo Presença, de Emanuel Grilo, com 10 minutos de duração, aborda a realização da Marcha da Maconha realizada no Fórum Social Mundial 2009, em Belém do Pará.

Já o documentário paraibano Sweet Karolynne, de Ana Bárbara, 15min, faz referência a uma música de Elvis Presley e o rei do rock’n’roll aparece inserido no universo de uma criança moradora de João Pessoa.

O Goiamum Audiovisual recebe a pré-estreia do paraibano No Oco do Mundo, de Kako Gomes e Mel Vasconcelos, 12 min. O filme parte em busca de sete lugarejos nos estados do Acre, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Pernambuco e São Paulo cujo nome é Buenos Aires. O filme se pergunta: Por que esses lugares se chamam Buenos Aires? O que esses lugarejos têm em comum com a capital Argentina? Por que seus nomes foram inspirados por ela? Talvez o contrário?

A ficção Como Estava, do potiguar Bruno Marques, com 20 minutos, é baseada numa crônica de Rodrigo Levino, com os atores George Holanda e Quitéria Kelly. Pelas lembranças que entrelaçam os personagens vamos entrando nessa história de autoconhecimento e superação. Como Estava é um dos fragmentos mais comuns da vida a dois: a separação.

O documentário alagoano Lá Vem o Juvenal!, de Hermano Figueiredo, com 35 minutos, traz a história de Juvenal Machado da Silva, considerado o Garrincha do turfe, que encerrou aos 47 anos a sua carreira nas pistas e voltou à sua terra natal no sertão alagoano.

O encerramento fica a cargo do documentário paraibano O Rebeliado, de Bertrand Lira, com 70 minutos. O filme aborda o universo das igrejas neopentecostais em João Pessoa através do personagem irmão Clóvis, negro, 37 anos, ex-travesti, convertido à igreja Assembléia de Deus Missão.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Cant't Buy Me Love

Aos beatlemaníacos, ou mais do que isso, aos apreciadores daquela conturbada e sonhada década de 60, será lançado em breve o livro Cant't Buy Me Love.

Embora o título seja alusivo à canção de de Lennon e McCartney, típica da fase yeah, yeah, yeah, a obra é mais abrangente.

Aborda desde os beats dos Estados Unidos e dos Angry Young Men da Inglaterra, às sombras do Caso Profumo e do assassinato de John Kennedy.

Segundo o release, muito bem montado, por sinal, Can’t Buy Me Love "captura os desdobramentos de uma era que tornou os Beatles possíveis – e até necessários".

O autor, o músico e escritor Jonathan Gould, situa o Fab Four no amplo e tumultuado panorama de seu tempo e enraíza a história da banda no contexto social que envolveu tanto a ascensão quanto a dissolução dela.

Gould desvenda ainda os papéis centrais exercidos nos bastidores pelo empresário Brian Epstein e pelo produtor George Martin, além de creditar a influência exercida na música dos Beatles por contemporâneos como Bob Dylan, Brian Wilson e Ravi Shankar, acompanhando a escalada gradual das rivalidades internas.

Vou esperar o lançamento. Este eu compro.

Primeiro balanço da Flipa

Voltei de Pipa. São 1h10 da madruga neste instante. Não, não fiquei para a badalação após as mesas literárias da Flipa. Um congestionamento de mais de uma hora durante a volta atrapalhou o retorno após o jantar da governadora.

O que achei? Ora, cheguei atrasado, a Tenda estava lotada para assistir Danusa Leão e Woden Madruga e preferi o ar puro do lado de fora. E mesmo respirando ar da Flipa ao lado do amigo Abimael Silva, o tumulto tambem reinava.

Deixo a opinião oficial de Dácio Galvão: "Temos grandes festivais literários no país, como a Fliporto, a Flip e a de Festa Literária de Paço Fundo, mas nenhuma com o êxito obtido no primeiro dia de evento como esta".

De fato. Desde a abertura das oficinas o público prestigiou o evento. Nunca tive dúvida disso, embora não esperasse tanto. Principalmente para uma quinta-feira. Minha dúvida reinava em qual público estaria presente.

Pois bem: estavam moradores, turistas e muitos adolescentes. Público de todas as faixas etárias. Alguns mais interessados, outros mais curiosos, mas todos presentes e entusiasmados também com a mostra de artesanato potiguar.

A informação até então inédita e desconhecida por todos finalmente me foi entregue: o investimento do Governo do Estado foi de R$ 400 mil, sendo R$ 210 mil somente da Secretaria de Educação. Foram mais de 40 escolas conveniadas. Bravo.

Com um pouco mais. Coisa de R$ 5 mil, veria uma dezena de jornalistas presentes. Esse público faltou. Não tinha um a serviço de jornal ou TV aberta. Apenas assessorias de governo, assembleia legislativa, site independente e a TVU.

Havia também, claro, os blogueiros e blogueiras. Hoje em dia parecem cearenses - estão em todos os lugares. Talvez nem tenham percebido a conversa informal entre a governadora e a estrela da noite, Danusa Leão:

A gove sugeriu à moçoila já bem maltratada pelos anos a prolongar o fim de semana em Pipa. Mas a senhora de cabelo parecido com uma vassoura de piaçava se disse impedida porque o gato dela (o bichano mesmo) estava mal de saúde.

Para uma escritora que sugere uma negação da crônica, este seria um excelente mote para um texto vingativo desta raça do chamado gênero menor da literatura, o gênero renegado às sobras dos banquetes literários.

Marina Colassanti posou para foto com o fotógrafo da Fundação José Gugu, Anchieta, após 15 anos do primeiro clique. "Realmente não lembro. Ambos já não somos mais os mesmos", disse a escritora com a frase clichê.

E assim a Flipa começa. Sucesso absoluto de público. Provavelmente inesperado. Já se pode pensar em uma estrutura maior para o próximo ano. A quantidade de público do lado de fora é suficiente para preencher outros 300 lugares.

A programação para os próximos dias está mais interessante. Até desaguar em Lobão - bem melhor aproveitado no palco. Mas antes dele, muita antropologia, etnografia praieira, o regionalismo de Ronaldo Correia de Brito e muita música boa.

Sábado estou de volta ao Festival!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Encontro cultural

Prefeitos dos municípios da Região Metropolitana se reúnem na manhã desta quinta-feira ensolarada no auditório do Museu de Cultura Popular Djalma Maranhão para discutirem políticas públicas integradas para a seara cultural.

O encontro é promovido pela Capitania das Artes. Também faz parte da proposta do encontro o desenvolvimento de ações de promoção cultural e a colaboração para a implementação e consolidação do sistema Nacional de Cultura.

Retire do bojo os prefeitos de São Gonçalo do Amarante e São José de Mipibu e dou por visto o interesse de prefeitos como o de Ceará-Mirim, por exemplo, em políticas integradas de cultura. Mas merece apoio a iniciativa do encontro.

Flipa começa hoje meio capenga

Capenga? Mas os convidados são interessantes, a organização é ousada, o lugar é paradisíaco, a seleção musical é local, diversificada e talentosa, a programação é intensa, desde a manhã até à noite. Então, capenga por quê?

Ora, qual seria a causa? A visão pequena do poder público, lógico. Para um festival literário que se pretende entrar no calendário nacional e virar uma Festa Literária de Paraty, o investimento em divulgação é fundamental.

Mas a secretaria de Turismo bancará tão somente a hospedagem dos jornalistas interessados na cobertura do evento. Jornais, todos quebrados e pouco afeitos à cultura, têm de bancar transporte e alimentação. Em outros eventos literários tudo isso é pago. E com convites para jornalistas de outros Estados.

Tudo bem, é só o primeiro ano. Vamos analisar primeiro os resultados. Mas como cobrar de um evento sem o investimento necessário? Realmente estou curioso para conferir quem estará na tenda literária.

Quem serão os interessados em se deslocar de Natal até Pipa para assistir discussões literárias em uma tenda "climatizada"? Talvez os adeptos do clima shopping center. Talvez os que ainda apostem em eventos como esse. Talvez os fãs de Lobão. Ou quem sabe quem curte mais Pipa do que literatura. Quiças, quiças, quiças...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Dos papos furados

Schopenhauer e, salvo engano, Nietzsche também, defendiam a ideia de que só a arte tem o poder da fuga do real. E o real com sentido de dor ou das vontades.

Só pra ilustrar uma horinha de conversa com o poeta, dramaturgo, publicitário e cabra bom, Jairo Lima, em seu sugestivo Papo Furado - agora também cachaçaria.

Correria, dor na garganta e gripe aguda, fome, compromisso. E tudo se apaga com uma conversa descompromissada em uma cadeira de balanço.

E sobre o quê? Arte - aquela coisinha poderosa capaz de lhe transportar para outro mundo: um universo lúdico e excessivamente abstrato.

Literatos locais, o conceito entre popular e erudito, festivais literários, poesia, o regional e o universal (sem o resumo de Tolstoi!), folclore x arte erudita e até das formalidades desnecessárias.

E um pedaço da tarde passou sem que eu escutasse minha barriga roncando ou meu celular tocando. E que felicidade saber que o Mercado de Petrópolis e o comércio do poeta estão crescendo. E o melhor: sem o dedo do poder público. Só com o idealismo.

Budapeste no Cinemark

Só pra lembrar aos proletariados como eu que não têm mais tempo para leituras e lazeres culturais: o drama Budapeste, baseado na obra de Chico Buarque e dirigido por Walter Carvalho, está em cartaz no Cine Cult da Rede Cinemark no Midway Mall. Até 1º de outubro, às 14h, os espectadores podem assistir ao filme pagando R$ 7 mangos (inteira).

Novo Cd dos Titãs

Lamentável o atual momento do bom e velho Titãs. Cresci escutando o rock ou pop-rock (dependendo do álbum) dos oito integrantes. Independente do peso da guitarra, as letras eram inteligentes, bem construídas. A harmonia, se nunca foi lá esses balaios todos, não era o miserê escutado neste último trabalho, lançado nos últimos dias.

Sacos Plásticos (2009) é tão descartável quanto o nome. A música de trabalho Antes de Você recai nos refrõezinhos clichês, nas rimazinhas pobres, nos arranjos incompletos. Uma lástima mesmo. Me parece mais um Cd experimental com as músicas meia-boca de Sérgio Britto - o carinha da música Epitáfio.

Se Arnaldo Antunes já havia deixado saudades, o alegrinho Nando Reis aumentou o rombo criativo da banda. E a morte de Marcelo Fromer diminuiu o peso necessário do som que marcou a história do rock nacional com Cabeça de Dinossauro. Sobrou para os solinhos de Tony Bellotto e uma fase pós-acústico que rasteja longe do voo da águia.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

A poesia escrota homenageia o falecido

Ao falecido

Essa rôla antigamente
Vivia caçando briga
Furando pé de barriga
Doidinha pra fazer gente
Mas hoje tá diferente
No mais profundo abandono
Dormindo um eterno sono
Não quer mais saber de nada
Com a cabeça encostada
Na porta do cu do dono

Já fez muita estripulia
Firme que só bambu
Mais parecia um tatu
Fuçava depois cuspia
Reinava na putaria
A piriquita era seu trono
Trepava sem sentir sono
E sem precisar de escada
Mas hoje vive enfadada
Na porta do cu do dono

Nunca mais desvirginou
Uma mata vaginosa
Há muito tempo não goza
A noite de gala passou
Vive cheia de pudor
Sonolenta e sem abono
Faz da ceroula um quimono
E da cueca uma estufa
Vive hoje a cheirar bufa
Na porta do cu do dono!!

(De Maciel Melo e Zé Marcolino)

Entrevista - Roberto Sadovski

Roberto Sadovski é jornalista potiguar, crítico de cinema e editor da revista Set, especializada em cinema e vídeo. É também um aficcionado por quadrinhos e debaterá junto com Moacy Cirne e a historiadora Milena Azevedo uma mesa-redonda sobre o tema na sexta-feira, dentro da programação do Goiamum Audiovisual. Segue a entrevista publicada hoje no Diário de Natal:

Qual fórmula - se é que existe - você usa para análise e crtítica de filmes?
Não sigo fórmula. O próprio cinema não segue. Não dá pra traduzir numa equação. Se analisa a parte técnica, a realização. Mas cada proposta é diferente. É mais reação emocional do que técnica. É por isso que não existe unanimidade.

Imaginei uma análise mais técnica da parte de especialistas…
A arte em geral é mais emoção. Tem que haver reação. Se o filme causar indiferença é porque é ruim.

Lembra de algum filme tecnicamente perfeito, mas sem impacto emocional?
Teria que pensar muito. São muitos filmes. Mas fazer cinema é muito difícil. O diretor precisa dominar técnica, coordenar equipe e saber montar uma narrativa interessante, que tenha significado. Não um significado necessariamente lógico, mas que possua um sentido emocional, psicológico.

O que achou da escolha de Salve Geral para representar o Brasil no Oscar?
Ainda não vi. Boa parte dos concorrentes ainda falta ser exibido comercialmente. Mas geralmente discordo da comissão. Desconheço qual o critério usado por eles. Parece esquisito. Escolhem pensando em qual filme a Academia irá se comover mais. E vemos a cada ano que não funciona assim. Eles escolhem o melhor mesmo. Ano passado Estômago era disparado o melhor, mas preferiram o Ônibus 174, um filme sem impacto nenhum.

Alguma dica de filme ao leitor?
Faço força e não vejo um que valha a pena sair de casa para assistir.

O que achou de Loki (documentário sobre a vida do ex-mutante Arnando Baptista)?
É interessanta, mas de repente virou moda documentário de músico brasileiro. O cinema brasileiro parece viver de ciclos. E esse é o da vez. Fizeram sobre o Ratos de Porão, o cara do Titãs, Simonal, daqui a pouco vem sobre Herbert Vianna.

Qual a sua análise da produção nacional? Ela favorece a realização de iniciativas como o Goiamum?
A produção é rica, embora pouco diversificada. Não se vê filmes de terror ou ficção científica, por exemplo. Precisa se renovar neste aspecto. E também assistir mais filme. Hoje são mais de 150 festivais de cinema no Brasil. Como as pessoas assistirão esses filmes depois? No Canal Brasil? Imagino que a preferência do diretor seja pelo cinema. Esse aspecto da distribuição também é pouco pensado.

Você participará de uma debate sobre adaptação de quadrinhos ao cinema. Qual o cenário para este viés? Qual quadrinho você gostaria de ver adaptado?
Passaria três dias falando. Os quadrinhos estão próximos do cinema pelo próprio formato. A adaptação é um filão viável. Deixou de ser mero acidente para se transformar em gênero. E não é como livro onde existe texto e se usa muito mais a imaginação interpretativa. No quadrinho há a imagem pronta. É, sem dúvida, uma proposta interessante; uma reeinterpretação de uma mídia diferente.

O formato do Goiamum é propositivo, diferente?
É um festival que se destaca, gera uma atividade maior e mais dinâmica. A iniciativa do Desentoca (exibição de curtas-metragens locais) é genial. São ações como essa que descobrem novos talentos; gente que pensa cinema de forma diferente. É um festival que abre espaço para gente que jamais teria chance de mostrar seu trabalho ou dialogar com pessoas que possam lhe ajudar de alguma forma. A ideia de produção numa praça pública também é interessante porque cinema é uma coisa coletiva, e o festival reproduz essa experiência.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Fotos premiadas do Idema

O grande Júnior Santos, repórter-fotográfico da Tribuna do Norte papou mais um concurso de fotografia. Desta vez foi o promovido pelo Idema. A premiação foi entregue neste domingo no Parque das Dunas.

Júnior Santos concorreu com o registro de uma garça sobrevoando as água do Açude Gargalheiras (Acari) e faturou o prêmio de três mil reais.

O Concurso de Fotografia das Unidades de Conservação e Monumentos Geológicos do RN premiou ainda a segunda colocação para Eliezer Mazzetti, que embolsou a quantia de dois mil reais também com uma foto do Gargalheiras. E o terceiro lugar foi para Habner Weiner e sua belíssima fotografia das Dunas do Rosado, levando para casa o prêmio de mil reais.

Seguindo a premissa “da natureza tire apenas belas imagens”, o concurso lançou a oportunidade para que fotógrafos, profissionais ou amadores, registrassem as belezas naturais do estado e contribuíssem com a preservação ambiental das mesmas.

O corpo de jurados foi formado pelo fotógrafo Ricardo Junqueira, o publicitário Marcelo Mariz, o produtor cultural Marcos Sá, o jornalista Camilo Torquato, a professora de artes Madeh Weiner e a artista plástica Selma Bezerra, responsáveis por selecionar um total de 24 fotografias finalistas.

Seguem as fotos, por ordem de premiação:





Site oficial de Drummond

Um dos maiores poetas e escritores da língua portuguesa, o velho com sua pedra no caminho, Carlos Drummond de Andrade completa 25 anos no catálogo da Editora Record em 2009. Para homenagear o homem que libertou o verso de suas amarras, mas cujo maior talento era a humildade diante da palavra, a Record acaba de lançar o site oficial do autor (www.carlosdrummonddeandrade.com.br), com informações sobre sua vida e obra.

O site traz uma lista completa de livros do autor publicados pela Editora Record, além de fotos e vídeos de Drummond em momentos de cotidiana beleza ou apaixonadas homenagens, feitas por aqueles que admiram sua obra. Atualizado semanalmente, o site contará ainda com poesias, contos e algumas curiosidades, como fotos pessoais e manuscritos, fornecidos por Pedro Drummond, neto do autor.

Novo imortal em Sampa

A Academia Paulista de Letras realiza nesta quinta-feira eleição para escolher o acadêmico para a cadeira 3, deixada com o falecimento de Israel Dias Novaes. Os concorrentes serão o maestro Júlio Medaglia e o escritor Ricardo Daunt.

A cadeira 3, que tem como fundador Luís Pereira Barreto e Matias Aires como patrono, já foi ocupada por Alfredo Pujol, Franco da Rocha, Mário de Andrade, Washington Luís e Lucas Nogueira Garcez.

Ah! o mundo orgânico

Quando pensei não faltar mais novidades dietéticas, cosméticos estéticos e dicas estapafúrdias de endocrinologistas e nutricionistas, eis que me surge a cerveja orgânica e com a classificação plus do momento: "ecologicamente correta".

Isto mesmo. O nome da maldita é Honey Dew, importada pela Boxer do Brasil. E vejam só: é produzida com lúpulo selvagem e cevada cultivada em fazendas orgânicas sem pesticidas químicos ou fertilizantes.

Para o bem da humanidade boêmia, o teor alcoolico é o mesmo da sempre boa cerveja convencional. No entanto, olhem só, diz o release: a composição de mel orgânico fino com maltes e lúpulos ingleses, torna esta cerveja "maravilhosamente balanceada".

E o desmonte daquele boêmio de consciência pesada e barriga saliente vem ao final. Além da dica fora dos propósitos do autêntico bebedor de cerveja com colarinho, para experimentar a tal orgânica com gelo e pedaço de limão, vem o velho chamado ao bolso:

O preço médio da garrafa de 500 ml é R$ 22. Coisa pra Agaciel Maia, se ele preferir uma cerveja mais barata.

domingo, 20 de setembro de 2009

Tuitando com Pablo Capistrano

"Não perca. Hoje o Canal Brasil exibe Loki - filme sobre Arnaldo Baptista - 22 horas. psicoacústica na cabeça".

OBS do blogueiro: Ainda resisto ao twitter. Não vi absolutamente um argumento convincente para aderir à nova ferramente de mídia social. Desaprovo o formato, embora reconheça a utilidade e o encaixe com os ditames dos novos tempos. Prefiro observar de longe o que me interessa como jornalista. Para minha atividade, vaidade ou utilidade, em nada me acrescenta a adesão. Só entro quando François Silvestre e Manoel Onofre entrar (rs).

Cd do Du Souto


Sem tempo para ler e escrever minhas crônicas até então habituais, o que tenho feito com razoável costume é escutar novos trabalhos musicais, sobretudo da província. Antes pudesse ler dirigindo ou tomando banho.

E uma das gratas surpresas foi o segundo Cd do Du Souto: Malokero High Society. Os integrantes da banda disseram estar mais cru, mais analógico, digamos, do que o primeiro. Com mais guitarra e baixo.

No meu toca Cd ouvi um som bem produzido, sofisticado, com joguetes sonoros que lembram o saudoso Tim Maia, como o refrão "aonde tá meu old par da sandália havaiana". Talvez um excesso nos efeitos de distorção de voz.

Letras inteligentes, bem humoradas e críticas, mescladas com um som bem original, diria. Aliás, apesar do som da banda parecer um produto influenciado por um mói de gente, no fim, mostra uma identidade própria bem interessante.

Quem quiser ouvir é só acessar o link: http://www.dusouto.com.br

Deu no Diário do Tempo impresso

MUSEU DJALMA MARANHÃO

O vazio fantasmagórico visto no Museu de Cultura Popular Djalma Maranhão em fins de semana mostra um retrato fiel da cultura potiguar e do costume natalense. O desprestígio à cultura popular é notório. Mas se considere, também, uma visão antropológica-geográfica. Natal sempre esteve aberta às novidades do Atlântico. A "invasão" americana durante a 2ª Guerra ainda deixa saudades. E enquanto esperamos em vão uma nova investida estrangeira, esquecemos nossos valores genuínos. Talvez pelo abandono e sem a interferência do modismo contemporâneo, grupos folclóricos da tradição popular tenham se mantido fiéis às tradições e sejamos dos estados mais ricos do país neste aspecto. Uma mostra dessa riqueza está no Museu Djalma Maranhão, na Velha Ribeira, onde só o que passa, permanece, como profetizou Diógenes da Cunha Lima.


* A coluna Diário do Tempo veiculada no Diário de Natal sai aos domingos. Além do Museu Djalma Maranhão, ela traz hoje no comentário principal referência á efervescência teatral na cidade e nota a respeito da Revista Catorze e outras novidades exclusivas. A frase da semana é de Jairo Lima, opinando sobre a Flipa.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

François Silvestre no Youtube (parte 2)

François Silvestre coloca no youtube a segunda parte da coletiva concedida em Martins, durante o festival gastronômico.

Fala ao jornalista Osair Vasconcelos sobre livros, mentiras lúdicas e políticas e brinca com a sua metodologia de escrita.

Para assistir, clique AQUI.

Aberta exposição de Roosevelt Avelino Trindade

O amigo Laurence Bittencoourt lembra que começa nesta sexta-feira, a partir das 20h, no belo espaço da Anjo Azul Galeria e Arte, a mais nova exposição do artista plástico Roosevelt Avelino Trindade.

A exposição vai até o dia 02 de outubro. São 42 trabalhos feitos com lápis polycromos sobre tela, cujos temas versam sobre figuras humanas, animais e flores.

Roosevelt tem sido um dos mais atuantes e destacados pintores da sua geração sendo a atual, a 17ª exposição realizada.

Roosevelt começou como autodidata em 1966, retratando a "Capela" do interior da Fortaleza dos Reis Magos.

Vale a pena conferir. A Anjo Azul Galeria e Arte fica na Av. Hermes da Fonseca.

Beto Brant hoje no Solar Bela Vista

O bate papo com o badalado diretor Beto Brant será hoje, a partir das 19h, no auditório do Solar Bela Vista, dentro do projeto Goiamum Audiovisual.

Brant promete uma conversa descontraída sobre cinema, aberta à participação do público. Em seguida será exibido um filme que está sendo escolhido numa enquete promovida no site oficial do Goiamum Audiovisual 2009.

Ele dirigiu produções como Ações entre Amigos, Matadores, O Invasor (2001), Crime Delicado (2005) e Cão sem Dono (2007). Assisti este último, muitíssimo bom.

Ainda este ano, deve lançar um filme, baseado na série O Amor segundo B. Schianberg, exibida no programa Direções da TV Cutura e Sesc TV em junho.

SÁBADO

E no sábado o largo da Praça Augusto Severo se transforma no Cine Goiamum para oferecer oito dias de cinema de graça para a população.

Neste fim de semana, a pedida é curtir a Matinê do Cine Goiamum (sábado, 19, a partir das 17h), com os vídeos produzidos nas oficinas realizadas esta semana, e a exibição do documentário potiguar Sangue do Barro (domingo, às 19h), seguida de debate com personagens que presenciaram o massacre de Santo Antônio dos Barreiros, em São Gonçalo do Amarante.

OBS do blogueiro: A programação do Goiamum é diversificada, atraente, qualificada e, sobretudo, original. É um evento que, apesar da terceira edição, já se insere no calendário cultural da cidade. Isso, penso, é opinião geral.

Minha crítica, até como repórter, é a logística esparçada da programação. É um evento longo e distribuído demais. Veja acima que haverá um batepapo com o diretor no Solar e exibição de filme na Ribeira.

Imagino que se o evento fosse todo promovido em um único espaço, com programação mais reduzida ou mais intensa em período mais curto, facilitaria a divulgação e a presença de público.

Noto que, mesmo com a divulgação até insistente da assessoria e da mídia, pessoas ainda ficam desnorteadas sem saber qual as atrações do dia e o local. Então cito o Teatro Mágico: "porque que não se junta tudo numa coisa só?".

Orquestra de Olinda indicada ao Grammy Latino

Muita coincidência. Ontem mesmo a produtora cultural Cida Campello comentava comigo de um grupo de rapazes muito talentosos que decidiram formar um grupo musical bem ao estilo Buena Vista Social Clube (formado pelas figuras lendárias da música cubana), mas com o toque regional da rabeca, e por aí vai.

Cida me enviou o Cd da tal Orquestra Contemporânea de Olinda. Escutei, adorei e prometi uma resenha crítica depois. Bastava achar um "gancho" local. Na manhã desta sexta-feira, Cida me liga avisando que a rapeizi vem a Natal em 24 de outubro para participar do Festival Univeristário da Canção, na UFRN.

Não deram alguns outros minutos e a mesma Cida me liga novamente. Chegou a notícia de que a Orquestra, cujo um dos integrantes é filho de mestre Salustiano, foi indicada ao Grammy de Música Latino.

O feito mostra o bom gosto e competência da produtora Cida Campello, que insistentemente quis trazer Diogo Nogueira a Natal quando o rapaz ainda era um mero desconhecido. Diogo Nogueira toca neste domingo no CEPE depois de se tornar uma das grandes revelações do samba no país.

Estreia nacional em Natal

O chamado amado amante não necessariamente precisa ser amado. É mais ou menos essa a opinião de um técnico de telefone que chega à casa de uma mulher atrasada para a comemoração do aniversário de casamento. Uma relação inusitada surge desse encontro e ambos já bêbados confidenciam segredos dos seus casamentos e se tornam amantes. Com a ressalta: apenas encontros casuais, já que ambos amam realmente os seus cônjuges.

A temática mais do que contemporânea integra o espetáculo Dois Pra Lá, Dois Pra Cá - uma produção carioca com estreia nacional em Natal, de hoje a domingo, no Teatro de Cultura Popular Chico Daniel. O texto e direção são de César Amorim, ator potiguar radicado no Rio há sete anos após dirigir peças de sucesso em Natal, como As Fúrias. Hoje faz parte do elenco da novela Poder Paralelo, da Rede Record, com o personagem Delegado César.

A peça conta com a presença de Thelmo Fernandes e Rita Elmôr. Thelmo é ator indicado ao prêmio Shell de interpretação, que participa do programa Cilada da Rede Globo e do MultiShow, além de ter atuado nos filmes Tropa de Elite, A Mulher Invisível, Feliz Natal, além de vários programas e minisséries. Rita é atriz também indicada ao prêmio Shell de interpretação, e atuou na minissérie global Capitu.

Entrevista - César Amorim

Porque a estréia em Natal e no TCP?
Natal é minha cidade. Sempre quis estrear um espetáculo nacional aqui. Apresentei essa proposta aos dois atores de ponta do espetáculo e eles toparam. Não conseguimos pauta no Teatro Alberto Maranhão e a Casa da Ribeira estava com problema. E no TCP fui muito bem recebido em outra oportunidade. É um lugar bacana e tem a cara do espetáculo.

Qual o roteiro básico da peça?
É bem original. Apesar de uma comédia romântica, não fala de amores, mas de amantes. Quando o técnico vai consertar o telefone da mulher, eles se desentendem, depois ela oferece uísque a ele e começam a revelar intimidades de seus casamentos. É muito engraçada porque 80% da peça eles estão bêbados e conversam coisas que muitos têm vontade de falar. Apesar de uma comédia para se rir muito, o espetáculo também provoca reflexão. O que é fidelidade hoje em dia? O expectador verá pensamentos similares entre a mulher e o homem. É uma peça bem contemporânea nesse sentido.

Você atuou aqui e mora no Rio há sete anos. Qual avaliação você faz da cena teatral potiguar?
Estou afastado há muito tempo. O que tenho visto e ouvido lá no Rio é do Clowns de Shakespeare. Também vi que o Estandarte está em cartaz, e outras peças. Essa efervescência precisa existir sempre. Para eu colocar uma peça em cartaz em Natal na minha época era uma novela. E pra ficar três dias era ainda mais difícil. O Clowns quebraram um pouco isso quando escrevi e dirigi a peça As Fúrias, que ficou em cartaz cinco meses na Casa da Ribeira. Foi surreal à época.

O que falta?
Pessoas têm sede de teatro. O que precisa é produção e patrocínio. Aqui ou no Rio. Lá também passamos perrengues, de sair com o projeto debaixo do braço atrás de patrocínio. Fernanda Monteiro faz isso, cara! Então, não é discurso novo. Sobreviver de teatro é difícil. Tiro o chapéu para o pessoal do Clowns porque conseguem. Isso é raro no Brasil. Eu sobrevivo porque dirijo, escrevo e atuo. Quem é só ator de teatro sofre muito.

Dois pra lá, dois pra cá.
Quando: De hoje a domingo
Horários: sexta e sábado às 21h e domingo às 20h.
Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia).
Local: Teatro de Cultural Popular (Rua Jundiaí, 641, Tirol. Ao lado da Fundação José Augusto).
Ingressos: à venda na Livraria Siciliano (Natal Shopping e Midway Mall) e na bilheteria do teatro.
Duração: 1h15min

* Matéria publicada nesta sexta-feira no Diário de Natal

Danusa em Natal e sem o hino

Preparem os ouvidos. A cantora Danusa virá a Natal como madrinha da Parada Gay. Por amor à pátria nossa, mãe gentil, tudo indica que a senhora ameaçada de labirintite não interpretará o hino nacional. Ou faria a festa dos já alegres partícipes do evento.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Uma benção aos grupos folclóricos

A Fundação José Gugu divulgou os selecionados do 1º Concurso Prêmio Cornélio Campina, voltado à premiação de projetos de grupos tradicionais da cultura popular do Rio Grande do Norte, em atividade há pelo menos cinco anos.

E que bom que mestre Elpídio está na lista. O cara foi, nada menos, quem ensinou Mestre Manoel Marinheiro. Outros da lista também foram contemplados com o edital promovido pela Capitania das Artes (lista mais embaixo).

É bom lembrar que há grupos importantíssimos fora da lista, como a Chegança e o Fandango de Canguaretama, o Caboclinho de Ceará-Mirim e outros. Estes foram premiados pela seleção da Lei do Patrimônio Vivo, de autoria do deputado estadual Fernando Mineiro.

Segue a relação:

1. Araruna Associação Dança Antigas e Semi-Desaparecida - Natal
2. Bambelô da Alegria (Sérvolo Teixeira de Moura) - São Gonçalo do Amarante
3. Boi Calemba de Mestre Elpídio (Elpídio Alexandre da Silva) - Parnamirim
4. Boi Calemba Pintadinho (José Veríssimo Pereira) - São Gonçalo do Amarante
5. Boi de Reis de Baile: Os Rei do Oriente (José Clemilson dos Santos) - Santa Cruz
6. Boi de Reis de Cuité (José Candido da Silva) - Pedro velho
7. Boi de Reis de Dona Cecília (Cecília de Melo Gonçalves) - Extremoz
8. Boi de Reis de Zé Barrá (Francisco Manoel Inácio Murici) - Extremoz
9. Boi de Reis Estrela do Oriente (Francisco Pereira da Silva) - Natal
10.Boi de reis Pintadinho (Pedro Carlos de Lima) - Natal
11.Lampião de Arez (Luiz Carlos Filgueira Ferreira) - Arêz
12.Coco de roda (Maria das Dores do Nascimento) - Extremoz
13.Congos de Calçola [(Pedro Correia) - Natal
14.Rabequeiro (Damião Cosme de Oliveira Laranjeira do Abdias) - São José do Mípibu
15.Dramas (Maria José dos Santos) - Maxaranguape
16.Esculturas em Madeiras de Neném de Chicó (Francisco de Azevedo) - Jardim do Seridó
17.Irmandade de São Sebastião (negro do rosário) - Jardim do Seridó
18.Lapinha (Zeneide França) - Natal
19.Lapinha de Maxaranguape (Maria conceição de França) - Maxaranguape
20.Bambelô Maçariquinho da Praia (Sebastião Matias) - Natal
21.Maneiro Pau - Dr. Severiano
22.Pastoril Dona Joaquina (Maria Natividade de Lima Costa) - São Gonçalo do Amarante
23.Congo de Calçolas (Lucas Teixeira de Moura) - São Gonçalo do Amarante
24.Rei de Congo do Mestre Dedé (Francisco de Assis Silva) - Major Sales
25.Rendeira da Vila (Maria de Lurdes de Lima) - Natal

Isaque Galvão e Camba em Fortaleza

Isaque Galvão e os músicos da banda Camba serão as atrações potiguares desta sexta-feira, na 3ª Mostra BNB da Canção Brasileira Independente, em Fortaleza. O evento, que ocorre desde o último sábado, tem apresentações gratuitas e reúne 46 artistas de nove estados do país até o dia 30.

Isaque, infelizmente, irá apresentar o show Matulão, em homenagem a Luiz Gonzaga. Achei muito chato o Cd. Há contrastes que soam interessantes. Não foi o caso. Aquele vozerão de Isaque e sua performance de palco pode e comumente é usado de forma mais proveitosa e oportuna. O cara é, como se diz, um showman de primeira. Aliás, o mestre Lua, se vivo, não pisaria por aqui. A outra homenagem recebida foi de Marina Elali.

A banda Camba reúne uma verdadeira seleção de músicos locais: Gilberto Cabral (trombone, vocais e percussão), Sérgio Groove (voz, contrabaixo e percussão), Yrhan Barreto (voz e guitarra), Walterklayson (teclados), Darlan Marley (bateria), Yuri Dantas (sax) e Paulírio (percussão). Os músicos apresentam releituras de clássicos da música caribenha, composições autorais, bem como arranjos e versões calientes de sucessos da música brasileira. Vão fazer bonito.

Funcarte divulga resultado de editais

A Capitania das Artes divulgou nesta quinta-feira o resultado dos editais de Auxílio Cultura Popular e Cine Cordel.

Cinco grupos foram contemplados no primeiro, cujo objetivo é estimular as manifestações culturais de natureza matéria e imaterial.

Já o Cine Cordel premiou dois roteiros para vídeo adaptado de cordel.

Premiados:

AUXÍLIO CULTURA POPULAR

COMISSÃO JULGADORA

*José Galdêncio Diógenes Torquato (Arquiteto)
*Francimário Vito dos Santos (Antropólogo)
*Odinélha Silva Targino Bezerra (Dir do Museu de Cultura Popular Djalma Maranhão)

RESULTADO

*Sociedade Araruna – Rocas
*Boi de Reis e Pastoril da Terceira Idade – Bom Pastor
*Boi de Reis Estrela do Oriente – Felipe Camarão
*Coco de Rodas Mestre Severino – Vila de Ponta Negra
*Lapinha - Vila de Ponta Negra

CINE CORDEL

COMISSÃO JULGADORA

*Edson Soares do Nascimento (Cineasta)
*Luiz Antônio Belmont (Produtor Cultural)
*Nelson Marques (Cinecubista)

VENCEDORES

*Cordel da Rainha Louca
Roteiro: Pedro Germano Leal
Cordelista: Antônio Leal

*Justiça
Roteiro: Maryland de Brito Silva
Cordelista: Antônio Francisco Teixeira de Melo

Três Vozes Poesia


Três poetas reunidos em uma noite recheada de confissões, declarações e ressurreições. Essa é a pretensão do projeto Três Vozes Poesia, com início amanhã a partir das 19h, nas dependências do Galpão dos Clowns, imediações do Shopping Midway. Os poetas natalenses Jean Sartief e Marcos Cavalcanti abrirão a noitada e estenderão o tapete vermelho ao poeta recifense Lara encerrar em grande estilo o recital. A entrada para o desfrute da poesia vestida de luas e desmaios é gratuita.

A “entourage poética” Três Vozes Poesia, como classificou o poeta Carlos Gurgel começa com Jean Sartief. “Falar de Sartief é semelhante ao encantamento de um livro recheado de imagens líricas e ácidas, cúmplice de um verbo solto e afiado. Natalense, tão ou mais apaixonado como poucos, pela insuspeita identidade por novos elementos visuais e da própria língua, ele radiografa o seu cotidiano como o olhar que beira o mar que tanto o estimula”, descreveu Gurgel.

Já Marcos Cavalcante, é Carlos Gurgel quem também delimita sua poética: um demiurgo santacruzense, que sinaliza nos seus versos um culto à morte. É como um poeta desabrido, descobridor de espantos e escuros. Justo como deve ser para quem sempre procurou pela palavra encalacrada de nós, avisos, pulsações noturnas, e a reveladora construção de um personagem em constante metamorfose.

E fechando a noite, o pernambucano Lara: “Dono de um singularíssima forma de interpretar, como um novelo que encadeia fogos e gritos. Como uma chaminé disposta a revolucionar o submundo de uma sociedade gasta e recheada de milhares de enfermos seres. Possuidor de uma raríssima verve, faz da sua voz uma caixa de ressonância das milhares de sombras que vagueiam por entre o jardim de uma cegueira sem fim, e o grito aterrador de tudo que guardamos por sobre nossas máscaras e medos”.

Após o recital, acontecerá debate e por último a venda dos livros dos poetas. Para reforçar o convite, Carlos Gurgel recomenda: “Confiram, lá estejam como testemunhas de que a poesia, mais do que o pão, é alavanca que distribui sorrisos e pecados”.

Três Vozes Poesia
Local: "Galpão dos Clowns" (imediações do Midway)
Data e hora: Amanhã, às 19h
Contato: 9199.1082

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Entrevista com Fernando Monteiro

Nesta quinta-feira, a partir das 19 horas, o escritor pernambucano Fernando Monteiro lança “Vi uma foto de Anna Akhmátova” na Siciliano do Midway. O escritor retorna à poesia depois de vários romances consagrados e premiados como “Aspades, Ets, Ets” e “A Cabeça no Fundo do Entulho”.

Na entrevista abaixo, enviada por Tácito Costa, Monteiro fala um pouco sobre essa sua nova obra:

1- Por que o retorno à poesia?
Porque a prosa não está nada bem, em may opinion (como diria o novo acadêmico Fernando Affonso Collor de Melo). Imodestamente, esclarecer: não a minha [prosa], até que ela vai bem, obrigado, porém a dos outros está montando a merda, isto é, a prosa-fácil no cenário de escritores “multimídia” (que porra vem a ser isso?) aparecendo como piolhos de Bienal, entrevistados da TV e convidados de Flips, Flops e Flups. Literatura, atualmente, é Mercado, no mundo inteiro – e o Brasil vai atrás, o Unibanco por trás da Flip, as Companhias das Letras [e outras] se possível transformando tudo em sopa de letrinhas para neófitos de Parati. Se isso é para ti, isso não é para mim. Fui. Voltei para a Poesia – que pelo menos foi deixada em paz pelos editores (porque não dá dinheiro mesmo etc). Viva isso: não dar dinheiro! Tudo que “não der dinheiro”, neste momento, é melhor do que tudo que dá dinheiro, como diria o velho Sherlock Holmes, como sempre acrescentando: “elementar, meu caro Watson”.

2 – Como explica a opção pelo poema longo?
O poema a que voltei é não só longo, como narrativo (muitíssimo pouco exercitado, cá em Pindorama). Porém, acredito em Dámaso Alonzo: o grande espanhol dizia que um modo de recuperar, talvez, o leitor de poesia afastado pela lírica dos pequeninos “estados d’alma”, seria retornando, ou tentando retornar, para o poema longo que foi o praticado nos inícios: a Ilíada, a Divina Comédia, o Paraíso Perdido, Jerusalém Libertada etc. Quem sabe o viciado leitor de romances não seria “pescado” pelo fio narrativo do que Alonzo chamava de antigo contenido novelesco da grande poesia?

3 – Qual sua relação com a poesia e a história de Anna Akhamátova?
Anna Akhmátova é um ponto de partida, quase um “mote” do poema – que reflete, no todo, sobre o século que passou (no qual Anna foi uma das vozes mais puras – e mais torturadas – da literatura que tenta meditar sobre o mundo).

4 – Que aproximações vê entre o universo em que a poeta russa viveu e o atual brasileiro?
O mundo que Anna conheceu foi, em grande parte, o que ainda vige (Virge!), vigora, permanece, continua doido e sem rumo. Há uma crise civilizacional por sobre as demais crises – e as pessoas só enxergam a crise do aumento da passagem de ônibus (respeito essa mini-micro-crise, porém eu gosto de andar a pé pelas ruas de aragens súbitas do Recife)…

5 – Pessimismo e tristeza perpassam “Eu vi uma foto de Anna”… De onde vem isso?
Vi uma foto de Anna Akhmátova não poderia ser, jamais, um poema “alegre” (deixo a alegria toda para Carpinejar, por exemplo), num mundo capaz de assassinar quase duzentas crianças naquela escola de Beslan, na Ossétia do Norte, há cinco anos. Isso não dá margem para gargalhar como um louco, por sobre as desgraças provocadas pela grande crise: a do Humanismo, no bloco da civilização exausta que herdamos.

Senado libera cobertura na internet

Senado escapou de mas um vexame e liberou cobertura jornalística na internet durante as eleições. Como não se pode exigir demais, barrou o debate. Em resumo, a internet terá que obedecer restrições também cabíveis à TV e rádio, o que até é compreensível O projeto ainda vai voltar à Câmara e outras águas vão rolar. A sessão ocorreu nesta terça-feira.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Bonner emparedado por Dines

O editor-chefe e apresentador do Jornal Nacional, Willian Bonner está sendo entrevistado agora (22h55) no Observatório da Imprensa, pelo grande ombudsman do nosso jornalismo, Dines.

Estão falando agora da ameaça de proibição na web, que salvo engano será votada hoje no Congresso.

E agora estão migrando para discutir o JN e a "guerra religiosa" entre Globo e Record. Está ficando interessante. Bonner disse: "O jornalismo que o JN pratica respeita todas as religiões...". Sei.

Luiz Gadelha canta Khrystal no Poticanto


A versatilidade de compositor e intérprete de Luiz Gadelha será emprestada ao virtuosismo moderno do coco entoado por Khrystal na noite de hoje, em mais uma edição do projeto Poticanto – Um Canto 100% Potiguar. Será às 20h no Teatro de Cultura Popular Chico Daniel. A entrada é franca. E a química entre os dois, também. Gadelha e Khrystal são amigos e parceiros de composições. Integraram também durante alguns anos o Projeto Retrovisor, ao lado de Valéria Oliveira, Simona Talma e Ângela Castro.

A noite de hoje revive o show apresentado em 2008. Na época, a “Khrystalina” iniciava as empreitadas rumo ao Sul Maravilha. Hoje, após conquistar espaços importantes em palcos do eixo Rio-São Paulo e se apresentar ao lado de Alceu Valença no Som Brasil, volta a Natal na voz aguda e potente de Luiz Gadelha - um dos mais respeitados compositores do Estado potiguar, já vencedor pelo júri popular da 3ª edição do festival MPBeco, com a música Dessa Casa Quero as Lembranças, em parceria com Bruno Alexandre.

Em terra de tantos intérpretes ou compositores carentes de boa voz, Luiz Gadelha reúne as duas vertentes com propriedade. Juntamente com Simona Talma compôs a trilha original da peça Porque Nunca Nos Trataram com Amor? e compôs também a trilha sonora original juntamente com Simona Talma e Valéria Oliveira, do espetáculo natalício Auto de Natal em 2008. Em maio de 2009 pré-lança o CD “Onoffre Machine” da Banda Onoffre na qual faz parte como compositor, cantor e guitarrista, juntamente com o DJ Gabriel Souto.

A homenageada vem da mesma safra talentosa de novos compositores/intérpretes/instrumentista de Luiz Gadelha ou mesmo das vozes femininas que hoje dominam o cenário musical potiguar. Se Gadelha apresenta um som mais cosmopolita, Khrystal se vale da máxima de Tolstoi para cantar o regional e ser universal. Ela é herdeira de Jackson do Pandeiro e Elino Julião; representante moderna do coquista Chico Antônio.

Khrystal surgiu para a música a partir do Beco da Lama, no fim dos anos 90, precisamente no Abech Pub, onde iniciou o processo de amizades e trabalhos com outros músicos da cidade, a exemplo do guitarrista Carlança, o baixista Barbosa, o baterista Pereirinha e o homenageando de hoje, Luiz Gadelha. Daí a química afinada.

Depois, vieram os shows em eventos e projetos como Uma Lua na Rota do Sol, Sea Way, Praia Shopping e Seis e Meia, os festivais e seu 1º CD Coisa de Preto, no qual Khrystal contempla canções dos nacionalmente conhecidos Lenine, Dominguinhos, Guinga, Jacinto Silva e Elino Julião, além dos potiguares em ascensão, Galvão Filho e Romildo Soares.

Poticanto - Um Canto 100% Potiguar
Onde: Teatro de Cultura Popular Chico Daniel
Data e hora: Hoje, às 20h
Entrada Fraca
Contato: 9922.8188 / 9151-7783

Luná(u)tico

Recebi do jornalista Cefas Carvalho o tradicional cardápio de textos e poemas da segunda-feira e pesquei este do poeta Carlos Gurgel - quem melhor escreve sobre música nestas plagas. Lembro já saudoso de seus textos publicados na Preá.

LUNÁ(U)TICO

bailo
o tempo todo
sílabas que me comovem

entro
sempre que posso
na fila
de um parágrafo que boia

findo como
quem se estica
como quem estivesse
escrevendo p'ro vazio

e me
vejo
vagarosamente
acertando acentos
de uma eterna magia.

(Carlos Gurgel)

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Jornalista natalense é eliminada do CQC

A jornalista Ana Paula Davim foi eliminada agora ha pouco da fase de oitavas de final para escolha do oitavo integrante do programa televisivo CQC, da Band. Ana Paula concorreu com uma jornalista de Ribeirão Preto. A paulista saiu em vantagem: a matéria escolhida foi sobre festa peão, típica daquela terra. A jornalista, filha do deputado estadual Paulo Davim, desbancou mais de 30 mil candidatos que enviaram vídeos ao programa. Destes, 32 foram selecionados para as eliminatórias. Na próxima segunda-feira mais dois finalistas concorrerão à vaga do oitavo integrante do programa.

Teatro Mágico na TV Trama


Depois dos Beatles, Belchior e Luiz Gonzaga, acredito eu que o Teatro Mágico esteja na minha pauta de preferências musicais, mesmo após o episódio lamentável ocorrido aqui na província quando envolveu os locais tão bons quanto dos Poetas Elétricos. Enfim, fato é que acho revolucionário o som e a proposta do Teatro Mágico, do poeta Fernando Anitelli e sua trupe.

A foto acima é minha: Fernando Anitelli sem máscara. Tirei no show deles durante a Bienal Internacional do Livro de Fortaleza. O cara passou meia hora dando autógrafos, já sem a tradicional maquiagem de clowns sempre presente nos shows. Depois, bem ao estilo CQC, acompanhei a banda no jantar numa lanchonete na belíssima orla da cidade. A matéria saiu na capa do Diário de Natal.

Bom, isso tudo para avisar aos fãs que o universo lúdico e poético dessa galera vai tomar conta da TV Trama no próximo dia 18. A companhia artística criada por Fernando Anitelli foi convidada pela equipe do programa Radiola para participar das gravações do quadro “10 Horas no Estúdio”. Os músicos terão das 10h da manhã às 20h para gravar e mixar uma música. Os fãs acompanham tudo pelo site: http://trama.uol.com.br/tvtrama/.

“O que se perde enquanto os olhos piscam!” foi a faixa escolhida para o desafio. A composição é de Anitelli em parceria com usuários do Twitter. “Eu queria construir uma experiência interativa, onde fãs pudessem dar sugestões para a música”, explica. A idéia nasceu após um depoimento dado ao MST pelos seus 25 anos, quando o artista relacionou características entre as lutas da democratização da terra e da música. Para a trupe, a gravação da música em estúdio fecha um ciclo experimental de criação colaborativa.

O Teatro Mágico está na estrada há quase cinco anos. Ao longo deste tempo, o título do primeiro álbum, O Teatro Mágico: Entrada para Raros (2003) ganhou vida própria. Hoje, a companhia leva para o palco, além da sua arte, o debate em favor da música livre. “Fã é divulgador, não é pirata” é um dos slogans da trupe, que no ano de 2008 lançou o álbum Teatro Mágico: Segundo Ato. As canções foram divulgadas previamente no TramaVirtual e quebraram os recordes até aquele momento. Em menos de 48 horas, foram mais de 600 mil downloads.

Livro, filosofia e Lost


Sou meio avesso a seriados. Se forem americanos, a coisa piora. Mas fui convencido a assistir Lost e fiquei, lamentavelmente, viciado.

Eis que no momento em que nós, os viciados nos preparamos para assistir a última temporada do seriado, a Editora BestSeller (www.record.com.br) lança no Brasil o livro que desvenda os segredos da misteriosa ilha do pacifico sob um ponto de vista diferente: o filosófico.

Em A Filosofia de Lost, o professor da Universidade Católica de Milão Simone Regazzoni analisa os personagens, simbolismos e as questões abordadas neste polêmico programa TV.

O que Kant, Platão e Foucault teriam a dizer sobre as metáforas e fatos apresentados pelos sobreviventes do vôo Oceanic 815?

Fiquei bem curioso para ler o livro, posto que também adoro filosofia - resquícios do curso incompleto que fiz na UFRN. A Filosofia de Lost acaba de sair da gráfica da Ed. BestSeller e chega às livrarias esta semana.

Deu na Diário do Tempo de domingo

Roberta Sá: A natalense mais carioca deste mundo tropical volta à província nos dias 7, 8 e 9 de outubro para shows do lançamento de seu DVD. As apresentações serão no Teatro Alberto Maranhão. Roberta Sá chega pelas mãos do competente produtor Alexandre Maia – um cara que tem trazido as grandes estrelas nacionais a Natal há um bom tempo.

Twitter: Falar nisso... “O DVD de Roberta Sá é Primoroso. Tem a Cara do Brasil Musical que não toca na Rádio nem na TV”. Do produtor musical, companheiro de Khrystal e pai de Jackson Brasileiro, o performático Zé Dias, mais novo estreante desta microvida intitulada Twitter. O endereço do rapaz é este: /twitter.com/zedhe.

Jazz francês na Emufrn

O Quarteto de jazz Lafé Bemé estará em Natal em única apresentação amanhã, às 20h, no Auditório da Escola de Música da UFRN. Também se apresentará a Big Band Jerimum Jazz. Na quarta-feira, no mesmo local, às 9h, o grupo musical Francês realizará uma oficina destinada a músicos e amantes do Jazz. Entrada gratuita.

Programação da Flipa está fechada

Estão confirmadas as presenças do cantor e compositor Lobão, e dos romancistas e escritores Marina Colasanti, Danuza Leão, Daniel Piza, Raimundo Carrero, Ronaldo Correia de Brito, Heloísa Buarque de Holanda, Lílian Rodrigues, Márcia Monteiro de Carvalho, entre outros

Do Rio Grande do Norte participam como debatedores e mediadores Ney Leandro de Castro, Sanderson Negreiros, Moacyr Cirne, Geraldo Queiroz, Humberto Hermenegildo, Patrício Júnior, Woden Madruga, Dorian Gray Caldas, Tácito Costa, Isaac Ribeiro, Carlos de Souza, Marize Castro, Diva Cunha, Josimey Costa, Gilmara Benevides, Luiz Assunpção, entre outros

Na Pipinha Literária, destaque para a oficina “A Preparação do Escritor”, com o renomado escritor Raimundo Carrero, e da oficina sobre “Cordel” com o historiador, escritor e poeta Antônio Francisco Teixeira de Melo.

Resta saber se o evento atrairá público. O local é paradisíaco, atrativo por si só. Mas será que o público interessado se deslocará para Pipa para assistir os debates? Será que os nativos da praia terão interesse em se aprofundar em assuntos literários?

Estimo uma organização bacana a partir dos idealizadores. Os convidados, salvo um ou outro nome, são os mesmos de outros eventos. Achei interessante a participação de Gilmara Benevides e do professor Luiz Assunpção. Isso é coisa de Dácio Galvão, sempre interessado nas searas antropológicas. Torço mesmo pelo sucesso do evento, sob as bençãos de Lobão.

Goiamum Audiovisual começa hoje


O mais diversificado e repercutido festival de cinema e vídeo destas plagas potiguares começa hoje e se estende por duas semanas no Largo Dom Bosco, na Ribeira. O Goiamum Audiovisual adentra sua terceira edição com a mesma metodologia propositiva e informativa que a caracteriza como um festival diferenciado dos demais e já com projeção fora das muralhas do Rio Grande do Norte.

A edição deste ano vai levar cinema e vídeo a vários pontos da cidade. A programação inclui um mix de palestras, debates e muitas mostras para que os moradores de Natal possam conhecer a produção local, apreciar bons filmes e entrar em contato com obras escanteadas dos circuitos comerciais de exibição.

Entre as novidades para este ano, estão a realização do Encontro de Cineclubes do Nordeste, a presença do cineasta Beto Brant (diretor de O Invasor e Cão sem Dono, entre outros) para uma palestra e bate-papo com o público, uma mostra em homenagem aos 70 anos de nascimento de Glauber Rocha – principal nome do Cinema Novo brasileiro – e outra mostra de filmes que foram adaptados das histórias em quadrinhos.

Chegando à terceira edição, o Goiamum vai centrar suas atividades nos bairros históricos de Cidade Alta e Ribeira. O Cine Goiamum, local da maioria das exibições, será montado no Largo Dom Bosco, em frente ao Teatro Alberto Maranhão. Outras atividades serão desenvolvidas no Solar Bela Vista, no Museu de Cultura Popular, no Auditório do SESC, na UFRN e em vários pontos da cidade.

O homenageado deste ano será o maquiador Amaro Bezerra, potiguar com mais de quatro décadas dedicadas às artes e que desde a década de 1980 desenvolve uma sólida carreira nos bastidores do cinema. Bezerra tem no currículo mais de 30 produções na qual atuou como maquiador chefe, incluindo sucesso de bilheteria como O Homem que Desafiou o Diabo e Bezerra de Menezes, além de ter trabalhado em novelas da Rede Globo.

O Goiamum Audiovisual 2009 é uma iniciativa do Cineclube Natal e a ONG Zoon Galeria de Fotografia, com o patrocínio da Prefeitura do Natal, por meio da Fundação Cultural Capitania das Artes, e do Ministério da Cultura, através da Secretaria do Audiovisual (SAV). O Diário de Natal conversou com um dos organizadores do evento e diretor do Cineclube Natal, Nelson Marques:

Entrevista – Nelson Marques

Mesmo com três anos de existência o Goiamum já é o maior festival do gênero no Estado?
Não é a pretensão. Mas oferecemos uma parte formativa com oficinas, palestras... E isso representa um caráter diferente de outros festivais. Durante a segunda semana mostramos um lado mais propositivo, com reunião de profissionais da área para discutir ações coletivas e políticas além de trazer mostras diferenciadas. Na mostra comemorativa aos 70 anos de Glauber Rocha traremos o filho dele, Pedro Rocha, para conversar com o público. Na mostra de cinema em quadrinhos – eixo central do Goiamum este ano – também haverá debate com Milena Azevedo, Moacy Cirne e Roberto Sadowski. Apesar dos três anos de existência, o Goiamum é muito reverenciado em outros festivais, como no Festival de Gramado. É um evento já presente no catálogo de festivais de cinema do Brasil.

Ainda assim falta maior prestígio do público. Qual a razão?
Isso é relativo. Queremos participação popular maior. Tanto que é o evento é promovido em praça pública. É um público que circula, participa. E temos apoio grande da mídia. Mas às vezes não temos o público esperado. Parece característica do público de natal. Tenho minha visão crítica quanto a isso. Sei que apresentamos uma proposta diferenciada dos festivais clássicos, onde reúne o social da cidade.

A temática não é por si só, mais elitista?
Por exemplo: esperamos cerca de 150 pessoas dos cineclubes do Nordeste para traçarmos uma política de ação comum, conjunta. Temos programas semelhantes. No fim das contas, não é um pólo, um debate de atração geral. É um pessoal interessado no audiovisual. É uma discussão específica. Organizamos também eventos de outras áreas para formação de uma rede de produção de audiovisual com perspectivas de disseminação no Nordeste como um todo. Isso é propositivo. Vai atrair profissionais do ramo. Também promoveremos 20 oficinas de animação para crianças e adolescentes, o que também se fecha em um público.

Ainda assim o festival cresce a cada ano...
Conseguimos neste ano o apoio da Secretaria do Audiovisual (SAV). Ano passado, Sílvio Dá-Rin, (cineasta secretário nacional de Audiovisual do Ministério da Cultura) veio, participou do debate e ficou impressionado. E a vontade dele de continuidade se expressou pelo apoio este ano. Ainda é pequeno, parcial. O maior ainda é pela Capitania das Artes. Mas como todo evento novo não podemos sequer participar em editais de fomento cultural. Neste ano talvez teremos. É nossa pretensão. E em termos de repercussão, estamos muito satisfeitos.

domingo, 13 de setembro de 2009

Tributo a Tico da Costa

Um tributo a Tico da Costa será realizado nesta quarta-feira no Teatro Alberto Maranhão.

Um time de músicos potiguares estarão presentes. João Salinas, Sérgio Farias, Mirabô, Carlos Zens, Dudu Campos, Babal, Dudé Viana, Eduardo Taufic, Manoca Barreto, Zé Martins e outros.

O show começa às 19h30. Contato: 3219-4078 ou 3084-7710.

sábado, 12 de setembro de 2009

Nem 8 nem 80: Catorze!

O experimentalismo e o hibridismo de linguagens estão presentes no jornalismo cultural desde o início do século 20, pelo menos. Mas, as crianças crescem e com elas, seus brinquedos. E a diversidade editorial e informativa evoluiu para ferramentas midiáticas como blogs, sites e outras mídias contemporâneas recheadas de mecanismos de multimídia. É a tendência futurista. Em Natal, um projeto encabeçado por universitários de jornalismo avança com uma proposta modernista do fazer jornalístico, ainda que alternativo. É a revista eletrônica Catorze. Será lançada hoje no Bule Café Atelier (Av. Ayrton Senna, ao lado da UERN) a partir das 19h. Música acústica, samba-rock e discotecagem e 50 batidas de coquetel animarão os visitantes.

Uma única edição impressa da revista eletrônica ficará exposta à visualização na estante do Bule Café. Como manda os novos tempos e as novas tecnologias, o conteúdo informativo e opinativo, voltado à seara cultural, estará no site www.revistacatorze.com.br a partir das 18h30 de hoje, pouco antes do lançamento oficial do projeto. A atualização será quinzenal, sempre acompanhada de uma edição impressa. Para o primeiro número virão reportagens a respeito do Museu Djalma Maranhão; o projeto Barracantes, do Clowns de Shakespeare; da Caravana da Cidadania Cultural; quadrinhos, eventos, literatura, textos opinativos e espaço colaborativo para novos autores, além das primeiras matérias da série sobre a Coleção Mossoroense.

O projeto ainda é todo bancado pelos próprios idealizadores – quatro estudantes do último período de jornalismo da UFRN. Fábio Farias, Ramon Ribeiro, Beto Leite e Rayanne de Azevedo são os quatro remanescentes dos quinze iniciais da Revista Catorze. Segundo Fábio, a ideia começou em 2008 com o intuito de formatar um jornal impresso independente, a exemplo de outras publicações históricas da cidade como O Galo. O preço inviável empurrou a criatividade dos quinze universitários para a mídia mais barata e democrática. O blog funcionou como depositório de experimentos. E também para enxugar a galera mais interessada no projeto. A revista eletrônica foi pensada este ano e a primeira reunião de pauta foi realizada em agosto. Compraram o domínio do site, elaboraram o conteúdo e puseram na internet.

Segundo Fábio, a revista eletrônica representa o primeiro passo de projetos maiores. O site se pretende um portal de notícias voltado à cultura, com uso de áudio e multimídia. Os estudantes já estudam a cobertura em tempo real da primeira edição da Feira Literária da Pipa (Flipa), programada para 24 a 26 deste setembro. Outra ideia menos original e tão boa quanto é o crossbooking – a troca gratuita de livros. Já durante o lançamento da Revista Catorze ficarão disponibilizados 15 livros de autores renomados como Raul Pompéia, Charles Bukowski e outros. O método é simples. O interessado pega o livro, lê e repassa para outra pessoa. O intuito é divulgar o projeto (em cada livro haverá um adesivo publicitário da revista eletrônica) e incentivar a leitura. Todas iniciativas “linkadas” ao jornalismo cultural. Aliás, o que não é cultural no jornalismo?

Revista Catorze (lançamento)
Onde: Bule Café Atelier (Av. Ayrton Senna, ao lado da UERN)
Data e hora: Hoje, às 19h
Entrada Franca, com apresentações musicais e discotecagem

* Matéria publicada no Diário de Natal deste sábado

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Festival Sesi de Música

Assisti agora há pouco a final do Festival Sesi de Música, no Teatro Alberto Maranhão. Foi a primeira vez e fiquei surpreso com a qualidade das composições e interpretações.

O Festival seleciona apenas funcionários de indústrias que nunca subiram em um palco. Todos amadores. Por isso esperava um nível mais fraco, mesmo entre os dez finalistas de hoje.

A qualidade dos intérpretes, sobretudo, é comparável aos melhores festivais cuja representação é de cantores experientes. Uma ou outra composição deixou a desejar. Nada absurdo. E nem se pode exigir letras e melodias aprimoradas. É uma categoria mais exigida, sem dúvida.

O resultado não foi exatamente da minha preferência, mas todos os vencedores são dignos de representar o estado potiguar na etapa nacional do festival, em Brasília.

Bom público, ótima organização. O Sesi está de parabéns por mais esta edição e pela oportunidade dada a essa galera.

Meus destaques: as interpretações de João Fernandes de Araújo (2º lugar) e Elaine Cristina (3º lugar), e a composição de Paulo Roberto da Silva Nogueira (2º lugar) - um forrozin muito massa.

Os três primeiros de cada categoria receberam premiações em dinheiro. E o vencedor de cada uma representará o Rio Grande do Norte em Brasília.

Resultado:

Interpretação

1º Andraw Smith (da Alpargatas)
- música: Voz do Coração
- autor: Mito & Lenilton

2º João Fernandes de Araújo (da Equipaggio)
- música: Decidi
- autor: Trazendo a Arca

3º Elaine Cristina da Silva (da RC Plásticos)
- música: Sem Você
- autor: Rosa de Saron

Composição inédita

1º Guilherme Bezerra (da Cabo Telecom)
- composição: Seu Blues

2º Paulo Roberto da Silva Nogueira (da Coats Correntes)
- composição: O Vendedor

3º Lindemberg Simão (Coteminas S/A)
- composição: É Nessas Horas