quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Viver é sofrer

Tenho lido o best seller do psiquiatra Irvin D. Yalom, A Cura de Schopenhauer. E por trás da suposta cura para nossa existência, amigo leitor, está um pensamento demasiado pessimista do filósofo alemão. Para Schopenhauer, “viver é sofrer”. E já escrevi outras vezes neste espaço esta mesma idéia, a qual comungo. Ora, se vivemos em busca de alegrias, é porque somos tristes por essência. Gozamos, aqui e ali, de instantes de euforia, apenas. E é muito.

Mas há os momentos – e talvez sejam nestes arroubos de alegrias – quando penso o contrário. Acordo hoje e olho pela mesma janela dos meus dias de cotidiano e vejo um dia tão bonito. É de mesmo sol e paisagem. Talvez sejam dias em que se acorda celebrando a vida. Ligo o computador e leio uma mensagem (ou “scrap”, como gostam de dizer os mais modernos) carinhosa da amiga Kandy. E o sorriso perdura por quase todo o dia e penso que a existência pode mesmo ser alegre.

Sei também, com a experiência de alguns anos de observador astuto dos mistérios da alma, que tudo não passa de ilusão. Vivemos em função de nossas vontades. E essas vontades querem sempre mais. Por isso o eterno inconformismo. Mas há o que nos acalma, amigo leitor. E a amizade é fator primeiro de esperança de uma vida mais amena de frustrações. Se for verdadeira, não se exige mais daquele amigo.

E por isso agradeço as poucas amizades. Não preciso de mais. Conforta-me ainda reconhecer a segurança dos sentimentos mais nobres que trazem um alento à dureza dos dias. A amizade e o amor pincelam o cinza da alma de um colorido radiante, longe daquele preto e branco – matizes das saudades doídas – ou dos tons lúgubres da solidão e da melancolia. De certo, a amizade quebra paradigmas da existência e faz um dia de sol comum mais alegre, apenas com o poder da palavra e da sinceridade.

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