Por Neusa BarbosaEspecial para o UOL, do Cineweb
Constantemente celebrados como parâmetros da antropologia indígena no Brasil, os irmãos paulistas Orlando, Cláudio e Leonardo Villas Boas serão objeto de uma cinebiografia, “Xingu”, assinada pelo diretor Cao Hamburger (“O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias”), cujas filmagens começam no próximo dia 20 de julho, na Amazônia. Os intérpretes do trio serão Felipe Camargo (Orlando), João Miguel (Cláudio) e Caio Blat (Leonardo).
Falando ao UOL Cinema por telefone, de um barco, a partir da cidade de São Félix (TO), uma das locações da produção, Hamburger lembra que seu engajamento no processo decorreu de um convite de Fernando Meirelles, o cineasta e dono da produtora O2, que aqui funciona como produtor.
A semente inicial do filme, no entanto, foi uma queixa de Noel Villas Boas, filho de Orlando, a Meirelles. “Ele procurou o Fernando, argumentando que a história de seu pai e tios renderia um ótimo filme. E que estava esquecida”, conta Cao. Aceita a ideia, foi dado início a um longo processo de pesquisa. Só após esta etapa, o diretor aceitou o convite. “Eu sabia por alto quem eles tinham sido, claro, mas isto não bastava. Quando mergulhei no assunto, me apaixonei muito por eles, suas histórias e os personagens que era possível descobrir nesta saga”. Sua parceira nesta fase preliminar foi a antropóloga Maíra Bühler, uma das diretoras do documentário “Elevado 3.5”, vencedor do Festival É Tudo Verdade em 2007.
Uma precondição para a entrada do diretor no filme foi a livre disposição do roteiro, já que se trata de uma ficção. “Só topei depois que a família concordou com esta liberdade. Afinal, o roteiro é baseado em fatos reais, mas bastante ficcionado em termos de juntar personagens, eventos e mexer com a cronologia”, observa Hamburger. O roteiro, que custou três anos de desenvolvimento, é assinado pelo próprio diretor, Anna Muylaert (diretora de “É Proibido Fumar”) e Elena Soárez.
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Como a idéia vem de uma demanda da família, o filme certamente vai ser bem "chapa branca", o que significa deixar de lado o comportamento polêmico dos sertanistas, sempre escondido pelos amigos jornalistas que retratam uma vida de erros e acertos como se fosse a história oficial da igreja católica. Uma boa pergunta para o roteirista é questionar por que deixaram de indicar os irmãos Villas Bôas para o nobel da paz...
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