O Baixo de Natal dará, literalmente, o que falar em 2011. O movimento responsável pelo grito independente eclodido em dezembro de 2010, como contestação à falta de compromisso com os artistas natalenses, ensaia novos caminhos e já promete fazer sombra ao Rei Momo no carnaval deste ano.
O primeiro indício de continuidade do movimento é a gravação das duas canções (a primeira, parceria com melodia de Luiz Gadelha e letra de Patrício Junior, e a segunda, uma sátira) escolhidas para a trilha sonora do espetáculo The Baixo de Natal - principal atividade do grupo. Elas serão mixadas no estúdio Dosol e disponibilizadas em formato de clipe e mp3 na internet, para download gratuito.
A primeira reunião do grupo está agendada para a primeira semana de fevereiro, segundo a atriz Quitéria Kelly. As discussões estarão concentradas em vários pontos. Entre eles, a busca de parcerias privadas e públicas, a possibilidade de reapresentação do The Baixo de Natal em local fechado, e um novo nome para o movimento.
A ideia de "rebatizar" o então Baixo de Natal é desvincular o movimento da crítica à programação do Auto de Natal. "Queremos estender a proposta a outros eventos populares. E precisamos de um nome mais abrangente. Seria um nome central com as três ramificações que seriam o Baixo e Natal e os movimentos do Carnaval e São João, que iremos discutir", explica Quitéria.
A ação do "Baixo" no Carnaval será definida na reunião. A proposta inicial é "fazer o carnaval do nosso jeito". E esse jeito repetirá a fórmula do Baixo de Natal: crítica, ironia e produtividade. "Pensamos em oficinas e palestras com amigos nossos de cidades vizinhas, blocos de carnaval com pernas de pau e, de repente, até um local para formamos o nosso pólo, já que criaram os pólos do carnaval em Natal".
Quitéria Kelly levanta a possibilidade de o Circuito Cultural da Ribeira - organizado pela Casa da Ribeira e Centro Cultural Dosol - receber a proposta do movimento como 'pólo' do carnaval. "Tudo são ideias, propostas queiremos discutir. Desde o fim do Baixo de Natal, em dezembro, temos discutido assuntos relacionados à cultura em listas de discussão na internet. Não paramos. Ninguém perdeu o foco".
Sem a intenção de "institucionalizar' o movimento, mas buscar dignidade aos artistas e melhor estrutura para os espetáculos e demais atividades, Quitéria confirmou que o grupo pretende contatar a secretária de Cultura, Isaura Rosado para buscar apoio. "Josenilton Tavares (produtor cultural) sabe bem os caminhos dos editais e ações de fomento à cultura e já se disponibilizou a participar. Se tem esse dinheiro disponível, queremos o acesso a ele".
A atriz ressaltou que, mesmo com o apoio governamental via editais ou apoio financeiro direto, o movimento manterá o caráter crítico e independente. "Não somos contracultura, somos prócultura. Esse papo de artista trabalhar de graça# Gente, tenho filha pra criar. Se faço até animação de festa, por que não receber pela minha arte?", questiona Quitéria. E o poemúsico Carito enfatiza: "Estoufarto da estética do artista não ganhar dinheiro".
Início
O Baixo de Natal começou de forma espontânea no Twitter, com reclamações de Quitéria Kelly com o descaso do poder público com os artistas locais. "Vários reclamaram de terem ficado de fora da seleção do Auto de Natal. Então sugeri criarmos o nosso. E logo vieram as manifestações. Luiz Gadelha faria a trilha sonora, Buca (Dantas) e Fábio DeSilva filmariam um documentário, (Carlos) Fialho e Patrício (Jr.) resolveram escrever e rapidamente se formou um grupo coeso em torno do projeto. Parecia um grito entalado na garganta". E o que começou como rebeldia cedeu lugar ao discurso artístico propositivo.
O auge da programação de cinco dias, montada por 40 artistas independentes e espalhada pelos quatro cantos da cidade, foi a encenação do espetáculo The Baixo de Natal. O texto dos "jovens escribas" Carlos Fialho e Patrício Jr. não poupou nem eles próprios. Segundo Patrício, o que começou como chacota ao Auto de Natal foi finalizado como comédia de muitas críticas e sem rancores. O roteiro do espetáculo de rua conta a estória de artistas que se reúnem e concluem que a cidade não precisa de arte e vão embora. Toda uma contextualização foi mostrada até que eles decidem ficar e tentar mudar o cenário local.
* Publicado hoje no Diário de Natal (AQUI)
[image: Quando usamos a palavra em cima?]
Quando usamos a expressão "em cima"? Fique por dentro do significado e das
diferentes situações em que esta pal...
Há 6 horas
Acho que esse projeto devia ser independente,se abrir suas portas vai ser institucionalismo e daqui a pouco será como o AUTO DE NATAL e qualquer edital fajuto para os artistas dessa cidade.
ResponderExcluirA Cara da Poesia