por Jarbas Martins
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Pela enésima vez, caro Sérgio, leio esta crônica do Mario Ivo, pela terceira vez teço um comentário sobre o terrível e doce assunto que ela trata: coisas do amor.Deitado, a cabeça sobre um travesseiro de saudade e ausência, os meus olhos tateiam a quase escuridão. À esquerda do horizonte da minha cama, o vulto onírico de Irani a três mil kms. de distância. Como num quadro de Salvador Dali. De que é capaz um velho e solitário amante... De repente o surrealismo e o delírio são as suas mais constantes companhias. E de repente aquele presságio, acompanhado de pequenas turbulências e remorsos e ternuras nunca reveladas. Que o coração,o grande dissimulado, se faz,às vezes, de orgulhoso. Às vezes.E, à medida que se envelhece, cada vez menos.Foi nessa longa jornada noite a dentro, que reli, pela enésima vez, a crônica do nosso Mario Ivo. Tão elegante e surpreendente ao tratar de um velho tema.Do qual trataram Camões, Henri Heine e Pablo Neruda. E Wong Kai-wai, um cineasta de Hong Kong. Em todos esses a preocupação, a busca, a explicação para esse sentimento tão contraditório, tão nobre, tão banal. Mais impertinente que a dor da bursite que me acompanha neste momento.
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