domingo, 30 de janeiro de 2011

Cinema 3D no Moviecom

Expansão do 3D em Natal

Sem alardes a Rede Moviecom estreou a segunda sala de cinema 3D de Natal, no Praia Shopping. Foi na última sexta-feira. A procura pela animação As Aventuras de Sammy ainda é tímida. A pouca divulgação se deveu à pressa pela estreia, "um pedido antigo", segundo o gerente de marketing da rede, Marco Antônio Carvalho. De fato. Os transtornos pela fila exagerada causada a cada estreia cinematográfica em 3D no Cinemark pediam a divisão da demanda. O equipamento é de última geração, conforme exigência da nova tecnologia que reaqueceu o movimento nas salas de cinema, ainda prejudicado pelo fenômeno da pirataria.

Em seis anos o número de locadoras de vídeo caiu quase 95% em Natal. As sete sobreviventes do naufrágio da legalidade frente aos "piratex" nadam contra a maré e se agarram a outros serviços para manter o comércio. O cenário é claro: a ilegalidade venceu o comércio legal. O mercado da pirataria - travestido de informal ou problema social - forçou a falência de cerca de 130 videolocadoras na cidade na última década. E embora pareça tendência o crescimento dessa prática criminosa, o surgimento de tecnologias como o blue ray e o 3D prometem inviabilizar a cópia pirata e reacendem a esperança de velhos comerciantes do ramo e das redes de cinema.

"A modernidade exige uma sala em 3D em pelo menos uma sala do complexo de cinema. O investimento é alto e o retorno é de longo prazo, mas o público exige. É a tendência, a nova forma de se fazer cinema, uma realidade inevitável", pontua Marco Antônio Carvalho. Embora o custo para montagem do novo equipamento no complexo localizado no Praia Shopping tenha atingido a cifra de R$ 1 milhão, o gerente de Marketing adianta que a meta é de uma segunda sala ainda este ano ou para 2012 (confira a programação dos cinemas e valores de ingressos na página 22).

De fato, as novas tecnologias têm transformado a forma de ver o mundo. Não só novos conceitos são formados. A estética também recebe a cada dia novas molduras, seja na arte chamada contemporânea ou em novas definições de imagem. E a conceituada sétima arte não podia ficar de fora. O cinema acompanha a evolução da humanidade e o progresso tecnológico desde o século 19. Desde a apresentação do cinematógrafo pelos irmãos Lumiére, a produção cinematográfica galgou mais de 100 anos de experiências e histórias até alcançar a nova onda: as projeções de filmes com tecnologia tridimensional, o chamado 3D.

Opiniões
Mesmo o que parece uma onda sem volta, um dos mais conceituados críticos de cinema do país, o ensaísta Moacy Cirne se mantém incrédulo quanto à empolgação ainda considerada imediatista. "A tecnologia 3D não diz nada se o filme for ruim. A qualidade de um bom roteiro, uma boa direção independe do avanço técnico. Acho cedo apontar o 3D como avanço". Para Moacy, o cinema falado, inaugurado em 1927 com o filme O Cantor de Jazz (dirigido por Alan Crosland) se mantém como o maior avanço da centenária história cinematográfica. “Foi uma mudança radical sentida até hoje”, complementa.

Moacy fala com conhecimento de causa. Assistiu ao filme em 3D, Alice no País das Maravilhas. “Ainda vi esse porque gostava da história (escrita por Lewis Carroll no século 19), e também gostava do diretor (Tim Burton). Mas saí frustrado”. A opinião do jornalista e ex-professor de Cinema, Tácito Costa, o 3D é válido. “Só acrescenta, sem prejuízo à produção cinematográfica”. E pondera: “Agora, não é a salvação do cinema; nenhuma panacéia. Não faz de um filme bom nem resolverá problema de falta de público”. Para Tácito, o 3D ainda está associado aos filmes blockbusters, que naturalmente já atraem mais público.

E o que vem depois?
A estimativa de especialistas é de que em dez anos o cinema 3D chegue às residências e o cinema precisará dar outro passo à frente. A tendência já experimentada é o IMAX - uma tecnologia que nenhum aparelho de entretenimento doméstico poderá reproduzir. Por motivos simples: as telas são gigantes. O IMAX tem como padrão telas de 22 metros por 16 metros. Além do tamanho, o IMAX promete levar o telespectador para dentro do filme. Esse efeito é criado pela combinação da projeção gigante, tela com maior curvatura, sistema de som digital com o dobro de potência de uma sala comum e ambiente montado de forma geometricamente favorável. O sistema chamado Rolling Loop torna o efeito 3D ainda mais real.

Segundo o site Idgnow, atualmente existem mais de 300 salas IMAX distribuídas em 40 países. Cerca de 60% delas estão nos Estados Unidos. Apenas 40% das salas ficam em shoppings ou centros comerciais. O restante está dentro de museus e centros científicos. No Brasil, a única sala equipada com IMAX foi inaugurada em 16 de janeiro de 2009, no Unibanco Arteplex do shopping Bourbon, em São Paulo. O Unibanco Arteplex informou ao site Idgnow que a taxa de ocupação da sala IMAX se mantém em 90% e representa 50% do faturamento do complexo. O ingresso cobrado é no valor de R$ 30. O orçamento da sala Unibanco IMAX foi de 6 milhões de reais, incluindo equipamentos e a estrutura da sala.

* Matéria publicada hoje no Diário de Natal

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