por Marcel Lúcio
no Substantivo Plural
Você é conhecido como um “poeta marginal”, sua obra é marcada pela ruptura em relação à tradição literária; ao mesmo tempo, você exerce a atividade de crítico de literatura, tendo publicado, por exemplo, um ensaio sobre o poeta Ferreira Itajubá, considerado um clássico das letras potiguares. Então, a pergunta: existe algo que aproxime Itajubá dos poetas marginais dos anos 80?
João: – Outro dia li uma observação feita pela professora Heloísa Buarque de Hollanda, em que ela diz que os poetas marginais estão canonizados. Aqueles da década de 70 que foram estudados por ela. Não, eu hoje já não me enquadro nesse rótulo, que ficou datado. Minha pouca produção poética, inclusive, já não se vincula a isso. São poemas de um quase cinquentão. Agora é uma poesia crítica que dialoga com a minha atividade de crítica literária. Quanto a Itajubá ele é considerado um poeta popular, mas mesmo assim sua poesia destoa da linguagem e dos interesses da estética marginal dos anos 70/80. A temática e o estilo dele procuravam atender aos cânones da época.
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João – da Rua, de La Calle, Batista de Morais Neto... sou fã, como quem é fã de um ídolo de rock, pra mim João sempre foi rock-mpb-underground- poesiamarginal-vanguarda-pop-e-na-dele-ao-mesmo-intento. João abriu minha cabeça naquela época de Temporada de ingênios, expandiu minha consciência como um ácido humano, João e toda aquela trupe que conheci através do meu amigo Afonso Martins que fazia a faculdade de arquitetura comigo. E Tetê tem razão – João precisa publicar mais, por horas a fio, por romances-minutos a cios...
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