Admirável a batalha do grupo de samba Arquivo Vivo em lançar seu primeiro CD. Quem acompanha o grupo desde o início reconhece o trabalho abnegado dos integrantes e o crescimento gradativo da banda. Começaram ali pelo Buraco da Catita, subiram a ladeira e encontraram o Beco da Lama. Todas as quintas-feiras eles fazem roda de samba no Bar de Nazaré. E de um ano pra cá, expandiram horizontes e ganharam os palcos do Praia Shopping, Tom Maior e outros mais que reconhecem no som o melhor grupo de samba de Natal, ao lado do Linha de Passe.
Conversava com o vocalista e cavaquinista Marquinho essa semana. O grupo tem feito shows como pode para cobrir o investimento de quase R$ 12 mil em um CD totalmente autoral. E se o Arquivo Vivo ainda galga espaço e retorno financeiro com a música, ainda assim a galera preferiu procurar os melhores estúdios, profissionais e material gráfico. O CD será confeccionado na Sony, mesmo sendo o lugar mais caro. Deve vir em março. Marquinho me disse que a intenção era apresentar o melhor resultado possível para estreia e só depois procurar o reconhecimento.
É desse tipo de artista, talentoso e perfeccionista que Natal dispõe. Mas essa cidade é muito escrota, sabe? A cada dia tenho mais certeza disso. Conversava também essa semana com Leonardo Barata e foi tanta história contada que quase ligava a quem um dia me ofereceu possibilidade de emprego longe daqui. Aposto que o CD dos meninos ganhará alguma midia, alguma venda, pouquíssimo dinheiro para amenizar o investimento e depois ficarão presos aqui, do jeito que começaram. Natal parece querer fritar todos os seus filhos no refogado para comer junto com um McDonalds.
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