segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Meu nome não é Johnny

Sinto-me constrangido em criticar filmes de empatia quase unânime. Mas, sinceramente, Meu Nome Não é Johnny não me acrescentou nada. Ao sair do cinema, a sensação de um bom filme para uma tarde de domingo, sem aquela euforia ou impacto das intrigantes obras cinematográficas, inspiradoras para novas reflexões e conceitos.

Muitos colocam o trabalho do diretor Mauro Lima como o último de uma trilogia iniciada por Cidade de Deus e continuado com Tropa de Elite. Acho muita ousadia para um filme sem originalidade alguma. Cidade de Deus mostrou a guerra no tráfico, a vida no morro e originou uma série de outros filmes na mesma linha. Tropa de Elite também inovou em tema e estilo.

Meu Nome... é um filme muito bem produzido, com alguns fiascos de interpretação e um roteiro primoroso. Mas a história de como um “playboy” entra para o tráfico de entorpecentes é tão manjada quanto a discussão do porquê de um rapaz de classe média se envolver com a marginalidade.

E outra: o filme é praticamente uma cópia de Profissão de Risco (2001), com Johnny Deep – também baseado em fatos. Ambos tratam da obsessão rápida e fácil pelo dinheiro e pelo consumismo. Ambos os traficantes (interpretados por Deep e Selton Mello) eram de classe média e se tornaram referências no tráfico.

E mais, o assunto foi tratado de uma forma não tão semelhante, mas com mesmo tema em Bons Companheiros, de Scorcese, e com os Chefões, de Coppola. Em todos eles, o enfoque na condição humana como predominância à vida. Em Meu Nome... , por exemplo, a vida do traficante João Guilherme é o olho do furacão. Com isso, a vida de centenas de pessoas que ajudou a destruir fica apagada, ou pelo menos subentendida.

No mesmo dia assisti o “piratão” de Quase Dois Irmãos (2004), de Lúcia Murat. Este, sim, poderia ser encaixado na trilogia. Também uma história verdadeira, mostra não só a formação do Comando Vermelho como aborda de forma inteligente e verdadeira o apartheid entre pobres e ricos e a impossibilidade de uma sociedade igualitária, mesmo quando a condição circunstancial das classes é a mesma, como a de prisioneiros.

Pra resumir: achei um bom filme pop. Não fosse o excesso de drogados em tela, poderia figurar no Tela Quente, da Globo. Afora a atuação de Selton Mello, não vi outra merecedora de destaque. Cássia até “Kiss”, mas não deu como juíza. Estava horrível, como também as cenas no tribunal. Da bela Cléo Pires, já não há o que se esperar.

Enfim, se o nome do rapaz é Johhny ou João, acho melhor o amigo leitor que não viu o filme esperar o piratão do que pagar a fortuna do ingresso do cinema para saber.

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