quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

E o Pierrot sai de cena...

Fim de carnaval. O Pierrot saiu cambaleante de tristezas pelas ruelas adjacentes à alegria do carnaval. Sugou as mágoas e frustrações de todos e levou todo o desespero da humanidade para o esconderijo onde se esconde durante o ano todo. Agora somos nós a enfrentarmos nossas sombras e as artimanhas do cotidiano. Há dois mil anos um outro morreu por nós. Não há mais bodes expiratórios para nos livrar dos males das esquinas e da alma.

A partir de hoje são 40 dias de privações aos verdadeiros cristãos. É a tal Quaresma. Uma preparação para a maior festa do cristianismo: a Páscoa. Os 40 dias lembram o período em que Jesus passou longe de todos, em jejum e à mercê das tentações da alma. Não sei se farei jejum ou darei mais esmolas para atender as súplicas da Igreja Católica. Talvez mais orações a algumas privações. Quem sabe 40 dias de recolhimento, leitura, reflexão?

Sinto que serão dias de mudança. Como frisou o pároco da igreja do Bom Jesus das Dores, na Ribeira, durante a missa de ontem, o momento é o ideal para mudanças; para a conversão. Para o período, recomendaria leituras pesadas de filósofos niilistas. Mais: tente plantar uma horta, mesmo que em apartamento. É possível. E fuja do trânsito. É o tempo mais inútil que se tem no dia. São privações mínimas e atitudes idem para uma vida mais amena.

Se vale outro conselho, ouso escrever: malhe, chacoteie, esnobe a vida. Você está zombando da hipocrisia alheia e de uma humanidade perdida. Claro: olhe primeiro para dentro de si e seja mais justo consigo. Depois, bata na vida como se ela fosse o Judas Iscariotes. Não precisa esperar o sábado de aleluia. A gratidão com Deus é pela existência e não pelo que outros fizeram dela. Rir da vida é o melhor remédio. Mas para isso, isole-se ao máximo, sem perder a ternura, a gentileza e o bom senso. Mas calma, amigo, são apenas 40 dias. Para o resto não há fuga. É a lei da prisão das ruas.

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