sexta-feira, 28 de março de 2008

Da política cultural potiguar

Quase um ano e meio de política cultural praticada (?) pelo governo estadual e eu pergunto ao amigo leitor: qual a grande obra, a vetusta idéia ou a maior marca desta gestão nesse período? Melhor (ou pior?): o dinheiro público para o segmento financiou quais projetos?

De certo alguns programas ou incentivos serão lembrados: a programação do Dia da Poesia, o Dia do Teatro, o Dia do Folclore, oficinas e encontros para encher o Açude Itans. Ou mesmo a manutenção do que já existia e a repetição de medidas adotadas há alguns anos, como o Projeto Seis e Meia e a renúncia fiscal para projetos encabeçados pela Lei Câmara Cascudo.

Nada de novo no fronte. Quando passo pela Cidade da Criança, a alegria que tenho parte das recordações infantis. Um espaço raro de beleza, imenso e mal aproveitado. Ainda recebeu reforma durante a gestão do escritor François Silvestre. Depois, caiu no esquecimento.

Outro triste retrato: recebo por imeiu um livro inédito (comentarei depois) do escritor e jornalista Franklin Jorge – um dos maiores talentos literários da nossa terra. Ele continua – e não é de hoje, vale a ressalva – a espera de uma editora ou um incentivo para publicar dezenas de outros escritos já prontos.

A doação do terreno do patrimônio histórico da Rampa pela Marinha foi outro fiasco. Lá se vai uma parte da nossa história. Como em ruínas também está o Museu Nilo Pereira, em Ceará-Mirim – prédio ainda bonito e que um dia abrigou o primeiro presidente da Província. Está jogado às traças e morcegos.

Larguei a notícia em meu blog, apenas como hipótese provável, de que o fim do Projeto Seis e Meia estava prestes a fechar as cortinas e a mídia local correu atrás dos fatos. Tudo comprovado. Artistas sem receber cachê; o produtor Willian Collier desestimulado e acusando a burocracia da Fundação José Augusto em liberar recursos para o Projeto.

O Seis e Meia voltou. E com um diferencial bacana: alunos de escolas serão convidados e com entrada gratuita. Bravo! Tudo conseguido com a intervenção da governadora quando soube da ameaça do fim do projeto. Mas lembro bem que o Seis e Meia se mantinha com patrocínio privado e vivia com casa cheia. Não com dinheiro público e cadeiras vazias.

Após um ano e quatro meses, a revista Preá renascerá em data festiva dos 40 anos da Fundação. O tempo de espera já seria uma crítica. A assessora da FJA e nova editora da revista, a competente Mary Land Brito ligou para este blogueiro perguntando quanto deveria pagar por lauda a um jornalista colaborador da revista. O presidente da FJA, Crispiniano Neto disse-me que exonerou o antigo editor Tácito Costa para enxugar os custos. No final, a revista sairá mais cara do que a encomenda, aposto.

Em sua coluna Bazar, o jornalista Alex de Souza comenta outros gastos ridículos e publicados no Diário Oficial, efetuados pela FJA. Não bastasse a burocracia na liberação de recursos, os que saem recebem má destinação. Já comentei aqui da espera humilhante dos diretores do filme Mariposa Blanca – produção potiguar! – na ante-sala da Governadoria em conseguir recursos para finalizar o longa.

O projeto DenCidade foi uma idéia muitíssimo bacana de um grupo de artistas visuais para incentivar a arte no bairro de Nossa Senhora da Apresentação, na ZN. A maioria dos artistas participantes elogiou o projeto pelos resultados conseguidos. Mas houve reclamações. E advinha de quê: falta de incentivo governamental. Segundo Alex, a grana – R$ 32 mil – foi liberada depois de 10 dias do término do projeto. Parece brincadeira.

Como petista, amante do cordel e entusiasta da cultura mossoroense, vibrei com a escolha de Crispiniano como titular da FJA. É, antes de tudo, um cara honesto. Mas a desculpa dada durante o ano passado inteiro de que tem arrumado a “casa” já soa ridícula. Mais três meses de gestão e nada. Melhor por uma faxineira para arrumar os ditames da coisa do que um cordelista, então.

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