Lembro de uma palestra proferida por Carlos Heitor Cony nesta vila recheada de operações impactantes lá para 2004, acho. Era um evento literário patrocinado pelo Banco do Brasil. Na oportunidade, o escritor comentou que a obra de Clarice Lispector não era para qualquer um. Recordo bem da assertiva porque meu ego subiu como uma atleta olímpica de salto com varas. Tem autores que a identificação é imediata e a compreensão é mais proveitosa. Minha relação com os escritos de Clarice é assim. Digo isso porque outro dia li opinião parecida do jornalista Carlos de Souza, o Carlão, a respeito da coluna de cultura escrita por Mário Ivo, no JH 1º Edição. Realmente não é pra qualquer um. Nada parecido com Clarice Lispector. Mas é de uma profundidade além da primeira leitura. Sem pedantismo ou lugares comuns. São artigos na medida certa, sobretudo para um jornal impresso. A série de textos “Cidades que eu vi”, com impressões de Paris e Veneza são peças a serem guardadas. E para não ficar apenas nos elogios merecidos, cito um pequeno desleixo, manjado como um beijo no coração: “ruas estreitas, todas sinuosas como serpentes”. A coitada da cobra há muito é confundida com as curvas das estradas. Mas, Pai perdoe os gênios. Eles sabem o que fazem.
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