Thiago Sstivaletti Colaboração para o UOL, de Cannes
Foi uma escolha ousada, surpreendente e muito justa. O júri presidido por Tim Burton concedeu a Palma de Ouro ao filme tailandês “Uncle Boonmee who can recall his past lives” (Tio Boonmee que se lembra de suas vidas passadas), de Apichatpong Weerashetakul, um filme difícil mas encantador sobre um homem doente na floresta da Tailândia que lembra de suas antigas reencarnações, como peixe e outros animais.
Tim Burton foi honesto com aquilo que mais lhe atrai nos seus próprios filmes: a magia e a fantasia. “O mundo está mais ocidentalizado, e esse é um filme de outro país que usa elementos de fantasia de uma outra maneira. É um sonho estranho e bonito como não costumamos ver”, declarou após a premiação.
“Obrigado ao público por me dar uma chance de compartilhar meu mundo com vocês. Agradeço todos os espíritos e fantasmas da Tailândia que me permitiram estar aqui”, agradeceu Apichatpong.
A Palma de Ouro veio coroar outras premiações de Apichatpong em Cannes. “Blissfully Yours” (2002) venceu a mostra Um Certo Olhar e “Tropical Malady” (2004) venceu o Prêmio do Júri. Em outubro, São Paulo terá uma retrospectiva de seus filmes, e uma instalação do multiartista será vista na Bienal de São Paulo.
Juliette Binoche: Melhor Atriz em CannesJuliette Binoche e Javier Bardem confirmaram seu favoritismo como melhor ator e atriz do festival. Mas houve uma surpresa: Bardem dividiu o prêmio com o italiano Elio Germano de “La Nostra Vita”, que fez um belo discurso atacando o premiê Silvio Berlusconi: “Nosso presidente nos critica dizendo que fazemos filmes que falam mal da Itália; quero apenas dizer que a Itália um país maravilhoso, apesar da nossa classe dirigente”.
O Grande Prêmio do Júri, espécie de segundo colocado, foi o francês “Des Hommes et des Dieux” (de homens e deuses), filme sensível sobre o caso real de oito monges que viviam num monastério na Argélia e foram assassinados por uma milícia rebelde.
O britânico “Another Year”, de Mike Leigh, o filme mais bem avaliado pela crítica internacional presente no festival, acabou saindo sem nenhum prêmio.
Antes da cerimônia, a apresentadora Kristin Scott-Thomas fez mais um protesto contra a prisão do iraniano Jafar Panahi: “O festival termina hoje e a cadeira do jurado Panahi continua vazia. Este é o nono dia de sua greve de fome. Steven Spielberg nos ligou e lembrou que o Festival de Cannes é uma fortaleza que protege o cinema, uma porta para a liberdade. Esperamos que ele esteja aqui no próximo ano”.
A lista de apresentadores digna de Oscar contou com atores como Emmanuelle Béart, Kirsten Dunst, Guillaume Canet, Diane Kruger, Salma Hayek e Charlotte Gainsbourg.
Premiados:Palma de Ouro
“Uncle Boonmee Who Can Recall His Past Lives” (Tio Boonmee que lembra de suas vidas passadas), de Apichatpong Weerasethakul (Tailândia)
Grande Prêmio do Júri
“Des Hommes et des Dieux” (de homens e deuses), de Xavier Beauvois (França)
Melhor Ator
Javier Bardem, por “Biutiful”, de Alejandro González Iñárritu (México/Espanha)
Elio Germano, por “La Nostra Vita”, de Daniele Luchetti (Itália)
Melhor Atriz
Juliette Binoche por “Copie Conforme”, de Abbas Kiarostami (França/Itália/Bélgica)
Melhor Diretor
Mathieu Amalric, por “Tournée” (França)
Melhor Roteiro
Lee Chang-dong, por “Poetry” (Coreia)
Prêmio do Júri
“A Screaming Man”, de Mahamat-Saleh Haroun (Chade)
Caméra d’Or – melhor primeiro longa-metragem
“Año Bisiesto”, de Michael Rowe (México) – Quinzena dos Realizadores
Palma de Ouro - melhor curta-metragem
“Chienne d’Histoire”, de Serge Avedikian (França)
Prêmio do Júri – curta-metragem
“Micky Bader”, de Frieda Kempf (Dinamarca)
Nenhum comentário:
Postar um comentário