Grupo Roda de Bambas abre hoje temporada de chorinho e samba de raiz no Taverna PubO Samba de Raiz tem origem afro-baiana. Coloque aí um tempero carioca e a pintura da aquarela fica toda abrasileirada, malandra, cheia de cadência e malícia. E para trazer o quadro para nosso terreiro, que tal um salzinho das águas do Canto do Mangue para dar um gosto especial ao Samba nascido em Natal, nas Rocas - berço do ritmo na terra do coco. Vem de lá uma verdadeira seleção de músicos da velha guarda sambista da cidade. Instrumentistas que fazem do Samba a trilha sonora de vida e recriam a aura e a alma do Samba quando se juntam para formar o grupo Roda de Bambas.
O escrete é formado por seis craques que abre hoje temporada no Taverna Pub sem data para terminar. Samba e chorinho são os ritmos ouvidos em mais de três horas de show na Noite de Bambas. Todas as terças-feiras, Debinha (voz), Pacheco Júnior (cavaco-base), Zezinho (percussão), Chumbinho (cavaquinho e bandolim), Silvano (violão) e Roberto Cabanhas (percussão) incorporam os deuses imortalizados em cifras, partituras e clássicos eternos de Noel Rosa, Ataulfo Alves, Adoniran Barbosa, Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Agepê, Chico da Silva, João Nogueira e outros grandes do samba e do chorinho.
A intenção da Noite de Bambas é firmar o gênero musical nas noites de terça-feira no Taverna Pub. O dono da Casa, Renato De Lucca, disse ter encontrado o grupo há muito procurado. “Desde o ano passado oferecemos o samba e o chorinho às terças-feiras. Eram duas bandas, uma para cada ritmo. Ainda assim, às vezes descambava para o pagode. Eu reclamava, mas eles diziam que tocavam porque o público pedia. Ora, a proposta da Casa é o samba de raiz; é uma música diferenciada. Assim também na quinta-feira, com a Quinta do Blues. Sabemos que é um ritmo menos comercial do que o pop-rock, por exemplo”.
Renato disse ter encontrado a solução no Roda de Bambas. “Eles tocam os dois ritmos e nunca vi nada igual. É o Samba mais puro, genuíno. É o que eu procurava há muito tempo. A temporada abre hoje e, enquanto eles tiverem disposição e eu estiver vivo, vão continuar por aqui”. Essa notícia pegou de surpresa os próprios músicos. Debinha, o vocalista, mostrou surpresa. “O acordo foi até o fim de junho. Legal, rapaz. O ambiente lá é muito bacana, aconchegante. A galera fica a distância de um metro da gente e participa bem. Pra gente é ótimo porque é mais um espaço dedicado ao Samba e ao Chorinho”.
Debinha, nascido Carlos Antônio Ramos, em 1960 é o compositor do samba-enredo campeão do carnaval de Natal deste ano. O ingresso precoce no samba foi aos 15 anos. Na Rua 3 de Outubro, onde morou nas Rocas, se reunia o então famoso grupo de samba João de Orestes - sucesso na década de 70. "Comecei a tocar tan tan enquanto eles bebiam e conversavam. Depois cantava junto e logo estava no grupo. Já ouvia desde criança Jackson do Pandeiro, Martinho da Vila, Jorginho do Império, Clara Nunes... Tinha o ouvido treinado para o samba. Nas Rocas é raro se ouvir outro ritmo", lembra.
O músico passaria pelas principais agremiações carnavalescas da cidade como um dos mais brilhantes compositores de samba, requisitado por nada menos que mestre Lucarino, e colecionaria títulos e histórias épicas de carnavais. Quando se afastou do carnaval natalense, fundou o grupo de samba e chorinho Sapato Novo, em 1995. Seria o embrião do Roda de Bambas. O Sapato Novo era composto pelo compositor-flautista Carlos Zens, além de Zezinho, Roberto Cabanhas e Pachequinho – os três hoje no Roda de Bambas. O grupo durou até 1999 percorrendo as casas de shows, hotéis e rodas de samba das Rocas. A saída de Carlos Zens para se lançar em carreira solo provocou a mudança de nome do quinteto para Roda de Bambas.
O Rodas de Bamba existe desde 2000. Tornou-se famoso na AABB, onde se apresentavam semanalmente até maio do ano passado. Há dois anos, Zizinho – o médico e apreciador da aura sambista das Rocas e do gênero musical – chamou o Roda de Bambas para tocar aos sábados no Buraco da Catita. O bar se tornava point da cidade às sextas-feiras, quando apresentava o chorinho. "Quando começamos a levantar o sábado no Buraco da Catita, houve desavenças internas e o médico Zizinho, então sócio do bar, nos levou para o Centro Histórico", disse Debinha.
Debinha acredita que o Buraco da Catita foi o grande responsável pela retomada do gosto do Samba de Raiz e do Chorinho na cidade. Debinha e os outros cinco integrantes do grupo, têm mais de 25 anos dedicados ao Samba. “Pertencemos a uma época de ouro, mas que pode ser resgatada com a mesma magia. Basta uma reunião, uma roda de bambas e tudo começa”, conclui.
Noite de Bambas Quem: Grupo Roda de Bambas
Local: Taverna Pub
Data e hora: às terças, a partir das 22h30
Ingresso: homem (R$ 15), mulher (R$ 12) – até 0h
Informações: 3236 3696
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