O fim do primeiro semestre do ano se aproxima e o natalense continua à espera da retomada de pelo menos três projetos culturais parados por falta de apoio. Nelson Rebouças, produtor do Poticanto - Um Canto 100% Potiguar, decidiu abandonar a coordenação da Fundação José Augusto por atraso no pagamento de cachês dos artistas. Os projetos Ribeira das Artes e Som da Mata também esperam a verba estadual para reabrir suas cortinas ao grande público.
“Só foram pagos os cachês do Poticanto porque ameacei greve de fome. Não há mais clima para continuar o projeto pela Fundação José Augusto. A burocracia e a desorganização ali atrapalham muito. Eu passava mais tempo lá cobrando do que produzindo os shows”, reclama Nelson Rebouças. O projeto do Poticanto espera agora patrocínio privado, com incentivos da Lei Estadual Câmara Cascudo. Já foi apresentado à Petrobras, Cosern e ao edital do Teatro Alberto Maranhão.
Semana passada, Nelson Rebouças inscreveu o projeto na Lei Municipal Djalma Maranhão - alternativa mais fácil de patrocínio, segundo ele, pela cobertura total do município no patrocínio do projeto, sem a necessidade dos 20% de contrapartida exigidos pela Lei Estadual. “Será um viés mais fácil de financiamento. E também já há empresas interessadas no projeto. Mas esta semana também vou ‘cutucar’ a Petrobras e a Cosern para saber como anda o processo por lá”, avisou.
O Poticanto - junto com o Seis & Meia e o Som da Mata - é o projeto cultural, até então patrocinado pelo Governo do Estado, de maior visibilidade na mídia. O caráter essencialmente local recebeu a simpatia também do público e até produtores culturais duvidosos do sucesso de um projeto sem atrações ou repertório nacional. O formato apresenta um artista local interpretando as músicas de outro compositor local, como forma de homenagem. Em quase três anos de projeto, o Poticanto catalogou o maior acervo musical local do Estado. A ideia é produzir vasto material com as gravações, muitas delas raras.
O projeto apresentado às empresas está orçado em R$ 126 mil. O valor inclui 48 shows no período de um ano. Segundo Nelson Rebouças, a regularidade das apresentações será mantida a cada 15 dias. Mas em vez da alternância de uma edição inédita e uma reedição, o produtor pretende agora apresentar ambos em uma mesma noite. “É uma forma de incrementar o projeto e atrair mais público, que nas últimas edições girou em torno de 60 a 80 pessoas. Pretendemos, agora, variar entre 100 e 150”, estima. O Teatro de Cultura Popular Chico Daniel (TCP) permanecerá como palco caso o projeto seja patrocinado pela Lei Estadual. Se o caminho for a Lei Municipal, a ideia é levar o Poticanto à Casa da Ribeira.
* Publicado no Diário de Natal
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