Por Ricardo de Mattosno
Digestivo Cultural"Nascido no Catete, sua grande experiência humana se desenvolveu no Morro da Mangueira, mas hoje ele é aceito como valor cultural brasileiro, representativo do que há de melhor e mais autêntico na música popular." (Carlos Drummond de Andrade)
Partimos do princípio de que a boa música é universal e que a distinção em estilos tem apenas a função prática de agrupar os semelhantes. Quanto aos compositores, a providência salienta os melhores e justifica-lhes a proeminência, pois podemos avaliar o alcançado por eles em sua época e local, dispondo eles dos recursos que dispuseram. Aqui reforça-se a corrente antropológica que relativiza o gênio e realça a importância do meio. Por este ângulo, o temperamento de Beethoven talvez não se adequasse à New Orleans do século XX e por isso não frutificasse tal como frutificou no que constituía a Alemanha do século XIX. Ou, fosse igualmente bem-sucedido, daria um novo enfoque para a discussão sobre o que é ser gênio, assunto que já foi pauta especial do Digestivo Cultural. De qualquer forma, quer a genialidade dependa do meio para manifestar-se, quer a genialidade supere o meio ― conforme entendemos ―, o certo é que este predicado não pode ser negado a Angenor de Oliveira, o Cartola.
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Tá perfeito. Só duas observações. Porque só é universal a boa música? A boa literatura só é universal se for produzida fora da mesopotâmia limitada pelos rios Parnaíba e São Francisco. A região de cartola era o Morro da Mangueira. Mas cartola é genial e universal. Também acho isso mesmo. Porém aqui, pra essas bandas, literatura que trate do lugar e pessoas daqui é regional. Talvez seja porque os universais daqui ainda não saíram da região da adolescência teórica.
ResponderExcluirSerjão, meu artigo do próximo Domingo é sobre esse assunto e outras mungangas do intelectualismo de inveja. Porque tem gente que não gosta e tem todo o direito de não gostar. Mas há os patrulhadores que se ofendem com os elogios dos outros. Não gostam e se ofendem com os que gostam. A ignorância é universal. Não há região ou regionalismo para os ignorantes. Abraços.
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