segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Balanço cultural de 2008

Mais alguns dias e começarão as listas de destaques em várias áreas culturais. São mais específicas e objetivas. Daqui, descanso meu olhar na prosa, neste monólogo egoísta com o leitor sem chance de revidar meus pormenores, embora o espaço esteja sempre aberto às opiniões quaisquer. O intuito é lembrar alguns fatos, pessoas e eventos que conseguiram modificar o panorama cultural desta cidade provinciana de alma cosmopolita.

Começaria por destacar a manutenção e aperfeiçoamento do calendário cultural promovido pela Capitania das Artes, notadamente os eventos do Natal em Natal, como o Encontro Natalense de Escritores, o Auto de Natal e o Festnatal, que ainda é o maior evento de cinema promovido na cidade (e ressalte-se a sobrevivência e o trabalho abnegado do Cineclube Natal). Ainda o Museu Djalma Maranhão e o Memorial de Natal: duas obras para a história da cidade.

Falar em história, Natal que tem visto seu nascedouro reacender, com uma movimentação crescente no Centro Histórico e, sobretudo, na Ribeira. Muito se deve à iniciativa de pessoas e grupos, como a Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências (Samba), aos chorinhos do Buraco da Catita e ainda à Casa da Ribeira, com agenda lotada para janeiro de 2009.

Na música, Khrystal se mantém viva e desbravando espaços fora desta muralha chinesa que é o Rio Grande de Poti. Os dez anos do Mada mostraram gás para mais dez. Os poucos anos de Manuela Dac também evidenciam voz para muito mais. O selo DoSol e o MPBeco permanecem incansáveis. Nossa Orquestra Sinfônica do RN se populariza mais. E até pariu filhos talentosos, como a Camarones Orquestra Guitarrística. O Seis e Meia recebeu idéias novas e agora suplica a permanência de seu produtor, Willian Collier. Ainda podemos ouvir Os Bonnies, os Poetas Elétricos e Valéria Oliveira, elogiada por Nelsinho Motta.

Nosso teatro conseguiu exportar espetáculos para palcos nacionais e estrangeiros de três grupos graças à seleção do edital da Fundação do Patrimônio Artístico e Histórico de Pernambuco. O Clowns de Shakespeare também encena o orgulho potiguar em outros prados. Cláudia Magalhães se desdobra em outras para atuar, escrever e promover eventos teatrais, como o Presente de Natal.

Das artes plásticas e artesanato potiguares, tenho opinião parecida: falta identidade, sobretudo ao artesanato. Mas temos um Fernando Gurgel, um Vicente Vitoriano, um Marcelus Bob e alguns outros. E o que é feio que “zidane”, diria o possibilista. Já a nossa identidade genuína – a cultura popular – ainda carece de apoio.

Ano passado perdemos nosso mamulengueiro Chico Daniel e este ano recebemos o livro do folclorista Deífilo Gurgel: O reinado de Baltazar. Foi o que achei de relevante entre os lançamentos literários. Bons livros reeditados foram aos montes. O sebista e editor “vermelho” Abimael Silva mais uma vez se destaca como mecenas da nossa literatura. A UFRN reeditou uma coleção de 15 livros, com preciosidades já esquecidas. Outro bingo.

Se faltaram revelações literárias sobraram boas iniciativas, como a Lei do Livro e o Registro do Patrimônio Vivo do Estado, ambos de autoria do deputado estadual Fernando Mineiro. São projetos importantíssimos para a cultura potiguar.

Não esqueçamos da caminhonete tração 4x4, adquirida pela Fundação José Augusto por quase R$ 100 mil, também de “expressiva” contribuição para o engrandecimento do nosso povo. Fato consumado sem licitação; atitude antidemocrática. O inverso dos espaços virtuais, como os blogs Substantivo Plural, O Santo Ofício e o Grande Ponto – os que mais divulgam nossa cultura.

Perdoe-me algum esquecimento. Faltou muita gente, muita coisa. São apenas observações escritas de pronto, de memória. Que sirva apenas de começo e incentivo para outros destaques e homenagens merecidas.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Caro Sérgio, o Grande Ponto agradece pela citação e fica honrado da lembrança entre aqueles abnegados que ainda trabalham para divulgar nossas raizes.
    Forte Abraço,
    Alex

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  3. Fala Sergio,
    Obrigado pela lembrança do MADA em seu balanço cultural 2008, vamos continuar trabalhando para manter sempre nosso estado em evidencia na produçao da musica independente nacional.Um grande 2009 para todos nós.abs

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