O tema é sempre oportuno. As opiniões favoráveis às duas mídias são tão convincentes que deixa o interessado na discussão confuso quanto ao futuro dos jornais impressos ou a qualidade informativa da internet. De cá, defendo o crescimento e a convivência saudável de ambos.
Defendo a permanência do jornal impresso pelo bem da informação qualificada e a internet como uma espécie de fiscalizadora e veículo de informação mais ágil. O fim de qualquer das duas acarreta enfraquecimento da informação. Não há dúvida quanto a isso para mim. Precisaria de um dia para tecer argumentos.
Fato é que a internet ainda não conquistou poder suficiente para a empreitada de derrubar os jornais impressos. Faltam meios para a autosustentação financeira. Basta o exemplo do portal Nominuto. Hoje mesmo o dono do portal, Diógenes Dantas, teceu longo editorial na rádio para explicar os motivos: falta de grana.
O texto a seguir foi publicado na revista mensal dos Diários Associados e traz a visão do diretor de tecnologia do grupo, Guilherme Machado. A opinião de uma pessoa gabaritada no assunto é sempre bem-vinda, embora a verdade sobre o fato dependa mesmo é do tempo.
Por Guilherme Machado
O tão falado fim dos jornais impressos vem nos atormentando desde o surgimento da internet. Já se passaram mais de 10 anos e o temor continua rondando os jornais em todo o mundo. Estamos assistindo à bancarrota de grandes empresas jornalísticas no mercado americano, processo que já vinha se arrastando e se tornou grave nos últimos anos.
Quando passamos para o mercado europeu, observamos também pequena, mas constante queda no número de exemplares vendidos. Por outro lado, percebemos, também, ações consistentes para se manter os níveis de faturamento. Já há algum tempo, essas empresas focaram suas ações não só no mercado da internet mas também em reformas, tanto nos seus produtos impressos quanto na própria estrutura organizacioal de seus Grupos.
Reduzir custos e aumentar faturamento, expandindo seu portfólio de produtos impressos e o-line (que são baseados em segmentação de audiência long tail) tem sido uma constante. O que se pode observar nesses mercados é que entre esses novos produtos o faturamento quase sempre se mostra muito inferior aos dos tradicionais. Daí ser necessário o lançamento de vários produtos para se manter os mesmos níveis de resultados. Nos mercados indiano e chinês vemos crescimento espantoso do número de exemplares vendidos, mas isso graças ao crescimento na capacidade de consumo das classes C e D.
E então, a internet é realmente uma ameaça? Não. Vejo a internet como grande oportunidade. Empresas de mídia poem aumentar a exposição de seus produtos através desse novo meio, atingindo maior número de leitores, aumentando, assim, sua eficiência e resultados para seus clientes anunciantes. Percebo a internet simplesmente como mais um meio de publicação de informação e serviços, ressaltando como grande desafio o desenho de modelos de negócios eficientes em uma mídia habituada a serviços geralmente gratuitos.
Temos como vantagens competitivas a força e a credibilidade de nossas marcas, além de ossa capacidade em alavancar novos negócios. Acreditamos que com as ações de foco estratégico que vêm sendo tomadas nas empresas de nosso grupo, continuaremos competitivos nesse novo cenário que se apresenta.
Nesse contexto, considero importante ressaltar alguns dos projetos desenvolvidos e implantados em nossas empresas os últimos cinco anos. Os portais de internet Vrum, Lugar Certo, Correio Brasiliense On-Line; o lançamento do nosso portal de empregos Admite-se; a inovadora experiência de extensão de marca e cross media entre o portal Vrum, programa de televisão e, em nome; o grande sucesso em volume de acessos do nosso portal colaborativo Dizaí; o lançamento dos nossos jornais populares AQUI-DF, MG, PE e MA, sucesso absoluto em vendas; os novos produtos impressos como as novas revistas Hit, Ragga e AQUI-TV; a aquisição da TV Brasília; a super-rádio Tupi, agora também em FM, o lançamento de nossa rede de Rádio Clube AM e FM; a D.A Press, as novas empresas de logística em Minas Gerais, Brasília e Pernambuco; as reestruturações nas empresas de Minas, Brasília e a criação do Centro de Serviços Compartilhados em Recife, passando a atender nossas empresas do Nordeste.
Temos agora, como desafio imediato, os novos projetos editorais do CB e do EM, que trazem conceitos revolucionários de como se fazer jornal impresso. A total sinergia com seus produtos na internet e o foco em interatividade por meio de soluções móbile, farão do ler jornal impresso uma experiência fascinante e inovadora.
[image: Quantas palavras com C?]
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