quinta-feira, 30 de julho de 2009

Tem baiano na Terra do Sol


Quando baiano visita a terra do sol é sinal de comemoração à vista. O cantor, compositor, instrumentista e maestro arranjador Vidal França não só chega à cidade para festejar 50 anos dedicados à cultura musical brasileira, como trouxe as malas e as cuias para Natal. Veio para morar mesmo. O show de estreia é às 20h de amanhã, na Aliança Francesa. Vidal é quase um Forreste Gump da música brasileira. Presenciou momentos marcantes da história cultural brazuca em tempos de festivais e psicodelia. Cantou em peças teatrais de Francesco Guarnieri, participou de musicais com Fernanda Montenegro, cinema com Zé do Caixão, compôs ópera para a Sinfônica de São Paulo e trilha sonora para o cineasta húngaro Jorge Jonas. Também representou o Brasil no exterior quando só as mulatas de Sargenthelli eram símbolos da cultura brasileira e ainda desbancou Caetano Veloso em festivais de música.

Vidal França é filho de Venâncio, compositor do célebre cancioneiro sertanejo Últmo Pau de Arara, imortalizado na voz de Fagner. Dele mesmo, a música mais famosa é Facho de Fogo. Junto com ela vem encangada uma história de consagração. Corria o ano de 1979, Festival de Música da Tupi. Participavam entre cinco a seis artistas. Estavam inscritos Fagner, Oswaldo Montenegro…. “Eu estava sendo descoberto por Facho de Fogo, mas não classificaram minha música on Festival. Preferiram a de Caetano (Veloso). O povo, revoltado, se levantou e virou as costas para Caetano e começaram a cantar Facho de Fogo. Foi minha consagração. No outro dia a Folha da Tarde estampava: ‘A grande vencedora do festival foi a injustiçada Facho de Fogo. Daí surgiram convites para cantar no teatro e outros festivais’”.

O segundo grande momento da carreira artística de Vidal França foi em outro evento musical famoso na época. A Fazenda Iacanga, também em São Paulo, lembrava a atmosfera de Woodstock. Eram milhares de estudantes eufóricos misturados ao clima de gradativa derrocada da ditadura. As músicas de protesto pipocavam. Nesta noite, se apresentaram Luiz Gonzaga, Artur Moreira Lima, Belchior, Raul Seixas e… Vidal França. “Quando chegou minha vez a vaia começou. Pediam Raul a toda hora. Cantei com medo. Quando acabei, corri para o camarim, temeroso de jogarem alguma coisa em mim. Foi quando escutei o pedido de ‘volta’. Fui o único, naquela noite, a voltar três vezes ao palco”, se orgulha.

Agora em Natal, pelas mãos do produtor João Barra e para viver o aura da província e comemorar seus 50 anos de carreira, Vidal França apresenta o show “Do Vale do Jequitinhonha à Elzinha”. O repertório variado guarda como essência composições representativas do interior ou da vida mais simples do povo. São canções recheadas de mensagens e esperança; de sertão. Como Disparada (Geraldo Vandré e Theo de Barros). A própria Facho de Fogo traz expressões e costumes desconhecidos à urbe. A voz suave e aguda da mineira Mazé Pinheiro, mulher de Vidal, funciona como equilíbrio à voz grave, meio Zé Ramalho, de Vidal. O violão é tocado com intensidade nas músicas e empresta um tom de trovas às músicas. Uma das parcerias é com o potiguar Romildo Soares, na canção Gente, Gente. “Porque tem gente que é bicho, desumano”, explica Vidal.

Vidal França (participação de Mazé Pinheiro)
Data e hora: amanhã, às 20h
Local: Aliança Francesa (Rua Potengi, Petrópolis, em frente à Praça Pedro Velho)
Ingresso: R$ 10
Informações: 9117-5241 / 9998-9178
Produção: Tabus & Totens, do produtor João Barra

* A foto acima, ao lado de Rolando Boldrin, é de Nicanor. E amigo leitor, pode acreditar: o tal Vidal é muito bom e só vem somar ao cenário musical da cidade.

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