quinta-feira, 23 de julho de 2009

Pôr do Sol no Potengi


Semana passada, Iaperi Araújo disse em entrevista à Rádio CBN que a criatividade supera a falta de verba e produz cultura. Não duvido.

Sanderson Negreiros também me disse, certa vez, de algumas iniciativas dele quando esteve à frente da Fundação José Gugu, sem qualquer verba, apenas com a boa vontade e a tal criatividade. Como um circo montado em frente à sede do DN, que abriu espaço à produção artística e o acesso gratuito ao público.

O projeto encabeçado por Willian Collier - Pôr do Sol no Potengi - completará 100 apresentações neste 28 de julho. Só escuto elogios ao projeto.

Quando Collier me informou da ideia do projeto, disse também que procurou o poder público e nada conseguiu de apoio. Noticiei isso à época na coluna que tinha no DN.

Não lembro agora o investimento. Nada demais para quem paga cachês acima de R$ 50 mil para bandas de forró pornofônico. Não chega nem perto disso, tenho certeza.

A explicação ou desculpa dada para a inércia do poder público é sempre a burocracia. E mMuitas vezes é verdade. Antes pouquíssimos projetos precisavam atravessar o crivo das licitações.

O problema com a cultura potiguar não é de verba. Antes fosse. Falta é planejamento e criatividade.

O Prêmio Núbia Lafayette, tão alardeado como grande projeto da FJG, praticamente não saiu do papel. Os organizadores esqueceram da carência de estúdios na cidade. Pior: a pouca verba destinada ainda não foi liberada, mesmo após meses da publicação do edital e da escolha dos contemplados.

Este é só um exemplo. A crítica não é mais veemente porque é alguma coisa. Como também são os editais de cultura. Basta conversar com artistas de qualquer área e escutarão várias lacunas em praticamente todos eles.

A revista Preá foi planejada para sair em junho. Depois ficou para julho. E sabe Deus se sairá em agosto. Será a terceira edição em quase três anos de gestão.

Mesmo a Lei do Patrimônio Vivo - na minha opinião, o grande acontecimento cultural do Estado nos últimos três anos - carece de revisão. Mesmo originada no poder legislativo. Ora, como exigir CNPJ de grupos folclóricos cujos mestres sequer sabem o que é isso? É um absurdo. Mas é uma semente plantada. E que renderá frutos deliciosos, tenho certeza.

Falta menos de um ano e meio para a atual gestão da Fundação José Gugu terminar. Se a marca desta administração for a política de editais, será o próprio retrato de uma período nebuloso e capenga da nossa cultura, longe das ideias simples e eficientes ou do brilho deste pôr-do-sol ribeirinho.

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