sábado, 25 de julho de 2009

Finalmente, o Festival


O texto a seguir é do irrequieto e sempre polêmico jornalista Franklin Jorge. Peguei em seu BLOG. As críticas descritas abaixo talvez mostrem o porquê de tamanho isolamento deste escritor - um talento perdido, escondido em Mossoró.

Escapei hoje de ir ao Festival de Martins. Iria a trabalho e poderia atestar ou discordar dos ditos do escritor. Ainda assim, de uma coisa devo concordar: esse Festival nada traz de retorno à comunidade.


Por Franklin Jorge

Martins — Começou, finalmente, o festival gastronômico que este ano tem uma programação cultural paupérrima. Não que fosse de melhor nivel nos anos anteriores, mas esta edição dá provas de evidente esgotamento. Na área de artes plásticas, o nivel continua abaixo da critica: obras sem qualidade reunidas sem nenhum critério.

Um dos problemas decorrem do calote que um dos genros da governadora, Roberto Sena, responsável pela montagem do festival, deu em trabalhadores locais. Ficou devendo a pessoas que trabalharam em edições anteriores desse festival, divida que ultrapassa os R$ 30 mil reais, um valor significativo para a realidade econômica local.

Hoje à tarde estive por algum tempo na mesa redonda sobre o cangaço na literatura, mediada pelo jornalista Osair Vasconcelos, segundo soube também autor da idéia. Considerei uma penitência, diante da indigência, por exemplo, de um Gilbamar de Oliveira, quem falou muito e não disse nada. Um tipo que não consegue ser sequer jocoso, apesar da tonelada de tintura que pôs nos cabelos em visível flagrante com sua idade avançada. Devia ter gasto esse dinheiro com tintura, instruindo-se, comprando livros etc.

Salvou-se Kyldemir Dantas que se municiou de uma vasta bibliografia. No mais, não sei como Honório condescendeu em participar desse engodo. Recursos gastos irresponsavelmente, sem nenhum retorno para a comunidade, que aliás não participa desse festival.

Retirei-me quando o escritor François Silvestre interviu, defendendo uma tese completamente equivocada: colocou no mesmo patamar figuras díspares como Winston Churchill e Lampião. Para ele, deformado pelo que se convencionou chamar de “cultura popular”, François, o escritor antihumanista por excelência, ambos seriam heróis ou bandidos. Contestava assim Honório que, respondendo a curiosidade de uma moça que se identificou como sendo do Sudeste brasileiro, queria saber se Lampião era mesmo herói ou bandido, respondeu que “herói era Churchill”; “bandido, Lampião”… Achei demais a defesa que François fez de um notório bandido… A proposito, François lança amanhã seu novo livro, o melhor que escreveu até agora, sobre o qual pretendo escrever oportunamente.

O melhor foi mesmo as nossas aventuras gastronômicas pela cidade com Honório e sua filha, Bárbara. E minhas conversas com os martinenenses ilustres, não pela posição social, mas pela experiência de vida e sabedoria adquirida pela experiência. No mais, chegamos ao mais baixo patamar da cultura. Penso que os organizadores desse festival precisam urgentemente repensá-lo. Do contrário, o fracasso será definitivo.

5 comentários:

  1. Não sei o que é mais grave.Uma tese equivocada ou uma notícia inverídica. O senhor Franklin Jorge faltou com a verdade quando disse que eu fiz comparação de Lampião com Churchill.O que eu disse é que não concordo com essa definição simplista do banditismo de lampião. Prefiro a lição de Gasset sobre o homem e suas circunstâncias. E acho mesmo que Churchill não foi herói merda nenhuma. Herói foi Gandhi. As observações do crítico rigoroso guardam muito da sua soberba da certeza. Ele vê no espelho a única pessoa que sabe verdadeiramente das coisas. A iniciativa de Osair merece aplauso. O ruim é não produzir. E mais ruim ainda é exercitar um perfeccionismo pedante e rebuscado. Não me convence a certeza da boa ou má qualidade de quadros ou pintores. É tudo muito chute. Ele disse que se retirara quando "françois interviu"...Não. François interveio. O verbo intervir é derivado de vir e não de ver.Gastronomia não me atrai, na rua.Prefiro a bóia de Cajuais da Serra. Mas aplaudo a iniciativa de Osair. E gostei muito dos quadros lá expostos. Não preciso de guia para mostrar aos olhos o que me agrada. Abraço de François, que gosta mais de Lampião do que de Churchill. E muito mais de Gandhi. E muito mais da incerteza. E muito pouco da arrogância.

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  2. Raissa, em nenhum momento Franklin disse que você havia feito comparação de Lampião com Churchill.

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  3. Amorim, as palavras acima são de François. E Franklin Jorge realmente disse que François comparou os dois: "colocou no mesmo patamar figuras díspares como Winston Churchill e Lampião".

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  4. Ahh! Achei que tratava-se da tal "moça que se identificou como sendo do Sudeste brasileiro"... rsrs.

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