segunda-feira, 19 de abril de 2010

Com vocês, o Cavern Club!

Para Moisés de Lima, Petit das Virgens e Alex Medeiros - alguns dos beatlemaníacos desta província - publico abaixo algumas imagens do histórico Cavern Club. Foram tiradas esta semana por um amigo-irmão, Diogo, o grande Didi.

Para fás dos quatro cabeludos de Liverpool como eu, estas imagens valem mais que um milhão de palavras. Mas cabe alguns adendos curiosos, repassados pelo repórter improvisado, meu amigo Diogo.

Para quem desconhece a história, o Cavern Club foi o primeiro palco dos Beatles, quando Stu Sutcliffe ainda participava da banda. Por ali, Brian Epstein ouviu e decidiu empresariar o grupo.

À época, era considerado um "inferninho" para onde a juventude e marinheiros migravam. Basta lembrar que Liverpool, na Inglaterra, é cidade portuária.

Uma dúvida que tenho é se este Cavern é o original, onde os Beatles tocaram mesmo. Ouvi uma vez que há dois. O original foi demolido e reconstruído com o mesmo material e um outro, construído nos arredores.

Também abaixo estão fotos do museu Story Beatles. Fica a cerca de 20 a 25 minutos a pé do Cavern Club, nas docas. Custa 13 libras a entrada. O preço do Cavern é mais em conta: é gratuito até às 17h. Das 17h às 19h30, paga 1 libra. Depois desse horário, 2,5 libras.

Diogo disse ainda que saindo do museu há um tour de ônibus (Magical Mistery Tour) que passa por vários pontos históricos para os Beatles e os fãs: residências dos integrantes, ruas e lugares presentes nas composições. O passeio custa 14 libras.

Para o meu amigo, só a ida ao Cavern valeu a viagem. Foram três atrações na noite. Um cara no violão cujo repertório passa por clássicos de Bob Dylan, Johnny Cash, Led Zeppelin, The Doors, Rolling Stones, Pink Floyd e, é claro, muito beatles.

Segundo Didi, depois era "uma banda que chamava o povo pra subir no palco pra cantar e tocar". Por último, um sósia de John Lennon. "Além do cara lembrar fisicamenbte e cantar como ele, ainda parecia ser bem arrogante, pra ser bem autêntico mesmo".

Seguem as fotos de Diogo:

CAVERN CLUB







STORY BEATLES








* Fotos by Diogo Barros

Anatomia Frozen


O espetáculo Anatomia Frozen, da Cia. Paulista Razões Inversas está de passagem por Natal para apresentação única nesta terça-feira, a partir das 20h, na Casa da Ribeira. A entrada custa R$ 10 inteira e R$ 5 estudante.

A peça, uma adaptação de Frozen, texto da autora inglesa Bryony Lavery, apresenta ao público o funcionamento de uma mente criminosa por meio das três figuras que compõem o espetáculo: um pedófilo e assassino em série, uma psiquiatra e a mãe de uma das vítimas.

E é o desaparecimento da garota Nina que coloca em foco a vida dos três personagens, dissecados pela encenação em um ambiente asséptico, cirúrgico, no qual pode-se observar a anatomia da violência e da psicopatia social.

Anatomia Frozen estreou no último 11 de junho dentro do projeto Vitrine Cultural e cumpre temporada regular em São Paulo, alcançando o reconhecimento por parte da crítica especializada, prêmios e o sucesso de público.

Anatomia Frozen
Quem: Cia. Razões Inversas
Quando: Terça (20)
Horário: 20h
Onde: Casa da Ribeira
Entrada: R$ 10 e R$ 5 estudante
Classificação: 14 anos
Infos.: 8868 7137

* Foto by Tati Cardoso

Novo videoclipe d'Os Poetas Elétricos


Amigos, detesto frases imperativas, mas ganhem 10 minutos de uma segunda-feira e uma lembrança bacana para suas vidas tediosas. Está no Youtube o novo videoclipe d'Os Poetas Elétricos para a música Estirado no Estirâncio, do CD homônimo. Uma maravilha. Uma atmosfera de sonho, agonia e leveza. A própria composição de Carito, Edu Gomez e Michele Régis transmite essa sensação.

A direção e roteiro é de Carito. A fotografia e edição, de Júlio Castro. O ator George Holanda incorporou mesmo o espírito da composição. A fisionomia amena da atriz Caroline Cantídio equilibra a angústia rítimica ascendente do clipe. A produção é assinada por Carito e Moo, com apoio de Catarina Doolan e Joane Luíza. Para assistir clique AQUI.

Abaixo, texto que fiz na ocasião do lançamento do CD, publicado em minha coluna no Diário de Natal. Dá pra entender o que é estirâncio:

Estirado no Estirâncio (ou sol sem sombra de dúvidas) é trilha sonora de sonhos. São os sons inaudíveis da zona lavada do estirâncio – faixa de terra deixada pela maré quando seca. Salve a palavra didática e a complexidade do contexto! E o contexto é desconexo. Nem sol para iluminar idéias ou queimar dúvidas. Ora, escrevo sobre Poetas Elétricos, famélicos pela desconstrução construtiva da palavra ou lavra de frases; assuntos assados. É palavra usada, ousada; soada. Impressões pressionadas pelo desejo cego da experimentação. E perdoem-me poetas elétricos, os teatros mágicos não sabem o que fazem. São vocês os donos do imã atrativo da rima. Carito nunca ficará no caritó. É casado com a poemúsica. E dela pariu música falada e falhada. Só para tentar outra vez. É união instável; testável. O conflito é confuso. Luta de espadas contra vogais e consoantes; cutilada no sentido do som. É preciso cuidado, caro ouvinte-leitor-canibal famélico de palavras tortas. A liberdade é vigiada pela sentinela-poesia. Pode modificar seu paradigma digno de parar o trânsito dos seus amores e certezas. Poetas elétricos são para poucos viventes radicais abertos aos experimentos lingüísticos para além do bem e do mal. Que o diga Nietzsche e a salva-guarda libertária das morais carcereiras. O desconcerto pode ser fatal. E o descompasso virar passo, no espaço longo do tempo. Melhor aceitar o convite. Fuja da vida mansa, estirada no estirâncio de sombra fresca e busque a vida ávida de dúvidas ao sol sem sombras. Mergulhe na sopa elétrica de poetas. Sonhe com a voz “pretextuosa” de Carito. Coloque o ouvido no ácido metálico-sonoro de Edu Gomez. E dance com Michelle Régis um som imaginário na voz da primeira pessoa da plural afinação. São poetas eletrocutados pela energia que avança e descansa no estirâncio a doce palavra melada de meta-física. Agradeço a viagem, caros prosadores da poesia. Já guardei meu guarda-sol. Quero agora a luz descoberta. Sou agora polifônico!

* Foto by Giovanni Sérgio (Edu Gomez e Carito)

Cinema Aspirinas e Urubus


E lá vem este blogueiro opinando cinema de novo. É o que tenho feito mais nas minhas férias, afora a leitura do livro Lula do Brasil - A História Real, do Nordeste ao Planaldo, do jornalista inglês Richard Bourne. É um compêndio interessante, com quase 400 páginas e editado pela Geração Editorial.

Mas queria mesmo comentar a respeito de Cinema Aspirinas e Urubus. O filme é de Marcelo Gomes. Nunca ouvi falar desse autor, já são mais de 2h e estou com preguiça de procurar no papai-google. Sei que gostei do filme, embora sinta dificuldade em apontar uma mensagem final, uma essência que seja. Parece retalhos poéticos bem encaixados em um sertão sempre múltiplo.

E um sertão sem a exploração do sol, da terra rachada. Mas há, ainda assim, a caricatura da miséria do sertanejo. É o que me incomoda. O filme é de 2005. Nos últimos anos a tônica do cinema brasileiro é a exploração da miséria, seja ela nas favelas do Rio de Janeiro ou no sertão nordestino. Ou são os besteirois da Globo Filmes. Ou os filmes populares-regionalistas de Guel Arraes.

Talvez o estouro de bilheteria com este longa de Chico Xavier e a perspectiva de investimento altíssimo neste gênero de filme (já disse aqui que estão previstos orçamentos fora da realidade do país, acima dos R$ 20 milhões, para produções baseadas em livros psicografados pelo líder espírita) mude o panorama. Nem sei se para melhor.

Outro aspecto talvez mereça destaque. São as excelentes atuações do ator José Miguel, ainda pouco explorado pela mídia. Não sei se devido à coincidência de eu ter assistido a três filmes seguidos com ele - também Estômago e O Céu de Suely - sempre interpretando personagens populares, nordestinos, o considere uma espécie de novo José Dumont do cinema brasileiro.

Em Cinema Aspirinas e Urubus o cara tá muito bom. Mesmo um filme de poucos diálogos. Alguém até pode reclamar da monotonia. Mas há marcações de imagens bem postadas. Lembrei de Eu, Tu, Eles. A direção de arte consegue explorar as agruras sertanejas fugindo do comum. Imagens por vezes parecem estouro de luz, quando filmado o sol diretamente. Um incômodo bonito. Mas um incômodo já desgastado do cinema brazuca.

domingo, 18 de abril de 2010

Jornada da Alma


Despretencioso, Jornada da Alma (França, 2003) se mostrou um filme interessantíssimo. Conta a história real de Sabina, uma paciente do célebre psiquiatra Jung, discípulo de Freud. Por muito tempo a história dessa mulher de relevante importância à obra dos dois psiquiatras permaneceu esquecida, até ser descoberta por dois pesquisadores. Durante o tratamento com Jung, o relacionamento amoroso entre os dois despertou sentimentos que direcionaram o pensamento do psiquiatra a novas teorias e métodos de cura. A própria Sabina, após receber alta e passar anos longe de Jung, se torna psicanalista e monta a primeira creche com noções de psicanálise para crianças na Rússia. Sabina e sua filha viriam a ser executadas em uma igreja pela sanha nazista durante a Segunda Grande Guerra.

Encontrei o filme lá na Vídeo Laser. Também foi lá o aluguei de Trainspotting (Danny Boyle, 1996). Sempre tive dúvida se já tinha assistido. Encontrei Gustavo Bittencourt por lá e ele me convenceu que, se há dúvida, vale apena rever. E o filme é marcante. Me lembrou Réquiem Para um Sonho. Aluguei também Elefante (Gus Van Sant, 2003) e Cinema Aspirinas e Urubu (Marcelo Gomes, 2005). Achei todos bem bacanas. Todos lá na Video Laser. Tenho procurado Juventude em Marcha (Pedro Costa, 2006) e 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias (Cristian Mungiu, 2007) em vão. Quem achar por aí me avisa, por favor. E antes que sugiram, na Planeta Video também não tem. E no Sétima Arte, só em último caso.

Tuitando com Fernando Mineiro

mineiropt TV Globo e Serra, tudo a ver. Logomarca da Globo com o 45 e a repetição da palavra mais, a pretexto da comemoração dos 45 anos da emissora.

A Alice que você tem de conhecer

Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll, um dos grandes clássicos de todos os tempos ganha edição radical da Cosac Naify, em versão integral, traduzida pelo historiador e professor da Universidade de Harvard Nicolau Sevcenko (1952-) e ilustrada pelo artista plástico Luiz Zerbini (1959-). No estilo nonsense que o tornou único, o livro conta a história das aventuras de Alice ao cair numa toca de coelho, que a leva a um lugar povoado por criaturas fantásticas e enigmas.

Esso Alencar no TAM

A FEL Prod. de Arte uniu-se ao Grupo Teart de Teatro para produzirem juntos o espetáculo Alma de Poeta, a ser apresentado nesta terça-feira no Teatro Alberto Maranhão. Às 20h. A entrada inteira custa o quebrado valor de R$ 14.

O espetáculo é uma versão que incorpora o teatro ao universo de música e poesia já presentes no cd homônimo do cantor e compositor Esso, lançado em fins do ano passado pelo Projeto Pixinguinha (Funarte/MinC).

Dessa feita, a apresentação se resume a uma leitura viva de algumas das canções desse disco, vestidas de novas belezas timbrísticas, ao mesmo tempo mais acústicas e modernas, conduzidas no palco com sutileza e emoção pelo piano de Oswin Lohss e as imagens, sons e percussões de Rafael Beznos.

O disco e o show Alma de Poeta tem em si o conteúdo constante de canções feitas com músicas de Esso para textos de vários nomes da literatura potiguar, entre outros os de Alex Nascimento, Civone, Fátima Oliveira, Anand Manu etc.

No show, Esso ressalta o significado da poesia para o cotidiano das pessoas, enquanto os atores Robson Gondin e Juh Gurgel do Grupo Teart recitam e representam textos e situações de algumas das letras das canções.

A direção geral desse trabalho é da atriz Bárbara Cristina. O cd estará à venda no local.

Livro sobre a história dos bairros de Natal

Notícia bacana escutei nesta fim de semana lá no bar de Nazaré. O artista plástico e poeta Eduardo Alexandre, o Dunga, ficou incumbido de escrever um livro sobre a história dos bairros de Natal. O projeto é uma parceria da prefeitura e Sebrae-RN, salvo engano. Dunga terá o ano inteiro para catalogar histórias, depoimentos e pesquisas e emprestar a verve sensível de sua poesia aos textos. Outros colaboradores também irão incrementar a obra com outros aspectos dos bairros, como o viés econômico, político e social. Acredito em um bom material e uma importante fonte de pesquisa.

Institutos de pesquisa reagem contra Folha

Institutos reagem: "Questionável é a linha editorial da Folha"

do Brasília Confidencial, via Vermelho

Textos publicados nas últimas semanas pelo jornal Folha de São Paulo, com o aparente objetivo de desacreditar os resultados das pesquisas eleitorais dos concorrentes do Datafolha e valorizar os apurados pelo instituto do Grupo Folha, produziram uma crise entre as quatro maiores empresas de pesquisa do país.

E despertaram, terça-feira e ontem, vigorosa reação dos presidentes do Vox Populi e do Sensus apoiada por integrantes do conselho de ética da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa (ABEP).

Na terça-feira, o Vox Populi e o Sensus protestaram durante reunião da ABEP. Ontem, o diretor-presidente do Vox Populi, Francisco Meira, repetiu seu protesto a Brasília Confidencial.

"As discussões (sobre os resultados das pesquisas) deveriam manter um nível técnico, sobre as diferenças metodológicas. Infelizmente, a Folha optou por uma abordagem tendenciosa e sem argumentos consistentes. Questionável é a linha editorial da Folha de São Paulo", atacou Francisco Meira. E continuou: "A diferença entre nós é a existência de um grande veículo de comunicação que se dispõe, talvez por solidariedade aos colegas do departamento de pesquisa, a praticar um jornalismo de má qualidade, atacando sistematicamente empresas que divulgam resultados diferentes dos que lhe interessam".

Inversões da Folha
A origem da crise está no comportamento que a Folha de São Paulo passou a adotar logo depois que publicou pesquisa do Datafolha em que, iferentemente de todas as pesquisas de intenção de voto divulgadas neste ano, os resultados apontaram o crescimento do pré-candidato do PSDB, José Serra, e estagnação da pré-candidata do PT, Dilma Rousseff. Ao contrário também de uma tendência que o próprio Datafolha identificara um mês antes, de crescimento de Dilma e queda ou estagnação de Serra, os resultados publicados pelo instituto em 27 de março, duas semanas antes do lançamento da pré-candidatura tucana, apontaram outro cenário.

Embora o Vox Populi e o Sensus não tenham levantado suspeita sobre esses resultados apurados pelo Datafolha e exibidos pela Folha, o jornal começou a questionar o trabalho dos concorrentes, cujos resultados, em resumo, não favoreceram a candidatura tucana (veja no quadro). Eles apontaram, no fim de março e no início de abril, a continuidade do crescimento da candidatura petista e empate entre Serra e Dilma.

"Fora de contexto"
A Folha de São Paulo publicou notas insinuando que a ordem das perguntas utilizada pelo Vox Populi poderia interferir no resultado das pesquisas.

"A Renata Loprete, a Mônica Bergamo e o Fernando Rodrigues receberam uma nota de esclarecimento. Demoraram cinco dias para publicar nossa posição. Quando o fizeram, foi fora de contexto, passando ao leitor a impressão de que nossa resposta se referia a outras acusações", afirmou terça-feira e reafirmou ontem o diretor-presidente do Vox Populi.

Poucos dias antes da divulgação da mais recente pesquisa do instituto Sensus, que mostra diferença inferior a meio ponto percentual entre Serra e Dilma, a Folha de São Paulo se voltou contra o outro concorrente do Datafolha. O jornal tentou desqualificar o trabalho do Sensus, antes mesmo de que os resultados fossem divulgados, explorando uma troca no nome do contratante da pesquisa.

"A Folha pinçou esse fato e transformou em uma matéria de primeira página que não diz absolutamente nada", reclamou Ricardo Guedes, diretor do Sensus, na reunião com o conselho de ética da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa.

O presidente da ABEP, Waldir Pile, que intermediou o debate entre os presidentes dos institutos, disse que a associação não impõe normas de conduta aos filiados. Mas frisou que, certamente, a melhor forma para discutir eventuais discordâncias de metodologia "não é através de notas na imprensa".

As diferença incomôdas
Instituto Datafolha (25/26 de março) - Candidatos Serra 36% x Dilma 27% Vox Populi (30/31 de março) - Serra 34% x Dilma 31% Sensus (5 a 9 de abril) - Serra 32,7% x Dilma 32,4%

Publicado no Blog Vi o mundo - 17/4/2010.
Antonio Capistrano

sábado, 17 de abril de 2010

Festa do Bardallo's cancelada

Em decorrência das chuvas que vêm caindo em Natal desde as primeiras horas da manhã, a produção da Festa de Aniversário do Bardallo's, que ocorreria hoje, 17.04, no jardim do Palácio da Cultura, achou por bem cancelar o evento. Uma nova data será marcada e comunicada a todos. As pessoas que compraram a senha antecipadamente podem reaver o valor no próprio Bardallo's, situado à rua Gonçalves Lêdo, 678, na Cidade Alta. Contamos com a compreensão dos amigos. Obrigado.

Paulo Jorge Dumaresq

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Tuitando com Millôr Fernandes

millorfernandes Os comunistas vêm aí: vão tomar o desemprego da gente.

A praia revisitada


A nostalgia vive também o não-passado. A praia abandonada recomeça. Um novo encanto. Lembranças ressurgem claras. Como o tapete de areia. Uma anterioridade intocável. Um mundo incabível ao abraço do palpável. A natureza embora viva sequer desconfia da maravilha da revisita. O tédio das ondas de mesmo destino ceifou qualquer visão além. São como as catraias inertes no tédio das horas. A espera é a mesma. E há outros passantes mais alegres. Ainda estusiasmados com o belo natural. Sou apenas o que espreita. Porque seria notado?

A praia já não respira como antes. Sufocada, persegue a eternidade. Os arrecifes recebem chorosos em solidão o rebentar das ondas: já não há a flora ou fauna de outrora. O lixo de outros mares espantou a natureza viva de minha infância. Talvez por isso o cansaço da orla, alimentado pela desesperança dos dias de sol. A alegria alheia dos visitantes antecipa a estação da dor. Os veraneios são intermináveis à praia-refúgio. Antes a solidão dos dias invernais. Quando a alma congela e a tristeza dormente descansa da euforia forçada.

A melancolia da praia-refúgio é de cais de porto. Tem alma faroleira. E balanço lânguido como as palhas de coqueiro. Não é a melancolia freudiana, depressiva. Está intimamente ligada à alegoria, ao contido, ao reprimido, às esperanças torturadas. Uma alma perfumada pelo que um dia Kierkegaard apontou como inerente ao humano. Mas permanece ainda a sabedoria do eterno como sustentáculo dos dias. A praia lamenta tão somente o destino eterno das rotinas de maré. E o mar, com suas paredes de vidro, rodeiam um universo infinito de solidão.

O exercício de viver a melancolia acalma os dias intempestivos. A violência das ondas é empurrada pelos ventos ainda fortes. Nem de longe reflete os sentimentos da praia. São ventanias ainda de agosto; passageiras. Não se coadunam com a angústia nativa da praia ou do mar. Provocam o mar revolto e se afugentam em outros recantos tempos depois. É quando o mar, fora de si, me desperta o medo. Ora, o mar da praia-refúgio sente preguiça de sofrer e alongar a vida. Não é o mesmo das ondas bravias de agosto e setembro.

Talvez tenha eu um pouco daquele mar. Navegante de minhas lembranças de menino, respiro a brisa do lençol verde-escuro e guardo na solidão minha força maior. Sinto-me eterno no escuro da noite; mais leve nos dias de segundos congelados. A vida contemplativa carece da melancolia. Não é à toa, Goethe afirmou ser a melancolia uma submersão em um mar de sensibilidade. Esperarei os dias angustiados de calor passarem e levarem com os seus a doce ilusão da alegria. Só então provocarei o reencontro íntimo entre meus sonhos infantis e a praia entediada.

* Foto by Sérgio Vilar

Fim de semana na Casa da Ribeira

O roqueiro amante do blues e instrumentista SaintClair se apresenta neste sábado no palco da Casa da Ribeira para lançar seu novo CD Identidade. Além de composições autorais, também alguns clássicos do estilo. A partir das 20h. Ingresso: R$ 8. No domingo, como já publiquei aqui, tem a volta da peça A Mar Aberto, com o Coletivo Atores à Deriva, dirigido por Henrique Fontes. Conta a história do pescador José Hermílio, que em mais um dia de pescaria, se vê surpreendido por um desejo inesperado: um jovem rapaz de 19 anos. Também a partir das 20h. Ingresso: R$ 10 e R$ 5 (meia).

Teatro de Assu será reformado

O diretor geral do Centro Escolar de Arte e Cultura (Cenec), Gilvan Lopes entregou a Petrobrás, no dia 6 de abril, documentação relativa ao projeto de revitalização do Cine-Teatro Pedro Amorim, previsto para ser iniciado no primeiro semestre de 2010. A reforma do histórico espaço cultural partiu de iniciativa do prefeito de Assu, Ivan Júnior, que esteve - juntamente com a deputada federal Fátima Bezerra (PT) -, na direção da Petrobras, em Brasília, para solicitar a parceria financeira.