Presidente da Funcarte acredita na presença de Saramago em vídeo-conferência durante encontro literárioAos poucos, o novo encontro literário promovido pela prefeitura de Natal para substituir o Encontro Natalense de Escritores (ENE) começa a tomar forma. As definições do projeto estão em andamento ou sob sigilo absoluto. O presidente da Capitania das Artes, Rodrigues Neto, adiantou algumas novidades, antes da montagem completa do evento e conseqüente coletiva para divulgação. Entre elas, a ideia de articular uma videoconferência com Saramago – único escritor de língua portuguesa vencedor de Prêmio Nobel de Literatura.
Segundo Rodrigues Neto, o orçamento para o encontro já foi definido. “Será aproximadamente metade do valor investido no ENE”, adiantou. A redução de custos será conseguida pela parceria com a União das Cidades de Capitais Lusófonas (Ucla). São 33 ao todo, espalhadas pelo mundo. E Natal é uma delas. No caso do encontro, a Ucla patrocinará os custos de viagem e hospedagem dos convidados internacionais do evento. “Pagaríamos apenas os custos dos escritores nacionais”, frisa o presidente.
O comunicado foi feito a todos os convidados. “Alguns já confirmaram. Não todos. Mas temos boas perspectivas de trazer Saramago para uma vídeo-conferência”. Rodrigues Neto havia adiantado a confirmação do angolano Eduardo Agualusa e do baiano João Ubaldo Ribeiro à coluna Diário do Tempo, publicada aos domingos neste jornal, assim como os dias do evento: 29 e 30 de março, e 1º de abril, já com pauta reservada no Teatro Alberto Maranhão – informações ratificadas pelo presidente.
Quem está por trás dos contatos com os escritores de língua portuguesa são o saxofonista Carlos Martins, o assessor especial para assuntos internacionais do governo da Bahia, Nestor Sobrinho, e o português Miguel Alacoretta, membro da Ucla. “Carlos é bem relacionado com Agualusa e Saramago, e Nestor e Miguel têm nos ajudado muito nesses contatos e na logística para trazer esse pessoal”.
Rodrigues Neto também disse estar em formação uma curadoria para o evento. O folclorista Deífilo Gurgel e o jornalista Vicente Serejo são alguns dos nomes a serem convidados. A coordenação do evento ficará sob responsabilidade da secretária municipal de Relações Institucionais e Governança Solidária, Iraci Azevedo (que também coordenou a montagem do Natal em Natal) e algum representante da Funcarte a ser definido. Segundo Rodrigues Neto, a produtora cultural e hoje chefe do Núcleo de Artes da Funcarte, Cida Campello, pode ser o nome indicado.
Rodrigues Neto também confirmou a ideia de trazer o tropicalista Gilberto Gil como única atração nacional para os shows. “O restante serão artistas locais e internacionais. Aliás, o evento pretende formar esse intercâmbio entre o artista de língua portuguesa e o natalense, seja na música ou nas letras”.
Revista, livros e comunicaçãoPelo menos dois livros prometem ser lançados durante o evento. O primeiro é da pesquisadora Nathalie Câmara. “É uma espécie de tradução; uma autobiografia de Nísia Floresta. Fiz um convite informal a Nathalie, que é minha amiga. Espero que ela aceite e também participe de uma das mesas de debate para discutir a obra de Nísia, que neste ano completaria 200 anos (em 12 de outubro) se estivesse viva”, disse Rodrigues Neto.
O segundo livro será (ou seria) sobre um compêndio organizado e pesquisado pelo folclorista Deífilo Gurgel durante mais de dez anos a respeito do romanceiro potiguar. Mas o próprio Deífilo disse ontem nunca ter sido procurado para tal e que o livro demorará pelo menos mais um ano para ficar pronto. “Agradeço a boa vontade da Capitania, mas faltou comunicação”. A própria Nathalie também disse desconhecer o convite.
Quanto à revista cultural da Capitania, programada para ser lançada no ENE com o nome de Ginga, agora depende do apoio da secretaria municipal de Comunicação para ser lançada durante o encontro literário. Segundo Rodrigues Neto, o titular da pasta, Jean Valério, já foi comunicado a respeito. “Iremos nos reunir, juntamente com Andréia Motta (adjunta da Comunicação) para tratar do assunto”,
Rodrigues Neto disse da impossibilidade de a Funcarte bancar o lançamento e regularidade da revista. “A Assecom tem à disposição cinco gráficas já licitadas. Será muito mais fácil fazermos em conjunto, sendo o material gráfico editado por lá”. O presidente afirmou ainda que a revista poderia ser lançada durante o ENE (no fim de novembro), mas o pagamento da equipe não estava garantido porque o orçamento não estava incluído no Plano Plurianual da Prefeitura e também faltou a licitação da gráfica.
“E quando entrei na presidência ainda peguei o abacaxi de duas gráficas brigando pela edição da revista, uma dizendo que tinha apresentado o preço mais barato... Então, eu fiquei no meio dessa história. Quero fazer tudo direitinho. Acho excepcional a ideia da publicação”, reclamou.
* Matéria publicada nesta quinta-feira no Diário de Natal
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