terça-feira, 4 de maio de 2010

Feira do Livro de Mossoró

Amanhã acontece o lançamento da sexta edição da Feira do Livro de Mossoró, enquanto por aqui, a Bienal do Livro dorme em sono profundo há mais de três anos. A solenidade ocorrerá às 10h no auditório da biblioteca municipal Ney Pontes Duarte, em Mossoró, e vai contar com a presença de representantes do Governo do Estado, da Prefeitura de Mossoró, patrocinadores, jornalistas e produtores culturais. A Feira do Livro de Mossoró será realizada entre os dias 3 e 8 de agosto, no mesmo local das edições anteriores: a Estação das Artes Elizeu Ventania.

A música mais vendida da net

O hit "I Gotta Feeling", do grupo Black Eyed Peas se tornou a música mais vendida por meio digital, de acordo com a Nielsen SoundScan, que faz a medição nos Estados Unidos.

A música, que passou 14 semanas no topo da parada Hot 100 da Billboard no ano passado, vendeu mais de 5.561.000 cópias pela internet.

A canção do Black Eyed Peas bateu as vendas de "Low", do rapper Flo Rida, que era a anterior detentora do recorde e agora é a segunda mais vendida, com cerca de 5.536.000 cópias digitais.

A cantora pop Lady Gaga aparece na terceira posição, com "Just Dance" (5.364.000), e na quinta colocação, com "Poker Face" (5.131.000).

Outro hit do Black Eyed Peas, "Boom Boom Pow", é a quarta colocada no ranking, com 5.298.000 cópias vendidas na internet.

A medição é feita desde julho de 2003, cerca de dois meses depois do lançamento da iTunes.

(Da Folha Online)

Forró + Metal = Insensatez


O Projeto Seis & Meia volta hoje ao palco do Teatro Alberto Maranhão com mais uma mistura de ritmos fruto de um sorteio estapafúrdio promovido pela Fundação José Gugu para escolha do artista local das apresentações do projeto até o fim do ano. Na edição, uma mistura no mínimo insensata: a música regional “aforrozada” do cantor e compositor pernambucano Maciel Melo e o heavy metal do experiente grupo local Decreto Final. Na última edição, o bolero de Tânia Alves foi precedido do hip hop do grupo Carcará na Viagem.

Para lembrar ao amigo leitor, o sorteio foi feito com os músicos contemplados com o edital Nubia Lafayette. Salvo engano, compareceram no dia uns 20 e foram sorteados 16, já com data marcada dos shows até o fim do ano. Se conversa com alguns deles nos bares da cidade e a expectativa é de quem será a parceria para o show. Correm o risco de repetir a dose do Carcará na Viagem, quando encontrou um TAM vazio, com a plateia toda a espera de Tânia Alves em conversas no pátio do teatro. Lamentável. Como disse Cínthia Lopes, descaracterizaram o Seis & Meia. Conseguiram, aliás!

A seguir, informações de release: Aos 47 anos, Maciel Melo já entrou na história da música nordestina com o clássico Caboclo Sonhador, sucesso com Flávio José e com Fagner. Virou uma referência para onde se voltam tantos cantores do gênero, que vivem na região, ou os que emigraram para o Sul Maravilha: Xangai, Santanna, os citados Flávio José e Fagner, Zé Ramalho, Elba Ramalho (que conseguiu um de seus maiores sucessos juninos com Que nem vem-vem, em 1991).

O primeiro disco de Maciel Melo, lançado às duras penas em 1989, um bolachão de vinil, chama-se Desafio das Léguas. Já na estréia o artista sabia que a caminhada não seria fácil. Um disco ousado para um desconhecido. Desafio das Léguas (que está por merecer um relançamento em CD) tem participações de Vital Farias, Xangai, Dominguinhos, e Décio Marques. Na sexta-feira (7) Maciel Melo se apresenta no Teatro Dix-Huit Rosado, em Mossoró. A atração local ainda será definida.

Projeto Seis & Meia
Quem: Maciel Melo e Decreto Final
Local: Teatro Alberto Maranhão (TAM)
Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (estudante)

Contatos

Povo amigo, após semana atribulada, volto ao batente no Diário de Natal. Feliz pela volta, pela nova rotina longe do segundo expediente em assessoria de governo e mais próximo desse blog.

Ontem entrei sem querer - acreditem - em minha caixa de entrada do gmail e encontrei um sem número de e-mails. Inclusive um de Osair Vasconcelos a respeito de seu livro lançado há algumas semanas.

Aproveito esse espaço para reforçar: quem desejar contato, por favor, envie para estes dois emails: sergiovilar@diariodenatal.com.br ou svilar@supercabo.com.br Muita gente ainda envia para um antigo da digi, já inativo.

Quem preferir, meu twitter é o s_vilar

Abraço e sigamos.

domingo, 2 de maio de 2010

Nova York, Eu Te Amo


Nova York, Eu Te Amo manteve o excelente nível da franquia iniciada com Paris, Eu Te Amo e que incluirá também um longa com vários contos cinematográficos para o Rio de Janeiro. Entre os curtas que compõem o filme, se vê a hostilidade típica dos novaiorquinos, a solidão em meio à multidão, a vocação cosmopolita, o racismo, e principalmente, a necessidade das boas relações interpessoais, também visto em Paris, Eu Te Amo. Outro fator recorrente nas duas séries é o tom melancólico e a sensualidade atribuidos às metrópoles. Em Paris é bem justificável pela própria atmosfera da capital francesa. Em Nova York, sinceramente, não vejo isso. Ainda assim, funcionam como tempero para amarrar a narrativa de forma coesa e até poética, em alguns casos. Nova York, Eu Te Amo mostra uma cidade humana, demasiadamente humana por trás daquele ritmo frenético, tantos arranha-céus e preconceitos ideológicos.

Oficina de Artes Plásticas

O Núcleo de Arte e Cultura (NAC) em conjunto com a Pró-Reitoria de Extensão, o Departamento de Letras, Departamento de Artes Visuais e o grupo Matizes de pesquisa em Cultura Visual da UFRN, realiza a partir desta segunda-feira o projeto ‘Artes Plásticas em Natal: Ação e Memória’, voltadas para à comunidade. As atividades ocorrerão até o dia sete de maio. Contato: 3215-3116 ou 3215-3132.

sábado, 1 de maio de 2010

Análise sobre o EELP


Publico a seguir minha análise a respeito do EELP. Nos posts mais abaixo estão o texto que produzi para o encerramento do evento e a crônica a qual o poeta e amigo Lívio Oliveira, generosamente, citou à mesa para comentar a respeito de cosmopolitismo e provincianismo. Dessa maneira, atendo aos poucos pedidos que me foram dirigidos durante o evento.

Adianto que esta análise é desprovida de compromisso com qualquer instituição, rancor por alguma espécie de destrato, despeito ou aversão à gestão municipal. Trata-se somente de um olhar restrito à realização do evento. Um olhar de quem ajudou na organização, assistiu as palestras e cobriu como jornalista três edições do ENE – o insistente parâmetro de comparação –, além de bienais de Natal e Fortaleza, entre outros eventos literários locais.

Vamos aos fatos: O EELP foi idealizado e anunciado quatro meses antes de sua realização – tempo curtíssimo para a perfeita organização do evento. Conseguiu trazer mais de 30 escritores estrangeiros, além de nomes nacionais como João Ubaldo Ribeiro, o jornalista Paulo Markum, o poeta porralouca Jorge Salomão e o compositor Chico César. Durante os três dias do evento, os 600 lugares do TAM foram preenchidos.

Qual o propósito do evento: promover a discussão literária em torno da língua portuguesa, estreitar laços entre a intelectualidade e as instituições acadêmicas de Natal com os escritores dos países cuja língua materna é o português, incentivar o gosto pela leitura com eventos literários e fomentar o turismo na cidade em período de baixa estação. Na minha opinião, todos os objetivos foram alcançados.

A companhia aérea TAP manteve os vôos diretos para a Europa, quando a intenção era reduzir. Durante uma semana Natal foi a capital mundial da língua portuguesa, com manchete em jornais da Europa e África, Sites como o Uol e a revista Época publicaram matéria. A emissora SIC Internacional, com alcance em mais de seis países, e a RTP de Portugal e África produziram matérias com mais de uma hora e links ao vivo durante a programação. A mídia local também foi intensa, com participação de escritores estrangeiros na TV e em entrevistas em jornais.

O evento foi encerrado já com data marcada para a segunda edição: 25, 26 e 27 de abril de 2011. Foi anunciado o intercâmbio regular, a cada três meses, de um escritor estrangeiro de língua portuguesa em Natal. Há, ainda em discussão, projeto para visitas regulares ao Instituto Câmara Cascudo, em razão da visita da comitiva dos escritores ao local. E um livro com todo o material do evento será lançado durante a SBPC, na UFRN, em julho deste ano.

As discussões foram riquíssimas. No primeiro dia, a erudição do crítico literário e acadêmico Carlos Reis impressionou e trouxe luzes acerca do termo Lusofonia, além da discussão sobre o novo acordo ortográfico. A palestra de Diógenes da Cunha Lima também foi bem interessante. Ana Maria Cascudo trouxe à tona informações curiosas de Cascudo e sua ligação com a África e Portugal. A participação do escritor timorense Takas foi mais discreta, mas poética. E a do poeta português Antônio Carlos Cortez, de interesse mais acadêmico.

A marca do segundo dia do evento foi a aula de quem “desconhecia” o assunto. João Ubaldo Ribeiro impressionou não apenas pela erudição, mas pelo bom humor, em uma mesa igualmente qualificada, ainda com Livio Oliveira, Tarcísio Gurgel e seus causos e a simpática crítica literária de São Tomé e Príncipe, Inocência Mata, que também abrilhantou o debate com verdadeiras pérolas frasísticas.

O terceiro dia tinha tudo para ser o melhor dia. E foi. Começou chatíssimo com longa leitura do esperado Agualusa. Pensei na decepção, mas a mesa foi a mais dinâmica, provocada habilmente pelo moderador Tácito Costa. Quem fala melhor deste último dia é Lívio Oliveira, no post mais abaixo. Ressalto apenas o TAM abarrotado de gente para assistir Chico César.

NOVO ENE

Independente da perfeita ou confusa realização é preciso considerar a primeira edição do evento – vamos lembrar do primeiro ENE! Considerar, também, que o EELP não veio para substituir, mas para somar. É mais um encontro literário para a cidade, em um período vazio de eventos do tipo. Temos ainda a Flipipa, em setembro, e o Encontro Literário promovido pela União Brasileira de Escritores, em outubro.

Durante o Natal em Natal, haverá, sim, um substituto do ENE. Ao contrário do que já publicaram, virá com outro nome e outro formato. Este, sim, mais aberto. A princípio, também no TAM, mas com o largo da praça Augusto Severo rodeado de exposições, apresentações e atividades paralelas – uma espécie de Ribeira das Artes. E com palestras concomitantes no auditório do Museu Djalma Maranhão.

CRÍTICAS CONSTRUTIVAS

Sem achismos, previsões preconceituosas ou até opiniões consolidadas sem fundamento, teço minhas críticas ao evento, como fiz todos os anos com o ENE. Ou ninguém lembra da confusão de gente para entrar no show de Zeca Balero? Da falta de banheiros químicos? Das cadeiras vazias na maioria das palestras? Do gelo incômodo dentro da tenda? São pontos negativos em meio a outros positivos e bem mais significativos que trouxeram ao ENE o status de um evento literário consolidado e relevante para Natal.

Esses e outros pontos negativos foram publicados à época, mas hoje o ENE se pinta como perfeito para denegrir – mesmo antes de acontecer – o EELP. Criticar sem mostrar caminhos, acho inválido, improdutivo. Algumas falhas precisam, claro serem corrigidas. A comunicação foi atrapalhada em função das indefinições e da necessidade urgente de propaganda do evento, já que foi idealizado em cima da hora, sem falar da total falta de estrutura da Funcarte para a assessoria de imprensa. Sequer há assinatura de jornais, a internet é lenta e o acesso a blogs e twitter é bloqueado.

O acesso ao TAM no primeiro dia foi tumultuado. Achei burocrático e problemático o trâmite: preenchimento de ficha, envio pela internet, espera por confirmação e procura por credencial. Vi, ouvi e li várias reclamações a respeito. Também presenciei o estresse das funcionárias da Funcarte em atender a demanda. Acredito que muita gente ficou inibida diante de tanta burocracia, falta de confirmação ou indefinição.

Opino que o melhor sistema é mesmo a preferencial para quem chegar antes ou se dispor a, pura e simplesmente, pegar uma credencial direto na Funcarte ou no local, antes do início do evento. Caso haja tumulto, a culpa passa a ser da mania do brasileiro em deixar pra última hora. É uma maneira de beneficiar o precavido ou o pontual. O risco aí é o de muita gente ficar do lado de fora. Mas há já a ideia de colocar um telão na praça para quem preferir acompanhar de fora ou chegar atrasado.

E por que não colocou neste ano? Por falta de tempo e por causa de outra falha no evento, ao meu ver: o horário. Às 15h o sol atrapalha a imagem de um telão. Afora o incômodo para quem trabalha neste turno. É bom lembrar que, embora comece às 15h, segue até às 20h30. Adiantar o horário também significa término tardio do evento. Ainda assim, acharia melhor. É a minha opinião.

Uma observação merece reflexão. Durante os três dias, o evento iniciou com casa lotada. No primeiro dia, gradativamente a plateia – formada em maioria por estudantes – saiu. No intervalo das palestras, um terço ou até mais havia ido embora. Ao final, cerca de metade estava presente. Pouca gente ficou para assistir o show do Octeto de Violoncelos.

O que se depreende daí? Shows mais pops como o de Valéria Oliveira ou, principalmente, Chico César, atrai mais público. Basta comparar com o ENE, quando excelentes nomes das letras juntavam uns gatos pingados, enquanto Arnaldo Antunes lotava a tenda. É uma alternativa, até para quebrar o cunho acadêmico do evento.

Também achei poucas as parcerias para exposições no evento. Isso, com certeza, em função do tempo. Apenas a Potylivros montou um singelo estande para comercialização de livros e a Academia Feminina de Letras expôs seu acervo no escondido e pouco freqüentado Salão Nobre do TAM, no andar superior. São erros facilmente corrigidos na próxima edição. A procura constante da imprensa para entrevistas com João Ubaldo e Agualusa forçou uma coletiva mal programada no TAM e causou confusão de horário para coleguinhas jornalistas.

As regras do evento também precisam ser mais explicadas aos escritores não-participantes da mesa de debates e a plateia. E acho que esse papel não cabe ao moderador.

GINGA E PRÊMIOS LITERÁRIOS

Não considero falha a ausência do lançamento da Revista Ginga e o anúncio dos prêmios literários, afirmado pelo jornalista Fábio Farias. Essa programação seria para o ENE, em novembro. Em fevereiro se cogitou o lançamento da revista no EELP. Mas nada oficial. Lembro que publiquei em minha coluna a notícia, mas sem confirmação oficial. É falha a ausência da revista, sim – e grave – da gestão municipal, não do encontro.

Adianto que, pelo menos a revista está em processo – lento – de confecção, ainda sem nome ou equipe (editores e repórteres) definido para esta nova publicação. Mas, a partir do primeiro número e da regularidade das publicações, será já um atrativo à segunda edição do EELP. Torço para que os prêmios literários também possam integrar a programação, assim como lançamentos de livros publicados pela Lei Djalma Maranhão, ainda inerte para este propósito.

É isso. E, mesmo com assinatura da Lei de Promoção à Leitura Literária (por que não Promoção à Literatura, ou simplesmente à Leitura?), durante o evento, termino com as palavras do jornalista potiguar radicado em Brasília, Gustavo de Castro, publicadas no Substantivo Plural de Tácito Costa: “Falta em Natal e no RN política pública para o livro e a leitura, sem isso não adianta esses encontros. Eles (os encontros) deveriam celebrar um período de investimento no setor e não o único investimento no setor”.

Principais "tópicos" do EELP

Texto lido por este blogueiro ontem, no encerramento do 1º Encontro de Escritores da Língua Portuguesa de Natal.

Boa noite.

Foi-me incumbida a tarefa ingrata, para um tímido jornalista, de ler os principais temas discutidos neste encontro em formato de tópicos. Vou quebrar o protocolo formal – como é de costume de um certo presidente curiosamente citado nos três dias de evento por, digamos, maltratar a língua portuguesa.

Essa língua portuguesa que foi o eixo vertebral das discussões travadas entre os debatedores. Essa língua portuguesa que nos acompanha desde que pronunciamos um “mama” ou “papa”, e nos perseguiu nos primeiros anos colegiais quando a professora ensinou as primeiras sílabas. Ou mais tarde, na regrinha gramatical do “m” antes do “p” e “b”. Depois, nos porquês separados e sem acento, juntos com acento porque precedido de artigo e que indica razão e todas aquelas regras gramaticais hoje unidas de forma oficial e discutidas aqui sob a ótica da lusofonia.

A mesma vasta e sensual língua portuguesa que hoje, para muitos aqui – principalmente aos bravos da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins – é angústia, naqueles segundos, dias e até anos intermináveis em busca da única palavra perfeita a se encaixar no buraco deixado pelo poema. Ou ainda a língua portuguesa dos iletrados, também, como aquele presidente que tem a cara do seu povo.

Essa língua portuguesa foi ouvida aqui sob o sotaque baiano, paulista, potiguar, português de Portugal, de Cabo Verde, Angola, Timor, Moçambique, São Tomé e Príncipe e até sertanejo, com a emocionante intervenção do mestre cordelista Pedro Bandeira. Uma torre de babel que se pretende unida, mas à luz da utopia – foi mais ou menos essa a impressão deixada, sobretudo no primeiro dia do evento, quando se discutiu a literatura lusófona: elo entre continentes e culturas, abrilhantada pela conferência do professor Carlos Reis; discussão essa que enveredou pela nostalgia imperial portuguesa e o contexto histórico e plural do termo lusofonia.

Ora, e como colocar em tópicos os causos contados hoje por Ondjaki, ou ontem pelo professor Tarcísio Gurgel? E a poesia recitada por Takas, no primeiro dia ou as de Jorge Salomão, agora há pouco?

Em vez de citar os tais tópicos, como a instantaneidade da informação ou a ameaça de colonização de nossa língua diante do monstro da globalização, travados no segundo dia do evento, prefiro me reter ao carinha que me procurou no pátio do teatro à procura do angolano Luandino, um dos escritores convidados do evento. Esse cara comentou do angolano. Disse que ele era uma figuraça, que teve a ousadia de rejeitar o prêmio Camões de literatura, que se autoproclamou morto para os literatos e foi também ator político e insurgente contra o regime de Angola, etc. Isso só pra enaltercer que esta “figuraça” tão importante para a literatura e política de seu país foi apenas um entre dezenas de convidados presentes no evento e que estão ou estiveram aqui presentes, também em conversas informais no pátio do teatro para quem se interessasse.

Em vez de citar tópicos, como o poliedro luminoso da língua portuguesa, acendido por Diógenes da Cunha Lima, ou a eterna dicotomia entre cosmopolitismo e o nosso provincianismo incurável de cosmopolitas matutos, levantado por Lívio Oliveira, ou ainda – e vejam só, em um evento tão plural como este – a importância da literatura de cordel no ensino da língua portuguesa, eu prefiro comentar do estudante da UFRN que me procurou, ontem, atrás de um certificado de participação, já que acompanhou os dois primeiros dias de evento e não poderia estar aqui hoje em função do horário de aula.

Este aluno é bem o retrato de vocês que estão aqui ou das mais de 1.500 pessoas que compareceram a este Encontro: um universitário interessado em literatura e que, em função do horário ingrato, fez – essa expressão creio ser brasileira - das tripas coração para estar aqui hoje...

Em vez de dividir pura e simplesmente todo o dito e não dito do evento em tópicos tão delimitadores, eu prefiro me reportar aos “queixos tremidos” de João Ubaldo Ribeiro, como ele mesmo disse ao final de sua conferência, quando, surpreso pela emoção ao falar da língua portuguesa, concluiu mais ou menos dessa maneira a sua fala: “Em nossa língua está nós mesmos. E não podemos abdicar da nossa existência. A língua portuguesa é e será a nossa expressão mais autêntica. Cuidar dela é a nossa maneira de significarmos alguma coisa na história da humanidade”.

Hoje, vocês puderam conferir mais um dia de palestra. Puderam beber de uma água quase lusa, quase lusitana, posto que temos uma Angola unida pela mesma língua portuguesa. E lembrei de uma pergunta endereçada ontem à professora Inocência Mata, de São Tomé e Príncipe indagando – esse indagando, para vocês portugueses é um gerúndio brasileiro – enfim, uma pergunta a indagar se os ressentimentos entre colonizado e colonizador interferia de forma negativa no intercâmbio entre os países de língua portuguesa. Inocência iniciou sua resposta com uma pérola: “Prefiro não comentar sobre almas”. Mas no meio e no fim até que traçou um esboço histórico de acontecimentos e terminou com outra frase-síntese da situação do mercado editorial e da literatura como um todo no continente africano: “Na África, quando um velho morre é uma biblioteca que se queima”.

Então, é isso. Durante três dias, Natal – essa cidade sempre aberta ao atlântico e que parece viver de eterna nostalgia desde que os americanos invadiram a cidade durante a segunda grande guerra e foram embora deixando um vazio – retomou hoje a sua vocação cosmopolita. Tudo bem, aquele cosmopolitismo cascudiano, digamos, meio matuto, meio provinciano, de mirar o mar a espera de novas corvetas, hidroaviões ou navios de turismo de hoje, e depois olhar pra baixo para se certificar com segurança que aquela areia que pisa é mesmo a da estimada praia da Redinha.

É dessa maneira, com sentimento de orgulho e dever cumprido, que o natalense se despede do status de pertencer à capital mundial da língua portuguesa. Esta cidade sempre mãe gentil aos estrangeiros, volta a pisar o chão de Cascudo com o mesmo orgulho vivenciado nestes três dias, quando esteve nas lentes do mundo. Podemos bater, sim, no peito e bravar: somos provincianos incuráveis, mas temos cultura valiosa, sabemos receber a todos e, daqui, desse cotovelo ferido da América, fomos a primeira cidade do mundo a sediar um encontro de escritores da nossa língua portuguesa.

Crônica provinciana

De quando o quarteirão é mundo

Sinto até calafrios quando ouço alguém se auto-afirmar um cidadão do mundo. Eu, apenas um passarinho de gaiola, acostumado às cenas e costumes da esquina. Deitado em rede, numa varanda minha, até imagino-me nas gôndolas de Veneza, tomando um café no Champs-Élyseés ou a passear nos becos milenares do Cairo. É que os desaventurados têm esse costume dos sonhos impossíveis, de mastigar a essência daquilo que poderia ter sido e não foi.

Digo isto, amigo leitor, porque li entrevista com a jornalista Glória Maria. Ela, que passou dez anos à frente do Fantástico e largou o programa para novas aventuras, foi indagada se sente falta da emissora. Dessas mulheres de essência cosmopolita, afirmou: “Saudade é palavra que só existe na língua portuguesa. Sou uma cidadã do mundo”.

E eu, aquele cara do outro quarteirão; aquele que apenas assiste o rapaz distraído derrubar os livros da moça para ali iniciarem romance de novela, me arrepio com a frase da jornalista. Sou um provinciano, preso mesmo aos quarteirões da vida que construí. Ora, querer mais que a infinitude do mar, os mundos dos livros ou a eternidade das amizades é mostrar-se ingrato com a vida. Uma vida, registre-se, longe daquela “vida besta” assistida dos sobrados das casas do interior, descrita por Drummond.

Se coleciono auroras em vez de postais é porque suspeito que a verdadeira vida reside mesmo na imaginação. E por ela viajo, sonho e me transformo naquele herói das multidões, tão cheio de carisma e beleza. Como já afirmei, a vida é uma grande ilusão. Não se engane. E melhor é, ao acordar do sonho, assistir o cotidiano já conhecido, de esquinas do passado e do presente. A vida é mais fácil assim. Da ilusão brota poesia. E como disse Ferreira Gullar, a poesia existe porque a vida não basta.

O amigo leitor pode me chamar de fraco, medroso ou outra classificação que o valha. Confesso outros defeitos muitos, não esses. Sou apenas um provinciano, e incurável, como Cascudo. Se me esforço a permanecer em minha redoma é por preferir a distância de um mundo dito mais fascinante e perfumado pelo cheiro do capital. E como Schopenhauer, também opto pela esquiva aos bípedes como melhor forma de expulsar minhas vontades e desejos – frutos de todos os pecados.

E assim, por estes quarteirões de uma Natal de morros, dunas, mar e rio, coloco os tijolos do muro de minha vida, com o cimento do meu silêncio e gratidão: alicerces das minhas fantasiadas paixões.

(Sérgio Vilar)

Da democracia dos debates

Por Tácito Costa
no Substantivo Plural

"Participei como mediador e acho que minha experiência como editor do SP foi muito útil. Tentei levar à mesa o clima de abertura e democracia que vivenciamos aqui. Não é fácil mediar uma mesa com tanta gente, mais os escritores convidados, com direito a perguntas, e uma platéia de mais de 200 pessoas. Felizmente, parece que deu tudo certo, pelo menos publicamente ninguém reclamou e eu saí com a sensação de ter pulado uma fogueira – rs.

Não pude ir nos dois primeiros dias do evento porque era no meu horário de trabalho e, para completar, minha chefe viajou e ficou mais complicado me ausentar. Mas gostei do que vi e ouvi ontem. Acho que o debate teve um nível muito bom e surpreendeu-me a quantidade de pessoas na platéia".

AQUI.

Do blogueiro: Tácito, você foi bem, foi o melhor mediador. Não achei pirotecnia, como classificou o amigo Lívio. E percebi apenas uma intervenção errônea, mas sem maiores relevâncias, quando você interrompeu a jornalista e psicóloga Clevane Pessoa. A posição do mediador é essa mesmo: precisa ser firme e fazer o meio de campo distribuindo os assuntos, mediando o debate. Parabéns mais uma vez!

Livro reúne 200 animações dos quadrinhos


É difícil imaginar um adulto que não tenha passado algumas boas horas da infância assistindo a desenhos animados na TV. Da ampla variedade de gêneros que esta forma de entretenimento produziu no último século, há um que se destaca – muito provavelmente pela simbiose com outras manias infantis como quadrinhos e álbuns de figurinhas: os super-heróis.

Foi este “recorte” que o jornalista e crítico de cinema André Morelli aplicou no mais recente lançamento da Editora Europa, Super-Heróis nos Desenhos Animados (164 páginas, R$ 49,90). O livro reúne resenhas, curiosidades e fichas técnicas de 200 animações, desde o Superman produzido pelos irmãos Fleischer nos anos 40 – a única produção para cinema incluída na obra – até o recente Batman: Os Bravos e os Destemidos, exibido atualmente na TV paga.

O autor destaca que séries clássicas como Johnny Quest não foram esquecidas; os longas-metragens ou produções lançadas diretamente em DVD, porém, ficaram de fora. Super-Heróis nos Desenhos Animados é ilustrado com mais de 1.400 imagens, selecionadas de um total de 18 mil.

Super Herois nos Desenhos Animados
André Morelli
Editora: Europa
164 páginas
26,6 cm x 20,6 cm
Preço: R$ 49,90
www.europanet.com.br

Seletiva Beatles

Dia 5 de maio começam as seletivas do 1° Sgt Peppers Beatles Fest a partir das 20 horas na unidade de Petrópolis. As bandas concorrerão cantando de diversas formas, musicas dos Beatles, a vencedora ganhará um prêmio de quarto mil reais e os finalistas gravarão uma música dos Beatles num álbum promocional que será produzido pelo Sgt Peppers juntamente com o Rocket Estúdio. Para mais informações: 8855-3916 ou pelo inscricao@sgtpeppers.com.br

Editorial da Revista Brasileiros


Por Hélio Campos Mello
Diretor de Redação da Brasileiros

O Brasil chegou ao oitavo lugar no ranking das economias mundiais. Estava em 11º e, se tudo continuar caminhando do jeito que está, deverá chegar ao 5º lugar. Quem diz isso é a consultoria PriceWaterhouseCoopers, como conclusão de um estudo que nos coloca - em 2025 - atrás apenas de China, Estados Unidos, Índia e Japão. A The Economist, em reportagem de capa no começo do ano, confirma e acrescenta que a nossa economia cresce a uma taxa de 5% ao ano e deve ganhar mais velocidade com a exploração de petróleo. Diz também a revista inglesa que "sob a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, um ex-líder sindical que nasceu na pobreza, o governo tem trabalhado para reduzir as marcas das desigualdades". Isso é muito bom.

Já uma pesquisa publicada na edição inglesa da revista Esquire, de março de 2010, mostra que a maioria dos ingleses prefere vinho a whisky, é contra a Guerra do Afeganistão e está preocupada com a queda dos cabelos. Claro, eles também se preocupam com terrorismo, com suas famílias e com seus empregos. E o que nós temos a ver com isso?

Nada, se não fosse o fato de que os pesquisadores também quiseram saber de suas impressões sobre a primeira década deste milênio. E, lá, publicaram algumas cretinices do tipo: "Está tudo igual como era antes, só que agora com iPod" ou "A apatia venceu, mas também não havia nada que pudéssemos fazer em relação a isso"; e uma frase que continha um vergonhoso neologismo. Vejam: "Essa é uma década com um crescente sentimento de brasilificação - ou seja, o aumento do abismo que separa ricos de pobres". Isso é muito ruim.

Pior que o neologismo só mesmo o que há de verdade nele.

Por mais que o atual governo tenha privilegiado as camadas mais pobres da população, que a política econômica tenha criado uma nova classe média com a ascensão dos mais pobres, este é um País gigantesco, como gigantescos são seus problemas. Pode-se dizer, então, que a má notícia é que muito ainda há por fazer, e a boa, justamente, é que muito ainda há por fazer. Portanto, mãos à obra. Antes, durante e depois das eleições.

Mãos à obra é um dos lemas da revista Brasileiros. Para nos ajudar a tocar este projeto que chega ao número 33 e que, basicamente, aposta no Brasil, sua potencialidade e em seus personagens, se agregou a nossa equipe o talentoso Ricardo Battistini. Será sua responsabilidade trazer parceiros comerciais, anunciantes e fazer a revista ser cada vez mais conhecida. No Brasil e fora dele. Com Ricardo, chegam Fabiano Fernandes e Rogério Nunes. Gislaine de Oliveira nossa assistente de circulação completa o grupo. O leitor vai perceber que, já nesta edição, todos eles colocaram suas mãos à obra.

E isso é uma boa notícia

Na foto desta página, a vista que se tem é da porta de entrada do Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República. A escultura é do mineiro Alfredo Ceschiatti. E Brasília, que faz aniversário, ganha da Brasileiros um especial de 30 páginas. Bom proveito.

OBS: Esta é a mais nova edição e já está toda disponível na internet AQUI.

O último dia do EELP

Por Lívio Oliveira
no Substantivo Plural

Como prognostiquei em meus textos anteriores, o I Encontro de Escritores de Língua Portuguesa terminou, ontem, deixando saudades e um saldo extremamente positivo no que diz respeito à qualidade dos debates e programação correlata, além da íntima interação entre escritores e público.

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On the road com Walter Salles

Walter Salles espera um "milagre" para que o seu anunciado longa de ficção baseado em "On the Road" (traduzido no Brasil como "Pé na Estrada"), de Jack Kerouac, se realize. O cineasta, convidado em 2004 para abraçar um projeto que diretores como Gus van Sant e Jean-Luc Godard não conseguiram levar adiante, já não sabe se ele se concretizará. O brasileiro havia sido escolhido para a tarefa por Francis Ford Coppola, que detém os direitos da obra para o cinema desde 1979, mas que tampouco concluiu o próprio projeto de dirigir a adaptação.

AQUI