quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Patrimônios vivos do RN


A tradição do folclore potiguar - um dos mais ricos do Brasil - comemora hoje a entrega do diploma de Registro do Patrimônio Vivo a dez representantes da cultura norte-riograndense. Eles são os primeiros contemplados com uma bolsa vitalícia patrocinada pelo Governo do Estado por intermédio da Lei do Patrimônio Vivo. O anúncio de entrega será na presença do ministro da Cultura Juca Ferreira, no Teatro Alberto Maranhão, às 17h. O ministro vem a Natal para apresentar o texto conclusivo do Plano Nacional de Cultura.

Segundo o presidente da Comissão Estadual de Folclore, Severino Vicente, o diploma concederá uma série de privilégios em projetos culturais promovidos pelo poder público e a bolsa mensal e vitalícia no valor de R$ 1,5 mil (aos grupos) e R$ 750 (aos mestres). A comissão formada para escolha dos dez beneficiados foi composta pelos folcloristas Deífilo Gurgel, Severino Vicente e Gutenberg Costa, além do diretor geral da Fundação José Augusto, Crispiniano Neto e de uma representante da Secretaria Estadual de Educação e Cultura.

Deífilo Gurgel afirmou que foram consideradas a capacidade, a tradição, vivência e situação atual de cada grupo e mestre. Alguns, como o poeta popular mossoroense Luiz Campos, 70 anos, vive em situação precária de saúde e de moradia. “Não escolhemos ninguém sem merecimento. Apenas alguns também levamos em consideração esses fatores”. Caso também do mestre de Congo de Guerra de Ceará-Mirim, Sebastião João da Rocha, o mestre Tião Oleiro, de 95 anos. “Ele até hoje ainda guarda empolgação para repassar seus conhecimentos à nova geração”.

Além dos dois primeiros grupos escolhidos pela Comissão e divulgados em matérias de destaque no Diário de Natal - o Fandango e a Chegança de Canguaretama - também foi definido o Caboclinho de Ceará-Mirim como terceiro e último grupo deste ano consagrado pela Lei, de autoria do deputado estadual Fernando Mineiro. O Cabocolinho cearamirinense, comandado pelo mestre Birico, possui 80 anos de atuação e é considerado o único fiel às tradições deste folclore no Rio Grande do Norte.

Os sete mestres escolhidos incluíram, além do poeta Luiz Campos e do mestre Tião Oleiro, o escultor Grigório Santeiro, 69 anos, oriundo do município de Tangará e especialista em esculpir presépios; o cordelista Xexéu, 71 anos, natural de Santo Antônio; o mamulengueiro João Viana, 79 anos, um dos grande nomes da cultura popular de São josé de Campestre; Antônio da Ladeira, 85 anos, que toma conta do Boi de Reis do município de Santa Cruz; e Antônio do Papará, 68 anos, mamulengueiro e mestre de Boi de Reis de Macaíba.

Segundo a Lei, nos próximos cinco anos serão beneficiados 35 mestres e 5 grupos. “Alguns nomes importantíssimos ficaram de fora nesta primeira oportunidade, como o filho de Chico Daniel (o também mamulengueiro Josivan), algumas romanceiras como Juvina Monteiro, de Rio do Fogo ou a própria dona Militana e outros grupos e mestres que poderão ser escolhidos nos próximos anos”, estima Deífilo. A verba para este ano - de R$ 70 mil - já foi liberada e espera agora os trâmites burocráticos para serem pagas.

Segundo o deputado Mineiro, a intenção da Lei é preservar as manifestações populares e possibilitar o repasse de conhecimentos às novas gerações. A Lei do Patrimônio Vivo foi aprovada em julho, após dois anos de luta contra vetos e burocracias. Vencidos os obstáculos, outra barreira surgiu. Segundo Severino Vicente, uma das cláusulas da Lei exige CNPJ aos grupos folclóricos, cujas atividades são manifestações espontâneas, sem qualquer registro ou mesmo conhecimento a respeito de trâmites jurídicos para abertura de empresas.

Para Severino, esta será outra barreira a ser vencida para que os dez “patrimônios vivos” possam receber a bolsa em setembro. Severino afirmou que a Fundação José Augusto disponibilizou, aos interessados, uma equipe para orientar a respeito dos procedimentos.

* Matéria publicada nesta quarta-feira no Diário de Natal

* Na foto tremida acima, este blogueiro (então estagiário), Gustavo Porpino (então éditor assistente da Preá) e o poeta popular Luiz Campos, na residência do próprio, em Mossoró.

Um comentário:

  1. eu queria o nome de algum pratrimonio p/meu trabalho de artes.

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