quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Entrevista - Ivonete Albano

TAM sob nova direção

O Teatro Alberto Maranhão recebe nova direção. Em pouco mais de seis meses, Ivonete Albano escancarou milacrias do Teatro: pautas fechadas aos artistas locais, uma herança de reformas mal feitas, de espaços inutilizados e gestões sem perfil técnico à frente do principal teatro do Estado. Ivonete entregou o cargo à acomodação política do novo Governo. Entra a artista plástica, poetisa e pós-graduada em pedagogia empresarial, Dione Caldas. A estimativa para nomeação no Diário Oficial é esta semana. A indicação partiu da nova secretária de Cultura, Isaura Rosado, segundo a própria Dione. Ivonete volta ao trabalho de arte-educadora no município e às atuações como atriz de teatro. Do elogiado trabalho de Ivonete, fica o exemplo e a entrevista a seguir.

Ontem você esteve com a nova diretora do TAM. O que foi conversado?
Passei um relatório do que encontrei, do que estou deixando e do que ainda precisa ser feito.

A nova gestora tem perfil para assumir a direção do TAM?
Ela não é da área. Lida com artes plásticas, é administradora. Mas vai descobrindo os caminhos. Vamos dar uma força para que tudo seja facilitado. Ela é uma pessoa sensível, calma, gosta de escutar. Tivemos uma conversa bacana com os funcionários.

Foi uma acomodação política...
É questão política. Não lidaram com o lado técnico desta vez. É uma pessoa do círculo de confiança, que votou no partido.

Pela sua experiência, o cargo de direção do TAM carece estritamente de conhecimento técnico?
Tem que ter porque lida com a caixa cênica. Um exemplo é o que vimos nos últimos sete anos: só fachada. Não é só receber espetáculos, ou fica do jeito que está. É preciso criar condições de apresentação e para isso precisa conhecimento de som, luz, equipamentos. É isso o que as companhias de teatro têm reclamado.

Exemplos?
A situação da varanda que dá acesso ao rudimento (estrutura de varas que sustentam o cenário) é precária. O técnico precisa subir para fazer a armação lá em cima. É um risco. Tem que parar para consertar. E se você não tem esse conhecimento de que aquilo está com problema, acha que está tudo lindo.

Nessa conversa inicial, você acha que a nova diretora tem o perfil técnico exigido?
Não me pareceu com esse conhecimento. Mas se colocou muito disponível. Não é arrogante. É uma pessoa simples e disposta a dar continuidade ao trabalho, apta a aprender. E temos muitos funcionários bons no Teatro que podem dar esse suporte. Ela se mostrou preocupada com a situação. Então, supre um pouco a falta de conhecimento técnico.

Qual ou quais os motivos para essa "preocupação"?
O TAM precisa parar por cinco ou seis meses para uma reforma completa, ou trabalharemos com uma gambiarra em cima da outra. Em janeiro já ficamos parados. E não são só exigências do Corpo de Bombeiros porque praticamente todas elasforam solucionadas. A última reforma foi em 2006, com muita coisa errada. E foi-se convivendo com essas gambiarras. Então, o engenheiro responsável por essa nova reforma precisa entender do metier do teatro. Teatro não é edifício. Na última reforma colocaram granito na frente do palco, quando devia ser madeira. Tivemos que colocar um pano preto cobrindo para não refletir a luz.

* Publicado hoje no Diário de Natal (aqui)

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