quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Campanha SOS Haiti

A Arquidiocese de Natal está empenhada na Campanha SOS Haiti. Serão confeccionados envelopes padronizados e distribuídos nas paróquias, para facilitar a participação das pessoas. Em Natal, o dia "D" da Campanha será 7 de fevereiro, quando as pessoas poderão dar a contribuição, colocando-a no envelope e entregando em suas paróquias.

Além disso, as pessoas também podem fazer doações, depositando em uma das seguintes contas: Banco do Brasil - Agência 3475-4, Conta Corrente 23.969-0; Caixa Econômica Federal - Op. 003, Agência 1041 - Conta Corrente 1132-1; e Bradesco - Agência 0606, Conta Corrente 70.000-2. O CNJP da Cáritas Brasileira é: 33.654.419/0001-16.

Mais informações:
. Pe. Robério Camilo - Coordenador da Campanha, em Natal: (84) 9984-6460
. José Bezerra - Ass de Comunicação da Arquidiocese de Natal: 3615-2800 / 9982-9723
. Cacilda Medeiros - Ass de Comunicação da Arquidiocese de Natal: 9968-6507

Ensaio aberto à alegria


A memória poética e sentimental da cidade há que ser respeitada. É carnaval e os espíritos de Severino Galvão e Paulo Maux mobilizam outros antigos carnavalescos para iniciarem os “assaltos” às casas alheias – retratos de um passado já distante. A Banda Independente da Ribeira reluta em resgatar a liberdade e inocência do carnaval de rua há 12 anos. Hoje haverá nova tentativa. E sem a desesperança da luta perdida. A alegria emana de cada acorde entoado pelos 35 músicos da orquestra de frevo comandada pelo maestro Neemias Lopes.

A partir das 19h, o Bar das Bandeiras, na Rua Chile ouve o som das marchinhas, frevos-canções e troças carnavalescas. Muitas das composições integram o acervo de relíquias poéticas de Natal. Babal, Mirabô, Gaudêncio Torquato, Ciro Pedroza e o mestre Dosinho são alguns nomes transportados para os instrumentos. A Praieira – hino sentimental da cidade escrita pelo poeta Othoniel Menezes – é uma delas. A tentativa é criar ou recriar uma identificação cultural de Natal com o carnaval sem perder a tradição centenária do frevo pernambucano com reinado de Momo.

O ensaio de hoje é segundo. Nas próximas duas quintas-feiras a farra continua no mesmo horário. No dia 5 de fevereiro, o bloco sairá do Beco da Lama (Cidade Alta) em desfile rumo ao Largo da Rua Chile, na Ribeira. E quem manda é a tradição do bloco pioneiro na tentativa de revitalização do carnaval de rua no Centro Histórico a partir da identificação musical e dos tipos folclóricos, além da vontade de rever amigos e celebrar a vida. Reza a lenda que após o terceiro trago, se ouvem cantos de sereias e juras de marinheiros apaixonados nesta margem Ribeirinha do Potengi.

A banda, na verdade, tem nome mais pomposo: Grêmio Recreativo Litero-Etílico Cultural e Esportivo Banda Independente da Ribeira. A ideia foi do hoteleiro Leonardo Godoy, então dono da Pousada do Gostoso, em São Miguel do Gostoso. Corria o ano de 1999. Os dois maiores sítios históricos de Natal – Cidade Alta e Ribeira – careciam de revitalização material e imaterial. E o Pierrot já chorava suas saudades dos bons carnavais de rua na cidade há muito mais tempo. Leonardo teve, então, a ideia de contribuir com a revitalização por meio das prévias carnavalescas.

As tais prévias se multiplicaram. Natal assiste hoje mais de 50, segundo dados da Capitania das Artes, espalhadas pelas quatro zonas regionais da cidade. Novas agremiações se somaram à Banda da Ribeira na realização das prévias no próprio bairro da Ribeira. Segundo o produtor executivo da Banda, Júlio César Pimenta, o mercado musical no período também cresceu bastante. Os ensaios abertos da Banda da Ribeira servem como preparação para o carnaval e outras prévias as quais são convidados para tocar. A orquestra da Redinha recebe boa parte dos músicos.

Milhares de pessoas seguem a Banda a cada ano. E com um colorido diferente. Todos os anos são chamados um artista plástico diferente para produzir a arte da camiseta. Este ano é Fernando Gurgel – um dos mais conceituados nas artes plásticas potiguares, já com 30 anos de exposições. A camiseta será lançada hoje. E a Banda da Ribeira mantém a tradição. Onze artistas já participaram do projeto: Fernando Yamamoto, Flávio Freitas, Pedro Pereira, Rafael de Morais, Fábio Eduardo, Dorian Gray Caldas, Marcelus Bob, Franklin Serrão, Afonso Martins e Ângela Almeida.

Independente da camiseta e das lutas inglórias, a Banda segue dependente da Ribeira e do propósito único do resgate da alegria antiga para as gerações do futuro.

Ensaio da Banda da Ribeira
Quem: Orquestra do maestro Neemias Lopes
Onde: Bar da Bandeira, na Rua Chile (Ribeira)
Data e hora: Hoje, às 19h
Acesso livre

* Matéria publicada hoje no Diário de Natal

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Um rabequeiro solitário


Rabequeiro esquecido durante décadas ganha fama após a morte na província

A rabeca tem som fanhoso, rústico. É o primo pobre do violino. Quem escuta viaja pelo Cariri nordestino e encontra cirandas, xaxados, brincadeiras de roda. No último domingo, uma rabeca se calou. Ela era como seu dono: de melodia triste, surrada; parecia perdida na selva de pedras, longe do interior conhecido. André da Rabeca mais parecia uma estátua, dessas que de tão habitual à paisagem sequer é notada. Não fosse o som da rabeca tão triste quanto seu olhar, morreria feito indigente. E faltou pouco.

André lembrava pouco de sua própria história. Vivia perdido no tempo. Quando se achava era nas quatro cordas da Rabeca – quase uma namorada. Falava pouco e era difícil de entender. O olhar, mesmo estrábico, falava mais. E os olhos pareciam guardar as tristezas dos poetas nascidos tristes. Das lembranças insistentes, o nascimento no município de Santo Antônio do Salto da Onça, e a idade: 67 anos. Dizia também ser casado. Os três filhos moram no sítio da família, em Mendes. Lá, o rabequeiro cuidava do roçado quando moço.

André morava em Mãe Luíza antes do enfisema pulmonar fatal de sábado. Era para onde voltava após assistir durante algumas horas casais e famílias na sorveteria mais tradicional da cidade. Lá, sentado em bancada de alvenaria, dedilhava a rabeca esporadicamente. Tocava cirandas ou clássicos da música popular nordestina. Conseguia algum trocado, despejado em um boné velho. O dinheiro às vezes pagava o almoço do outro dia. Só às vezes. Era assim também no outro ponto fixo, na Cidade Alta, nas imediações da Princesa Isabel. Lá, o rabequeiro sentava no meio-fio da calçada e tocava para os passantes que só passavam.

Talvez, na juventude esquecida, nunca imaginara ganhar o sustento pela rabeca que sequer lembra como aprendera a tocar. De certo, alguma influência pernambucana. Muitas canções vêm de lá. A mulher não trabalha. Quando surge alguma encomenda, produz tamborete, mesa, cama... Foi o que André disse à revista Brouhaha em junho de 2008. Já naquela época, a repórter Patrícia Britto notara a cuspideira constante de sangue. André afirmara ter passado “um tempo no Hospital Colônia João Machado, e depois no Giselda Trigueiro”.

Há bons meses, o repórter o encontrou no recanto habitual, na bancada da sorveteria. Era noite. O olhar era o mesmo, fixo em qualquer canto. Parecia perdido à procura do passado ou angustiado quanto ao futuro. Talvez fosse mesmo seu olhar naturalmente melancólico. Ao pedido de qualquer música de Lua Gonzaga, o rabequeiro encosta a rabeca descascada no pescoço e desliza o arco de crina sobre as cordas. Vem apenas a introdução de Asa Branca. André pára de súbito e volta ao olhar fixo, perdido. O repórter coloca a moeda no boné e após a saída do local, o rabequeiro retoma a música. Pareceu agradecimento pelo pouco ou quase nada.

Afora a matéria da Brouhaha, André nunca mereceu atenção da mídia. Tão logo se espalhou a notícia de sua morte, o microblog publicou lembranças do esquecido rabequeiro: “uma triste notícia”. “A maior perda da cena cultural natalense desde Milton Siqueira”... No youtube, um vídeo gravado pelo paulista Ayres Marques – que marcou época em Natal nos anos 80, com o movimento cultural Babilônia – ultrapassou rapidamente os mil acessos. Mostra André Rabequeiro em performance no Dia da Poesia.

Em poucos dias, André da Rabeca será mais um José Helmut Cândido (o eterno carteiro de Cascudo, o filósofo das ruas), mais um mero personagem intrigante da história da província, esquecido ou apenas lembrado como uma imagem desbotada no meio da rua.

* Matéria publicada hoje no Diário de Natal (foto de João Maria Alves extraída do blog de Canindé Soares)

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Dudu Tauffic e Ivando Monte defendem Natal em festival


No próximo dia 29 de janeiro o Brasil ficará conhecendo os cinco vencedores do 1º Festival Nacional de Música da Arpub (Associação das Rádios Públicas do Brasil). São vinte canções inéditas inscritas por concorrentes de dez estados brasileiros, que passaram por uma criteriosa seleção, iniciada no primeiro semestre de 2009.

De Natal, brigam pelo prêmio o tecladista, arranjador e diretor musical Eduardo Tauffic (Música Instrumental) e o cantor e compositor Ivando Monte (Música com Letra), classificados pela rádio Universitária FM. O Festival tem patrocínio do Ministério da Cultura.

A cerimônia de premiação irá acontecer em Salvador, no Largo Pedro Arcanjo, no Pelourinho, no próximo dia 29, às 19h, com shows de Armandinho e Fernanda Takai, transmitidos ao vivo para mais de 2 milhões de pessoas em todo país pela rede de rádios públicas.

Além dos ganhadores nas categorias Música com Letra e Música Instrumental, também haverá premiações para o Melhor Arranjo, Melhor Intérprete Vocal e Melhor Instrumentista. Os autores das melhores músicas, instrumental e com letra, ganham R$ 15 mil, e os vencedores nas demais categorias levam o prêmio de R$ 10 mil.

Seleção - A maratona dos artistas finalistas começou em maio do ano passado, quando onze rádios de dez estados brasileiros iniciaram as inscrições. Só na Bahia, 1200 músicas inéditas foram inscritas no Festival. Cada Estado selecionou 50 canções (25 de música vocal e 25 de música instrumental) e passou a veiculá-las na programação durante dois meses.

Na fase seguinte, as emissoras convidaram jurados locais que escolheram as duas canções (uma vocal e outra instrumental), entre as 50 concorrentes, que continuariam na competição.

Foi quando teve início, no mês de novembro, a etapa nacional, com a inclusão das vinte canções selecionadas na programação de todas as emissoras associadas à Arpub, algo em torno de 50 rádios, com vinhetas que convidavam o público a votar nas melhores musicas, vocal e instrumental, no site da Arpub (www.arpub.org.br).

A votação do público foi encerrada no dia 5 de dezembro e valeu o peso de um jurado no cômputo final.

5 anos de Gira Dança


O 5º aniversário da Cia Gira Dança será comemorado nesta quarta-feira no Teatro Alberto Maranhão, em noite de apresentação do espetáculo O Jardim das Rosas Amarelas, do renomado coreógrafo Mário Nascimento(MG).

A companhia Gira Dança nasceu em 2005 e já com o pé direito. A estréia Nacional na Mostra Arte e Diversidade Sócio Cultural, realizada no Centro Cultural do Banco do Brasil no Rio de Janeiro, com o espetáculo “Envolto”, foi cercada de boas críticas e gentilezas dos profissionais da mostra.

Em 2006, a participação da companhia no Presente de Natal levou pela primeira vez bailarinos cadeirantes ao palco de um evento daquele porte na cidade. No ano seguinte, em 2007, o Gira Dança iniciou turnê nacional pelas cidades de Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo com o espetáculo Bulas Perdidas, do coreógrafo Mauricio Motta.

Em cada ano, uma conquista, um obstáculo superado, um espetáculo de sucesso que prova que existe público atento a esse tipo de evento em Natal. O espetáculo O Jardim das Rosas Amarelas estreou em 2009, no Centro Cultural Casa da Ribeira.

O Jardim das Rosas Amarelas traz ao palco uma reflexão e mensagem sobre a esperança e as possibilidades na vida que cada ser humano é capaz de construir; independente de o mundo que o rodeia ou as condições em que vive serem favoráveis ou não.

A idéia é levar o público a se perguntar qual é o real papel que cada um de nós tem na construção de um mundo melhor. Os bailarinos do Gira Dança querem, em movimento e som, apresentar uma figura do ser humano, demasiado humano. Assim, os percalços, as barreiras que surgem diante de cada um, surgem como impostas pelo nosso próprio ser.

Segundo Mário Nascimento, o espetáculo não retrata, portanto, a barreira da deficiência física, mas através da superação dos seus bailarinos, a barreira da deficiência espiritual - esta a que todos nós estamos vulneráveis na Sociedade. “O nosso corpo é o nosso mundo. O Jardim das Rosas Amarelas fala então de sonho, inerente a todo ser humano”.

5 anos Gira Dança
Espetáculo: O Jardim das Rosas Amarelas
Local: Teatro Alberto Maranhão
Data e horário: Quarta-feira, às 20h
Ingressos: R$ 10
Venda Antecipada: Siciliano Midway Mall – 3222 4722
Contato: 3344 4110

(foto: Rodrigo Sena)

Fragmentos poéticos


Depois de publicar Rumores de azul (2001), Mar espesso (2003), A duna intacta (2006), a poetisa Maria Dolores Wanderley brinda o leitor com Fragmentos de Maria. Segundo ela, o título é um enigma onde convida o leitor a decifrar, pois a Maria, cujos fragmentos são revelados, pode ser qualquer Maria. “Pode ser minha mãe, a quem eu dedico o livro; eu também me chamo Maria. Ele é composto pelos subtítulos: Maria, A Cidade, A Menina, O Chão, O Pensamento. A cidade que falo no livro é o Rio de Janeiro, onde vivo há um tempão; o Chão são as referências da poeta, ou seja, o que a prende, o que impede a total invenção. O Pensamento é a surpresa das Marias”, explica.

A escritora revela que quando escreve poesia tenta ficar totalmente solta e livre para se expressar. Gosta quando apreciam a estética, a construção, a colocação das palavras. Apesar de morar no Rio de Janeiro há muitos anos, muito da sua inspiração vem da capital potiguar, sua terra natal. “Já fiz poemas de amor (Mar Espesso), sobre minha terra Natal (A Duna Intacta) e esses Fragmentos de Maria, além de outros temas. Leio os poetas clássicos: Drummond, Manoel Bandeira, como exemplos; e poetas contemporâneos como Paulo Henriques Britto, Alexei Bueno, Carlito Azevedo, também como exemplos”, complementa.

Fragmentos de Maria se difere um pouco das obras anteriores da escritora por ser constituído de grupos de poemas (fragmentos) multi-temáticos, e segundo ela por estar realmente mais solta, mais livre. “O que geralmente me desperta para escrever é a necessidade de colocar em palavras certos sentimentos e percepções que só se tornam claros na escrita. A construção do poema requer idas ao dicionário e muito papel rasgado”, finaliza.

Onde os relógios são nuvens
e os minutos esticam-se
- interminável carretel -

Para incluir um café
outra conversa,
no meio do dia

Onde os relógios se movem a sol
e nos regulam
como bromélias, heras
jequitibás
ipês
espalhados pelos muros
paralelepípedos
asfalto

Eurico de volta ao Vasco?

Só pode ser mentira. Parece karma. Mas li agora no G1:

Após um ano e seis meses fora do clube, Eurico Miranda está de volta ao Vasco. Nesta terça-feira, em São Januário, o dirigente foi eleito pelo dobro dos votos o novo presidente do Conselho dos Beneméritos para o triênio 2010-2011-2012. Ele venceu Henrique Loureiro Monteiro por 93 a 45. O vice da chapa da situação era o presidente de honra do Gigante da Colina, Antônio Soares Calçada.

Em junho de 2008, Eurico Miranda deixou a presidência do Vasco por ter sido obrigado por conta de uma ordem judicial a marcar novas eleições. Na disputa pelo cargo, o dirigente abriu mão de concorrer ao pleito em prol da candidatura de Amadeu Pinto da Rocha, que acabou derrotado pelo atual mandatário, Roberto Dinamite.

Entre o peso e a beleza

A pesagem e medição dos candidatos a Rei Momo e Rainha do Carnaval 2010 será nesta quarta-feira. Todos os inscritos deverão comparecer à Funcarte às 10h para conferir as medidas (Rainha) e o peso (Rei) exigidos no regulamento. A próxima etapa do concurso para a eleição do Rei Momo e da Rainha do Carnaval 2010 será realizado no Baile da Saudade, no Largo Dom Bosco – em frente ao Teatro Alberto Maranhão, na Ribeira, no dia 29 de janeiro, às 23h. Na oportunidade acontecerá a fase eliminatória. Os vencedores receberão premiação em dinheiro e suas respectivas fantasias, além de cumprirem uma agenda de compromissos entre festas, bailes e desfiles.

Tuitando com Carlos Fialho

cfialho BOAS NOVAS A peça "O Capitão e a sereia" dos Clowns de Shakespeare foi indicada em duas categorias ao Prêmio Shell de teatro.

Khrystal no Pôr do Sol


Cantora potiguar traz ritmo genuíno potiguar para o projeto musical com a cara de Natal

A oportunidade é única, ou melhor, tripla. Khrystal desembarca no projeto musical Pôr-do-Sol hoje e faz a temporada da semana até quinta-feira. Traz na bagagem o único ritmo genuinamente potiguar: o coco. E combina a herança do mestre coquista Chico Antônio com um dos postais mais emblemáticos da cidade: o pôr-do-sol do Rio Potengi a partir da vista paradisíaca do Iate Clube.

Khrystal enriquece a programação musical do projeto como participação especial. São nove shows durante duas horas. Às 17h é hora da partida da canoa. O barquinho desliza sobre o leito do Potengi no ritmo das marolas e do sol que se põe. A trilha ecoa pelo saxofone de Luís Dantas e adentra os ouvidos dos que apreciam a beleza da paisagem unida ao clássico Royal Cinema, do maestro potiguar Tonheca Dantas.

Na Hora do Ângelus, a Ave-Maria de Gounod é a pedida, também da canoa. Para completar o cenário, o hino de Natal – a Praieira, poesia de Othoniel Menezes musicada por Eduardo Medeiros – chega como brisa às varandas do Iate. Até o Trenzinho Caipira de Villa-Lobos puxar suas locomotivas a partir da trilha do Potengi. Já é noite. É a hora de Khrystal mostrar aos visitantes que Natal tem muito mais a oferecer: mais do que belezas naturais e poesia musicada. Tem também energia, talento e brasilidade.

A noite é preenchida ainda pelo regionalismo de Galvão Filho, os sambas de Isaque Galvão e participação do tenor Fernando Towar, o maestro e compositor Itanildo e a nova aquisição do projeto Pôr-do-Sol, o mestre Manoel do Coco. “É um artista com 15 anos de Zás-Trás, com bagagem de shows voltados ao turista e mostra da cultura potiguar”, justifica o produtor e idealizador do projeto, Willian Collier.

Collier disse que o projeto manterá a mesma linha de programação este ano, formada apenas por artistas locais. “Somos hoje o único projeto turístico-cultural da cidade. E temos lotado todos os dias. É uma fórmula de sucesso que iremos manter este ano. Mas temos os momentos. Manoel do Coco, por exemplo, agora está dentro dos custos fixos do projeto, afora as participações especiais, esta semana com Khrystal”.

Para o produtor José Dias, o projeto Pôr-do-Sol é o melhor projeto cultural da cidade, “muito bem comandado por Willian Collier”. “Tem oferecido ao natalenses e turistas, ótimo lazer e entretenimento”, afirmou o produtor, que adianta: no repertório de Khrystal terá composições próprias e canções de Elino Julião e Jackson do Pandeiro durante 30 minutos de show.

A temporada no Pôr-do-Sol servirá também de preparação para Khrystal voltar a São Paulo – após se apresentar no prestigiado programa de Rolando Boldrin e fazer participação especial em show na Avenida Paulista – para show próprio no Sesc Santana, em 11 de fevereiro. No repertório, Lenine, Chico César, Chico Antônio, Elino Julião, Jackson do Pandeiro, João do Vale e a vontade nordestina de mostrar uma música arretada de boa.

* Publicado hoje no Diário de Natal

Em prol da cultura

Assembléias Estaduais começam amanhã e visam preparação para Conferência Nacional de Cultura

A Fundação José Augusto e os movimentos culturais do RN convidam todos os atores envolvidos nas cadeias produtivas da Música, Teatro, Circo, Dança e Audiovisual para participarem das Assembléias Estaduais de cada setor (preparatórias para a pré-Conferência Setorial, parte do processo da 2ª Conferência Nacional de Cultura - março de 2010-Brasília). Os encontros acontecerão no dia 20 de janeiro - 9h (ver local de acordo com as áreas abaixo)
As assembléias têm como objetivo eleger três delegados da sociedade civil (e suplentes) e obter a indicação das Secretarias de Cultura dos Estados de um delegado (também com suplência). A presença de cada participante será de fundamental importância para definir os rumos das políticas públicas culturais do Brasil. Os membros da Sociedade Civil interessados em participar das Pré-Conferências Setoriais na condição de Delegados deverão:

1º. Fazer o registro de sua candidatura em Formulário disponibilizado no site do CNPC (http://www.cultura.gov.br/cnpc/2009/12/15/formulario-de-candidatura-para-delegacao-setorial/), até a data de realização das assembléias setoriais.

2º. Participar da assembléia setorial estadual ou distrital, onde serão eleitos os 03 (três) representantes da sociedade civil.

3º. Postar até 31/01/10,os documentos exigidos na Resolução nº 2 para concluir sua habilitação(para os delegados eleitos).

LOCAL DE REALIZAÇÃO DAS ASSEMBLÉIAS (POR SETOR):

TEATRO: Casa da Ribeira - Rua Frei Miguelinho, 52
MÚSICA: TCP (Teatro de Cultura PopularChico Daniel)- Rua Jundiaí, 641
CIRCO: Circo Tropa Trupe - Campus Universitário (Próximo do Campo de Futebol)
DANÇA: Auditório daFundação Capitania das Artes - Av. Câmara Cascudo, s/n.
AUDIOVISUAL: Auditório Franco Jasielo - Fundação José Augusto, Rua Jundiaí, 641

* Publicado hoje no Diário de Natal

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Avatar ou o elogio da liberdade

Prometo, esse é o último texto a respeito de Avatar. Quem escreve é o renomado crítico da Folha de São Paulo, Inácio Araújo, também escritor premiado, autor de dois livros sobre cinema, e talz.

Para comentar o comentado, lembro da interpretação dada a um trecho de composição de Oswaldo Montenegro em um vestibular realizado no Rio-São Paulo. A resposta certa surpreendeu o próprio compositor.

O que quero dizer é o seguinte: às vezes uma galera "viaja" tanto num filme, num livro, numa música que acha explicação onde não tem. Cria, vislumbra coisas que sequer o autor pensou. É o caso, penso, do texto a seguir.

De qualquer forma, é um contraponto. Continuo achando Avatar fraquinho. Não medíocre. Apenas muito longe de um Globo de Ouro, e mais distante ainda de um Bastardos Inglórios, para ficar no exemplo.



Por Inácio Araújo

Aqui e ali leio que "Avatar" não passa de uma coleção de clichês. O filme mais desinteressante do mundo.

O que são esses clichês? Coisas como: o homem tem mais a temer da sua ciência e de si mesmo do que da natureza.

O militarismo é a ponta de lança das grandes corporações e tem na ciência uma espécie de subalterna um tanto inconsciente.

Algumas dessas coisas são evidentes e estão no filme de James Cameron. Todo filme grande precisa de formulações evidentes, às quais o espectador possa se identificar para funcionar. Todo bom filme grande os reinventa, os mostra sob uma ótica diferente, fresca.

Na verdade, em geral quem reclama desses clichês são reacionários. Reacionários só admitem dizer coisas como "não há almoço grátis". Isso não lhes soa como um clichê. Parece-lhes uma verdade que se repete eternamente, só isso.

Os clichês pertencem sempre ao outro. E o outro é necessariamente de esquerda, nesse caso. Essa direita só é capaz de raciocinar em termos de caça às bruxas.

Os comunistas desapareceram, todos pensávamos.

Não, eles estão apenas disfarçados, moitados, esperando para atacar. Tornaram-se perigosos ecologistas, prontos a colocar a natureza acima dos homens, a preservação acima do progresso etc. etc.

Bem, eu acho tudo isso uma grandíssima bobagem. Ou por outra, a relação militarismo/corporações/ciência me parece muito bem descrita no filme.

A ameaça maior não é a natureza, é a ciência. Ela é que cria os meios de destruição e em dado momentos os torna quase ilimitados.

No filme, existe um planeta ameaçado pelos homens, por possuir uma fonte de energia fabulosa, cobiçada pelos homens (ou seja, por uma grande corporação).

Na expedição vai também um soldado (Jorge Coli a comparou a uma expedição contra Canudos, o que faz todo o sentido). Esse soldado esteve, presumivelmente, numa dessas guerras inglórias em que os americanos se metem e ficou sem os movimentos dos membros inferiores. Mas ainda é um soldado.

Ora, quando se vê no novo planeta, duplicado, dotado de uma segunda vida em que tem seu corpo vivo integralmente, ele se verá maravilhado. Seu corpo se confunde com a visão que tem do planeta, Na'vi, se não estou enganado. Ele pode andar e pular.

Não será difícil, portanto, trair seus semelhantes, passar para o outro lado, defender esse planeta atacado em sua beleza e integridade.

Ali vive uma civilização primitiva. Em que é primitiva? Ela se conecta de maneira enérgica com a natureza. Seu grande desafio é sobreviver à natureza. Existe ali um animal alado que deve ser dominado para que se submeta ao sujeito. É preciso domá-lo como, no século 19 e no faroeste do século 20 se fazia.

É uma civilização da liberdade que se confronta com uma civilização da técnica irrestrita, ilimitada, acrítica, arrogante e destrutiva.

Não é tão diferente do "Titanic", afinal de contas: essa mesma autoconfiança sem fim, essa mesma crença na eficiência, essa mesma incapacidade de observar a realidade sob outros ângulos que não o da estrita competência (e de uma competência limitada, localizada, tacanhamente especializada) é que leva ao desastre.

Em "Avatar" não é tão diferente assim. É claro, existe uma civilização-espelho no filme. Mas essa civilização é, em grande medida, a própria América. Encarna certos valores da América (digo, EUA), como o culto à liberdade, bem mais do que os militares e cientistas, que são degenerações desse espírito.

E já que não existe natureza por aqui, ou quase, busca-se em outro planeta, onde a sobrevivência na natureza parece expressar a própria natureza dos seres: são feitos para viver numa natureza que é preciso dominar, saber dominar sem destruir. Porque o bicho em que voam (que é como o cavalo do cowboy) é seu meio de transporte. Não pode ser aniquilado.

Cameron não é um cínico. É um moralista na tradição americana, como John Ford. Ele não acredita em grandes homens, ao menos não naqueles vendidos como grandes homens. Seus grandes homens são obscuros, mas são de um modo ou de outro incorruptíveis. Não sabem fazer senão o que lhes parece certo. Eles não degeneram. A ciência hesita, porque a ciência já não conhece moral: ela só sabe caminhar, sem refletir sobre o caminho ou o destino. É o que faz Sigourney Weaver no filme.

Um filme que se descobre aos poucos. Que se entrega a nós aos poucos. Um elogio da liberdade contra uma civilização onde a liberdade tornou-se apenas uma palavra vazia. Um clîchê.

Um filme belo, livre.

Ah, mas então tudo isso é oportunismo para ganhar dinheiro às custas da floresta, da liberdade, etc. E daí? Só se pode ganhar dinheiro fazendo o elogio do militarismo? Isso está escrito em algum lugar? Trata-se de uma lei? Não há. Tudo isso não passa de mero juízo de intenção. Então toca o bonde.

Carnaval multicultural, só em PE

Quem tem Mombojo, Nação Zumbi, Otto, um investimento de R$ 45 milhões somente no Carnaval de Olinda (só pra lembrar: aqui é R$ 1,5 milhão), pode se dar ao luxo de importar bandas sem risco de perda de identidade e sem nenhum pernambucano reclamar, nem mesmo os músicos locais. Vejam aí:

"Mundialmente conhecido por abrigar o Carnaval mais autêntico do Brasil - com o maior bloco do mundo, o Galo da Madrugada - a folia de Momo recifense vai muito além do culto ao frevo, ritmo que é símbolo máximo da pernambucanidade. Há tempos, a cidade adotou a ideia de multiculturalidade, na qual ritmos como o coco de roda e o heavy metal podem conviver pacificamente. Nesse ano de 2010, a programação carnavalesca não poderia ser diferente e recebe nomes internacionais como Sting e brasileiros pesos pesados, como é o caso dos Titãs.

O quinteto (formado por Sérgio Britto, Branco Mello, Paulo Miklos, Tony Bellotto e Charles Gavin) traz ao Recife o lançamento de "Sacos Plásticos", primeiro disco de inéditas desde "Como Estão Vocês?" (de 2003). O grupo se apresenta no Guaiamum Treloso, no próximo 29 de Janeiro, bloco recifense de renome nacional, e faz um grande balanço dos seus 27 anos de carreira. Com canções inspiradas, letras diretas e a mistura rítmica de rock, reggae, funk, punk e pop, os Titãs mostram força criativa, capacidade de permanência e reinvenção na história da música brasileira.

Ao lado deles se apresenta a sambista Tereza Cristina. Responsável pelo renascimento do samba, na Lapa (Rio de Janeiro), ela lançou no ano passado seu segundo disco "A Vida Me Fez Assim", com repertório autoral e que passa por todas as vertentes do gênero

O mesmo acontece com a estreante Maria Gadú, com 23 anos. A intérprete vem arrebatando fãs entusiasmados em todo país, principalmente pelo seu carisma cênico. Ganhadora do prêmio APCA de revelação e melhor cantora, e citada por Nelson Mota como a maior promessa de 2010, ela faz MPB com jeito de rock, com a predominância de timbres acústicos. No currículo, tem ainda participações na minissérie Maísa e está na trilha da novela "Viver a Vida" com a música Shibalaiê (da personagem Sandrinha, irmã de Helena). Ela também se apresenta no Guaiamum Treloso.

Outro bloco carnavalesco que vem participando dessa invasão roqueira ao Carnaval recifense é o Sala da Justiça. Famoso por abrigar foliões fantasiados de super heróis de todos os tipos, a agremiação recebe os músicos da Nação Zumbi em apresentação que conta com a participação de Arnaldo Antunes, B Negão, Eddie, a Orquestra Popular da Bomba do Hemetério e a Orquestra do Homem da Meia Noite. O destaque, contudo, fica nas mãos da carioca Mart'nália.

Festival

Um dos principais espaços para as manifestações alternativas é o Festival Recbeat que esse ano completa 15 anos e promete dar um tempero especial ao Carnaval, explorando novas fronteiras sonoras. Ovacionado por ser o espaço que vem desvelando novas bandas, o Festival, realizado no Cais da Alfândega, Recife Antigo, entre 13 e 16 de fevereiro, receberá atrações internacionais. Os colombianos Puerto Candelaria e os mexicanos Cabezas de Cera são os representantes da América Latina desta edição, tradição que o festival começou alguns anos atrás. A terceira banda internacional confirmada é a Madensuyu, da Bélgica. Já a artista nacional com presença garantida nos 15 anos de Recbeat é a cantora Stela Campos, trazendo seu mais novo disco, "Mustang Bar". A programação contará ainda com outras 20 atrações.

A Caicó de Moacy Cirne

Caicó

a cidade, de sol a sol,
principia pelo fim
no poço que, santana, a protege

a cidade, de açude em açude,
afoga os minerais
nas pescarias noturnas transparências

a cidade, de sábado a sábado
completa o sertão
com seus horizontes mágicos cordéis

a cidade, de rua em rua,
transborda de amor
nos becos bêbados botequins

a cidade, de ponte a ponte,
margeia os rios
da memória fluvial seridó

a cidade, de pedra em pedra,
constrói o branco
de seu silêncio limpo fugidio

a cidade, de festa a festa,
recolhe os frutos
da noite que, sant'ana, se faz julho

(Moacy Cirne)

* Poesia enviada por Cefas Carvalho

Rei Momo e Rainha do Carnaval 2010

Estão abertas a partir de hoje as inscrições para o concurso do Rei Momo e da Rainha do Carnaval 2010 de Parnamirim. Os candidatos podem se inscrever até o dia 28 de janeiro de segunda à sexta-feira, na Fundação Parnamirim de Cultura, das 8h às 17h.

Para participar da seleção, o candidato de ambos os sexos deve ter mais de 18 anos, ser residente em Parnamirim e apresentar os documentos pessoais como RG e CPF. As candidatas que desejam se inscrever e concorrer ao título de Rainha do Carnaval devem ser solteiras e ter desenvoltura e simpatia.

Os homens que desejam participar da seleção para Rei Momo não precisam estar acima do peso. O requisito obesidade não é mais tão importante como ocorria há alguns anos. A alegria e simpatia devem ser os principais atrativos para quem deseja concorrer ao título de Rei Momo.

A dupla selecionada vai comandar a folia no município durante os seis dias de festa. A Fundação Parnamirim de Cultura fica localizada à rua Antônio Ferreira Neto, 129, bairro Boa Esperança – próximo ao templo central da Assembleia de Deus.