Espetáculo integra programação do Natal em Natal e será encenado no anfiteatro da UFRN de hoje até quarta-feiraElementos que vão do tradicional ao contemporâneo. Novidade? Bom, essa é a mistura apresentada no Auto do Natal deste ano, intitulado Maria, José e o Menino Deus. De certo, as referências ao evangelho apócrifo de Tiago diferem da proposta apresentada em anos anteriores. Apócrifos são textos rejeitados pelo cânone bíblico. Uma espécie de escritos não-oficiais, no caso, da vida de Jesus Cristo. Nos últimos anos, o roteiro esteve baseado na história oficial da Bíblia mesclada à historiografia e cultura potiguar. O espetáculo será encenado de hoje à quarta-feira no anfiteatro da UFRN, a partir das 20h30.
O auto deste ano foi escrito pela dramaturga Clotilde Tavares com base no evangelho de Lucas. Também deixaria de fora a tradicional inserção de elementos regionais, embora estivesse calcado no livro canônico bíblico. O trabalho de Clotilde foi substituído – sem prévio aviso – pelo texto do jornalista Edson Soares. A direção do espetáculo será de Henrique Fontes. A estimativa é de uma hora de duração. No palco estará um elenco composto por 120 pessoas, entre atores, bailarinos e figurantes.
De acordo com Edson Soares, o evangelho escolhido como texto base revela detalhes sobre a infância de Maria, bem como a origem de diversas tradições católicas, como a estrela de natal. “O texto apócrifo não integra a Bíblia porque, dentre outros fatores, contém muitos elementos do folclore judaico da época, mas é revelador. Nele é narrada a história da infertilidade de Ana, mãe de Maria, e de sua promessa para alcançar a graça de engravidar e o momento no qual teve que pagá-la, entregando Maria aos cuidados dos sacerdotes do templo”, explicou o autor.
Edson Soares conta que o espetáculo é narrado pela mãe da família potiguar que, durante o espetáculo, comemora o natal com árvore, panetone e seus diversos elementos. “O filho começa a fazer alguns questionamentos acerca do natal e seus costumes e o Auto se desenvolve a partir do paralelo entre a família potiguar e a tradicional formada pelos pais de Maria, até que ela forme a sua com José, culminando com o nascimento de Jesus. Ou seja, a família é o tema central”. E completou: “Não há uma recriação da história até porque o nosso objetivo é contar o nascimento de Jesus e o que aconteceu depois. Escolhemos fatos inéditos da mesma história que está sendo redimensionada a partir de elementos dramáticos”, observou.
O diretor Henrique Fonte deu vida aos personagens em apenas 45 dias e garante a preença de elementos contemporâneos à história, como a critica ao consumismo durante o período natalino. “A nossa preocupação é transmitir emoção para o público, independente da idade, do sexo e da classe social. Não temos a presunção de que este seja o melhor Auto, o que tenha mais tecnologia ou o que seja mais vanguardista. Queremos levar as pessoas a refletir, somos artistas querendo passar uma boa mensagem sobre o que representa o natal, a importância do resgate da estrutura da família e dos valores humanos de uma maneira geral”, enfatizou o diretor.
A equipe técnica do espetáculo deste ano conta com mais de 50 integrantes, dentre eles Quitéria Kelly (assistente de direção), Valéria Oliveira e Luiz Gadelha (trilha sonora), Ana Cláudia Viana (coreografia), Tiago Vieira e Edson Silva (cenário e figurino), Gabriel Souto (arranjos), Ronaldo Costa (luz) e Rafael Bezno (projeções). Serão onze projetores. O máximo já utilizado anteriormente foi três. Foram confeccionados mais de 250 figurinos, além da montagem de um cenário nada convencional.
Shows musicais:Hoje – Zé Ramalho
Amanhã – Cordel do Fogo Encantado
Quarta-feira – Bibi Ferreira (acompanhada da Banda Sinfônica da Cidade do Natal) interpreta Edith Piaf
Horário: Após apresentação do Auto de Natal, com início às 20h30 e previsão de uma hora de duração.
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