por François Silvestreno Novo Jornal
Após dois anos de uma obra construída lentamente, está pronto e entregue ao público o Mirante Mãe Guilé, posto no cume de uma grota da Bela Vista, distrito de Lagoa Nova, na serra do Martins.
Do alto daquela grota, Mário de Andrade, em fins dos anos vinte, do século passado, disse a Câmara Cascudo: “Esta serra me lembra Petrópolis”. E cascudo respondeu: “Não. Petrópolis é que lembra a serra do Martins”. Esse diálogo foi narrado a Manoel Onofre Jr. pelo próprio Cascudo.
Pois bem. A inauguração deu-se no último dia dezoito deste mês (dezembro). Agora eu sou apenas mais um cliente do Mirante, que foi arrendado a uma micro-empresa que o tocará com serviço de bar e restaurante. É mais uma alternativa de uso público para quem deseja conhecer ou revisitar as belezas do lugar. E também para usufruto dos nativos e moradores da serra.
A parte mais alta do Mirante está a oito metros e sessenta centímetros acima da grota. E esta à cerca de setecentos e sessenta e cinco metros do nível do mar.
À noite derramam-se as luzes de várias cidades e comunidades do sertão. Donde se vê dentre outras as cidades do Martins, Patu, Rafael Godeiro, Messias Targino, Campo Grande, Caraúbas, Umarizal, Olho D’água, Riacho da cruz, Itaú, Severiano Melo, Apodi e a iluminação de pequenos arruados. É uma paisagem deslumbrante.
Do cume do Mirante, o por do sol banha de cinza e vermelho a parte posterior do ambiente. O nascer da lua cheia, por trás do monte dos Picos é indescritível. Não há um só momento em que a paisagem se repita. Nem de dia nem de noite. A mudança constante das nuvens, modelando e repintando as cores do sertão e das serras. Momento de sol encandeante cedendo lugar para uma névoa fria. Hora de claridade marcante subitamente trocada por uma cinza que encobre a distância.
A festa de inauguração foi um êxito completo. A Filarmônica Nair Soares e o sax de Bobó deram as boas vindas aos presentes. Muita gente. Boníssima gente. Da terra e de longe. Sou um afortunado de amizades. Onde não há amizade se hospeda a amargura.
Muitos não puderam vir, mas telefonaram desejando sucesso e prometendo visita.
Não troco o afeto da família e dos amigos por nenhuma dádiva das ilusórias fanfarras patrimoniais. Seja de bens ou de fama. Tudo falso! Cada amigo meu vale muito mais do que pode a ilusão da grana.
É aos amigos que dedico este texto. E cada um deles vai se identificar aqui, na certeza de que a insinceridade não se elenca no rol dos meus defeitos. E que ocupem comigo o vasto e franco colo de Mãe-Guilé.
Os que não puderam vir que venham logo. Os que vieram, voltem breve. O convite foi geral e é permanente. “amigo é feito casa que se faz aos poucos”. Como registraram os “amostrados” Aluísio e Graça. Té mais.
Do blogueiro: As fotos são do blog de Bode Lyra, de Martins. Infelizmente nenhuma é panorâmica. Mas se percebe o zelo com o lugar, a arquitetura rústica e bonita, e a vista maravilhosa. De cá, mais uma vez peço desculpas pela ausência forçada. A profissão de jornalista é ingrata com os amigos e até com a família: sem feriados, sem sequer se programar para nada em razão dos imprevistos e ordens. Mas ainda chego lá, num dia de sol para uma cerveja gelada ou no período invernal para uma talagada boa.
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