O título acima foge totalmente de assuntos relacionados à bolsa de valores ou sistemas de mercado financeiro. Trata mesmo é da cultura. E quase que independente. Produzida por idealistas, permissionários da crença de que há vida cultural longe dos shoppings. A partir das 14h de hoje, o projeto Quarta Cultural – no Mercado de Petrópolis – mostra pela oitava vez a possibilidade de realização e organização da sociedade civil e da classe artística. E promove mais um evento repleto de atividades culturais femininas. É que o projeto fará homenagem à mulher a partir de uma das nossas divas: a cantora Glorinha Oliveira.
Haverá ainda a performance poética de versos vociferados, por Mariana Flor e seu Esboço Mulher; shows musicais de Luciane Antunes e Lene Macedo; relançamento do livro Escrituras Sangradas, da escritora e poetisa Civone Medeiros; exposição fotográfica de Fábio Pinheiro; instalação poética pelo Coletivo AME, mais a feiras de sebos, artesanato e antiquários tradicionais do Mercado de Petrópolis. Os shows musicais começam a partir das 18h30 e prosseguem até às 22h. As exposições e feiras têm início às 14h. Afora as demais atrações comerciais do mercado, abertas desde a manhã.
Nesta oitava edição, o Quarta Cultural recebeu apoio da prefeitura de Natal. Apesar do nome do projeto, a Fundação responsável pela gerência cultural da cidade sequer levantou a voz. A iniciativa partiu da Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico (Seturde). Ainda assim, tímida. Apenas o auxílio nos custos de impressão gráfica e divulgação no metier turístico de Natal. “É um apoio inicial que abre boas perspectivas para o futuro. E o interesse partiu deles, do departamento de eventos da secretaria. Isso serve para medir a diferença de mentalidade da Seturde e da Funcarte”, reclamou Nelson Marques, do Cineclube Natal – um dos permissionários do Mercado.
Falta de apoioSem maiores patrocínios financeiros, o Quarta Cultural – que acontece a cada última quarta-feira do mês – sobrevive praticamente do voluntarismo dos artistas e do idealismo dos organizadores. O preço dos cachês é simbólico. Cada artista recebe R$ 50, pagos por dois permissionários. “O valor não é correspondente ao talento dos artistas que se apresentam. Claro, há a divulgação dos artistas na mídia. Mas é pouco. Queremos profissionalizar o evento. Mas sem patrocínio é impossível”, lamenta Nelson Marques.
O cineclubista acha improvável o patrocínio municipal via Funcarte. Segundo ele, outro projeto já foi aprovado na instituição e a verba continua travada. “Aprovamos a ideia de nomear as sete ruas do Mercado com patronos ligados às sete artes nobres da cultura da cidade. Faríamos uma semana de atividades relacionadas à literatura, outra ao cinema, outra às artes plásticas... A Prefeitura patrocinaria apenas os banners, as placas das ruas e a divulgação: um custo estimado em R$ 3 mil. Até agora, nada”. E conclui: “É deprimente a situação por que passa a Capitania”.
Esboço MulherPoeta de essência, encantada por palavras, sonoridades e sentidos, Mariana Flor leva ao Mercado de Petrópolis toda sua sensibilidade, recitando poemas de diversos períodos de seu exercício poético, alguns com mais de dez anos, outros recém-chegados, numa seleção panorâmica de sua obra, apresentada hoje a partir das 18h30 no Quarta Cultural.
Sem nenhuma publicação física do seu trabalho, Mariana aposta na reverberação de seus versos pela voz, como sendo o meio ideal para fazer seu imaginário chegar ao público. Para tanto, desenvolve performances que se moldam de acordo com as experiências, e para selar suas intenções, muitas vezes utiliza objetos que ela mesma cria para presentear quem a prestigia.
Não faltará o olho-no-olho, a poesia e os mimos (artefatos que cria) de sua semiótica transcendente, lúdica, profunda e única. Com poemas que traduzem seu universo interior e suas percepções do mundo, Mariana Flor mostra todo o seu amor e fascínio pela existência e pelos versos.
Quarta Cultural do Mercado de Petrópolis- Onde: Mercado de Petrópolis (próximo à Praça das Flores)
- Data: Hoje
- Programação:
Às 14h: feira de artesanato e antiguidades;
Às 18h30: shows musicais e apresentações culturais
* Matéria publicada hoje no Diário de Natal
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