Um dos mais conhecidos e respeitados jornalistas brasileiros, Alberto Dines é também autor de uma obra clássica na área da Comunicação. Professor de jornalismo desde os anos 1960, ele discute há décadas o papel da imprensa no desenvolvimento do país. Não é a toa que o seu primeiro livro sobre o tema, publicado em 1974, ocupa lugar privilegiado na bibliografia brasileira de jornalismo.
Além de comemorar 35 anos de publicação do livro, a nona edição de O papel do jornal e a profissão de jornalista (192 p., R$ 48,90), lançamento da Summus Editorial, retoma um debate super atual: a polêmica questão sobre a necessidade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão. O lançamento acontece no Rio e em São Paulo, com palestra, sessão de autógrafos e coquetel. Desconheço informações a respeito da chegada do livro por aqui.
"Em apenas um ano, com a ajuda de uma conspiração e de manipulação judicial, acabou-se com uma profissão e com sua história", afirma Dines. Para ele, a decisão do Supremo Tribunal Federal de extinguir a obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo, bem como a surpreendente constatação de que não se trataria de uma profissão específica e regulamentável, pode ter interrompido o debate na esfera judicial, mas não o encerrou. "Os artigos ajudam a compreender a essência de uma decisão que acabou precipitando um debate indispensável", revela o autor.
Coerente com a opção adotada nas versões anteriores, a nova edição é um registro dos registros. Flagrante de uma evolução. "Para que fosse rigorosamente atualizada deveria ser totalmente refeita e nesse caso perderia a sua condição de retrospectiva", explica o autor. Trata-se, portanto, de uma obra progressiva, que foi sendo atualizada ao longo de nove edições.
Há 35 anos, o contexto era diferente do atual. O mundo enfrentava uma crise de papel, agravada pela alta do petróleo, o que obrigou os jornais a adotar severas medidas de contenção. Além disso, a ditadura militar agonizava e abria-se um espaço para o debate sobre a relação entre a imprensa e a construção de uma sociedade democrática no Brasil. No entanto, os principais temas abordados na primeira edição permanecem. O jornalista fala sobre questões fundamentais para o exercício da profissão, como transparência, consciência profissional e interesse público.
A obra - revista, ampliada e atualizada - reúne informações sobre as três revoluções na comunicação, a TV e o renascimento do jornal diário, os compromissos da imprensa como empresa privada, o jornalista como centro do processo da empresa jornalística, os componentes objetivos e subjetivos da profissão, a responsabilidade e os códigos de ética. O autor aborda também fatos que marcaram o desenvolvimento da imprensa no Brasil, incluindo a censura, a crise do papel e a função do jornal.
O livro traz vários textos originalmente publicados no site "Observatório da Imprensa" - projeto desenvolvido por Dines. Além de captar dados fundamentais do momento histórico, o autor interpreta sistematicamente as variáveis da conjuntura e articula-as com as tendências observadas no movimento da imprensa brasileira. Dessa forma, identifica traços capazes de explicar sua trajetória recente e as projeções perceptíveis. Realiza, assim, um trabalho de cientista do jornalismo. Singular pela sua proposta crítica, a obra é indispensável para as novas gerações de jornalistas.
O autor
Jornalista desde 1952, Alberto Dines foi repórter das revistas Visão e Manchete, editor da Última Hora e do Diário da Noite e criador de Fatos e Fotos. No Jornal do Brasil, ao longo de quase doze anos, deu sequência a uma reforma editorial que marcou o jornalismo brasileiro. Nesse período, editou os "Cadernos de Jornalismo e Comunicação" (1965-1973), experiência pioneira de reflexão sobre mídia. Precursor da função de ombudsman com a coluna "Jornal dos Jornais" (Folha de S.Paulo, 1975-1977), na Folha também foi diretor da sucursal do Rio de Janeiro e colunista político. Dines foi professor de jornalismo na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), professor-visitante na Universidade de Columbia (Nova York) e um dos criadores, na Unicamp, do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) - onde em 1996 foi desenvolvido o projeto do "Observatório da Imprensa", hoje com edições na TV e no rádio. Organizou a edição fac-similar da coleção do Correio Braziliense, primeiro periódico a circular no Brasil. Foi diretor editorial do Grupo Abril em Portugal, onde viveu entre 1988 e 1995, trabalhando e realizando pesquisas para Vínculos do fogo - Antônio José da Silva, o Judeu, e outras história da Inquisição em Portugal e no Brasil, Tomo I. É autor de livros de ficção, reportagem, história e biografias. Destas, a mais conhecida é Morte no Paraíso, a tragédia de Stefan Zweig, com diversas edições no Brasil e no exterior.
Título: O papel do jornal e a profissão de jornalista
Autor: Alberto Dines
Editora: Summus Editorial
Preço: R$ 48,90
Páginas: 192
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