Passado o período de mudanças efervescentes e porque não dizer históricas da imprensa potiguar, permito-me uma análise brevíssima do atual momento da imprensa local. Tudo a partir do conhecimento de um jornalista de meros cinco anos de profissão e do que vejo e ouço nas esquinas provincianas.
O título é mais genérico do que suspeitam alguns. Quero falar do Novo Jornal, também. Mas muito mais das mudanças ocorridas na imprensa como um todo. Ao meu ver, nenhuma surtiu o efeito desejado. O que me surpreende. Natal é cidade afeita às novidades, principalmente quando vêm do estrangeiro.
O novo modelo do Diário de Natal apenas começa a ganhar espaço. Talvez por ter sido o primeiro a lançar novidades. Novembro foi mês excelente. Talvez o melhor do ano em vendas. Ainda assim, não vejo o mesmo prestígio de antes. Espero que esteja em reconstrução. E parece que está. Mas não decolou.
Sem querer vender o peixe - até porque venderei os peixes alheios, também -, mas o jornal adotou modelo antenado às necessidades modernas da leitura ágil. As matérias são objetivas e em maior quantidade. Todas com fotos coloridas (o único jornal a oferecer isso). E linha editorial independente e voltada aos interesses do cidadão.
A variedade de sessões abrange veículos, moda, gastronomia, empreendedorismo, entretenimento, espaços literários com nomes como Pablo Capistrano, Lívio Oliveira, Gaudêncio Torquato, Cristina Hahn, Ney Lopes e até o presidente Lula às terças-feiras. Afora a qualidade da equipe de repórteres, tão boa quanto qualquer redação.
O Novo Jornal apresentou proposta diferente e interessantíssima: menos matérias, mas mais trabalhadas. Não deixa de ser um modelo moderno se visto por outro ângulo: diante das informações em tempo real fornecidas pela internet, os jornais passam a adotar outro viés: o da informação mais detalhada, já que atrasada.
Ainda assim, falta espaço no jornal para as grandes reportagens prometidas antes mesmo da estreia do periódico. Excelente são os espaços literários do jornal - o grande diferencial. Um time formado por François Silvestre, Adriano de Sousa, Albimar Furtado e outros bambas como o próprio decano Cassiano Arruda.
O Jornal de Hoje procurou inovar com a publicação de dois jornais no mesmo dia. Um deles funciona como complemento de outro, com as notícias da manhã e a repetição de muitas matérias da outra edição. Também me parece - pelo que vejo e ouço, volto a repetir - um projeto rejeitado, até agora mal compreendido pela população.
A Tribuna do Norte se mantém no topo, estranhamente o único jornal a permanecer com o mesmo projeto gráfico e editorial. É o único entre os quatro onde ainda enxergo espaço às grandes reportagens. Mantém alguns fieis colaboradores, como Woden Madruga e Carlos de Souza. E também a linha editorial conhecida.
Do DN ainda percebo resentimento pelas saídas de um time de jornalistas e colaboradores já costumeiro entre leitores e assinantes. E também a rejeição do tamanho. Do NJ, a reclamação de ser fino, de poucas matérias. O JH, uma rejeição mais generalizada, agravada pela linha editorial adotada. E a despeito da opinião generalizada, emito a minha particularizada: achei interessante os três.
A única semelhança entre os quatro é a migração gradativa às matérias "frias". O estritamente factual tem sobrado cada vez mais à internet. Talvez os jornais impressos encontrem sobrevida nesse campo. Ainda sou entusiasta do impresso. Vejo nele muito mais qualidade textual e responsabilidade jornalística. Mas o assunto é longo e merece outros derrames opinativos sem importância.
[image: Quais países usam o cedilha?]
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