A procura desenfreada pelo filme Avatar no Cinemark do shopping Midway parece interminável. Desde o lançamento em 18 de dezembro, as salas estão lotadas e as filas dobram corredores em qualquer turno do dia. A demanda exagerada tem provocado transtornos e atrapalhado o comércio de outros filmes comerciais com promessa de grande bilheteria, como Lula, o Filho do Brasil, ou Sherlock Holmes.
Na fila única disponibilizada para compra de qualquer filme, há praticamente o interesse por Avatar. Os perfis são variados e incluem cinéfilos avessos aos filmes comerciais que nunca enfrentariam filas gigantescas para produções do gênero. A curiosidade da nova tecnologia foi motivo principal para driblar a falta de paciência e arriscar a sorte em um roteiro minimamente interessante, compensado pelos efeitos inéditos.
Mesmo com o retorno do investimento milionário na montagem de uma sala adaptada ao 3D, a Rede Cinemark evita comentar qualquer expectativa para aumentar o número de salas equipadas com a nova tecnologia para suprir a demanda e diminuir as filas. A “febre” dos consumidores pela novidade tem sido conferida em todos os estados com salas 3D, segundo assessoria de marketing da Rede.
Aqui em Natal – e no período de alta estação também para o cinema –, o Cinemark recebe diariamente uma média de cinco mil espectadores ao dia, com picos na quarta-feira (preço mais barato) e fim de semana. Para melhorar a logística, funcionários da Rede tiveram a carga horária aumentada e redução de folgas, comum ao período.
A assessoria da Rede omitiu informações a respeito de novos investimentos em salas 3D em Natal e se limitou a responder os próximos lançamentos previstos para o primeiro semestre deste ano, todos na linha dos filmes comerciais: Premonição 4, Toy Story 1 e 2, Alice no País das Maravilhas e Batalha por T.E.R.A. Ainda sem concorrentes em Natal e outros estados, a Cinemark promete dominar o mercado no setor em 2010.
Pela curiosidade ou rejeiçãoO jornalista Alex de Souza foi um dos milhares de espectadores a se aventurar nas filas para assistir Avatar. Mesmo cinéfilo inveterado e amante dos clássicos da sétima arte, levou a filha para conferir a nova tecnologia. “Avatar é o tipo de filme de ponta na linhda do entretenimento que marca gerações. É meio emblemático, a exemplo de Star Wars, nos fins da década de 70; E.T, na década de 80; e O Senhor dos Anéis, na década passada. Tempos depois iremos nos perguntar onde estávamos quando passou Avatar”, disse o jornalista.
Já o escritor, cinéfilo e um dos mais capacitados críticos de cinema do país, Moacy Cirne prefere ganhar tempo com produções mais refinadas. “Jamais perderei tempo com um filme que faz da técnica pela técnica o seu impulso criador. Ou seja, Avatar não me interessa. Tenho outros filmes para ver ou rever. Como, por exemplo, no momento, os filmes de Eric Rohmer (recentemente morto aos 89 anos), que estou revendo com o maior prazer. Portanto, o problema da fila em se tratando de Avatar (quem é mesmo seu diretor?) não me diz respeito”, comenta.
* Trechos da matéria publicada domingo, no Diário de Natal
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