domingo, 16 de janeiro de 2011

Personas, paisagens, passagens

por Paulo Jorge Dumaresq
em Nariz de Defunto

Uma atriz grega de nariz aquilino é quase tão irreal quanto a feia tenista russa que namora garotas.

Há sombras na morte do mito.

Tudo é paisagem, passagem que não se cobra.

Na minha solidão vermicular vejo o modo como todos passam

ou permanecem na vitrina das lojas de inconveniências.

Não sei se isso é um poema.

Foi a necessidade que o fez falo para amenizar o sofrimento de velhas senhoras carentes de sexo anal/anão.

Enquanto a madame desfalece sob o corpo do garotão sarado, ouço uma canção de Sinatra no táxi do motorista viciado em heroína.

Essa cena não faz parte de um filme de Jarmusch.

Sem Sinatra e heroína, talvez sim.

Não acreditem nos poemas.

Escritos por míopes desfiguram a real idade de mitos e urbes.

Peço-lhes que só creiam nos poetas encantadores de serpentes.

Menos nos traficantes de armas estilo Rimbaud.

Aqueles podem acabar com um carcinoma no joelho.

E eu com a pecha de mau poeta ressentido.

Ou não poeta.

Não poíesis.

aqui

Um comentário:

  1. Você é poeta sim, Dumaresq. E quem quiser que apareça pra me dizer o contrário.Abraços.

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