por Julio Daio Borges
em Digestivo Cultural
Obrist perseguiu cada um de seus ídolos, extraindo deles históricos depoimentos, verdadeiras histórias de vida, de amor, de devoção à arte e – por que não dizer? – aos artistas. Piorou a arte? Pioraram os artistas? Ou pioraram os curadores? Talvez a chave para a mudança esteja numa colocação de Pontus Hultén (um dos entrevistados): “No dia em que alguém chega à conclusão de que 'é tudo muito caro', está tudo acabado”. Lamenta o mesmo Hultén, sobre o seu destino: “Acabei me transformando num arrecadador de fundos”. Walter Hopps (outro dos entrevistados) aconselha que é preciso enfrentar “a tirania da maioria”, coisa que os guardiões da audiência, das sondagens e das pesquisas, atualmente, morrem de medo de fazer. Johannes Cladders (mais um entrevistado) destaca que uma das funções do curador é, precisamente, “contribuir para a definição do termo 'arte'” (ampliando seu alcance). Alfred Barr, lembrado por Hopps, acreditava esperançosamente que “as massas poderiam ser esclarecidas através do novo modernismo”. (Conseguimos?) Cladders, novamente, lamenta que hoje “as instituições apenas saibam celebrar a si mesmas”, “e a seus patrocinadores”. Harald Szeeman (outro dos entrevistados) – voltando a Hultén – sugere que “a grande aventura” ocorre quando “não há muito dinheiro”, “nem muito espaço”. Franz Meyer (mais um dos entrevistados) teme a atual “privatização dos museus”, pois, nesse processo, “curadores se tornam voto vencido diante das opiniões dos círculos de poder financeiro”. “Estar com a arte é tudo que pedimos”, lembra o adágio de Anne D'Harnoncourt (uma das entrevistadas). Para coroar com uma definição de Suzanne Pagé (para a curadoria, lógico): “Não enfatizar a subjetividade e deixar a arte no centro”.
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[image: Quantas palavras com C?]
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