segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O humano – essa comédia!

SeuZé lança hoje CD conceitual baseado na obra máxima de Balzac: A Comédia Humana

E agora, José? É a banda do moço de voz grave-melancólica. Inventaram de lançar mais um CD – o terceiro!. E advinha? Conseguiram se superar. Se o som era original, agora beberam do veneno de Balzac e tiraram uma onda com a complexa e doce comédia humana. O SeuZé – essa banda com nome de dono de cigarreira da esquina – lançou talvez o melhor álbum da música potiguar deste produtivo ano de edital Núbia Lafayette.

São 13 faixas tocadas por uma formação básica de grupo de rock. Arranjos assemelhados ao som do Los Hermanos e Strokes mesclada à sonoridade tropicalista. As letras... bem, as letras são uma “tiração de onda” com os tipos sociais. Mas longe do ego inflado de Honoré Balzac, o vocalista, contrabaixista e compositor Lipe Tavares confessa: “As ironias podem se recair sobre os próprios membros da banda”. Os títulos das músicas são sintomáticos: Ana Razão, O Tal, Coroné...

Mesmo com apenas sete anos de estrada, o SeuZé é considerada banda longeva no efêmero cenário do rock potiguar. Desde o início primam pela valorização da música autoral. “Começamos tentando nos encontrar”. Mesmo avessa a rótulos e jaulas conceituais, a banda foi bem divulgada como uma fusão entre o rock e o regional. Um e outro se perderam ou se lapidaram nos anos seguintes. A MPB, mesmo que setentista se sobressai aos elementos regionais e os violões já dividem mais o espaço com o peso das guitarras.

Após um hiato de cinco anos do último CD Festival do Desconcerto – também repleto de ironias e indignações – e mais um EP no meio do caminho, o SeuZé ressurge com A Comédia Humana: um álbum aparentemente despretensioso, sem promessas estéticas ou novas sonoridades. Mas na mistura de sons e influências, a banda constroi um estilo definido, maduro e pronto para o desguste em dia de chuva e com um bom livro ao lado. Mas dispense Balzac. Não combina. Ele é muito ambicioso.

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