Quando o Canto é RezaRoberta Sá apresenta hoje em Natal seu recente álbum que homenageia o sambista Roque FerreiraRoberta Sá está mergulhada no mesmo lago de águas cristalinas onde estão as chamadas intérpretes do sambinha cool bem comportado, um tanto retrô e cultuado pela mídia intelectualizada. Nada perto das raízes sambistas de uma Beth Carvalho ou da força vocal de Alcione, que canta os desejos da mulher e tira o chapéu pro negão. A intérprete nascida em Natal e carioca desde a adolescência mostra na noite de hoje no Boulevard a fisionomia do novo samba, ou do ritmo sambista emergente cantado e defendido pela atual crítica musical brasileira.
No altar com Roberta estão nomes como Maria Rita, Mariana Aydar, Céu. São cantoras aparentemente genéricas de Marisa Monte, longe do mundo suburbano carioquês e de influências de fontes masculinas de sambistas mais refinados como Paulinho da Viola, Nelson do Cavaquinho ou o homenageado por Roberta Sá neste quarto álbum de carreira, intitulado Quando o Canto é Reza (2010). O CD foi gravado junto com o Trio Madeira Brasil e baseado no repertório do sambista baiano Roque Ferreira. Roberta conta mais detalhes na entrevista a seguir.
As perguntas foram enviadas por e-mail na terça-feira à assessoria da cantora. Quatro questões ficaram sem resposta por falta de tempo, "correria", segundo foi comunicado. Ficaram em branco as perguntas: 1) "Você hoje é unanimidade da crítica; recebeu prêmio de melhor cantora de MPB por entidades prestigiadas como a APCA. Toda unanimidade é mesmo burra ou há exceções?". 2) "Qual sua relação com os compositores potiguares? Algum já lhe enviou alguma música? Uma parceria com Khrystal, Valéria Oliveira, seria possível?". 3) "Você construiu sua carreira fora de Natal. Sua música é essencialmente carioca ou há alguma pitada potiguar nas letras, timbres e postura de cantar?".
Entrevista >> Roberta SáSeu debut com Braseiro (2005) lhe elevou rapidamente ao altar da MPB. Os segundo e terceiro CD manteve o status e a pegada rítmica. Esse quarto álbum é mais samba, mais malemolente até pela escolha do repertório?Este disco é uma homenagem ao Roque Ferreira. É a sonoridade do Trio, somada à minha voz.
Quais os diferenciais deste novo trabalho se comparado aos anteriores?É o primeiro disco que dedico a um compositor só e que divido com outro artista como o Trio Madeira Brasil.
Houve toda uma pesquisa para formatação deste CD. Como foi essa história? Escutamos tudo o que caiu nas nossas mãos da obra de Roque Ferreira. Fomos ao Recôncavo para buscar inspiração e para que, a partir daí, pudéssemos criar o universo do disco.
Como você descobriu a música de Roque Ferreira?Escutei o disco dele Tem samba no mar e me apaixonei.
Você já afirmou que sempre quando lança um disco já pensa no outro. Qual a ideia para o próximo? Ainda é segredo, está no plano das idéias e vai demorar um pouquinho pra começar.
O casamento com o Trio Madeira será mantido?Faremos essa turnê juntos.
O show estará adaptado à estrutura e acústica do Boulevard, será mais intimista, ou a pegada será a mesma das apresentações em grandes casas de show?Como vai ser o show, só sabemos na hora. É minha primeira apresentação lá. Mas estamos muito animados, ensaiados. Faremos o nosso melhor.
O que o público pode esperar? Música feita com comprometimento e prazer.
O conceito de Música Popular Brasileira é amplo. Seu estilo musical, como de Maria Rita e Mariana Aydar, se enquadraria em um novo estilo de samba mais bossanovista, mais refinado e menos "povão"?Faço música popular brasileira, pra quem quiser ouvir. Quanto mais gente atingir, melhor. Tenho tido uma resposta de público maravilhosa por onde passo, o que me deixa muito feliz.
Roberta Sá - "Quando o Canto é Reza"Quem: Roberta Sá e Trio Madeira Brasil
Onde: Boulevard (Nova Parnamirim)
Quando: domingo, às 20h
Ingressos: R$ 200 (mesa), R$50 (individual) e R$25 (individual meia entrada).
Vendas Antecipadas: La Femme Lingerie (Midway, 3646-3292) e Tábua de Carne Ponta Negra, 3642-1138)
Produção local: Agenda Propaganda (84) 9461-7000
* Matéria publicada neste domingo no Diário de Natal (AQUI)- Foto: Murillo Meirelles
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