Escritor Raymundo de Sá lança hoje, no Solar Bela Vista, seu novo livro, Contos do que importaQuais as leituras importantes? Para uma vida dita breve é preciso mirar o tempo com alguma precisão para evitar a subtração de relevantes aprendizados literários. Contos do que importa (edição independente, 146 pág. R$ 25) é o título do mais novo livro do escritor Raymundo de Sá - autor dos romances Potyra e Infindável saudade. Não tem a pretensão de indicar as temáticas importantes dos contos. É mais conceitual. O leitor pode conferir hoje no Solar Bela Vista, a partir das 19h. O lançamento será animado pelo grupo No Tom do Brasil, formado por professores e alunos de música do Solar. A obra foi publicada com patrocínio da Promater via Programa Djalma Maranhão. O manauara Raymundo de Sá, de 73 anos (radicado em Natal há quase 30 anos), é escritor compulsivo. Já tem no prelo o livro Se explicado amor não foi, de poesias. De formação profissional, é engenheiro, graduado em Filosofia e com mestrado na área de concentração lógica. De filosofia, é escritor nato.
Entrevista >> Raymundo de SáQuais os contos que importam? O importante no livro é o tema (o que importa), os contos são simples, indo do fantástico ao trivial, passando pelo engraçado e pelo triste.
Moacyr Scliar considera a feitura do conto mais complexa do que o romance. O senhor concorda?No romance, o leitor recebe descrições detalhadas dos personagens e da trama, ficando pouco à imaginação do leitor; no conto, as descrições são sucintas, cabendo ao leitor exercer sua criatividade. Em uma metáfora talvez um pouco apressada, no romance o leitor senta-se em uma poltrona, encosta-se no espaldar, coloca as pernas em uma banqueta, toma um gole de uísque, acende um cigarro, abre o livro e começa (ou continua); no conto o leitor senta-se na ponta da cadeira, está pronto a levantar-se e sair correndo para intervir na história que lia.
O senhor já publicou poesia e romance. Agora lança livro de contos. A inspiração respeita qual critério quando enfrenta o papel em branco?A inspiração não respeita nada, nem nossos conceitos, nem o momento, nem o lugar. Chega sem avisar do mesmo jeito que pode ir-se, e não deixa nenhum indício que voltará logo ou vai demorar-se não sei quanto tempo.
Já na capa do livro há os dizeres "aos dezesseis sabe-se tão pouco que cabe em poucos gestos, em poucas palavras, em poucas linhas". Livros, só na madureza da idade?Se o feto, no útero da mãe, tivesse o cérebro já desenvolvido, aí seria a ocasião correta para começar a ler. Quando começa a falar, quando começa a ler, essa é a época para começar uma atividade que não deveria ser nunca interrompida durante a vida.
O senhor é um escritor compulsivo, como já percebi em outras entrevistas. O ofício de escrever virou rotina, prazer ou trabalho?Com a inspiração vem a compulsão; se a inspiração puxa a cadeira e se senta, vira rotina; se a inspiração parece que quer ficar mais tempo, vira prazer e o trabalho prossegue; se a inspiração vai embora, fica-se saudoso, ansioso que volte logo.
* Matéria publicada hoje no Diário de Natal
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