segunda-feira, 8 de março de 2010

O romanceiro de Deífilo

A tônica dos lançamentos literários patrocinados pelo poder público vista no ano passado, se repete este ano. Fundação José Gugu e Capitania das Artes totalmente inoperantes e a Editora da UFRN a todo pique. A prova da afirmação é incontestável: o folclorista Deífilo Gurgel tem preparado um verdadeiro compêndio do romanceiro potiguar, com mais de 400 páginas. Um registro precioso. Procurou as duas instituições culturais e ninguém quis publicar.

Esta semana, a boa nova: a Editora da UFRN decidiu bancar o projeto, prestigiar uma pesquisa in loco realizada durante dez anos. Se houver tempo, será lançado em julho, durante a SBPC. O prefácio será de Bráulio do Nascimento – maior conhecedor de romanceiro do Brasil. O livro será, basicamente, dividido entre os romanceiros brasileiros (temáticas como a pecuária, teatro mambembe, o cangaço), ibéricos e palacianos (histórias religiosas, de amor, da plebe, das cruzadas).

O livro reúne 330 romances e versões dos romances. Alguns são raríssimos, como o Milagre do Trigo, lembrado por Dona Militana, desconhecido em língua portuguesa e surpresa para estudiosos do tema. Militana é responsável por mais de 30 romances. É considerada a maior romanceira do Brasil. Juvina Barreto, por outros 23, de menor valor histórico. Foram mais de 30 “informantes”, como diz Deífilo, além de capítulo dedicado a Fabião das Queimadas e outros importantes romanceiros potiguares.

* Publicado em minha coluna impressa, no DN, sempre aos domingos

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