domingo, 7 de março de 2010

Os esquecidos do Oscar


Por Alicia García de Francisco

Redação Central, 7 mar (EFE).- A cada ano, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood deixa de fora dos prêmios Oscar trabalhos brilhantes, como é o caso dos de Viggo Mortensen e Julianne Moore, duas das mais sonoras ausências nesta edição da premiação, que acontece hoje em Los Angeles.

Se na categoria de Melhor Filme os acadêmicos decidiram ampliar a lista de indicados para dez títulos, no restante o número de concorrentes continua sendo cinco. Como sempre, a entidade 'esquece' de alguns dos mais merecedores de receber este reconhecimento por seu trabalho.

É o caso de Viggo Mortensen, indicado em 2007 a Melhor Ator por "Senhores do Crime", e que poderia estar disputando a estatueta da categoria neste ano por sua atuação em "A Estrada", no qual interpreta um pai desesperado que vaga com seu filho por um mundo devastado.

A história se repete com Julianne Moore, cujo papel secundário de uma mulher que não sabe assumir o processo de envelhecimento em "Direito de Amar" rivaliza com o de Colin Firth, o protagonista absoluto e candidato ao Oscar de Melhor Ator.

As interpretações de Mortensen e Moore brilham com luz própria em seus respectivas filmes e, no caso de "A Estrada", também não seria nada inadequada indicar o menino Kodi Smit-McPhee, que rouba a cena de Mortensen.

Robert Downey Jr., com "Sherlock Holmes"; Tobey Maguire, com "Entre Irmãos"; Emily Blunt, por "The Young Victoria" e Mélanie Laurent, a descoberta francesa de Tarantino em "Bastardos Inglórios", são outros dos nomes que poderiam figurar na lista de indicados.

Fora das categorias que premiam atores, há outras ausências notórias, começando pela de Clint Eastwood e seu estupendo "Invictus". Só os intérpretes do filme receberam indicações.

Assim como aconteceu no ano passado, com a ausência de "Gran Torino", Eastwood voltou a ser ignorado por uma Academia que o agraciou com o Oscar de Melhor Diretor por "Os Imperdoáveis" (1992) e "Menina de Ouro" (2004), mas que não parece gostar dos filmes em que conta histórias mais pessoais.

E, provavelmente, a visão pessoal, sem concessões ao comercial, de um conto infantil, é o que afastou Spike Jonze de qualquer chance de concorrer a um Oscar, apesar de seu "Onde os Monstros Vivem" ser uma das joias da produção cinematográfica desta temporada.

A adaptação do clássico conto de Maurice Sendak para a telona era, em princípio, um trabalho impossível. Apenas um punhado de frases que contavam a história de uma criança que foge de sua casa e se transforma no rei de uma ilha de monstros. O resultado é um trabalho brilhante de Jonze e do roteirista Dave Eggers.

"Onde os Monstros Vivem" também poderia ser candidato a Melhor Filme ou ao prêmio de Melhor Direção, categoria na qual há outra grande ausência: a dinamarquesa Lone Scherfig por "Educação", um filme que acumula vários esquecimentos por parte de Hollywood.

A história de uma adolescente inglesa que é seduzida por um homem muito mais velho é candidata a Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Atriz (Carey Mulligan), mas sua diretora sequer está entre os indicados a Melhor Direção, nem Alfred Molina ou Peter Sarsgaard concorrem a estatuetas por suas atuações.

E entre as ausências de sempre, uma comédia, um gênero aparentemente considerado menor no Oscar.

Neste ano, havia um claro candidato: "Se Beber, Não Case", com sua original história de uma despedida de solteiro em Las Vegas contada de trás para frente por meio de atores eficazes, um roteiro que funciona à perfeição e da acertada direção de Todd Philips.

Nessa mesma situação de ausências previsíveis está a dos diretores da animação "Up - Altas Aventuras", Pete Doctor e Bob Peterson.

A Academia parece fazer um esforço ao indicar uma animação como Melhor Filme, já que este tipo de produção tem proporcionado alguns dos mais brilhantes momentos cinematográficos dos últimos anos.

No entanto, ir além e indicar um dos responsáveis por essas obras-primas ao prêmio de Melhor Direção parece algo ainda longe da realidade do Oscar.

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