quinta-feira, 4 de março de 2010

Entrevista - Ivanildo Sax de Ouro


Instrumentista “potiguar” completa 60 anos de carreira com apresentação amanhã, no Iate Clube

Ivanildo José da Silva é mais tinhoso que o próprio Januário, pai de Gonzagão – aqueles dos oito baixos. Mas o instrumento deste senhor de 76 anos tem som diferente da sanfona. A origem musical habita o jazz, a música erudita. Ainda assim, Ivanildo Sax de Ouro é tão conhecido no Norte e Nordeste quanto muitos sanfoneiros por aí. Toca o que o povo gosta de ouvir. E a marca nordestina está no sangue, no coração... Ivanildo é pernambucano, naturalizado cearense e potiguar de coração. Mora há 37 anos em Parnamirim. E amanhã comemora 60 anos de uma carreira das mais bem sucedidas entre artistas potiguares.

Matute aí qual músico deste Rio Grande é contratado por uma gravadora do eixo Rio-São Paulo. Agora tente imaginar um artista potiguar dono de 28 discos, sendo quatro discos de ouro e um de platina, de medalhas de ouro, comendas, pastas e molduras repletas de coberturas jornalísticas dos grandes jornalões do país. Esse mesmo artista é pouco reconhecido dentro das muralhas que cercam o cosmopolitismo matuto do potiguar, acostumado às reverências dos talentos de fora. Ivanildo Sax de Ouro se apresenta no máximo três vezes em Natal e ama a cidade, Parnamirim, do Estado o qual recebeu o título de cidadão norte-riograndense.

No repertório da apresentação de amanhã, no Iate Clube, “as músicas que o povo gosta de ouvir” e as suas preferências: o saxofonista americano de jazz, Charlie Parker, e Mozart. E a participação de músicos convidados e amigos, como o saxofonista Jurandir – atração no projeto Por-do-Sol, em João Pessoa e responsável pelo recorde no Guiness Book como maior executor do bolero de Ravel. A sessão de homenagens começa hoje com o amigo Dionísio e a Banda Tropical tocando Ivanildo, no projeto Pôr-do-Sol, junto com as atrações costumeiras: Galvão Filho, Itanildo Show, Mariana Holfchuh, Bob Motta, Manoel do Côco, Luiz Dantas, Fernando Towar e Isaque Galvão, a partir das 17h.

Entrevista – Ivanildo Sax de Ouro

60 anos de carreira. Qual a rotina de shows seguida aos 76 anos?
Já viajei muito. Conheço esse Nordeste de ponta a ponta. Mas hoje, devido a idade, faço entre três a quatro shows ao mês, só em capitais.

Em Natal são poucas as apresentações. Por quê?
Pelo desprestígio à minha carreira. Saio de casa com a idade que tenho, com o que consegui em 60 anos de profissão, para receber mil reais para pagar também a banda, os custos... E ainda mais, geralmente convidado para esquentar a platéia para a atração principal, de qualidade inferior? Não tem condição.

O senhor é convidado todos os anos para o famoso Clube do Choro, em Brasília...
Já são 12 anos ininterruptos que toco lá, onde se reúnem grandes músicos e instrumentistas do Brasil. Ano passado homenagearam Dorival Caymmi. Em 2008, foi Tom Jobim, onde toquei três dias como atração da noite.

E o cachê lá é melhor ou o senhor participa pela vitrine que o evento lhe dá?
O cachê lá varia muito, conforme os dias, as horas de participação. Mas é de R$ 5 mil pra cima, por noite. E com a passagem de ida e volta paga para o músico e a acompanhante, hospedada em hotel cinco estrelas. Lá, damos entrevistas aos jornais de Brasília, São Paulo...

O senhor acredita que outros instrumentistas potiguares poderiam ter alcançado esse sucesso?
Claro. Eu tive sorte. Tanta gente boa no Brasil, aqui... Agora, eu estudei muita teoria musical antes de escolher o saxofone, ainda criança. Deveria ser matéria obrigatória nas escolas. Mesmo o aluno sem vocação, teria noção para distinguir o bom e o mau músico. Temos aqui o saxofonista Bethoven, o regente da Banda de Parnamirim, maestro Almeida, o baterista Di Stéfano, os compositores Chico Elion, Ismael, daqui de Parnamirim, o excelente Almir Padilha... Se eu continuar preenche uma página. Outro dia fui parado em plena Rua da Carioca, no Rio de Janeiro. A pessoa perguntou se havia sido eu quem gravara Royal Cinema, do nosso Tonheca Dantas. Ela disse que a música era o maior sucesso na Academia que ele administrava. O povo potiguar é muito talentoso.

* Matéria publicada hoje no Diário de Natal

2 comentários:

  1. Legal a simplicidade, sinceridade e transparencia desse Az da musica instrumental. Ivanildo é realmente uma lenda viva e eu tenho muito orgulho em telo como amigo. Em ter dividido o palco com ele em algumas vezes, me deliciando e aprendendo sempre com esse mestre de uma sonoridde inconfundível. Voce será meu eterno mestre Ivanildo

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  2. ESTE HOMEM É UM DOS MAIORES MÚSICOS DO BRASIL. HOJE TENHO 35 ANOS E O MEU PRIMEIRO CARNAVAL A CURTIR À NOITE COMO ADOLESCENTE FOI COM ESTE GRANDE HOMEM. HOJE SONHO AINDA EM PODER CURTIR UMA FESTA COMO JÁ CURTI COM IVANILDO AQUI EM BARRA DO MENDES - BAHIA. GOSTARIA DE SABER SE ALGUÉM TEM CONTATO COM ELE. ADORARIA PODER ENTRAR EM CONTATO E QUEM SABER REALIZAR ESTE MEU GRANDE SONHO.

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