Casa da Ribeira completa nove anos de fundação com programação comemorativa de hoje a domingo O primeiro ato da Casa da Ribeira mostrava onze atores vestidos de clowns em luta pela abertura de um novo e promissor espaço teatral. Corria o ano de 1999. O prédio da Rua Frei Miguelinho estava abandonado na velha Ribeira. Somente três anos depois, em 2001, seis dos integrantes do Clowns de Shakespeare conseguiram captar a bagatela de R$ 1,2 milhão para abertura da casa. Era o começo do sonho e de uma batalha de nove anos em busca da estabilidade financeira.
A Casa da Ribeira está em festa. Manter um espaço cultural duradouro em Natal é tarefa para poucos. Para comemorar o feito, inicia hoje programação comemorativa com uma série de espetáculos a preços populares, até domingo (ver programação). Uma das peças, Gesto, Cascudo, é encenada por um grupo de jovens formados pela própria Casa. O projeto Educação pela Arte é o símbolo dos novos tempos e foco de trabalho dos diretores. Mas até chega aí, outros atos foram apresentados.
Em 6 de março de 2001, a Casa da Ribeira era inaugurada, comandada pelo Clowns de Shakespeare. “Quando abrimos, vimos que o buraco para manter era mais embaixo. Logo, muitos do grupo largaram o projeto e depois ficamos os três que permanecem até hoje. No primeiro ano trabalhamos de 10 a 12 horas ao dia sem receber nada. Passamos pelo menos seis meses sustentados pela família”, lembra Henrique Fontes, um dos diretores da Casa, junto com Gustavo Wanderley e Edson Silva.
Segundo Henrique, a Cosern havia patrocinado R$ 420 mil, depois a Petrobras também financiou outra quantia significativa, o Armazém Pará cedeu o material de construção e, junto com apoios menores o grupo conseguiu o R$ 1,2 milhão necessário. “A Cosern acreditou no projeto mesmo antes de a Casa abrir”, ressalta o diretor que, à época, contou ainda com o esforço dos “clowns” Renata Caiser, Fernanda Yamamoto e César Ferrário, depois substituído por Ronaldo Costa.
Sem deixar a peteca cair ou a cortina fechar, os seis diretores procuraram manter a Casa da Ribeira em pé. Conquistaram now hall, reconhecimento e mídia. “Começamos a receber premiações, realizar consultorias, espetáculos cada vez mais procurados, e promover projetos que ajudavam na manutenção”, disse Henrique.
Mesmo assim, a Casa da Ribeira nunca conseguiu a estabilidade financeira esperada. Ainda hoje dependem da renúncia fiscal da Lei Câmara Cascudo e do sucesso de iniciativas próprias. “Ao contrário do que pensam, não é a bilheteria quem sustenta os custos da casa, é a pauta. Vendemos por R$ 470. Se você calcular, precisaríamos abrir a casa todo dia para cobrir os R$ 16 mil de manutenção necessários ao mês. Seria impossível. Não temos público para isso. No máximo abrimos de quarta a domingo”, lamenta.
Educação pela ArteApós um período de um ano e meio de prejuízos, a Casa da Ribeira fechou por três meses, entre janeiro e março de 2004. “Foi bom porque assistimos a mobilização da sociedade, inclusive do Diário de Natal para reabrirmos”. E uma das iniciativas mais sensíveis partiu de quem nunca freqüentou a Casa. “Nos surpreendemos com a visita de diretores de escola das Rocas, perguntando como poderiam ajudar”. Este foi o embrião para o novo foco de trabalho da Casa.
Desde 2007, a Casa da Ribeira trabalha junto às escolas públicas com o Arteação – iniciativa em parceria com o Instituto Ayrton Senna atrelada ao desenvolvimento humano pela arte, vencedor de várias premiações. Somente em 2009 foram três prêmios nacionais. E este mês, a Casa foi agraciada com o Cine Mais Cultura, que entre outras coisas garante a exibição de filmes no pátio das escolas públicas da cidade.
Todos os projetos montados pela Casa da Ribeira nestes nove anos ofereceram acesso a mais de 150 mil pessoas e mais de 1000 espetáculos de teatro, dança e música, além de exposições de arte contemporânea do circuito internacional. “Acho que estamos de parabéns. Muitos pensam que recebemos rios de dinheiro, quando praticamente conseguimos o suficiente para manter a Casa e o projeto junto a esses jovens estudantes”, conclui Henrique Fontes.
Programação de aniversário da Casa da RibeiraGrupo Casa da Ribeira de Teatro Espetáculo: Gesto, Cascudo
Quando: Hoje, às 20h. R$ 5
O que: A peça “Gesto, Cascudo”, primeiro trabalho do Grupo de Teatro Casa da Ribeira, se apresenta novamente no palco da Casa. A peça traz o pensamento e os sentimentos de Câmara Cascudo sobre o tempo, o gesto e a vida provinciana em Natal.
Sí-la-bAs Companhia de DançaEspetáculo: Sente-se
Quando: Amanhã e sexta-feira, às 20h. R$ 5
O que: A Companhia Fundada na Alemanha é totalmente independente e procura construir uma linguagem própria a partir das estruturas cênicas desenvolvidas na dança-teatro. O seu objetivo principal é desenvolver um trabalho que questione as inter-relações humanas que presenciamos no dia a dia.
Simona TalmaShow: Boa Sorte de Malfeitores
Quando: Sábado, às 20h. R$ 5
O que: A cantora se apresenta no aniversário da Casa da Ribeira, com seu show Boa Sorte de Malfeitores, uma apresentação para falar mal dos mal-feitores do amor, ou o que chama de Gangster Love, sendo homens ou mulher vamos nos livrar dos cafajestes e rir pelas suas costas.
A Domínio Companhia de Dança Espetáculo: Fuxico
Quando: Domingo, às 20h. R$ 5
O que: O espetáculo é pretendido, sem se a ter aos psicologismo, sociologismo, e até mesmo ao antropologismo, destinado a discutir teorias e conceitos a partir de experiências sociais cuidadosamente investigadas em um trabalho de cunho especificamente artístico, que se vai mostrar através da arte de dançar.
* Matéria publicada hoje no Diário de Natal
frequento quase diariamente o diário do tempo uma grande revelação do nosso jornalismo cultural
ResponderExcluircultivo aliás revelações e surpresas coisas muito salutares
corintiano, sou apaixonado.
minha profissão: leitor da poesia alheia. no momento leio
compulsivamente a poesia de nina rizzi sylvia beirute e da prosopoética do nosso gustavo de castro.
dica de um tiozão do concretismo: por que não entrevistá-los ?